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ESTELIONATO ART

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ESTELIONATO - ART. 171
Bem Jurídico Tutelado: inviolabilidade patrimonial
 
Sujeito Ativo: crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
 
OBS: se a fraude for praticada por comerciante, antes ou depois da falência, em prejuízo de credores, o crime será o do art. 168, da Lei 11.101/05.
 
Sujeito Passivo: vítima comum
 
A vítima do art. 171 é tanto a pessoa lesada no patrimônio, como a pessoa que foi enganada, que nem sempre estão reunidas na mesma pessoa. (Posição do STF).
 
OBS¹: a vítima do estelionato deve ser capaz. (Se for incapaz, o crime será o do art. 173, CP – abuso de incapaz)
OBS²: a vítima deve ser certa e determinada. (se for vítima incerta ou indeterminada, tem-se crime contra a economia popular – Lei 1521/51)
Ex: adulteração de balanças; adulteração de taxímetro; adulteração de bomba de gasolina.
OBS³: adulteração de combustível é crime definido em lei especial (Lei 8.176/91)
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Elementos Estruturais do Estelionato: (devem estar presentes os três para sua caracterização)
Emprego de fraude: Serve para:
 
a) Induzir a vítima em erro: nesse caso, o agente é quem cria na vítima falsa percepção da realidade. 
b) Manter a vítima em erro: a vítima já está enganada e o agente não desfaz o engano percebido. 
 
OBS: pode-se afirmar que o artifício é a fraude material, na qual há uma alteração exterior da coisa: falsidade, disfarce, uso de aparelhos eletrônicos etc. Ardil já é a astúcia, a malícia, ou seja, uma fraude puramente intelectual, sem a base material do artifício.
 
Obtenção de vantagem ilícita: 
E se a vantagem for lícita: exercício arbitrário das próprias razões.
Natureza da vantagem ilícita? É só econômica, ou pode ser de outra natureza? Prevalece que a vantagem deve ser necessariamente de natureza econômica. (posição do STF)
OBS: Bitencourt discorda (é minoria) diz que a vantagem pode ser de outra natureza, que não econômica.
 
Em prejuízo alheio:
 	Cola Eletrônica é estelionato? Não. A cola eletrônica visando fraudar o processo de seleção não configura estelionato, por ausência de vítima certa e prejuízo econômico determinado, configura art. .311-A do CP.
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Dolo: Intenção de enganar.
 
Na modalidade “induzir em erro”: dolo, em seguida a fraude.
 
Na modalidade “manter em erro”: dolo e fraude concomitantemente.
 
Finalidade Especial: para si ou para outrem (dolo específico). 
OBS: se o dolo for só para prejudicar a vítima, não há dolo. Não há elemento subjetivo do tipo.
 
Consumação: 
 
É chamado de crime de duplo resultado. Não basta a vantagem, não basta o prejuízo. Precisa dos dois
(vantagem + prejuízo alheio).
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§ 1º. Estelionato Privilegiado.
 
155, §2º: privilégio ou furto mínimo. Exige:
 
a) primariedade:
b) pequeno valor da coisa subtraída:
 
171, §1º: privilégio. Exige:
 
a) primariedade:
b) pequeno valor do prejuízo
 
§2º. Subtipos do Estelionato:
 
Elementos Estruturais: 
 
*fraude;
*vantagem indevida;
*prejuízo alheio.
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O objeto material é coisa alheia ao estelionatário.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Crime comum. 
Se o condômino vende coisa indivisa silenciando sobre o condomínio incorre em estelionato.
Vítima: crime de dupla subjetividade passiva. O adquirente de boa-fé e o real proprietário.
O rol do inciso I é taxativo. 
Consumação: com a obtenção da vantagem em prejuízo alheio.
 	Não é necessária a tradição : Dispensa a tradição no caso de coisa móvel e dispensa o registro no caso de coisa imóvel.
Admite tentativa. (crime plurissubsistente)
Furtador que vende a coisa furtada como se fosse sua:
1c: art. 155 (sendo estelionato post factum impunível. Maioria)
2 c: art. 155 e art. 171, na forma do art. 69, CP (Francisco de Assis Toledo. Minoria)
Efetivada a alienação, o crime permanece ainda que o agente regularize posteriormente o domínio. Pode configurar, no máximo, o arrependimento posterior do art. 16, CP.
 I- Vende, permuta, dá em pagamento, locação ou em garantia coisa alheia como própria. 
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II- a coisa própria é inalienável, gravada de ônus ou litigiosa ou imóvel que prometeu vender a terceiro.
O objeto material é coisa própria do estelionatário.
Sujeito ativo: crime próprio. Praticado pelo dono da coisa.
Sujeito passivo: adquirente de boa-fé.
OBS: só existe se houver fraude. Só existe o crime se o agente silencia sobre as circunstâncias previstas nesse inciso. Se o agente alerta ao comprador que o bem é objeto de litígio, por exemplo, não há fraude.
Consumação: duplo resultado (vantagem + prejuízo).
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III – Defraudação de Penhor
A coisa empenhada nesse caso fica em poder do devedor. O devedor aliena a coisa dada em garantia sem o consentimento do credor.
Sujeito ativo: devedor.
Sujeito Passivo: credor. 
Crime Bi-Próprio (sujeito ativo e passivo próprios)
Conduta: defraudar a garantia alienando ou, por exemplo, destruindo a coisa (qualquer outro modo)
Consumação: com o duplo resultado: vantagem + prejuízo.
Obs: tem jurisprudência minoritária dizendo que o inciso III é formal. Basta a defraudação, sem a necessidade de vantagem.
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IV – Fraude na Entrega de Coisa:
Sujeito Ativo: qualquer pessoa juridicamente obrigada a entregar a coisa a alguém, fora da relação comercial. 
Sujeito Passivo: o destinatário da coisa.
 
“defrauda substância essência da coisa. Ex: substitui diamantes por vidro), qualidade (atributo da coisa. Ex: entregar arroz de 2ª no lugar de arroz de 1ª) ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém”.
 OBS: Levar uma televisão para consertar e o sujeito substitui as peças originais por peças recondicionadas: o crime é do art. 175, CP.(Sujeito ativo no exercício de atividade comercial). 
O crime é de duplo resultado (vantagem + prejuízo)
OBS: se a coisa defraudada é produto alimentício, o artigo é o 272 do CP.
OBS: se a coisa é produto destinado a finalidade terapêutica ou medicinal o crime é hediondo. Art. 273, pena de 10 a 15 anos e o crime é hediondo.
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V- Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro.
É pressuposto desse crime a existência de um contrato de seguro vigente e válido.
Se o contrato é vigente, porém inválido, o crime é impossível (absoluta ineficácia do meio).
Sujeito ativo: segurado
Sujeito passivo: seguradora
Crime Bi-Próprio.
Crime se consuma com o simples emprego da fraude, independentemente do recebimento da indenização (crime formal). Prevalece este entendimento. 
É uma exceção aos subtipos.
Admite tentativa. (o crime é plurisubsistente).
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VI- Fraude no pagamento por meio de cheque:
Condutas:
a) Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado:
b) Frustrar o pagamento: (emitir cheque, encerrando, em seguida, a conta corrente).
 
Sendo um ou sendo outro é indispensável a má-fé (Súm. 246, STF)
OBS: emitir o cheque e, em seguida, sustá-lo caracteriza estelionato? Se sustar de má-fé é estelionato.
Aquele que emite cheque de conta já encerrada comete estelionato simples (do caput).
Sujeito Ativo: emitente do cheque
Sujeito Passivo: quem recebe o cheque
O endossante pode ser sujeito ativo? 
1c: o endossante não emite o título de crédito, podendo responder como partícipe do inciso VI ou autor do estelionato do caput. (Nucci). Prevalece esta corrente.
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	§3º: aumenta-se a pena de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
* Estelionato cometido contra o Banco do Brasil sofre o aumento do § 3º? Não, porque o Banco do Brasil é sociedade de economia mista. A competência é da Justiça Estadual.
 
* Estelionato praticado em face de autarquia de previdência social é abrangido por esta causa de aumento de pena. (Súmula 24, STJ).
 
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Natureza do Estelionato Previdenciário:
1 c: Para o STJ, o delito é permanente, admitindo flagrante a qualquer tempo, fluindo o prazo prescricional somente
depois de cessada a permanência.
2 c: Para o STF, o delito é instantâneo (de efeitos permanentes), aplicando-se a regra do art. 111, I, do CP (a prescrição começa a correr da obtenção da primeira vantagem em prejuízo do ente autárquico).

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