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PRIMEIROS SOCORROS

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AULA 1
INTRODUÇÃO AO SALVAMENTO E À SOBREVIVÊNCIA
Introdução
Nessa aula serão introduzidos os conceitos de primeiros socorros e atendimento pré-hospialar, assim como os conceitos de urgência e emergência. Serão apresentado as habilidades e competências do socorrista leigo e qual a legislação que rege o Atendimento de emergência e quais deverão ser as ações iniciais do socorrista ao chegar ao cenário do socorro como sinalização, balizamento e bioproteção.
Você já presenciou uma situação de urgência ou emergência em via pública?
Como profissional que atua em segurança pública, esta é uma situação na qual você está exposto e, sendo referência para a população, ela exigirá de você uma pronta resposta.
Costumamos dizer que a vida da vítima, envolvida em um acidente ou mal súbito, depende da testemunha, pois, sem determinadas ações simples, na maioria das vezes, a vítima poderá morrer.
- Urgência -Urgência é toda situação que necessita de intervenção rápida, entretanto, não confere risco imediato à vida do indivíduo.
- Emergência - Emergência é toda situação que necessita de intervenção imediata, pois confere risco imediato à vida do indivíduo.
Mas o que é o atendimento pré-hospitalar (APH)? - O APH e os primeiros socorros são basicamente a mesma coisa, entretanto utilizamos o termo primeiros socorros para referir às ações imediatas, em uma situação de emergência, envolvendo pouco recurso
e realizadas por indivíduo leigo sem treinamento; e atendimento
pré-hospitalar é utilizado para designar o atendimento realizado com alguns recursos e equipamentos apropriados por um indivíduo com treinamento para tal.
ATENÇÃO: Em nossa disciplina, utilizaremos o termo “Atendimento pré-hospitalar (APH)” para definir todo atendimento prestado a uma vítima, em situação de urgência ou emergência fora do ambiente hospitalar; e socorrista para o indivíduo que irá realizar este atendimento.
Personagem mais importante
Quais deverão ser as ações iniciais ao se deparar com uma situação dessas?
Antes de tudo, o mais importante é garantir a segurança dos socorristas, pois este indivíduo é considerado o personagem mais importante do cenário, jamais este profissional deverá arriscar sua vida, pois se algo lhe acontecer, quem irá realizar o socorro?!
ATENÇÃO - Avalie a cena, identifique os riscos, neutralize-os e se proteja!
Se você observou o risco de atropelamento pelos veículos que podem vir pela faixa de rolamento e risco de explosão devido à parte elétrica do veículo colidido em contato com o combustível, salvou sua vida!
Então, em cenários semelhantes a esse, somente se aproxime quando o local estiver devidamente sinalizado e protegido.
DICA: Clique aqui e veja a regulamentação da sinalização em locais de acidente.
Sempre que possível desligue a bateria do veículo, caso haja vazamento volumoso de combustível ou produtos químicos no caso de caminhões, aguarde o socorro especializado (Corpo de Bombeiros).
Em casos de acidentes com caminhões de transporte, observe se há sinalização no veículo que indique a presença de produtos perigosos. 
Clique aqui e veja o manual da Agência nacional de transportes terrestres (ANTT) sobre a sinalização de veículos transportadores de cargas perigosas.
Controlando a segurança - Alguns produtos podem ser voláteis e tóxicos mesmo que não entrem em contato com você, por isso se posicione sempre com o vento vindo por trás de seu corpo, conforme indica o esquema abaixo:
Sempre que não for possível controlar a segurança da cena, como, grandes incêndios, locais energizados por fios soltos e outros, aguarde socorro especializado.
Cinemática do trauma - Após ser garantida a segurança da cena, é necessário avaliar qual foi o mecanismo do trauma e qual foi a cinemática envolvida (cinemática do trauma), ou seja, o que aconteceu e como aconteceu, assim como a utilização de dispositivos de segurança (cinto de segurança, airbag, capacete).  
Essa ação permite você definir se o evento foi traumático (atropelamento, lesão por arma de fogo, colisão de veículos, lesão por arma branca, agressão, queda e outros), ou se foi um evento de origem clínica (mal súbito), assim como a energia cinética dispersada. 
Isso dará idéia da gravidade do evento, impedindo que subestime as lesões potencialmente graves que não pode ver.
A abordagem da vítima de trauma é diferente da abordagem da vítima de mal súbito (emergência clínica), pois as causas que levam ao óbito são diferentes, sendo assim as prioridades no atendimento são outras. 
Discutiremos sobre essas prioridades na próxima aula.
Em uma vítima de trauma, quanto maior a energia envolvida, maior será a gravidade de suas lesões, mesmo que não possamos vê-las, por exemplo, em um evento de capotamento, onde há grande dispersão de energia cinética, mesmo que a vítima esteja fora do veículo andando e falando, não significa que ela não apresente lesões internas que possam evoluir com gravidade. 
 
Possíveis lesões - Além de sugerir a gravidade das lesões, a avaliação da cinemática do trauma também nos sugere as possíveis lesões que poderemos encontrar, por exemplo, observe a figura a seguir:
Podemos sugerir que em uma colisão frontal, a vítima poderá 
apresentar as seguintes lesões:
. trauma de crânio, 
. trauma no pescoço, 
. trauma no tórax, 
. trauma no abdome,
. trauma no quadril, 
. trauma na coxa e 
. trauma na perna.
Avaliação do número de vítimas - A avaliação do número de vítimas no cenário também é imprescindível, pois o protocolo de atendimento que utilizaremos para atender uma vítima é diferente do protocolo que utilizaremos para acidente com múltiplas vítimas. Veremos essas diferenças nas próximas aulas.
Após avaliar e garantir a segurança da cena, avaliar a cinemática do trauma e o número de vítimas, devemos nos proteger quanto aos riscos oferecidos pelo corpo do paciente, ou seja, os riscos biológicos.
Riscos biológicos são aqueles oriundos de vírus, bactérias, fungos e outros microrganismos causadores de doenças, que poderão estar presentes no sangue, secreção e outros fluidos corporais.
Biossegurança - Para nos protegermos dos risos biológicos devermos respeitar as normas de biossegurança.
Segundo a ANVISA, biossegurança é:
“Condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”. 
No caso dos socorristas, a norma de biossegurança mais importante a ser seguida é a utilização das precauções universais (As precauções universais, ou precauções padrão, são medidas de proteção contra a contaminação por fluidos corporais como sangue, saliva e secreções. A utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) faz parte desse conjunto de precauções e confere esta proteção que é de extrema importância para a saúde do socorrista.).
 
EPI - Entre os EPIs que o socorrista precisa ter, para realizar um atendimento, estão: Luvas, óculos, mascara e 
Observe esta imagem com os socorrista atuando devidamente paramentados: 
AULA 2
AVALIAÇÃO DA VÍTIMA NO AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR (APH)
Introdução
Nesta aula, deveremos aprender como deverá ser a abordagem inicial da vítima politraumatizada, estratificando as prioridades para manutenção da vida e as diferenças para um atendimento a uma única ou a múltiplas vítimas.
 
Abordagem inicial à vítima politraumatizada - Antes de falarmos sobre as prioridades no atendimento a uma vítima de evento traumático, precisamos entender basicamente como são e como funcionam as principais funções do corpo humano responsáveis pela manutenção da vida. 
Todos os sistemas do corpo humano são importantes para vida, entretanto, alguns são imprescindíveis, e não podem ficar mais do que alguns minutos sem funcionar, pois isso levaria o indivíduo à morte. Aqui veremos os dois principais sistemas para manutenção da vida que é o sistema respiratório e o sistema cardiovascular.
- Vias aéreas superiores: nariz (nasofaringe),boca (orofaringe) e hipofaringe.
- Vias aéreas inferiores: Traquéia, brônquios, bronquiolos e alvéolos.
- Caixa torácica: Formada pelo gradil costal e músculos, viabiliza os movimentos respiratórios.
- Pulmões: recebem o sangue rico em CO2 e transforman em sangue rico em O2
- Coração: Bombeia o sangue por todo o corpo
Sistema respiratório - O sistema respiratório é responsável em captar ar oxigenado do meio ambiente em uma concentração de 21% (no nível do mar) e levá-lo até os alvéolos pulmonares, que são as estruturas mostradas e estão posicionados no final dos brônquios.
Em volta dos alvéolos estão os capilares alveolares, que são vasos por onde passa o sangue. 
Durante o seu trajeto pela superfície do alvéolo há a difusão de O2 de dentro do alvéolo para o capilar e de CO2 para dentro do alvéolo, fenômeno que chamamos de hematose, assim o sangue fica oxigenado e é transportado por todo o corpo pelo sistema cardiovascular até as células mais distantes.
O sistema respiratório é responsável em captar ar oxigenado do meio ambiente em uma concentração de 21% (no nível do mar) e levá-lo até os alvéolos pulmonares, que são as estruturas mostradas e estão posicionados no final dos brônquios.
O O2 funciona como combustível para produção de energia para o funcionamento do corpo, sem ele as células começam a entrar em sofrimento e morrem.
Agora sabemos que para manutenção da vida, os sistemas respiratório e cardiovascular não podem parar de funcionar, o nosso organismo não aguentaria mais do que alguns minutos sem esses sistemas funcionando! 
Esse princípio é o que nos norteia para estratificar as prioridades no atendimento da vítima em uma situação de emergência.
Vítima de trauma e vítima de mal súbito - É importante ressaltar que existem diferenças de prioridades entre o atendimento da vítima de trauma e o atendimento a uma vítima de mal súbito, as causas de morte são diferentes, por isso o protocolo é diferente.
- Vítima de trauma - O que leva uma vítima de trauma a uma parada cardiorrespiratória (PCR) é a hipóxia, ou seja, a falta de oxigênio nos tecidos, normalmente devido à obstrução das vias aéreas ou perda de volume de sangue (choque hipovolêmico).
Sendo assim, basicamente, as prioridades para atender uma vítima de trauma serão: via aérea, respiração e circulação (ABC).
- Vítima de mal súbito - A vítima de mal súbito, na grande maioria das vezes, tem como causa primária de parada cardiorrespiratória uma arritmia cardíaca, isto é, primeiro o coração para de funcionar e imediatamente os outros sistemas.
As prioridades no atendimento à uma vítima de mal súbito será circulação, via aérea e respiração (CAB).
Por onde começar o atendimento desse indivíduo que foi atropelado?
Um princípio básico a ser seguido, é não desviar a sua atenção para as lesões mais chamativas, por exemplo, tratar a fratura exposta, que não vai matá-lo, em curto prazo de tempo, e esquecer que ele pode estar inconsciente e com sangue obstruindo a via aérea. 
Sendo assim devemos nos basear em uma seqüência sistematizada, de acordo com as prioridades para avaliar e resolver os problemas encontrados. 
O atendimento deverá obedecer um protocolo, que iremos abordar nas telas seguintes.
Avaliação primária: A avaliação primária é dividida em seis etapas.
1. Impressão Geral - Nessa etapa, o socorrista fará uma avaliação global rápida (15 a 30 segundos) do estado respiratório e circulatório.
Ao se aproximar do doente, ele deverá observar se ele está respirando efetivamente, se está acordado ou não, se apresenta movimentos voluntários e coordenados e se há sangramento externo importante.
 Pergunte à vítima - “O que aconteceu?”, se o indivíduo responder de forma coerente, significa que sua via aérea está pérvia, ou seja, não há nada que obstrua a passagem de ar pelo nariz boca e traqueia, que os pulmões conseguem aspirar ar para o seu interior e que a pressão sanguínea é suficiente para manter a irrigação cerebral adequada. 
Isso não significa que essa vítima não esteja grave, entretanto, não serão necessárias medidas imediatas para manutenção da vida; imobilize a cabeça e faça uma inspeção para identificar lesões potencialmente graves. 
Depois dessa avaliação você poderá decidir quais os recursos irá solicitar, de acordo com a 
rotina do seu serviço. Por exemplo, se a vítima não responde e tem muito sangue na cavidade oral, você poderá pensar na possibilidade de acionar um socorro aeromédico (É o translado ou remoção de doentes graves, por meio de helicópteros ou aeronaves, de um ponto A para um outro ponto B, ou em situações em que o doente necessite de um transporte inter hospitalar que seja mais adequado por via aérea.)
2. Avaliação da via aérea (air way) - Nessa etapa, você verificará e garantirá a permeabilidade da via aérea da vítima assim como a estabilização da coluna cervical, sempre que possível, para não causar um segundo trauma.
Inspecione a cavidade oral e fique atento aos sons emitidos durante a respiração. 
Uma via aérea obstruída emite sons ruidosos durante a respiração, cornagem (batimento da asa do nariz) e estridor. 
A principal causa de obstrução da via aérea é a língua, que é um órgão muscular preso à mandíbula.
Ao ficar inconsciente, o indivíduo tem o relaxamento de toda a musculatura, inclusive desse órgão que “cai” sobre a hipofaringe obstruindo a passagem do ar.
Existem técnicas para desobstruir a via aérea ao mesmo tempo em que estabilizamos a coluna cervical.
Mas por que devemos estabilizar a coluna?
Observe a imagem que mostra a estrutura anatômica da coluna vertebral: A medula faz parte do sistema nervoso central e é responsável por todos os comandos do corpo junto com o cérebro, está acondicionada no interior forame vertebral conforme demostra a imagem a seguir:
Quando o indivíduo sofre um evento traumático ele poderá fraturar a coluna com ou sem lesão medular. Observe a imagem de uma fratura vertebral que atingiu a medula: Caso esse indivíduo seja manipulado de maneira inadequada ele poderá ter lesões neurológicas irreversíveis, inclusive tetraplegia. 
Sendo assim, as técnicas de abertura de via aérea que preservam a integridade da coluna cervical são as elegíveis.
3. Avaliação do padrão respiratório (Breath) - Nesta etapa, você deverá garantir uma ventilação e oxigenação adequada para o paciente. A ventilação é o trabalho mecânico do tórax para gerar uma pressão pulmonar negativa para que o ar entre pelas vias aéreas. 
A oxigenação é a entrada do oxigênio junto com o ar. Para uma vítima de trauma grave a concentração de O2 precisa ser maior do que a do ar ambiente.
Toda vítima de trauma grave deverá receber oxigênio suplementar em uma concentração aproximada de 100%, mas somente os profissionais de saúde estão habilitados a fornecer O2 suplementar sem regulação médica, entretanto, se no seu serviço você possui uma central de regulação médica, ou se há um profissional de Saúde no local, você poderá realizar este procedimento. 
Caso contrário garanta uma ventilação adequada, isso ajudará bastante a sua vítima!
Observe o vídeo e veja um paciente com quadro de insuficiência ventilatória.
Observe que ele apresenta tiragem intercostal, ou seja, retração da musculatura do tórax entre os espaços das costelas (espaços intercostais), assim como utiliza a musculatura abdominal e do pescoço para auxiliar na ventilação.
Quando a vítima apresenta esse padrão ventilatório, ela necessita do que chamamos de ventilação assistida, que poderá ser fornecida com os seguintes dispositivos: Bolsa ventilatória com máscara, Pocket mask, Máscara de oxigênio sem reinalação de CO2
Após garantir uma adequada ventilação e oxigenação à vítima, passe para a próxima etapa do atendimento.
4. Circulação (circulation) - Nesta etapa, você irá avaliar a condição hemodinâmica da vítima, ou seja, se a parte circulatória está funcionando de forma adequada.
. A cor da pele,
. A temperatura e umidade da pele,
. Se há sangramento importante.
Se a vítima apresentar a pele fria, úmidae pálida, significa que há uma insuficiência circulatória, que nos casos de trauma, normalmente, são decorrentes de alguma hemorragia. A esse quadro damos o nome de choque, assunto que será visto na próxima aula.
Caso você identifique um sangramento aparente faça a contenção aplicando compressão direta conforme a figura.
As vítimas com sinais de choque que não apresentam sangramento externo provavelmente têm hemorragias internas, que só podem ser tratadas no hospital, dentro do centro cirúrgico, sendo assim, para esses indivíduos o melhor tratamento é o transporte rápido.
5. Disfunção neurológica - Nessa etapa do exame, o socorrista deverá avaliar o nível de consciência da vítima, poderá elaborar perguntas simples como: “Você lembra o que aconteceu? Sabe que dia é hoje?”
As vítimas que apresentam qualquer alteração do nível de consciência são consideradas graves.
6. Exposição e controle da hipotermia - Agora você deverá expor as partes da vítima que aparentam ter lesões, por exemplo, caso você veja que há uma deformidade na região do corpo, ou a roupa esteja suja de sangue.
Após examinar a área você deverá aquecer o paciente com manta térmica.
Avaliação secundária - A avaliação secundaria só deverá ser feita após a avaliação primária e as medidas salvadoras (abertura de vias aéreas com imobilização da cabeça, ventilação e oxigenioterapia, controle de hemorragias externas), caso haja tempo. 
Nessa fase do exame, o socorrista deverá inspecionar da cabeça aos pés buscando por lesões potencialmente 
graves que ainda não foram observadas e a coleta do histórico do paciente.
Utilizamos o mneumônico SAMPLA: Sintomas, Alergias, Medicações, Passado médico, Líquidos e alimentos ingeridos, Ambiente (eventos que levaram ao trauma)
O objetivo dessa abordagem sistematizada é identificar condições que ofereçam risco de morte à vítima e tratá-las conforme sua prioridade, otimizando o tempo em cena. 
Devemos lembrar que o tratamento definitivo deste doente é no hospital, sendo assim, quanto mais rápido for seu transporte adequado, melhor será seu prognóstico e mais chances teremos de salvá-lo com o menor número de seqüelas possíveis.
START (Simple Triage and Rapid Treatment) - Quando você se depara com um evento que apresenta uma quantidade de vítimas maior do que a sua capacidade de atendimento, chamamos de Acidente com Múltiplas Vítimas (AMV) e, nessas situações, seguimos outra lógica de atendimento. 
A sequência ABCDE não é utilizada nessas situações, pois a prioridade não é salvar o mais grave e sim salvar o maior número de vítimas, para isso utilizamos o protocolo START (Simple Triage and Rapid Treatment).
Nesse protocolo, o primeiro indivíduo que chega a cena, irá apenas fazer a triagem das vítimas, uma a uma. Serão avaliados a respiração, a circulação e o nível de consciência. 
- Caso haja alteração nesses três itens, a vítima é classificada como vermelha.
- Caso a vítima não apresente essas alterações, mas possui lesões que a impossibilitem de andar, será classificada como amarela.
- E aquelas que conseguem andar, mesmo com ajuda, classificaremos como verde.
- Os óbitos serão vítimas cinzas ou pretas.
Não é realizada reanimação cardiopulmonar, caso a vítima não respire com a abertura da via aérea, já podemos classificá-la como cinza.
Prevenção é sempre a melhor opção - Ao chegarmos ao final de nossa aula é importante lembrar que o trauma é a primeira causa de morte entre os indivíduos jovens, e que o objetivo do socorrista é garantir a manutenção da vida e sua qualidade. 
Esses indivíduos estão em fase produtiva, gerando, além do problema de Saúde, um problema social. 
Muitas serão as vítimas que morrerão ou terão seqüelas para o resto de suas vidas mesmo recebendo o atendimento adequado, sendo assim temos que pensar que a prevenção é sempre a melhor opção.
AULA 3
HEMORRAGIA E CHOQUE
Introdução
Nesta aula, serão apresentados os conceitos de hemorragia e choque e como se dá sua classificação, quais são os sinais e os sintomas de uma vítima com quadro de choque hemorrágico e como deverá ser a abordagem e o tratamento deste quadro em ambiente pré-hospitalar pelo socorrista.
Para entendermos o que acontece com o corpo durante um quadro de choque circulatório, precisamos entender como funciona  o sistema cardiovascular e qual a sua importância para nossa sobrevivência. Observe a imagem:
O sistema circulatório é composto basicamente pelo coração, pelo sangue e pelas artérias e veias que diminuem seu calibre progressivamente conforme saem do centro do corpo até chegar às extremidades e se transformarem em capilares. 
A função do coração é bombear o sangue através dos vasos sanguíneos até chegar a todos os tecidos do corpo. 
O sangue é um elemento imprescindível do sistema cardiovascular, pois é nele que estão as hemácias, que são as células que carregam o oxigênio, as proteínas, os eletrólitos, os nutrientes e muitos outros elementos essenciais para o bom funcionamento do restante dos sistemas e tecidos.
Ao observar a imagem do sistema circulatório, você pode perceber que o coração está centralizado no tórax, entre os pulmões, e quanto mais próximos estão os vasos do centro do corpo mais calibrados eles serão.  
Essa informação é importante para percebemos quais as lesões terão mais risco de causar sangramentos de maior gravidade.
Por exemplo, um sangramento proveniente do couro cabeludo, em um indivíduo adulto, por mais vultoso que seja não causará um sangramento tão grave quanto uma lesão de abdome ou tórax, que rapidamente poderá causar uma hemorragia grave levando a um quadro de choque.
Mas o que é um quadro de choque?
Para as células sobreviverem elas necessitam receber oxigênio e nutrientes, como já falamos. Para que essas moléculas cheguem a esses tecidos é necessário que a tríade cardiovascular esteja funcionando perfeitamente:
- Bomba
- Volume de sangue
- Resistência (contração dos vasos sanguineos)
Quando há um problema em um desses três elementos, a circulação não acontece de maneira adequada e não há pressão suficiente para transportar oxigênio e nutrientes aos tecidos e fazê-los passar dos capilares às células, ou seja, não acontece a difusão (passagem) de gases e moléculas através das membranas ao redor desses tecidos.
Sem o oxigênio, as células começam a produzir energia por meios alternativos, que fazem com que o sangue fique mais ácido, podendo levar a degeneração e a morte celular.
A esta falência circulatória que faz com que as células comecem a sofrer devido à falta de O2 chamamos de choque circulatório.
Tipos de choque - Existem 4 tipos de choque, dependendo de qual componente da circulação foi prejudicado, são eles:
1. Choque hipovolêmico: quando há perda de volume de dentro do espaço intravascular, como, por exemplo, na hemorragia e na desidratação.
2. Choque cardiogênico: quando o coração não consegue exercer sua função de bomba. Ex.: no infarto agudo do miocárdio ou nas arritmias cardíacas.
3. Choque obstrutivo: Quando há um aumento da pressão ao redor do coração, impedindo o retorno de sangue para suas cavidades e, consequentemente, diminuindo a saída de sangue pela aorta. Ex.: pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco.
4. Choque distributivo: Quando há um aumento no calibre dos vasos sanguíneos. 
Ex.: traumatismo raquimedular, sepse e anafilaxia.
ATENÇÃO: Nas vítimas de trauma, o tipo de choque mais encontrado é o hipovolêmico, devido a perda de volume de sangue.
A perda de uma quantidade significativa de volume de sangue, chamamos de hemorragia. 
Nos indivíduos acometidos por um evento traumático podemos encontrar uma hemorragia externa ou uma hemorragia interna.
O socorrista tem um papel fundamental no tratamento deste paciente até a chegada do socorro, pois é imprescindível que ele identifique os sinais de choque e controle os sangramentos externos, ou que informe o quadro de gravidade da vítima ao atendimento médico para agilizar o transporte das vítimas com suspeita de hemorragia interna.
Sinaise sintomas no choque - As prioridades, na abordagem desta vítima, não mudam:
- Manutenção da via aérea
- Boa Ventilação
- Avaliação da circulação e controle de hemorragias - Então, é no número 3 (avaliação da circulação) que você buscará os sinais de choque que são:
. aumento da freqüência respiratória;
. pele fria, úmida e pálida;
. sede;
. desorientação;
. inconsciência.
Por isso, ao avaliar a circulação da vítima de trauma você deve:
. inspecionar a cor da pele;
. tocar a pele da vítima onde não há sangue com uma parte descoberta do seu braço para sentir a temperatura;
. procurar sinais de sangramento aparente.
- Exposição e controle da perda de temperatura
Como conter uma hemorragia externa?
Caso seja uma vítima de evento traumático, ela deverá estar deitada em superfície rígida com a coluna imobilizada, vias aéreas desobstruídas e ventilação monitorada.
A primeira indicação para contenção de hemorragias é a compressão direta com gaze ou uma compressa, caso não haja, utilize o pano mais limpo possível.
Atenção: Não eleve a região que está sangrando! Isso poderá romper mais vasos importantes caso haja uma fratura que você não identificou.
Caso a gaze utilizada esteja suja de sangue, coloque outra por cima. 
Se a gaze estiver muito ensopada, a ponto de pingar, e você já tiver colocado uma segunda por cima, retire o coloque outra limpa.
Caso seja uma vítima de evento traumático, ela deverá estar deitada em superfície rígida com a coluna imobilizada, vias aéreas desobstruídas e ventilação monitorada.
A segunda opção para contenção de uma hemorragia é a utilização do torniquete.
. o torniquete deve ser largo (10 cm); 
. aplicar a um palmo fechado acima da lesão;
. monitorar o local para controle da hemorragia. Se não controlar,   apertá-lo mais ou aplicar um 2º torniquete, acima do primeiro.
 A utilização do torniquete é segura por até 120 a 150 min. Observe um dos diversos modelos de torniquete.
A parte que receberá o torniquete deverá estar exposta. Após o controle da hemorragia aqueça a vítima
Hemorragia interna - Quando a vítima apresenta sinais de choque, mas não possui sangramento externo, possivelmente ela tem uma hemorragia interna, nesse caso não há como controlar o sangramento, assim, o socorrista deverá informar ao Serviço de Emergência Médica para que agilize a chegada da ambulância para a remoção da vítima ao hospital o mais rápido possível.
Enquanto o socorro médico não chega, você deverá manter a via aérea aberta e a ventilação adequada dessa vítima.
 Como podemos ver, ações simples podem fazer diferença entre a vida e a morte de um indivíduo de trauma.  
Ao ser preparado para estas ações você poderá ser essa diferença!
AULA 4
LESÕES TRAUMÁTICAS
Introdução
Esta aula apresentará os tipos de lesões que poderemos encontrar nas vítimas politraumatizadas. Serão vistos os sinais, os sintomas e a abordagem da vítima com lesões na cabeça, tórax, abdome e membros como fraturas e luxação, entorses e lesões de partes moles e como deverá ser feito o transporte dessas vítimas.
Uma vítima de trauma pode apresentar lesões multissistêmicas, podendo oferecer risco de morte isoladamente ou quando estão associadas. Podem levar a vítima a óbito a curto ou a longo prazo.
Como vimos na aula anterior, as hemorragias são as principais causas de morte no trauma; elas podem matar um indivíduo rapidamente, entretanto, outros tipos de lesões poderão apresentar igualmente um quadro de gravidade. 
Além de morte, essas lesões poderão causar sequelas para o resto da vida do paciente, inviabilizando uma vida normal e produtiva. 
Alguns cuidados evitam que o quadro da vítima se agrave, ou evitam que possamos causar o que chamamos de segunda lesão ou lesões secundárias.
Trauma crânio-encefálico (TCE) - Além do risco à vida da vítima, os traumatismos crânio-encefálicos trazem grandes riscos de sequelas neurológicas graves, que poderão repercutir de forma devastadora na vida do indivíduo. 
 
As principais causas de TCE são acidentes automobilísticos, quedas, atropelamentos e agressões, entre outras.
1. Lesões por TCE - As lesões por TCE podem ser:
- Primárias: Quando a lesão do tecido ocorre diretamente pelo trauma e não pode ser evitada pelo socorrista
- Secundárias: É a lesão que ocorre nos tecidos vizinhos devido à falta de oxigênio ou à diminuição de fluxo de sangue no cérebro, pelo aumento da pressão dentro da calota craniana e podem ser minimizadas ou até mesmo evitadas pelo socorrista.
2. Sinais e Sintomas - As alterações do nível de consciência, em uma vítima de TCE, podem variar desde uma confusão mental até o coma.
Sempre que o indivíduo apresentar esquecimento, desorientação, perda da consciência mesmo que momentânea você deverá suspeitar de TCE:
O que aconteceu? Quem sou eu? Onde estou?
ATENÇÃO: Mesmo que a vítima apresente sinais de ingestão de bebida alcoólica, sempre pensar que a alteração do nível de consciência pode estar relacionada ao TCE, nunca ao álcool.
- Lesões no couro cabeludo e face: As lesões de couro cabeludo e face podem não resultar em lesão cerebral, mas sempre que identificá-las você não poderá descartá-las.
Se houver mecanismo de lesão que demonstre gravidade, como por exemplo, um atropelamento, colisão de veículo ou trauma por um objeto pesado, você deverá imobilizar essa vítima, assistir o ABC e aguardar socorro para removê-la ao hospital.
- Sangramentos orificiais: Sangramentos do ouvido e nariz podem ocorrer devido à uma lesão originada dentro do crânio.
- Hematoma Periorbital (Sinal de Guaxinim): O hematoma periorbital ocorre também devido a um sangramento originado dentro do crânio, geralmente associado a uma fratura de base de crânio.
- Hematoma Retroauricular: Assim como o hematoma periorbital, ocorre devido à fratura de base de crânio.
Outros sinais e sintomas como náuseas, vômitos, alteração do padrão respiratório, distúrbios visuais e convulsão podem estar associados ao TCE.
3. Abordagem - O principal mecanismo de lesão no TCE é a hipóxia (falta de oxigênio nos tecidos)  cerebral, sendo assim, a principal preocupação, em uma vítima, com esse tipo de lesão é a proteção da via aérea e a ventilação.
Como essas vítimas normalmente apresentam o sensório rebaixado, sua via aérea fica desprotegida. 
O controle das hemorragias importantes também é imprescindível, pois o quadro de choque poderá piorar a hipóxia cerebral devido a diminuição na perfusão do cérebro.
Sangramentos do couro cabeludo e o próprio TCE não podem causar um quadro de choque, pois não há, na cabeça, grandes vasos para causar hemorragia importante, sendo assim, mesmo que pareça vultosa, a hemostasia de lesões causadas na cabeça não são prioridade na abordagem inicial, e devem ser realizadas após a avaliação do ABCDE.
- Trauma Raquimedular (TRM) - O socorrista tem que ter em mente que toda vítima politraumatizada tem lesão medular até que se prove o contrário, sendo assim, a imobilização do paciente e a mobilização com técnica adequada são imprescindíveis.
Como podemos observar, a medula espinhal, que é responsável por levar todo controle do cérebro para o corpo, passa por dentro da vértebra, quando há uma fratura na vértebra, uma espícula óssea poderá seccionar a medula, causando lesões irreversíveis.
- Sinais e Sintomas: Os sinais e sintomas do TRM podem variar desde uma parestesia (alteração de sensibilidade/dormência), até a perda total dos movimentos.
- Abordagem: O objetivo do tratamento é garantir a oxigenação dos tecidos acometidos, sendo assim, garantir a permeabilidade da via aérea e uma boa respiração são prioridades.
A imobilização da coluna também é importante para prevenir os agravos das lesões. Assistiremos no vídeo as técnicas de imobilização e transporte das vítimas politraumatizadas.
Trauma de Tórax - O traumatismo de tórax pode variar desde uma simples fratura de costela (Nem sempre será fácil identificar uma fratura de costela, e sua principal complicação é levar a uma diminuição da função ventilatória devidoa dor.
Quando a fratura acomete várias costelas, em um mesmo seguimento, a instabilidade ventilatória será maior, podendo gerar uma insuficiência respiratória, nessa situação a intervenção será ventilar a vítima com bolsa-máscara (ambu).  Como falamos anteriormente, existem diversas outras lesões que poderão ser encontradas no tórax, entretanto, são de difícil diagnóstico e as suas respectivas intervenções só poderão ser feitas pelo socorro avançado.) à destruição dos tecidos do pulmão, e as principais complicações são a incapacidade de realizar os movimentos ventilatórios, causando uma insuficiência respiratória e um sangramento que não poderemos controlar, levando a um quadro de choque.
Durante a avaliação do padrão respiratório (B), você deverá buscar por aumento da freqüência ventilatória, dificuldade para respirar, assimetria dos movimentos do tórax ou qualquer outra alteração durante a respiração, caso encontre, você deverá olhar o tórax e o pescoço buscando por possíveis lesões.
- Escoriação: A presença de escoriações não representa gravidade, entretanto, significa que o tórax da vítima foi atingindo no momento do trauma, sendo assim, ela poderá apresentar outros traumas mais graves.
Costumamos utilizar a Teoria do Iceberg para falar das lesões superficiais que encontramos no exame da vítima, pois essas lesões podem ser apensas “a ponta do iceberg”:
- Objeto empalado: Na presença de um objeto empalado, seja no tórax ou em qualquer outra região do corpo, ele nunca deverá ser retirado, pois poderá estar ocluindo um vaso; se for retirado ocorrerá uma hemorragia que você não poderá controlar. Apenas estabilize-o para que não se mova.
Clique aqui e veja as considerações sobre pneumotórax aberto e fechado
Trauma de Abdome - O trauma abdominal envolve o risco de choque hipovolêmico devido a lesão de vísceras maciças como baço e fígado, entretanto a vítima poderá apresentar trauma de abdome sem nenhum sinal aparente. Ao avaliar o abdome observe as seguintes lesões:
- Equimose e Escoriações: Indicam que o abdome foi atingido durante o trauma
- Objeto empalado: Não retirar, apenas fixar o objeto.
- Evisceração: Não reintroduza as vísceras no abdome, apenas proteja com um saco plástico limpo.
Trauma músculo esquelético – As lesões músculo esqueléticas nem sempre oferecem riscos à vida do indivíduo.
É importante discernir se a lesão de extremidade está associada a trauma multi-sistêmicos, nessa situação a abordagem da vítima será sistematizada coma estratificação das prioridades como já vimos anteriormente (ABCDE).
Fraturas nem sempre são fáceis de identificar, mas têm como característica presença de dor, hematoma, edema, deformidade do membro e creptação à palpação. A seguir veremos algumas das lesões músculo esqueléticas mais comuns.
- Fraturas fechadas: As fraturas fechadas não apresentam ruptura da pele, mas precisam ser manipuladas de forma adequada, para que não evolua com uma lesão vascular.
Para manipularmos uma fratura devemos imobilizar as articulações mais próximas dela.
- Fraturas abertas: A fratura aberta é quando há a ruptura da pele. Nem sempre a parte óssea estará exposta, sendo assim, ao visualizarmos uma lesão, em forma de ferida, próxima à fratura, podemos pensar em fratura aberta. 
A abordagem é a mesma que a fratura fechada, imobilizar as articulações mais próximas, entretanto, se for possível, lavar a lesão aberta com água limpa para retirar as sujidades e cobri-la com gaze e atadura.
- Luxação: A luxação acontece quando a articulação se desloca de seu lugar normal. O membro luxado não deverá ser alinhado, e sim imobilizado na mesma posição que se encontra.
- Trauma contuso: É um trauma fechado, que pode ou não estar associado à uma fratura. 
Se não estiver associado à fratura e nem a traumas multissístêmicos, está indicada a aplicação de gelo local.
- Ferimento corto-contuso: É caracterizado por ruptura da pele com bordas regulares.
O grande problema desse tipo de lesão é quando acomete algum vaso maior, provocando uma hemorragia, sendo assim, nessa situação, a prioridade é parar o sangramento (hemostasia) com compressão direta. 
Se não há sangramento, a ferida deverá ser lavada com água filtrada ou soro fisiológico e coberta com gaze e atadura.
Receita de bolo - Essas são as principais lesões encontradas no atendimento às vítimas de trauma, e é importante ressaltar que independente da lesão, a abordagem a essa vítima é como uma “receita de bolo”, as prioridades sempre serão:
- Avaliar a segurança da cena e o mecanismo de trauma.
- Realizar a bioproteção
- Avaliar o ABCDE.
 
Essa avaliação sistematizada permite que o socorrista não deixe que as lesões mais chamativas desviem sua atenção das lesões que podem matar, mesmo não estando aparentes.
AULA 5
QUEIMADURAS E EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS
Introdução
Nesta aula, veremos as lesões por queimaduras. Aprenderemos como deve ser a abordagem a um grande queimado e a um queimado com lesões focais e como classificar as queimaduras quanto à profundidade e extensão. Também veremos as lesões por calor e frio. Bons estudos!
A função da pele para o corpo humano - A pele é o maior órgão do corpo humano e tem várias funções importantes em relação ao funcionamento do nosso corpo.
Algumas das funções mais essenciais são:
- Proteger o corpo contra a penetração de microorganismos que podem causar doenças;
- Impedir a perda de água e de elerólitos;
- Controlar a perda de calor.
Por isso, sua integridade é essencial para a manutenção do equilíbrio do organismo.
Danos causados pela queimadura - Você sabe o que pode acontecer com as vítimas que apresentam lesões extensas de queimadura?
Elas podem apresentar um quadro de hipovolemia (Diminuição do volume sanguíneo pelo ectravasamento de líquidos para o espaço intertíscial.) e hipotermia. Além disso, estão mais predispostas a processos infecciosos.
Entretanto, a causa de morte precoce em ambiente pré-hospitalar é a queimadura das vias aéreas pela aspiração de vapores quentes e a intoxicação pela aspiração de monóxido de carbono.
Causas da queimadura - Você conhece os principais TIPOS de queimaduras de acordo com os mecanismos causadores?
São eles:
- Térmica: A queimadura se dá através da transferência do calor de líquidos, sólidos, gases ou chamas para os tecidos.
Na imagem podemos ver uma queimadura ocasionada por água fervendo.
- Elétrica: Se dá através de objetos energizados.
As queimaduras elétricas podem comprometer o sistema cardiovascular, por causarem arritmias cardíacas.
- Química: Produtos químicos.
As queimaduras químicas podem ser por produtos químicos que além de causar lesões teciduais, podem ser voláteis causando intoxicação.
- Radiação: Por exposição do organismo a radiações solares ou nucleares.
Na imagem ao lado podemos ver uma queimadura causada pela exposição ao sol.
Gravidade das queimaduras - Agora vamos ver alguns fatores que determinam a gravidade das queimaduras.
Eles indicam a necessidade de atendimento rápido por uma equipe especializada e internação em unidade de queimados. 
São eles:
• Lesões por inalação;
• Queimaduras que atingem mais de 10% da superfície do corpo;
• Queimaduras de terceiro grau em qualquer faixa etária;
• Queimadura de face, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações principais;
• Queimaduras elétricas;
• Queimaduras químicas;
• Queimaduras com traumas associados;
• Queimaduras em indivíduos com doenças preexistentes.
E o que fazer ao identificar uma vítima de queimadura que apresenta um dos sinais de gravidade visto anteriormente?
Você deverá seguir a sequência de prioridades de uma vítima politraumatizada.
1. Avaliação da cena: Avalie a cena quanto à segurança e o mecanismo de trauma.
2. Agente: Afaste o agente causador da lesão. Caso a vítima esteja em contato com superfície eletrizada, não o toque antes de desligar a fonte de energia.
3. Avaliação primária: Inicie a avaliação primária sistematizada baseada nas prioridades.
4. Realize a avaliação secundária:Na avaliação secundária, você deverá realizar a avaliação e curativo das queimaduras.
Avaliação da queimadura - Depois que a vítima recebeu os primeiros cuidados, é hora de avaliar as queimaduras.
1. Em primeiro lugar, vamos estimar a superfície corporal queimada: É possível que você esteja se perguntando como.
Simples, para isso utilizaremos a regra dos nove.
Observe que cada área do corpo representa um percentual da superfície corporal.
2. Continuando, é necessário avaliar a profundidade da queimadura: A pele é dividida em camadas, e a classificação da queimadura segundo a profundidade será de acordo com as camadas da pele atingidas.
Na imagem ao lado, é possível ver as três camadas da pele, que são:
• Epiderme;
• Derme;
• Hipoderme.
Classificação da queimadura - A queimadura pode ser classificada em:
1. Queimadura de 1º Grau - Atinge apenas a epiderme. Tem como característica a presença de hiperemia e é a mais dolorosa, pois é nessa porção superficial da pele que encontramos grande quantidade de terminações nervosas.
2. Queimadura de 2º Grau - As queimaduras de segundo grau acometem até a derme. São caracterizadas pela presença de flictemas (bolhas).
3. Queimadura de 3º Grau - Essas queimaduras atingem toda a espessura da pele. Podem apresentar diversas aparências, mas na maioria das vezes são espessas, secas e esbranquiçadas.
Erroneamente, algumas pessoas afirmam que essas queimaduras não são dolorosas por haver a destruição de todas as terminações nervosas. Entretanto, essas lesões são cercadas por áreas de queimadura nas camadas mais superficiais; sendo assim, a informação dolorosa é levada ao cérebro da mesma maneira.
4. Queimadura de 4º Grau - São aquelas queimaduras que, além de destruir toda a espessura de pele, atingem tecido muscular e ósseo.
SAIBA MAIS: Caso a lesão de queirmadura seja focal, e a vítima não apresente nenhuma das condições de gravidade, o primeiro passo é resfriar o local da lesão com água em temperatura ambiente.
Deixe irrigar por quanto tempo for necessário para melhorar a dor. Nunca use manteiga, pasta de dente, água sanitária, pó de café ou qualquer outra cobertura, pois a susbstância errada poderá piorar a lesão.
Cubra com um pano limpo e encaminhe a vítima para o atendimento hospitalar.
Emergências ambientais - Nós humanos somos seres endotérmicos.
Mas o que isso significa?
Que independentemente da temperatura externa, nossa temperatura corporal precisa ser mantida dentro de uma faixa estreita de variação (entre 36º e 37ºC), de forma a garantir diversas funções do corpo.
Para isso, o organismo tem mecanismos reguladores; entretanto, quando expostos a extremas temperaturas, esses mecanismos passam a não ser mais eficazes para a perda ou retenção do calor, podendo levar até à morte.
Em relação ao calor, podemos encontrar os seguintes distúrbios:
- Desidratação: É a incapacidade de repor as perdas do suor com líquido. A vítima pode apresentar sede, náuseas, fadiga excessiva, dor de cabeça, hipovolemia e redução das capacidades físicas e mentais.
Conduta: Se a vítima estiver consciente e orientada, ofereça líquidos isotônicos e coloque-a para repousar em um ambiente fresco. Algumas pessoas necessitam de reposição de líquidos por via endovenosa.
- Síncope pelo calor: É uma ligeira perda da cosciência, que ocorre quando o indivíduo permanece muito tempo em posição ortoestática, levando à diminuição da pressão arterial. Normalmente quando são colocados em posição supina se recuperam rapidamente.
Conduta: Deitar a vítima em um ambiente fresco. Avalie e trate segundo as diretrizes de suporte básico de vida (aula 7). 
Quando a vítima estiver acordada e orientada, ofereça líquidos. Em caso de queda, deverão ser tratados como vítimas de trauma.
- Intermação: Acontece quando o indivíduo é exposto a altas temperaturas, com elevação da temperatura corporal acima de 40º, levando à disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. A vítima se apresenta desorientada, com respiração rápida e superficial, pele quente úmida ou seca, convulsão e coma.
Conduta: Você deverá resfriar a vítima imediatamente com imersão em água ou envolvê-lo com lençóis molhados em água fria e abaná-lo vigorosamente. 
Assista a via aérea, a respiração e a circulação. Essa vítima precisa ser levada imediatamente ao hospital.
- Hipotermia: Em relação ao frio, podemos encontrar as vítimas de hipotermia, ou seja, aquelas que, devido à exposição a frios extremos, apresentam temperatura corporal abaixo de 35º.
Essas vítimas podem apresentar alterações do nível de consciência, aumento da frequência respiratória, tremores e extremidades cianóticas.
Conduta: A prioridade para esse indivíduo é o aumento da temperatura corporal; aqueça-o vigorosamente; Não lhe ofereça bebidas alcoólicas, pois estas causam a dilatação dos vasos, aumentando a perda calórica.
Assista a via aérea, respiração e circulação.
ATENÇÃO: É importante lembrar que, sempre que essas condições estiverem associadas a traumas sistêmicos, deveremos utilizar a abordagem sistematizada ABCDE
AULA 6
AFOGAMENTO E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
Introdução
Os incidentes de submersão em água são comuns, em todo mundo, e são responsáveis por 0,7% de todas as mortes, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Nesta aula, teremos a oportunidade de entender o conceito de afogado e quais são as prioridades na abordagem dele. Também veremos como são classificados segundo o quadro apresentado.
Epidemiologia - De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, os óbitos por afogamento, no Brasil, alcançam mais de 6.500 casos por ano, e os casos não fatais chegam a 100.000 casos/ano, acometendo principalmente crianças.
O afogamento se dá pela aspiração de líquidos causada por submersão ou imersão. 
Quando a vítima não apresenta nenhum sinal de ter aspirado água para as vias aéreas, chamamos de Resgate.
Classificação quanto ao tipo de afogamento
O afogamento pode ser classificado como:
1. Primário: Quando não existe indícios de uma causa para o afogamento.
2. Secundário: Quando alguma outra causa primária levou a vítima a submergir, como por exemplo, utilização de drogas e/ou álcool, convulsão, traumatismos, doenças cardíacas ou pulmonares, acidentes de mergulho e outras.
Classificação de afogamento quanto ao tipo de água - Também podemos classificar o afogamento quanto ao tipo de água, lembrando que não há diferença no tratamento da vítima, é importante apenas informar ao médico, no hospital, se o meio líquido era contaminado, como por exemplo, o afogamento ocorrer em local de deságue de esgoto.
Quanto ao tipo de água podemos classificar como:
- Afogamento em água doce: piscinas, rios, lagos ou tanques.
- Afogamento em água salgada: mar.
- Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar.
- Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro material.
Gravidade do afogamento – A gravidade do afogamento estará associada com a quantidade de líquido aspirado pelas vias aéreas, quanto maior a quantidade de líquido aspirado, menor é a difusão de gases pela barreira capilar-aveolar.
Você deve estar se perguntando o que isso quer dizer...
Simples, quanto menor é a quantidade de entrada de O² para o organismo e menor será a saída de CO².
A classificação do grau de afogamento nos dá noção da gravidade do quadro e direciona o atendimento.
Grau do afogamento - Veja a classificação do grau do afogado:
- Resgate: A vítima não apresenta tosse ou espuma na boca ou nariz e não apresenta dificuldade respiratória, a ausculta feita pelo profissional de Saúde se apresenta normal.
- Grau 1 - A vítima apresenta tosse, mas sem sinal de espuma na boca ou nariz.
- Grau 2: A vítima apresenta tosse mas com pouca água na boca ou no nariz.
- Grau 3: Muita espuma na boca e no nariz, mas apresenta pulso radial palpável.
Para palpar pulso radial, trace uma linha reta do dedo indicador até a região do punho. Utilize os dedos indicador e médio para realizar a palpação. Um pulso radialcom uma baixa amplitude pode significar uma diminuição da pressão arterial, caso o pulso radial não seja palpável, pode significar um quadro de choque.
- Grau 4: Muita espuma na boca ou nariz sem pulso radial palpável.
- Grau 5: Parada respiratória com pulso carotídeo presente.
Para palpar pulso carotídeo coloque o dedo indicador e o polegar em cima do pomo de Adão e deslize em direção ao esternocleidomastóide, você irá perceber o pulso da carótida.
Atenção: Não perca tempo tentando achar o pulso carotídeo, não ultrapasse 10 segundos para este procedimento. Caso não sinta pulso inicie as compressões torácicas.
- Grau 6: A vítima apresenta parada cardiorrespiratória. Na parada cardiorrespiratória a vítima não apresenta respiração e nem pulso.
Abordagem à vítima afogada - Apesar da classificação do afogado ser de grande utilidade para mensurar a gravidade do evento, não podemos perder tempo para iniciar as manobras de ressucitação, sendo assim, devemos iniciar as manobras e depois classificar o grau de afogamento.
Vejamos agora o protocolo de abordagem à vítima afogada.
Ele segue a seqüência de prioridades do trauma: ABC, pois a parada cardíaca, nesses pacientes, ocorre devido à hipóxia (falta de oxigênio), sendo assim começamos a abordagem pela via aérea, como veremos a seguir.
Resgate - O primeiro passo é retirar a vítima da água, mas faça apenas se você for treinado para isso. Ter habilidade para nadar não significa que você tenha habilidade para realizar um salvamento aquático.  Se não souber fazer o resgate, solicite ajuda especializada. Caso você realize o resgate, poderá iniciar as ventilações ainda na água.
Avalie o nível de consciência:
1. Vítima consciente: não há necessidade de iniciar o tratamento na água.
2. Vítima inconsciente: Avalie se ela respira, se não houver movimentos respiratórios, há indicação para inicio da reanimação com apenas ventilações das seguintes maneiras:
- Com duas socorristas você não precisará de equipamento, pois um irá apoiar a vítima e o outro irá abrir a via aérea avaliando se há ventilação espontânea. Na ausência de ventilação espontânea o socorrista deverá realizar 10 ventilações boca a boca utilizando um método de barreira (face shield)
- Se houver apenas um socorrista você irá precisar de material de flutuação para posicionar a vítima.
COMENTÁRIO: A incidência de trauma raquimedular (TRM) em afogados é pequena, os cuidados de estabilização da coluna cervical só estão indicados a menos que haja evidências que elevem as chances de TRM, como por exemplo, afogamento em águas rasas ou durante a prática de esportes aquáticos.
Primeiros socorros em área seca - O início das ventilações, ainda dentro da água, irá retardar a evolução de uma parada respiratória para uma parada cardiorrespiratória. 
Se a vítima voltar a respirar retire-a da água para uma área seca a fim de continuar o atendimento. 
Caso a vítima não volte a respirar sozinha, considere PCR (parada cardiorrespiratória); retira-a da água rapidamente para a área seca e inicie a ressuscitação cardiopulmonar.
Ao retirar a vítima da água, o segundo passo é posiciona-la paralelamente à água.
Em seguida, realize a abertura da via aérea com a mão no queixo e na testa conforme mostra a figura e avalie se a vítima respira (no máximo 10 segundos).
Mas o que fazer se não estiver respirando?
Na ausência de respiração realize 5 ventilações utilizando algum método de barreira.
Após as 5 ventilações realize 30 compressões torácicas.
Assista agora um vídeo de como essas compressões devem ser realizadas. 
Repare no vídeo:
• A posição do socorrista;
• A posição das mãos no ponto certo de compressão na linha intermamilar.
Algumas observações importantes:
• A frequência das compressões  deverá ser de, no mínimo, 100/min.
• Permitir que o tórax retorne totalmente para sua posição após cada compressão.
• A profundidade do tórax deverá ser de 5 cm.
Feito o procedimento anterior...
Agora cheque o pulso carotídeo, se a vítima apresentar pulso, realize apenas as ventilações, uma a cada 5 segundos.
Caso a vítima apresente respiração espontânea, coloque-a em posição lateral de segurança, como você pode ver na figura ao lado, e aguarde socorro. 
Se ela for classificada como grau 2 ou mais, ofereça oxigênio se estiver disponível.
SAIBA MAIS: Antes de encerrar seus estudos, veja algumas medidas de prevenção de afogamento da SOBRASA.
AULA 7
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Introdução
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte, no Brasil e no mundo, são doenças silenciosas que evoluem de maneira insidiosa e que, muitas vezes, ao eclodir levam o paciente a um quadro de gravidade que necessita de reconhecimento e tratamento precoces. Nesta aula, será abordada a Parada cardiorrespiratória na morte súbita. Será apresentada a cadeia da sobrevivência e a estratificação de prioridades no atendimento da vítima de parada cardíaca súbita (CAB da vida), assim como as técnicas de compressão torácica, ventilação assistida e desfibrilação semiautomática.
Suporte básico de vida - Você sabe o que provoca uma parada cardiorrespiratória súbita?
Na grande maioria das vezes, uma parada cardiorrespiratória súbita, tem origem cardiovascular, geralmente em uma doença que cause diminuição do aporte de sangue para o músculo cardíaco ou uma desordem do ritmo do coração.
Só para relembrarmos, o sistema cardiovascular é responsável pelo transporte de sangue, gases e nutrientes para todas as células do corpo, e para que isso aconteça, o coração precisa estar funcionando perfeitamente, pois ele é a bomba que impulsionará o sangue através dos vasos.
Funcionamento do coração - O coração é um órgão muscular oco dividido em 4 cavidades:
- Átrio direto / Ventrículo direito - O lado direito recebe o sangue do sistema e leva para os pulmões.
- Átrio esquerdo/ Ventrículo esquerdo - O lado esquerdo recebe o sangue dos pulmões e leva para todos os outros sistemas.
O trajeto do sangue por todo sistema vascular até o coração chamamos de grande circulação, e o trajeto do sangue do coração aos pulmões e dos pulmões ao coração chamamos de pequena circulação.
Funcionamento do coração - Observe o esquema:
Para que esse movimento de sangue funcione adequadamente, o coração precisa bombear de forma sincrônica, com um ritmo adequado entre os átrios e os ventrículos. 
Além disso, o coração produz um estímulo elétrico que se propaga de forma organizada pelo músculo cardíaco fazendo com que ele contraia e bombeie o sangue pelos vasos.
Doença isquêmica no coração - Quando o indivíduo apresenta alguma doença isquêmica no coração, essa atividade elétrica poderá ficar tão desorganizada que o coração não consegue mais bombear sangue para o corpo levando ao que chamamos de parada cardiorrespiratória, a esse ritmo tão desorganizado chamamos de fibrilação ventricular.
Como o coração não consegue ejetar sangue, em poucos minutos essa vítima evoluirá para o óbito. 
Mas será que há alguma coisa a ser feita? A resposta é sim! A seguir veremos como.
Manobras de ressuscitação cardiovascular - Com manobras simples, podemos manter esse sangue circulando até que consigamos reverter o quadro.
Essas manobras são chamadas de ressuscitação cardiovascular e elas consistem em aplicar compressões torácicas, ventilações artificiais e desfibrilação.
As compressões torácicas e ventilações irão manter a viabilidade dos tecidos, mas somente a desfibrilação irá reverter a FV. 
Hoje em dia, temos aparelhos simples, que realizam a desfibrilação e qualquer indivíduo com um treinamento mínimo pode utilizar por serem automáticos.
Etapas da cadeia de sobrevivência - Veja agora uma cadeia de sobrevivência, usada para a ressuscitação cardiopulmonar.
Ela descreve as etapas essenciais para uma reanimação bem-sucedida:
1. 1º ELO: Solicitação de ajuda
2. 2º ELO: RCP precoce
3. 3º ELO: Desfibrilação precoce
4. 4º ELO: Suporte avançado de vida
5. 5º ELO: Cuidados pós PCR
ATENÇÃO: As chances de sobrevivência aumentam significantementese as etapas da cadeia de sobrevivência forem respeitadas.
Aplicação da ressuscitação cardiopulmonar - Agora veremos como deverá ser o passo a passo:
O primeiro é avaliar a cena para se certificar do que houve e para garantir a sua segurança. Em seguida teste a responsividade da vítima.
Você deve estar se perguntando como fazer isso?
Segurando-a pelos ombros e olhando rapidamente para o seu tórax para observar se ela respira. Caso não haja resposta e ela não respire solicite ajuda. 
Você deverá acionar o serviço de emergência médica da sua região (192 ou 193) e pedir que alguém busque um desfibrilador externo automático (DEA).
ATENÇÃO: Só remova a vítima em PCR se a cena estiver insegura, caso contrário você deverá iniciar a RCP no local até chegar o socorro médico.
Volte à vítima e realize 30 compressões torácicas. Posicione as mãos no ponto de compressão entre os mamilos, em cima do osso esterno, como mostra a figura e afunde o tórax em 5 cm com uma freqüência de, no mínimo, 100 por minuto.
O socorrista leigo não precisará se preocupar em checar pulso carotídeo, pois essa técnica exige prática e poderá atrasar o início das compressões torácicas. Caso você opte por checar pulso carotídeo, não demore mais de 10 segundos.
Após as 30 compressões, realize a abertura da via aérea com elevação do queixo e faça duas ventilações. Tenha alguns cuidados:
• Ventile lentamente;
• Insufle o pulmão do paciente com um volume de ar suficiente para elevar o tórax;
• Utilize um método de barreira para não se contaminar com material biológico.
ATENÇÃO: Não é aconselhável realizar ventilações boca a boca, pois a vítima poderá transmitir alguma doença para você! 
Caso você não tenha nenhum equipamento de proteção individual para realizar as ventilações, faça apenas compressões sem interrupções. A compressão torácica é o procedimento mais importante e em uma PCR o socorrista não poderá ficar mais de 10 segundos sem realizá-las. Realize 30 compressões para 2 ventilações até a chegada do desfibrilador ou do socorro médico.
Assim que disponível, aplique o desfibrilador externo automático (DEA). E qual seria a real função desse aparelho?
Ele é um computador que analisa o ritmo do coração da vítima e avalia se há a necessidade ou não de desfibrilação. 
Qualquer indivíduo com o mínimo de treinamento poderá utilizar o desfibrilador externo automático; existem várias marcas e modelos, mas todos muito simples para utilização. É a desfibrilação que irá reverter o quadro da vítima, entretanto ela não será eficaz sem as compressões.
SAIBA MAIS: Antes de dar continuidade a seus estudos, conheça a seqüência para a utilização do DEA.
AULA 8
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Introdução
Nesta aula, serão abordadas as emergências clínicas mais comuns em ambiente pré-hospitalar como: Alterações do nível de consciência (desmaios, síncope, inconsciência e alterações psicomotoras), Crises convulsivas, Síndromes coronarianas (Infarto agudo do miocárdio e angina), acidente vascular encefálico e hipoglicemia.
Suporte básico de vida - O que podemos entender como emergências clínicas?
São todas aquelas situações de emergências que não têm origem traumática. São quadros extremamente delicados, pois nem sempre a causa do “mal súbito” é óbvia, sendo assim, são necessários diversos conhecimentos clínicos para chegarmos a um diagnóstico e, ainda assim, precisaremos de alguns exames para concluirmos o quadro, por isso jamais deveremos perder tempo tentando fechar um diagnóstico em APH, apenas prestaremos os cuidados de suporte básico de vida até a chegada do socorro. A seguir veremos alguns dos quadros mais comuns de mal súbito.
Você já ouviu falar em SCA?
A Síndrome Coronáriana Aguda é um conjunto de sinais e sintomas caracterizado principalmente por dor no peito.
Ela acontece devido a uma obstrução que poderá ser parcial ou total, diminuindo ou interrompendo o fluxo de sangue para o músculo cardíaco podendo desencadear os seguintes quadros:
- Angina Estável: Quando ocorre uma diminuição do fluxo de sangue, mas ele ainda é suficiente para suprir o músculo cardíaco durante atividades basais, entretanto durante a execussão de alguma atividade física esse fluxo passa a não ser suficiente, e o paciente sente dor no peito, mas que retrocede assim que ele fica em repouso.
- Angina instável: Quando ocorre uma obstrução parcial, mas esse fluxo de sangue não é suficiente para oxigenar o músculo cardíaco, ocasionando dor no peito mesmo quando o paciente está em repouso. 
Nesse caso, ainda não houve lesão no músculo cardíaco.
- Infarto agudo do miocárdio (IAM): Neste quadro, há uma obstrução total ou quase total em que ocorre a lesão do músculo cardíaco. Existe um grande risco de a vítima evoluir para parada cardiorrespiratória por arritmia cardíaca.
Em todos os casos, o tempo é nosso inimigo número um!
ATENÇÃO: Indivíduos com dor no peito precisam ser encaminhados rapidamente a uma unidade hospitalar para ser feito o diagnóstico do quadro e iniciar o tratamento rapidamente, que consiste na abertura da artéria coronária, por medicamento ou por cateterismo, para restabelecer o fluxo sanguíneo para o coração, sendo assim, a identificação precoce dos sintomas é imprescindível.
Sinais e Sintomas - Nem sempre os sinais e os sintomas de uma síndrome coronariana são específicos, então, além da avaliação do paciente, precisamos investigar a presença dos fatores de risco que veremos a seguir.
O sintoma mais caracerístico de uma SCA é a dor torácica típica isquêmica, que se apresenta como uma dor no centro do peito em aperto ou queimação e que faz a vítima levar a mão em forma de garra ao peito.
Ela também poderá irradiar para a face interna do braço esquerdo, mandíbula e pescoço.
A dor também poderá ser apresentar de outras formas que chamamos de dor atípica, como:
- Dor somente no pescoço ou na mandíbula
- A dor no peito poderá vir acompanhada de: suor frio, palidez cutânea, náuseas e vômitos, tonteira, dor abdominal e falta de ar
- Dor na região epigástrica, muitas vezes confundida com problemas gastrointestinais
- Dor no braço direito
- Dor nas costas
O paciente também pode estar sem dor, quadro muito comum em pessoas diabéticas, idosos e mulheres, podendo estar presentes sintomas inespecíficos, assim, devemos identificar os fatores de risco para SCA, que são divididos em:
- Fatores de risco não modificáveis:
• idade maior que 40 anos;
• sexo masculino;
• história familiar.
- Fatores de risco modificáveis:
• sedentarismo;
• obesidade;
• hipertensão arterial não controlada;
• diabetes não controlada;
• colesterol alto.
Abordagem
O que fazer ao identificar um quadro de SCA?
Acione imediatamente o Serviço Médico de Urgência e solicite uma ambulância, de preferência com médico.
Caso a vítima esteja consciente coloque-a sentada, em repouso absoluto, não ofereça nada para beber ou comer,
até a chegada da ambulância e se prepare para iniciar o protocolo de SBV, a qualquer momento caso seja necessário.  
Se a vítima estiver inconsciente, inicie o protocolo de Suporte Básico de Vida: CAB 
ATENÇÃO: Não ofereça remédios à vítima.
Acidente Vascular Encefálico (AVE) - O acidente vascular encefálico é um comprometimento vascular, por obstrução ou por uma hemorragia, no cérebro, que poderá levar a vítima a um quadro neurológico grave e até a morte. 
Se não for identificado e tratado precocemente, o paciente poderá apresentar lesões irreversíveis.
Acidente vascular cerebral isquêmico - O AVE mais comum é o isquêmico, que ocorre devido a formação de um coágulo em uma artéria cerebral, obstruindo o aporte de sangue para a área cerebral perfundida por esse vaso e poderá ser revertido com a administração de trombolíticos para dissolver esse trombo.
Como reconhecer uma vítima de AVE ? - A maneira mais fácil de reconhecer uma vítima de AVE é utilizando a escala de Cincinnati.
Veja como: Comece solicitando que a vítima sorria, então, observe se os dois lados dos lábios  movimentam-sesimetricamente. O exame estará alterado caso um dos lados não se mova, chamamos esse quadro de desvio de comissura labial.
Peça ainda, que eleve os dois braços à mesma altura. O exame estará alterado caso um dos braços não se mova (paralisia) ou esteja mais baixo que o outro (paresia).
Por último, a vítima deve repetir uma frase simples qualquer; o exame estará alterado caso ela tenha dificuldades na fala.
Na presença de um desses sinais, temos 75% de chance de estar mediante a um caso de AVE.
SAIBA MAIS: Poderemos encontrar outros sintomas de AVE como:
• Desorientação;
• Agitação psicomotora;
• Convulsão;
• Coma.
Abordagem - Caso a vítima esteja consciente, deixe-a sentada em repouso e prepare-se para uma perda súbita da consciência. Não a deixe andar sozinha, pois o risco de queda é grande.
Se a vítima ficar insconsciente, inicie o protocolo de suporte básico de vida (CAB), se ela estiver respirando, mantenha a via aérea pérvia e fique atento para episódios de vômito, caso ocorram, coloque-a em posição lateral de segurança.
Hipoglicemia - A hipoglicemia é a diminuição dos níveis de açúcar no sangue.
A glicose é tão importante para o metabolismo quanto o oxigênio, sendo assim, a falta de glicose no organismo poderá levar ao coma, a lesões neurológicas graves e até mesmo à morte. 
Dificilmente uma pessoa que não é diabética e não faz uso de hipoglicemiantes orais, apresentará um quadro grave de hipoglicemia, mas é possível que pessoas saudáveis sintam-se mal por falta de alimento.
Os sinais e os sintomas de hipoglicemia são:
 • sudorese;
• tremor;
• ansiedade;
• náuseas;
• tonteira;
• confusão;
• fala arrastada;
• convulsão;
• tonteira;
• confusão;
• letargia;
• coma.
Abordagem - Ao se deparar com um quadro suspeito de hipoglicemia, pergunte se a vítima é diabética e se faz uso de medicação como insulina ou hipoglicemiante oral. Nesses casos, a vítima poderá evoluir com quadro de hipoglicemia grave.
Na suspeita de hipoglicemia, em vítimas conscientes, sem sinais graves de hipoglicemia como agitação psicomotora, desorientação, letargia, ofereça algum alimento com açúcar.
Em vítimas com sintomas graves de hipoglicemia, a sua prioridade é manter a permeabilidade das vias aéreas e iniciar o protocolo de suporte básico de vida caso ela pare de respirar.
 Prepare-se para atuar em caso de convulsão.
Crise convulsiva - A crise convulsiva é uma atividade muscular com contrações involuntárias associadas a alterações de comportamento ou a inconsciência causada por atividade anormal do cérebro.
Você deve estar se perguntando o que provoca essas crises...
Diversos fatores, como:
• epilepsia; 
• hipoglicemia (açúcar baixo no sangue);
• overdose (dose excessiva) de cocaína;
• abstinência alcoólica;
• meningite, tumores, AVE e traumatismos;
• eclâmpsia (problemas da gravidez);
• febre alta (em crianças).
ATENÇÃO: Ao final da crise convulsiva, mantenha a via aérea aberta e inicie o protocolo de SBV caso a vítima não respire.
Abordagem:
• avalie a cena; 
• solicite o serviço médico de emergência;
• use EPI;
• não tente introduzir objetos na boca do paciente durante a convulsão;
• não tente conter a vítima;
• segure a cabeça impedindo que bata nas superfícies próximas e no chão;
• afaste do paciente objetos perigosos;
• movimente a vítima caso o fator de risco não possa ser neutralizado;
• caso haja vômito ou muita secreção na boca, tente lateralizá-la;
• resfrie crianças febris com toalhas molhadas.
ATENÇÃO: Ao final da crise convulsiva, mantenha a via aérea aberta e inicie o protocolo de SBV caso a vítima não respire.
Desmaios - Os desmaios podem ocorrer por diversos motivos, dos mais simples como uma síncope vasovagal aos mais graves como a hipoglicemia ou AVE. 
Sempre que a vítima perder a consciência, posicione-a deitada em decúbito dorsal e inicie o protocolo de SBV, se a vítima estiver respirando, proteja sua via aérea colocando-a em posição lateral de segurança, ou realizando a elevação do queixo.
AULA 9
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS
Introdução
Nesta aula, serão abordados o conceito de animais peçonhentos, os tipos de acidentes de maior incidência com esses animais e como deverá ser o manejo da vítima de acidentes desta natureza.
Ofidismo - Você já ouviu falar em ofidismo?
São os acidentes com serpentes. 
No Brasil, de acordo com a FUNASA, a fauna ofídica de importância em Saúde Pública é representada pelos gêneros:
• Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus.
Mais adiante veremos a fundamental diferença no quadro clínico entre as principais espécies de importância médica no Brasil.
Como distinguir o animal agressor?
Distingui-los nem sempre é fácil. Os parâmetros utilizados antigamente como: formato da cabeça, da cauda e da pupila; o aspecto das escamas e o desenho dos furos na pele, em caso de picada, são considerados, atualmente, como inúteis para identificação por conduzirem a erros. Por esse motivo, eles foram abandonados ou entendidos como características secundárias. Atualmente, utilizamos como parâmetro para identificação a presença ou não da fosseta loreal (É um órgão bilateral, situado entre a narina e o olho, e é responsável pela percepção e identificação do calor emanado pelos corpos e está presente em todas as serpentes peçonhentas com exceção da coral verdadeira.).
Você sabia que é de grande importância identificar a espécie envolvida no acidente?
Pois:
• possibilita a dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas;
• viabiliza o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional;
• é medida auxiliar na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado.
ATENÇÃO: Sempre que possível, é importante levar o animal causador, vivo ou morto, que poderá ser conservado em um vidro embebido em álcool e rotulado com os dados do acidente, inclusive a procedência.
Acidente botrópico (jararaca) - Corresponde ao acidente ofídico de mais importância epidemiológica no país, pois é responsável por cerca de 90% dos envenenamentos. Esse veneno tem ação proteolítica, hemorrágica e coagulante, que determina manifestações precoces, em geral, de 1 a 3 horas após o acidente.
Caracteriza-se por edema intenso no local, acompanhado de dor que pode variar de discreta a intensa, bolhas, necroses e abscessos. 
Promove graves lesões nos vasos sanguíneos que se manifestam por hemorragias e sangramentos gengivais e nasais.
- Manifestações locais: Se evidenciam nas primeiras horas após a picada com edema, dor e equimose na região da picada, progredindo ao longo do membro acometido. 
Bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico podem dar origem à necrose cutânea. 
As principais complicações locais são decorrentes da necrose e da infecção secundária que podem levar à amputação e/ou ao déficit funcional do membro.
- Manifestações sistêmicas: Além de sangramentos, em ferimentos cutâneos preexistentes, podem ser observadas hemorragias a distância como gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria. 
Em gestantes, há risco de hemorragia uterina. Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque.
Acidente crotálico (cascavel) - É responsável por 7,7% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil.
Esse veneno tem ação: 
- Nerotóxica: Inibe a liberação de acetilcolina.
- Miotóxica: Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente excretadas pela urina.
- Coagulante: Decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do fibrinogênio pode levar à  incoagulabilidade sanguínea. Geralmente, não há redução do número de plaquetas. As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas.
- Manifestações sistêmicas: Gerais: mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e boca seca;
Neurológicas: fácies miastênica, alteração do diâmetro pupilar, incapacidadede movimentação do globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). 
Menos freqüentes, pode-se encontrar com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato, mialgia, IRA (Insuficiência Renal Aguda).
- Manifestações locais: Não se evidenciam alterações significativas. A dor e o edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são comuns.
SAIBA MAIS: Para evitar acidentes:
• não ande descalço: sapatos, botinas, botas ou perneiras devem ser usados;
• olhe sempre com atenção os caminhos a percorrer;
• use luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem.
Escorpionismo - Houve um aumento no número de casos de acidentes escorpiônicos desde 1988, após ser implantado o serviço de notificação para esses acidentes.
Esses animais se alimentam principalmente de insetos, como grilos ou baratas. Eles têm hábitos noturnos e se escondem durante o dia sob pedras, troncos, dormentes de linha de trem, em entulhos, telhas ou tijolos. Muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e próximo das casas, bem como alimentação farta.
ATENÇÃO: A gravidade depende de fatores, como a espécie e o tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. Contribuem para a evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro, e a manutenção das funções vitais.
Quadro clínico: Náuseas, vômitos, salivação, tremores, convulsão. Podem ocorrer alterações cardíacas, de pressão arterial, insuficiência respiratória e choque.
Araneísmo - As aranhas de importância médica, no Brasil, são:
- Aranha marrom (Loxosceles): O ataque da aranha marrom é o que apresenta maior gravidade. 
Esta aranha é pouco agressiva e apresenta hábitos noturnos, normalmente sua mordida é indolor, e os sintomas só irão se manifestar horas depois.
- Aranha armadeira (Phoneutria): A aranha armadeira assume um comportamento de defesa ao se sentir ameaçada, apoia-se nas pernas traseiras, ergue as dianteiras e os palpos, tornando bem visíveis os ferrões, e procura picar, por isso é conhecida por esse nome. 
Quadro clínico:
• dor intensa no local da picada;
• náuseas;
• salivação, suores e tremores.
Viúva negra (Latrodectus) - Os acidentes ocorrem normalmente quando são comprimidas contra o corpo. As fêmeas apresentam o corpo com cerca de 1 cm de comprimento e 3 cm de envergadura de pernas. Os machos são muito menores, em média, 3 mm de comprimento, não sendo causadores de acidentes.
Quadro clínico:
• dor local de pequena intensidade, evoluindo para sensação de queimadura;
• tremor;
• ansiedade;
• excitabilidade; 
• insônia;
• contrações musculares na face.
Medidas preventivas contra acidente com aranhas e escorpiões
Para evitar acidentes com aranhas e escorpiões, é necessário adotar as seguintes medidas preventivas:
• manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios;
• ao manusear materiais de construção, usar luvas de raspa de couro e calçados;
• vedar soleiras de portas;
• usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
• acondicionar o lixo em recipientes fechados para evitar baratas e outros insetos, que servem de alimento às aranhas;
• manter terrenos roçados;
• manter berços e camas afastados das paredes;
• examinar calçados, roupas e toalhas antes de usá-los.
Estes são os acidentes com animais peçonhentos mais graves. Para saber sobre outros animais acesse o material complementar indicado.
Abordagem pré-hospitalar - A abordagem pré-hospitalar é igual para todos os tipos de acidente com animais peçonhentos:
• lavar o local da picada com água e sabão; 
• manter a vítima em repouso, o máximo possível, para diminuir a absorção do veneno; 
• não fazer torniquete;
• não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção; 
• se a picada for na perna ou no braço, mantê-los em posição mais elevada; 
• levar a vítima imediatamente ao Serviço de Saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo;
• levar, se possível, o animal agressor, mesmo morto, para facilitar o diagnóstico.
ATENÇÃO: É imprescindível que o socorrista saiba quais são as unidades de referência para tratamento das vítimas de acidente por animais peçonhentos, em sua região de atuação, com o objetivo de diminuir o tempo entre o acidente e o tratamento definitivo com o soro antídoto.
AULA 10
SINALIZAÇÃO E ABRIGO
Introdução
Nesta aula, será apresentado como o socorrista poderá se abrigar em situações adversas, assim como conseguir alimento, fogo e água. Serão abordados os tipos de abrigos e os problemas gerais encontrados nessa situação.
Ao se deparar em um local desconhecido e hostil, seja por ter se desviado de uma trilha ou por estar a bordo de um meio de transporte que sofreu um acidente, é de suma importância que você mantenha o autocontrole para conseguir preservar sua capacidade mental e superar a situação.
ATENÇÃO: Saber como proteger sua saúde, se abrigar, encontrar alimentos e água, assim como realizar as sinalizações devidas são elementos chaves para viabilizar sua sobrevivência.
Como proteger sua saúde
- Evite a fadiga em excesso: Quando estiver em deslocamento ou realizando qualquer esforço físico, deverá ser estabelecido um tempo de descanso, de 10 a 15 minutos a cada hora de exercício, neste momento, você deverá aliviar toda a carga e se deitar.
- Beba bastante água: Mesmo que não esteja com sede. Mantenha-se hidratado, especialmente se houver excesso de suor.
- Proteja-se contra distúrbios mentais: A fadiga, o esgotamento e o medo podem levar a distúrbios mentais caracterizados por temores graves, cuidados excessivos, depressão ou super excitamento. Para evitar esse quadro, você deverá tentar dormir e descansar ao máximo, entretanto mantendo alguma atividade entre os momentos de descanso.
- Cuide dos pés: Esse cuidado deverá ser devido a longas caminhadas por terrenos irregulares, muitas vezes úmidos, que poderão levar a ferimentos nos pés com grande potencial de gerar infecções. Devem-se ter os seguintes cuidados:
• As meias deverão estar inteiras, o calçado e os pés deverão ser regularmente examinados;
• O uso de meias finas de algodão é o mais recomendado, pois absorvem a umidade;
• Calos ou calosidades não deverão ser cortados;
• Caso haja atrito entre o calçado e a pele deverá ser aplicado esparadrapo na parte afetada.
- Proteja os olhos e os ouvidos: Utilize óculos de proteção que não atrapalhem a visão e coloque algodão nos ouvidos para protegê-los contra a penetração de insetos.
- Conserve a limpeza do corpo, das roupas e dos locais de descanso: 
• Se for possível, mantenha as unhas cortadas para evitar o desenvolvimento de parasitas;
• Se for possível, tome um banho por dia, mesmo que não tenha sabão;
• Após as refeições limpe os dentes e a boca, nem que seja somente com um bochecho com água;
• Se não for possível lavar as roupas com o objetivo de evitar infecções cutâneas e parasitas, devem ser pelo menos sacudidas e mantidas ao ar livre;
- Evite picada de insetos e animais
• Descanse em locais altos longe de água parada;
• Durma vestido, colocando as extremidades das calças para dentro dos canos das meias ou bocas do calçado, será um meio de evitar picadas;
• Não coce locais de picada de inseto;
• Na ausência de repelente use lama nas partes expostas do corpo como rosto, pescoço e mãos; 
• Examine abrigos antes de ocupa-los;
• Acenda uma fogueira em locais de abrigo.
• O uso de cuecas justas deve ser evitado, pois nas proximidades das virilhas poderá provocar assaduras pela umidade acumulada que favorecem a ação de microrganismos;
• Um local de descanso deverá ser naturalmente um lugar limpo, no qual não haja acúmulo das águas das chuvas ou da presença de animais e insetos. A manutenção desse estado será simples, bastando uma fossa para

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