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Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Resumo sobre Métodos de Análise de Investimentos 1. Introdução Pode-se definir Investimento como sendo um sacrifício hoje em prol da obtenção de uma série de benefícios futuros. Sob o enfoque das finanças sacrifícios e benefícios futuros dizem respeito a fluxos de caixa necessários e gerados pelo Investimento. 1.1. Duas Naturezas distintas: De uma forma geral os investimentos podem ser classificados em duas naturezas distintas: Investimento Financeiro refere-se a compras de títulos financeiros e valores mobiliários, e Investimento de Capital e representam inversões em ativos que estarão vinculados a um processo produtivo. A análise das perspectivas de investimento de capital costuma ser chamados de Projetos de Investimentos. 1.2. Análise de estimativas futuras de fluxo de caixa 1° PASSO => Definição do horizonte de análise a ser utilizado. 2° PASSO => Projetar os fluxos de caixa futuros. Três elementos principais: Investimento Inicial (todos os gastos necessários ao empreendimento) Fluxos de caixa incrementais ao longo da vida do projeto. Valor Residual 1.3. Simbologia do fluxo de caixa A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste de uma escala horizontal onde são marcados os períodos de tempo e na qual são representadas com setas para cima as entradas e com setas para baixo as saídas de caixa. O fluxo abaixo representa um investimento inicial de $3.000,00 hoje, que rende $2.000,00 no final do terceiro período, mais $2.000,00 no final do quinto período. 0 1 2 3 4 5 2.000 2.000 3.000 Figura 1 – Diagrama de Fluxo de Caixa Análise da Viabilidade de Empreendimentos 1 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras 2. Métodos de Avaliação de Projetos de Investimento A avaliação de projetos de investimentos comumente envolve um conjunto de técnicas que buscam determinar sua viabilidade econômica e financeira, considerando uma determinada Taxa Mínima de Atratividade. Desta forma, normalmente esses parâmetros são medidos pelo Payback (prazo de retorno do investimento inicial), pela TIR (Taxa Interna de Retorno) e/ou pelo VPL (Valor Presente Líquido) (CASAROTTO e KOPPITKE, 2000). 2.1. Método do Payback O Payback ou prazo de retorno de um projeto é a extensão de tempo necessária para que seus fluxos de caixa nominais cubram o investimento inicial. (DAMODARAN, 2002) Tem como principais pontos fracos: não considerar o valor do dinheiro no tempo, não considerar todos os capitais do fluxo de caixa, não ser uma medida de rentabilidade do investimento (LAPPONI, 2000) e exigir um limite arbitrário de tempo para a tomada de decisão (ROSS, WESTERFIELD e JORDAN, 1998). É possível incluir o custo de oportunidade no cálculo do payback, resultando no que se convenciona chamar de payback descontado (LAPPONI, 2000). Dada as suas limitações e não obstante a sua simplicidade é muito mais provável que as empresas empreguem o período de payback de um investimento como uma norma auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos utilizando-o seja como um parâmetro limitador (prazo máximo de retorno) sobre a tomada de decisões, seja para escolher entre projetos que tenham desempenho igual em relação à regra básica de decisão (DAMODARAN, 2002). Método do Paybak Simples (PBS) Mede o prazo necessário para recuperar o investimento realizado. Regra = PBS do projeto < PBS máximo => aceita-se o projeto PBS do projeto = PBS máximo => indiferente PBS do projeto > PBS máximo => rejeita-se o projeto Obs: recomendado como método inicial ou complementar. Vantagens: • É um método de avaliação fácil de ser aplicado • Apresenta um resultado de fácil interpretação • É uma medida de risco do projeto (viesada) • É uma medida de liquidez do projeto (viesada) Desvantagens: • Não considera o valor do dinheiro no tempo Análise da Viabilidade de Empreendimentos 2 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras • Não considera todos os capitais do fluxo de caixa • Não é uma medida de rentabilidade do investimento Método do Paybak Descontado (PBD) Mede o prazo de recuperação do investimento remunerado PBS => ponto de equilíbrio contábil PBD => ponto de equilíbrio financeiro Exemplo: A Cia Baiana de Investimentos está pensando em dois projetos: o projeto A, que exige um investimento inicial de 4,5 milhões de reais, e o projeto B, que exige 5 milhões de reais de investimento inicial. Os fluxos de caixa relativos a estes projetos estão representados na tabela 1 a seguir: Ano Projeto A (em R$ mil) Projeto B (em R$ mil) 0 - 4.500 - 5.000 1 1.500 3.000 2 1.500 2.000 3 1.500 1.000 4 1.500 1.000 5 1.500 500 Média das entradas de caixa 1.500 1.500 Tabela 1 - Fluxos de Caixa relativo ao projeto A e ao projeto B Payback é o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. O Projeto A precisa de três anos para recuperar os R$ 4,5 milhões de investimento inicial. Período Retorno Retorno acumulado 1° ano 1.500 1.500 2° ano 1.500 3.000 3° ano 1.500 4.500 Já o Projeto B precisa de apenas dois anos para recuperar os R$ 5 milhões de investimento inicial. Análise da Viabilidade de Empreendimentos 3 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Período Retorno Retorno acumulado 1° ano 3.000 3.000 2° ano 2.000 5.000 Portanto, o melhor é o projeto B, pois a recuperação do investimento inicial é mais rápida. Entretanto, observe que não foi considerado o valor do dinheiro no tempo, nem foram considerados os fluxos de caixa após o período de payback. 2.1. Índice de Lucratividade - IL ∑ ∑= Inv t VP VP IL Re Onde: VPRet = Valor Presente dos Fluxos de caixa de retornos VPInv Valor Presente dos Fluxos de Caixa dos Investimentos Critério de decisão: se IL ≥ 1, aceita-se o projeto, caso contrário, rejeita-se. Considerando-se uma taxa de desconto de 15% ao ano, ambos os projetos apresentam Índices de Lucratividade de 1,12. O IL indica o retorno por real (R$) investido, sendo mais indicado numa situação de restrição de capital. Se repetirmos o exercício simulando taxas de 10% e de 20% os índices de lucratividade dos projetos variarão conforme demonstrado no gráfico a seguir. O que aconteceu? Pense um pouco sobre como a Taxa de desconto afeta o IL. Porque B apresenta melhores índices do que A para taxas mais baixas? E Vice-versa. CURVAS IL Versus Taxa de desconto 1,001,10 1,20 1,30 10% 15% 20% Taxa de desconto IL Projeto A Projeto B Figura 2 - Gráfico das curvas de Índice de Lucratividade Análise da Viabilidade de Empreendimentos 4 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras 2.3. A Taxa Interna de Retorno – TIR A TIR – Taxa Interna de Retorno é aquela taxa de desconto que iguala os fluxos de entradas como os fluxos de saídas de um investimento. Com ela procura-se determinar uma única taxa de retorno, dependente exclusivamente dos fluxos de caixa do investimento, que sintetize os méritos de um projeto (ROSS, WESTERFIELD e JORDAN, 1998). ( ) 0 1 1 0 = + − ∑ = n j j j i FC FC Critério de decisão: se TIR ≥ custo de capital, se aceita o projeto, caso contrário, rejeita-se. Para os projetos da Cia, Baiana de Investimentos teremos as seguintes taxas: Projeto A – TIR = 19,86% e para o Projeto B – TIR = 21,87%. Observação: quando se compara dois projetos usando-se a TIR, com investimentos iniciais diferentes, deve-se usar a técnica de “investimentos incrementais”. Assim, a comparação se dá entre um investimento de R$ 5 milhões no projeto B e o investimento de R$ 4,5 milhões em A mais R$ 500 mil de investimento no projeto incremental (B - A). VPL 10 20 22 TIR(%) VPL TIR(%) 12 TIR (B-A) B - A A B Figura 3 - Representação gráfica do conceito de investimento incremental 2.4. O Valor Presente Líquido - VPL O Valor Presente Líquido é a ferramenta mais utilizada pelas grandes empresas na análise de investimentos (COPELAND, 2001) e consiste em calcular o valor presente dos demais termo do fluxo de caixa para somá-los ao investimento inicial, utilizando para descontar o fluxo uma taxa mínima de atratividade (CASAROTTO e KOPITTKE, 2000). ( ) ( )n n t t t i VR i FcINVVPL + + + +−= ∑ = 111 Análise da Viabilidade de Empreendimentos 5 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Generalização: No caso da Cia Baiana de Investimento, se o custo de capital for de 10%, tem- Projeto A: ( )∑= + = t t t i VPL 0 1 n Fc se os seguintes resultados: ( ) ( ) ∴≅ × − ×+−= 18,186.1 10,010,1 110,1500.1500.4 5 5 VLP aceita-se Projeto B: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∴≅+++++ 95,124.1 10,1 500 10,1 000.1 10,1 000.1 10,1 000.2 10,1 000.30 54321−= 00.5VLP aceita-se Se houver restrição de capital, deve-se preferir o projeto A, pois o investimento .5. Comparação VPL × TIR da TIR é que as entradas líquidas de caixa líquidas de caixa intermediárias do se, para a TIR, usar-se a e sinais, a TIR poderá fornecer mais de .6. Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE) lente ao fluxo de inicial é menor, com VPL maior. 2 O pressuposto fundamental intermediárias são reinvestidas à própria TIR. O VPL, por sua vez, supõe que as entradas são reinvestidas ao custo de capital da empresa. A princípio, os dois critérios dão o mesmo resulta técnica do “investimento incremental”. Quando existe mais de uma inversão d um valor, sendo que nenhum deles será o correto. 2 Este método consiste em achar a série uniforme anual equiva caixa dos investimentos à TMA. 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 Análise da Viabilidade de Empreendimentos 6 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Critério de decisão: • -se o projeto, xemplo de aplicação do VAUE: .000 e conta com duas alternativas de $14.000 e proporciona um • Calcular a alternativa mais econômica, sabendo que a TMA da empresa é de VAUEA = -14.000 × 0,356873 + 5.000 30,03%) VAU = -18.000 × 0,356873 + 6.500 30,51%) Portanto, B é a alternativa que apresenta a maior taxa de retorno. 2.7. Alternativas com vidas diferentes nsiste precisamente no fato de que o .8. Incertezas , como a TIR e o VPL são calculados a partir de fluxos de de investimentos têm seus fluxos de caixa construídos com Se VAUE ≥ 0, aceita • Se VAUE < 0, rejeita-se o projeto. E Uma empresa dispõe de $18 investimento em um tipo de equipamento industrial: • equipamento A: exige um investimento inicial de saldo líquido anual de $5.000 por 7 anos, equipamento B: investimento inicial de $18.000 e saldo líquido de $6.500 por 7 anos. 30% ao ano. Solução: = $ 3,7780 (observ. : TIRA = EB = $76,2860 (observ. : TIRB = A grande vantagem do método VAUE co horizonte de planejamento já está implícito, ou seja, não é necessário que os fluxos de caixa dos investimentos sejam repetidos até um horizonte de planejamento comum para poder compará-los. 2 anto o paybackT caixa projetados que tentam retratar as condições econômicas e financeiras do projeto. s projetosO estimativas. Quanto maior for o tamanho e a complexidade do projeto, maiores serão as dificuldades de realizar as estimativas e, portanto, maiores poderão ser os erros das estimativas (LAPPONI, 2000). Análise da Viabilidade de Empreendimentos 7 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Segundo Lapponi (2000) deve-se sempre, ao realizar uma análise de vestimentos, levar em consideração que: investimento não são conhecidos com certeza. finidos utilizando algum critério. ão de cada estimativa ao • ONI, 2000). Para determinação de riscos de investimentos, inúmeras técnicas podem ser tilizadas, entre estas, a utilização do Método de Monte Carlo no cálculo da . usto de Oportunidade e Taxa Mínima de Atratividade. in • As estimativas e os resultados do • As estimativas do fluxo de caixa do projeto de investimento são valores esperados, de • Os resultados do VPL ou da TIR do fluxo de caixa, também serão valores esperados. Quanto maior for a dispers redor de seu valor esperado maior poderá ser a dispersão de cada resultado do fluxo de caixa. Essa incerteza é o risco do projeto gerado pelas dispersões das estimativas esperadas (LAPP u variabilidade do VPL de um projeto. 3 C ossem sinônimos e possível distinguir de auferir ao se ptar por uma alternativa em detrimento a uma outra. Desta forma ao se retirar rédio de salas comerciais em um terreno, que adquiriu há dez anos e que até il (registrado no balanço da empresa). .O valor de mercado do terreno. terreno, há dez anos, corrigido pela inflação. esa adicional. cado do rreno, pois é este valor que estamos deixandode auferir ao optar pela alternativa de construir o prédio. Muitas vezes esses dois conceitos são utilizados como se f em algumas situações isto é até verdadeiro, entretanto é estes conceitos de forma aplicá-los de forma mais específica. Entende-se por Custo de Oportunidade o ganho que se deixa o um dinheiro que estava depositado numa caderneta de poupança para uma utilização qualquer, este dinheiro tem um custo (de oportunidade) equivalente a 6% ao ano mais a variação da taxa referencial – TR, já que esta é a remuneração da caderneta de poupança. Como um outro exemplo, imagine que a sua empresa resolveu construir um p agora estava completamente desocupado. Qual o Valor do terreno que deverá ser considerado para efeito do valor de investimento a incorporar no cálculo do fluxo de caixa? a.O valor contáb b c.O preço pago pela aquisição do terreno há dez anos. d.O preço pago pela aquisição do e.Zero, porque sua utilização não implica qualquer desp A resposta certa é a letra “b”. Devemos utilizar o valor atual de mer te Análise da Viabilidade de Empreendimentos 8 Prof° Marcelo Mesquita Universidade Federal da Bahia – Escola Politécnica MBA em Gerenciamento de Obras Já Taxa Mínima de Atratividade é a taxa de retorno, a partir do qual o investidor está disposto a assumir o negócio. Essa taxa está associada ao risco do negócio e é determinada no mercado de capitais. 4. Referências: SAROTTO Filho, Nelson; KOPITTKE, Bruno H. Análise d CA e investimentos. 9ed. ão Paulo: Atlas, 2000. E.; ANTIKAROV, Vladimir. Opções Reais: um novo paradigma para reinventar a avaliação de investimentos. Tradução de Maria José Cyhlar. – DA inanças Corporativas Aplicadas – Manual do Usuário. LA m Excel. São Paulo: Laponni Treinamento e RO E JORDAN, Bradford D.. S COPELAND, Tom Rio de Janeiro: Campus, 2001 MODARAN, Aswath – F Tradução Jorge Ritter.- Porto Alegre: Bookman, 2002. PPONI, Juan Carlos Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixa: modelos e Editora,2000. SS, Stephen A. ; WESTERFIELD, Randolph W. Princípios de Administração Financeira; tradução Antonio Zoratto Sanvicente. – São Paulo: Atlas, 1998. Análise da Viabilidade de Empreendimentos 9 Prof° Marcelo Mesquita
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