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Trabalho de Conclusão de Curso Michele Vasconcelos

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES 
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
MICHELE DE OLIVEIRA VASCONCELOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contribuição dos estágios na formação do profissional da 
informação: estudo com egressos da Escola de Comunicações 
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2010 
MICHELE DE OLIVEIRA VASCONCELOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contribuição dos estágios na formação do profissional da 
informação: estudo com egressos da Escola de Comunicações 
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Departamento de Biblioteconomia e 
Documentação da Escola de Comunicações e 
Artes da Universidade de São Paulo como 
requisito para obtenção do grau de bacharel em 
Biblioteconomia e Documentação, sob 
orientação da Professora Doutora Asa Fujino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na Publicação 
 
Vasconcelos, Michele de Oliveira de 
Contribuição dos estágios na formação do profissional da informação: estudo com 
egressos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)/ 
Michele de Oliveira Vasconcelos. - - São Paulo : M. O. Vasconcelos, 2010. 
78 p.; il. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – Departamento de Biblioteconomia e 
Documentação/Escola de Comunicações e Artes/USP. 
Orientador: Profa. Dra. Asa Fujino. 
 
1. Estágios 2. Profissional da Informação 3. Biblioteconomia I. Fujino, Asa II. Título. 
 
CDD 21.ed. – 020 
 
VASCONCELOS, Michele de Oliveira 
Contribuição dos estágios na formação do profissional da informação: estudo com egressos da 
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Departamento de Biblioteconomia e 
Documentação da Escola de Comunicações e 
Artes da Universidade de São Paulo como 
requisito para obtenção do grau de bacharel em 
Biblioteconomia e Documentação, sob 
orientação da Professora Doutora Asa Fujino. 
 
 
Aprovado em: ____/____/____ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dra. Asa Fujino (Orientadora) 
 
 
 
_____________________________________________________ 
 Prof. Dr. José Fernando Modesto da Silva 
 
 
 
_____________________________________________________ 
 Prof. Dr. Marcelo dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Antonio e Eliene, e ao meu irmão, Filipe, 
 que sempre apoiaram e acolheram minhas escolhas como suas, 
 e trabalharam comigo para a concretização de mais um objetivo 
AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS 
 
Agradeço... 
 
Ao meu pai, exemplo de coragem e determinação, pelo incentivo e apoio ao longo de minha 
trajetória na universidade. 
 
A minha mãe, exemplo de dedicação, pelo carinho, pela atenção, por cuidar da minha saúde 
física e mental, por me dar força e equilíbrio para alcançar meus objetivos. 
 
 Ao meu irmão, pela amizade e pela disposição em escutar minhas dúvidas, minhas angústias, 
minhas descobertas, e comemorar comigo as vitórias. 
 
A Adriano Rocha, pelo apoio tecnológico, pela paciência, e por me ensinar a encarar os 
problemas de forma menos complicada. 
 
A Douglas Coimbra, por acreditar em mim, quando até eu mesma duvidei, pela paciência, 
compreensão, e pelo grande apoio dado antes e no início do curso. 
 
À professora Asa Fujino, por me guiar na conclusão dessa etapa tão importante na minha 
vida, e a quem admiro profundamente por sua competência e dedicação. 
 
Aos amigos que conquistei na universidade, especialmente aos colegas de turma, pelo 
companheirismo, pelas contribuições intelectuais e pessoais, e pelos momentos de 
descontração. 
 
Aos formandos dos anos de 2006, 2007 e 2008, pela gentileza de responderem a minha 
pesquisa. 
 
A Ronaldo, funcionário da Secretaria do Departamento, por sempre me atender com atenção 
e bom-humor. 
 
À Joanita Lopes, pelas contribuições intelectuais à minha formação acadêmica e 
profissional, e ao tema deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para avançar no caminho, é preciso saber para onde queremos ir. E para ir aonde queremos, 
é preciso abdicar de certezas e arrogâncias. Avançamos tanto mais quanto, tendo 
consciência de onde estamos, possamos olhar para trás e para frente, articulando as 
dimensões do passado e do futuro. 
 
Mário Sérgio Cortella 
RREESSUUMMOO 
 
 
VASCONCELOS, Michele de Oliveira. Contribuição dos estágios na formação do 
profissional da informação: estudo com egressos da Escola de Comunicações e Artes da 
Universidade de São Paulo (ECA/USP). 2010. 78 p. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Bacharelado em Biblioteconomia e Documentação) – Escola de Comunicações e Artes, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. 
 
 
Este trabalho visa refletir sobre a contribuição dos estágios na formação do profissional da 
informação, a partir da percepção de profissionais egressos do curso. Trata-se de estudo 
exploratório baseado em três alicerces: a) referencial teórico que apresenta uma breve 
evolução histórica da atividade de estágio no Brasil, bem como de sua inserção no contexto da 
Biblioteconomia; b) análise documental da estrutura curricular do curso de Biblioteconomia 
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) para 
contextualizar a disciplina “Estágio Supervisionado em Unidades de Informação” e c) 
pesquisa com alunos egressos do curso de Biblioteconomia da ECA/USP visando investigar a 
contribuição dos estágios realizados durante a graduação, para sua formação acadêmica e 
profissional. A pesquisa mostra que os estudantes realizam muitos estágios extracurriculares 
desde o primeiro ano de graduação e, no geral, acreditam que o estágio contribuiu de forma 
muito positiva para sua formação. O trabalho revelou ainda uma necessidade de revisão de 
conteúdo e metodologia da disciplina Estágio Supervisionado em Unidades de Informação. 
 
 
Palavras-Chave: Estágio curricular obrigatório, Estágio extracurricular; Educação superior, 
Profissional da informação, Biblioteconomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AABBSSTTRRAACCTT 
 
 
VASCONCELOS, Michele de Oliveira. Contribution of internships in the training of 
information professionals: study involving graduates from School of Communications and 
Arts, University of São Paulo. 2010. 78 p. Completion of Course Work (Bachelor in 
Librarianship and Documentation) – School of Communications and Arts, University of São 
Paulo, São Paulo, 2010. 
 
 
This work aims to reflect on the influence of internships in training to information 
professionals based in perception of professionals graduated by librarianship course at School 
of Communications and Arts, University of São Paulo. This exploratory study is based on 
three steps: a) theoretical framework that presents a historical brief of internships in Brazil as 
well as their integration into context of librarianship, b) documentary analysis of curriculum 
structure of Librarianship course at School of Communications and ArtsUniversity of São 
Paulo (ECA / USP) to contextualize the discipline "Supervised Traineeship in Information 
Units”, and c) research involving students graduated by librarianship course at ECA/USP to 
investigate the contribution of internships performed during graduation for their academic and 
professional training. The research showed that many students make internships since the first 
year of graduation, and in the general, they believe that the traineeship contribute very 
positively to their training. The study also revealed a need to review content and methodology 
of discipline Supervised Traineeship in Information Units. 
 
 
Keywords: Internships; Compulsory internship; Higher education; Information professionals, 
Librarianship. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LLIISSTTAA DDEE GGRRÁÁFFIICCOOSS 
 
 
GRÁFICO 1 – Início da realização de estágios....................................................................50
 
GRÁFICO 2 – Quantidade de estágios realizados por alunos do período matutino X 
período noturno............................................................................................ 51
 
GRÁFICO 3 – Importância dos aspectos que motivaram a realização de estágios 
extracurriculares...........................................................................................52
 
GRÁFICO 4 – Natureza jurídica das instituições onde os estágios foram realizados..........53
 
GRÁFICO 5 – Área de atuação das instituições onde os estágios foram realizados........... 53
 
GRÁFICO 6 – Avaliação da disciplina Estágio Supervisionado em Unidades de 
Informação................................................................................................... 54
 
GRÁFICO 7 – Avaliação dos estágios realizados................................................................56
 
GRÁFICO 8 – Contribuição dos estágios para o desenvolvimento acadêmico e 
profissional...................................................................................................57
 
GRÁFICO 9 – Contribuição dos estágios para o desenvolvimento de competências e 
valores comportamentais..............................................................................58
 
GRÁFICO 10 – Natureza jurídica das instituições onde os profissionais atuam...................59
 
GRÁFICO 11 – Setores de atuação dos profissionais............................................................59
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS 
 
 
QUADRO 1 – 1º Currículo mínimo para os cursos de Biblioteconomia................................34
 
QUADRO 2 – 2º Currículo mínimo para os cursos de Biblioteconomia................................35
 
QUADRO 3 – Grade curricular do curso de Biblioteconomia da ECA/USP (período 
matutino)......................................................................................................... 38
 
QUADRO 4 – Dez maiores valores médios de bolsa-auxílio para estagiários de nível 
superior............................................................................................................42
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SSUUMMÁÁRRIIOO 
 
INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
 
OBJETIVOS.............................................................................................................................. 13
JUSTIFICATIVA........................................................................................................................ 13
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................................................ 14
 
PARTE I 
 
1 ENSINO SUPERIOR...............................................................................................................15
1.1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL......................................................... 15
 
2 A APROXIMAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E 
TRABALHO............................................................ 18
2.1 EVOLUÇÃO DO ESTÁGIO NO BRASIL.................................................................................. 18
2.2 A FUNÇÃO DOS ESTÁGIOS..................................................................................................23
2.2.1 O ESTÁGIO CURRICULAR E O ESTÁGIO EXTRACURRICULAR............................................ 25
2.3 A RESPONSABILIDADE PELO ESTÁGIO: A INSTITUIÇÃO DE ENSINO, A EMPRESA, O AGENTE
DE INTEGRAÇÃO E O ESTAGIÁRIO............................................................................................ 27
 
3 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO........................................................... 33
3.1 BREVE HISTÓRICO DA BIBLIOTECONOMIA E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL..... 33
3.2 O CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA DA ECA/USP...................................... 36
3.2.1. O ESTÁGIO NO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA ECA/USP.........................................40
 
PARTE II 
 
4 PESQUISA COM EGRESSOS DA ECA-USP...........................................................................47
4.1 OBJETIVOS........................................................................................................................ 47
4.2 METODOLOGIA..................................................................................................................47
4.2.1 UNIVERSO E AMOSTRA................................................................................................... 47
4.2.2 COLETA DE DADOS.........................................................................................................48
4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................................... 48
4.3.1 IDENTIFICAÇÃO.............................................................................................................. 49
4.3.2 FORMAÇÃO.................................................................................................................... 49
4.3.3 VIDA PROFISSIONAL.......................................................................................................58
4.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS................................................................................................ 60
 
PARTE III 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 65
ANEXOS.................................................................................................................................. 71
 
 12
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
 
 A formação do profissional da informação tem sido um tema bastante discutido ao 
longo dos últimos anos, estimulado principalmente pelo contexto das transformações 
decorrentes do processo de globalização e desenvolvimento acelerado das tecnologias da 
informação e comunicação (TICs), que caracterizam a chamada Sociedade da Informação. 
Tais transformações estimularam a reflexão sobre o papel a ser assumido pelo profissional da 
informação nessa nova sociedade onde predominam novos mecanismos de produção, 
distribuição e disseminação da informação e do conhecimento. 
 Embora freqüentes, as discussões e debates acerca do profissional da informação são 
geralmente teóricas e pouco contextualizadas. Poucos estudos analisam de maneira concreta a 
formação do profissional com relação às necessidades atuais, quer do mercado de trabalho, 
quer dos problemas informacionais da sociedade (ALMEIDA JÚNIOR, 2000). 
 Para entender o papel a ser desempenhado pelo profissionalda informação e planejar 
sua formação de forma mais adequada, são necessários estudos aprofundados, que 
ultrapassem as dimensões teóricas. Certamente uma das formas mais apropriadas para este 
fim é ouvir os próprios profissionais, já que eles é que estão permanentemente em contato 
com as exigências do mercado, e convivem diariamente com os problemas demandados pela 
sociedade. São, portanto, capazes de perceber as lacunas, bem como, os pontos fortes do seu 
processo de formação, e podem apontar os elementos que devem ser aprimorados, reforçados 
ou descartados. 
 Um elemento que vem adquirindo cada vez mais importância e destaque no processo 
de formação dos profissionais de qualquer área do conhecimento são os estágios, sejam os 
curriculares, exigidos para obtenção do diploma, sejam os estágios extracurriculares (também 
chamados de não-obrigatórios), realizados opcionalmente pelos estudantes. 
É fundamental para as instituições de ensino avaliar os seus cursos, tanto no que tange 
a estrutura curricular, quanto aos demais aspectos que envolvem a formação, dentre os quais 
está o estágio. 
O estágio se constitui como um componente pedagógico de extrema importância na 
perspectiva da relação teoria-prática no processo de formação universitária (COUTINHO; 
DENGENSZAJN, 2003). É preciso garantir que essa prática esteja de acordo com os 
objetivos do projeto pedagógico da instituição e do curso. Para isso as instituições precisam 
 13
ter mecanismos de acompanhamento da prática profissional de seus alunos, durante o curso de 
graduação quando estes realizam estágios curriculares e extracurriculares, e até mesmo após a 
formação, a fim de avaliar o quanto e como essa atividade influencia no exercício da 
profissão. 
 
OBJETIVOS 
 
 Diante do exposto, este trabalho tem como objetivos gerais, apresentar uma breve 
evolução histórica da atividade de estágio no Brasil, bem como sua inserção no contexto da 
Biblioteconomia, como foco para o curso de graduação em Biblioteconomia da ECA/USP. 
 Como objetivo específico, este trabalho busca avaliar a percepção dos profissionais 
egressos do curso de Biblioteconomia da ECA/USP, quanto à contribuição da experiência 
adquirida nos estágios curriculares e extracurriculares, para sua formação acadêmica e 
profissional. 
 
JUSTIFICATIVA 
 
 O estágio, embora considerado um elemento de grande relevância para a formação 
profissional, tem sido um tema pouco discutido. É escassa a quantidade de estudos que tratam 
da situação dos estágios. Muito se discute sobre os objetivos da atividade de estágio, mas não 
se tem dados de como ela é efetivamente desenvolvida na prática. 
 A atividade de estágio é acompanhada de uma série de problemas decorrentes, seja da 
dificuldade das instituições de ensino superior em acompanhar a atividade, seja da 
irresponsabilidade das empresas contratantes, e até da própria submissão dos estudantes, por 
conta de fatores como a necessidade financeira, por exemplo. 
 No curso de Biblioteconomia, os problemas mencionados podem ser agravados, já que 
a maioria dos estudantes realiza estágios durante todo o curso de graduação, dada a grande 
oferta de vagas. 
 14
 Entretanto, mesmo com todos os problemas, não há dúvida de que a atividade de 
estágio constitui-se como um elemento fundamental no processo de ensino-aprendizagem, 
uma vez que possibilita a ligação do saber teórico com a experiência. 
Essa experiência pode ser muito mais rica se for tratada com fins pedagógicos, não 
funcionando apenas como uma simples aplicação e verificação de teorias, mas também como 
uma experiência geradora de conteúdos. Isso representaria um ganho para todos os 
envolvidos: instituição de ensino, empresas e estudantes. 
 Para conhecer os fatores que impedem o diálogo entre os atores envolvidos, é preciso 
mais estudos que forneçam dados concretos sobre o tema. Pochmann (2003) destaca a falta de 
estudos científicos que caracterizam a situação dos estágios na atualidade. 
 Consciente dessa realidade, esse trabalho pretende ser um pequeno passo, que tratará 
da questão em um lócus específico - o Departamento de Biblioteconomia da ECA-USP - mas 
poderá funcionar como um chamariz para a reflexão sobre o tema, e estimular estudos mais 
abrangentes. 
 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Para realização deste trabalho foram adotados procedimentos metodológicos 
constituídos de duas fases. 
A primeira fase consistiu na composição de um quadro teórico de referência obtido 
por meio de pesquisa bibliográfica e documental, o qual contemplou os temas: ensino 
superior, estágios, e formação do profissional da informação com enfoque para o curso de 
graduação em Biblioteconomia da ECA/USP. 
Na segunda fase foi realizada uma pesquisa de campo de caráter descritivo e 
explicativo, junto a profissionais egressos do curso de Biblioteconomia da ECA/USP, 
formandos dos anos de 2006 a 2008. O instrumento para levantamento dos dados foi um 
questionário eletrônico semi-estruturado constituído de 23 questões. O tratamento estatístico 
foi realizado por meio do software Microsoft Excel, que possibilitou a elaboração dos gráficos 
necessários para análise dos resultados. 
 
 
 15
PPAARRTTEE II 
 
1 ENSINO SUPERIOR 
 
1.1 BREVE HISTÓRICO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL 
 
Como observam COLOSSI et al (2001, p.51), pode-se dizer que “a história do 
progresso humano coincide com a história das instituições de ensino superior”. 
 No Brasil, certamente, as instituições de ensino superior integram a história de 
formação da sociedade. 
As primeiras instituições de ensino superior foram criadas logo após a vinda da 
Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808. A Escola de Medicina do Rio de Janeiro, a 
Escola de Medicina da Bahia e a Escola de Engenharia e Arte Militar do Rio de Janeiro foram 
as primeiras. Em 1889, durante a República, foram fundadas 14 Escolas Superiores. A 
Universidade de Manaus é criada em 1909, durante o ciclo da borracha e, em 1912, a 
Universidade do Paraná, no contexto do ciclo do café. Posteriormente foram criadas a 
Universidade do Rio de Janeiro em 1920, a Universidade de Minas Gerais em 1927, a 
Universidade de São Paulo em 1937, e em 1961, a Universidade de Brasília. 
 Hoje, de acordo com dados do último Censo da Educação Superior (2009) realizado 
pelo Ministério da Educação (MEC), o país conta com aproximadamente 2.252 instituições de 
ensino superior, dentre universidades, faculdades, institutos, centros federais de educação 
tecnológica e faculdades de tecnologia, públicas e privadas. Nestas instituições estão 
matriculados cerca de 5.808.017 alunos, em 24.719 cursos. 
 Estes números revelam o grande processo de expansão pelo qual passou o ensino 
superior brasileiro, sobretudo no setor privado. Infelizmente, essa expansão foi acompanhada 
de queda na qualidade, resultante de um processo de crescimento desprovido de avaliação das 
instituições e dos cursos oferecidos. 
 A constatação é preocupante, tendo em vista que a educação superior constitui-se 
como uma instituição social, responsável pelo papel fundamental de formação do corpo 
intelectual e científico da sociedade em que se insere. A instituição de ensino superior “é, 
 16
acima de tudo, um ideal que se destina, enquanto integrador de um sistema, à qualificação 
profissional e promoção do desenvolvimento político, econômico, social e cultural”. 
(COLOSSI et al, 2001, p.51). 
Embora o processo de expansão acelerado do ensino superior brasileiro tenha se 
iniciado em meados da década de 70, foi somente a partir de 1996, com a instituição da Lei de 
Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96), que se começou a demonstraruma preocupação com a qualidade do ensino. A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação 
Nacional caracterizou detalhadamente as instituições de ensino superior, como instituições 
onde ensino, pesquisa e extensão desenvolvem-se concomitantemente. 
No mesmo ano, foi implementado o Exame Nacional de Cursos (ENC-Provão), que 
foi aplicado aos formandos no período de 1996 a 2003 com o objetivo de avaliar os cursos de 
graduação da educação superior, no que tange aos resultados do processo de ensino-
aprendizagem. A partir de 2004, este exame foi substituído pelas avaliações do Sistema 
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que incluem o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes (Enade), a Avaliação dos Cursos de Graduação e o Censo da 
Educação Superior. 
De acordo com Tramontin (1995, p.15), as instituições de ensino superior têm por 
objetivos, basicamente: produzir e difundir conhecimentos, formar profissionais qualificados 
para o mercado de trabalho, promover a cultura, a ciência e a tecnologia e assegurar serviços 
de qualidade para a sociedade. 
Os mecanismos do Sinaes representam um grande avanço na avaliação do ensino 
superior brasileiro, porém se pensarmos nos objetivos apresentados acima e em todos os 
aspectos que envolvem a formação universitária, esses mecanismos são insuficientes, já que 
seu foco principal é a estrutura curricular. 
A formação profissional, além de conteúdo curricular, envolve muitos outros fatores. 
Dentre estes, um fator fundamental é o desenvolvimento da capacidade de relacionar o 
conteúdo com a realidade. Izabel Petraglia (2001), em seu livro sobre o filósofo, sociólogo e 
epistemólogo Edgar Morin, enfatiza a importância de relacionar teoria e prática, pois “o aluno 
busca relações para entender. Só quando sai da disciplina e consegue contextualizar é que 
ele vê ligação com a vida”. 
Nesse sentido os estágios são de fundamental importância no processo de formação. 
Contudo, é importante que esta prática seja realizada em sintonia com o projeto pedagógico 
 17
da instituição de ensino. É preciso que as instituições de ensino acompanhem e supervisionem 
essa atividade, para que ela seja efetivamente um instrumento de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18
2 A APROXIMAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO 
 
2.1. EVOLUÇÃO DO ESTÁGIO NO BRASIL 
 
Relacionar educação e trabalho é uma preocupação relativamente recente. Essa 
aproximação só se iniciou no Brasil a partir da década de 40. 
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova1, datado de 1932, considerado um 
marco inaugural do projeto de renovação educacional do país, já mencionava a necessidade de 
integrar o ensino teórico com o prático, mas foi somente dez anos depois, que a relação 
educação-trabalho começou a se concretizar. 
Em 1942 o estágio foi mencionado pela primeira vez, na Lei Orgânica do Ensino 
Industrial (Decreto Lei nº. 4.073/92) que regia os cursos profissionalizantes. O artigo 48 trazia 
a prescrição “consistirá o estágio em um período de trabalho, realizado por aluno, sob o 
controle da autoridade docente, em estabelecimento industrial”. E ainda, em seu parágrafo 
único: 
“Articular-se-á a direção dos estabelecimentos de ensino com os 
estabelecimentos industriais cujo trabalho se relacione com os seus cursos 
para o fim de assegurar aos alunos a possibilidade de realização de estágios, 
sejam estes ou não obrigatórios”. (BRASIL, 1942). 
 
 Embora, a Lei Orgânica do Ensino Industrial mencione que os estágios são realizados 
em estabelecimento industrial, inicialmente, a atividade era realizada nas próprias escolas, as 
quais possuíam espaços destinados à simulação de atividades praticadas no mercado de 
trabalho. As oficinas e laboratórios eram partes integrantes das plantas escolares, e simulavam 
a realidade de cada setor de profissionalização. 
 Essa metodologia era eficiente, levando em conta que os alunos ainda eram pouco 
numerosos. Porém, a partir do processo de democratização das oportunidades escolares, e a 
conseqüente elevação do percentual de matrículas nos cursos, as oficinas e laboratórios 
escolares tornaram-se insuficientes. 
 
1 O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova" trata-se de um documento escrito por 26 intelectuais, com o título A 
reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo. Os autores, entre os quais Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, 
Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles, acreditavam na possibilidade de 
intervir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação. Além de constatar a desorganização do sistema 
escolar, o documento recomendava que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia uma escola única, 
pública, laica, obrigatória e gratuita. 
 
 19
 Além do processo de democratização das oportunidades educacionais, iniciado nos 
anos 50, os avanços tecnológicos dos processos produtivos, tornaram inviável qualquer 
esforço das escolas de simular em seus laboratórios os processos produtivos, o que forçou a 
saída das salas-ambientes, encerrando a fase dos estágios intraescolares. 
 A partir de então, o estágio transpôs os muros escolares e passou a ser realizado no 
mundo empresarial propriamente dito, proporcionando aos alunos o contato direto com os 
ambientes organizacionais do mercado de trabalho. 
 No ensino superior, os estágios começaram a ser inseridos nos anos 60. Em dezembro 
de 1962, o MEC baixou uma Portaria Ministerial que proclamava o “treinamento 
profissional” como exigência dos cursos de Direito, Medicina, Veterinária, Odontologia, 
Serviço Social, Educação Física, Engenharias, Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, 
Geologia, Químicas, Enfermagem, Ciências Sociais, Filosofia, Jornalismo, Letras, Desenho, 
Física, Matemática, História Natural, Matérias Pedagógicas e Biblioteconomia. 
(NATHANAEL, 2006, p.135) 
Daí em diante, o estágio foi tratado em diversos documentos legais, os quais tiveram 
como principais pontos: 
i. Portaria nº. 1.002/67 - regulamentou a relação entre empresas e estagiários, 
instituindo nas empresas a categoria de estagiário, a ser integrada por alunos oriundos 
das faculdades ou escolas técnicas de nível colegial; 
ii. Decreto nº. 66.546/70 - teve como objetivo a implementação de programa de estágios 
destinadas a proporcionar a estudantes do sistema de ensino superior de áreas 
prioritárias, especialmente as de engenharia, tecnologia, economia e administração, a 
oportunidade de praticar em entidades e órgãos públicos e privados o exercício de 
atividades pertinentes às respectivas especialidades; 
iii. Lei nº. 5.692/71 - fixou as diretrizes e bases para ensino de 1º e 2º graus (atual ensino 
fundamental e ensino médio, respectivamente), prevendo o estágio como forma de 
cooperação entre empresas e escolas; 
iv. Decreto nº. 69.927/72 - instituiu o Programa Bolsa de Trabalho, com a finalidade de 
proporcionar aos estudantes de todos os graus de ensino, oportunidades de exercício 
profissional em entidades públicas ou particulares. 
 20
Analisando esses decretos, Probst (2003) destaca que o estágio inicialmente era tratado 
apenas como uma atividade a ser desenvolvida no mundo do trabalho, não havendo nenhuma 
preocupação com o aspecto pedagógico. Dava-se ênfase mais à prestação de serviços do que 
ao processo de aprendizagem. 
Foi somente no final da década de 70, consolidando-se na década de 80, que a 
legislação começou a promover uma aproximação entre mercado de trabalho e educação, 
demonstrando maior preocupação com o aspecto pedagógico. 
Em 1977 foi promulgada a Lei nº. 6.494,a Lei do Estágio; que dispôs sobre os 
estágios de estudantes de estabelecimento de ensino superior e ensino profissionalizante do 2º 
Grau e Supletivo. Essa lei marca a consagração do estágio na história da educação brasileira. 
Suas principais disposições foram: 
i. As pessoas jurídicas de direito privado, órgãos da administração pública e 
instituições de ensino, ficam autorizadas a aceitar como estagiários, os alunos 
regularmente matriculados em cursos de nível superior, cursos 
profissionalizantes de segundo grau ou de educação especial; 
ii. Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem e 
serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em consonância com 
currículos, programas e calendários escolares pela própria instituição de ensino; 
iii. Os estágios, além de profissionalizantes, podem assumir a forma de atividade de 
extensão, mediante a participação do estagiário num projeto de interesse social – 
como o projeto Rondon2, por exemplo; 
iv. A realização do estágio deve ser regulamentada por meio de contrato celebrado 
entre o estudante e a parte concedente, com obrigatória interveniência da 
instituição de ensino; 
 
2 Os megaprojetos Rondon, Mauá e outros levaram estudantes universitários para prestação de serviços a diversas regiões 
carentes do país, valendo sua participação como estágios curriculares. Essas participações eram tidas como um misto de 
civismo e de prática experimental da formação acadêmica. Nesses projetos tiveram lugar, especialmente, os alunos de 
Engenharia, Tecnologias, Economia e Administração. (NATHANAEL, 2006, p.135) 
 
 
 
 21
v. O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, e o estagiário 
pode receber bolsa-auxílio, devendo o estudante em qualquer hipótese, estar 
segurado contra acidentes pessoais; 
vi. A carga horária de estágio deve ser compatível com o horário escolar e deve ser 
determinada pela instituição de ensino; 
vii. A carga horária de estágio no período de férias escolares pode ser especial e deve 
ser acordada entre o estagiário e a parte concedente do estágio, sempre com a 
interveniência da instituição de ensino. 
Como se pode perceber, diferentemente dos decretos e leis anteriores, o texto da Lei 
do Estágio de 1977, destaca a função pedagógica da atividade de estágio, além de garantir 
proteção ao estagiário. 
A lei só foi regulamentada cinco anos depois, com a publicação do Decreto nº. 
87.497/82, que trouxe algumas novidades. Dentre as quais, destacam-se: 
i. A reafirmação da competência exclusiva da instituição de ensino, “a quem cabe 
a decisão sobre a matéria”, para regularizar a organização e o funcionamento do 
estágio; 
ii. A obrigatoriedade do estágio na programação didático-pedagógica do curso; 
iii. A fixação em um semestre da duração mínima do estágio; 
iv. Obrigatoriedade da existência do instrumento jurídico entre as partes para 
legalizar o contrato de estágio; 
v. Contratação do seguro obrigatório contra acidentes pessoais para o estagiário; 
vi. Reconhecimento da existência e a competência dos agentes de integração como 
intermediários entre o empresariado, as universidades e os estudantes. 
Outra novidade é exposta no artigo 2, que trata de conceituar o estágio curricular: 
 
“Consideram-se estágio curricular as atividades de aprendizado social, 
profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em 
situações reais de vida e trabalho em seu meio, sendo realizadas na 
comunidade em geral, ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou 
privado sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino”. 
(BRASIL, 1982) 
 
 22
Essa conceituação revela todos os componentes do estágio, a saber: o aluno, as 
atividades tipificadoras do estágio, as concedentes de estágio e o papel da escola como a única 
instituição competente para decidir sobre os estágios de seus alunos. (NATHANAEL, 2006, 
p.138) 
Durante a vigência dessa lei, houve somente mais duas alterações na legislação de 
estágio. A primeira em 1994, com o Decreto nº. 8.859, que estendeu aos alunos de ensino 
especial o direito à participação em atividades de estágio. E a segunda, no ano de 1996, 
quando foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96), 
que apresentou mudanças em relação aos estágios. Segundo Motta (2002) o estágio deixou de 
ser uma atividade complementar regulada segundo critérios das próprias instituições de 
ensino, e ganhou uma nova dimensão, adquirindo grande importância na formação para o 
trabalho, e acompanhando a lógica de ampliar a relação teoria-prática. 
A última e mais significativa mudança na legislação do estágio se deu recentemente 
com a aprovação da Lei nº. 11.788 de 2008, após longo debate entre governo, empresários, 
instituições de ensino e estudantes. 
A nova Lei de Estágio, como é chamada, trouxe benefícios importantes para os 
estagiários. Dentre os mais expressivos, estão: 
i. Limitação da carga horária de estágios em 20 horas semanais para estudantes de 
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental na modalidade de 
educação de jovens e adultos, e de 36 horas semanais para estudantes do ensino 
superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular; 
ii. Obrigatoriedade da concessão de bolsa-auxílio e vale-transporte aos estudantes, 
no caso de estágio não-obrigatório; 
iii. Obrigatoriedade da concessão de férias remuneradas de 30 dias, sempre que 
estágio tenha duração igual ou superior a um ano, ou proporcional, nos casos de 
o estágio ter duração inferior a um ano; 
iv. Determinação do número máximo de estagiários em relação ao quadro de 
empregados das entidades concedentes. 
 A nova lei divide opiniões, enquanto uns acreditam na diminuição das ofertas de 
estágios, outros presumem o contrário e apostam na ampliação de vagas. Há também os que 
acreditam na redução do valor da bolsa-auxílio pago aos estagiários, em conseqüência da 
 23
limitação da carga horária de estágio. O que seria um impacto bastante negativo, considerando 
que grande parte dos estagiários utiliza a bolsa-auxílio para financiar os estudos. 
 Embora as especulações sobre os impactos da nova lei de estágio sejam bem diversas, 
há certo consenso de que ela representa um grande avanço para as relações de trabalho 
estudantis. A lei determina de forma mais clara os direitos e deveres dos estudantes, das 
empresas e das instituições de ensino, e contribui para o combate a um dos maiores problemas 
que descaracterizam a real função do estágio. A nova lei controla o emprego de estudantes 
como mão-de-obra barata e obriga as empresas a contratarem estagiários para o exercício de 
atividades que desenvolvam o lado profissional, e não mais para atividades supérfluas. Isso, 
sem dúvida, é um avanço, e resgata o estágio como um ato educativo. 
 
2.2. A FUNÇÃO DOS ESTÁGIOS 
 
 Andrade (2003), a partir da síntese dos dispositivos legais, aponta as seguintes 
características do estágio: trata-se de experiência prática no campo de atuação da formação; 
complementa o ensino, está contemplado no currículo e, é de responsabilidade da instituição 
de ensino. 
 O dicionário Houaiss define o estágio como um período de prática que habilita uma 
pessoa a exercer proficientemente a sua profissão. Ou seja, segundo essa definição, a prática é 
o meio pelo qual o estudante adquire capacidade para desempenhar com proficiência a 
profissão para a qual se preparou academicamente. 
Nathanael (2006) alerta, porém, que o estágio não substitui a aprendizagem escolar. 
Sua função é complementar o conhecimento adquirido em sala de aula, através da vivencia na 
práticado saber teórico que provém do conjunto de disciplinas do currículo de curso. O autor 
aponta a seguinte finalidade do estágio: 
 
“A finalidade do estágio, pois, está na sua função auxiliar de inserir um 
aluno nas realidades extracurriculares do trabalho. Em razão dessa natureza 
pragmática não integra o estágio a estrita curricularidade deste ou daquele 
curso, devendo antes ser entendido como uma extensão do currículo e sua 
completação formativa, na capacitação de alunos para o trabalho”. 
(NATHANAEL, 2006, p.126). 
 
 24
Além de ser uma atividade complementar do currículo, a ligação do estágio com o 
mundo do trabalho, vai muito além da prática dos saberes adquiridos em sala de aula. O 
estágio constitui-se também, como uma maneira de o estudante “confirmar” sua verdadeira 
vocação para o trabalho, uma vez que ele entra em contato direto com a rotina profissional da 
área em que pretende atuar. 
Um outro aspecto importante desenvolvido no estágio, diz respeito às competências 
comportamentais como disciplina, senso de hierarquia, trabalho em equipe, liderança, 
criatividade, entre outros, características que se tornam cada vez mais importantes na 
atualidade, sendo até mais valorizadas pelo mercado de trabalho do que muitas competências 
técnicas. 
Nathanael (2006) sintetiza as contribuições do estágio em quatro pontos: o estágio 
promove maturidade existencial, uma iniciação indiscutível, riqueza comportamental e a 
cultura do saber acadêmico, que leva à compreensão racional da realidade. 
Outro componente, agregado ao estágio ao longo do tempo, é de conteúdo social. A 
bolsa-auxílio constitui-se como um recurso financeiro fundamental para que um imenso 
contingente de estudantes de baixa renda possa financiar seus estudos. Soma-se a isso, a 
importância do estágio para inserção dos jovens no mercado de trabalho. 
Uma série de estudos realizados pela empresa InterScience - Informação e Tecnologia 
Aplicada, em conjunto com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), desde 2002, 
revela dados interessantes sobre o aspecto social do estágio. 
Um levantamento, realizado no ano de 2003, apontou que 64% dos estagiários de 
ensino médio e superior são efetivados nas empresas em que estagiam. 
Em 2004, o estudo intitulado “O valor do estágio” que ouviu 818 estagiários do ensino 
médio e superior e, jovens recém formados de todas as regiões do país, constatou que a maior 
parte (55%) pertencia a famílias com renda familiar variando de R$ 424,00 a R$ 1.669,00. 
Nessa pesquisa, a bolsa-auxílio foi apontada por 23% dos entrevistados, como um apoio 
financeiro importante nas despesas escolares, especialmente para os alunos do ensino médio. 
De acordo com os estagiários entrevistados, a remuneração ajudou principalmente nas 
despesas com transporte e material didático. 
Uma das questões da pesquisa perguntou o que os estudantes estariam fazendo se não 
freqüentassem um estágio, para a qual 35% responderam que estariam em casa, 27% fariam 
cursos e 20% atuariam fora da área de interesse. 
 25
Os jovens demonstraram ainda ter consciência de que teriam maiores dificuldades para 
ingressar no mercado de trabalho sem a realização do estágio. A maior dessas dificuldades, 
para 28%, seria a falta de visão profissional; a falta de perspectiva é apontada por 23%; 
dificuldades de relacionamento e a dependência pessoal e financeira são dois outros 
obstáculos mencionados. 
Esses dados demonstram que os estudantes, muitas vezes vistos como a parte mais 
“frágil” na relação de estágio, têm plena consciência sobre a importância da atividade de 
estágio para sua formação, iniciação profissional e inserção no mundo do trabalho. 
 
2.2.1. O ESTÁGIO CURRICULAR E O ESTÁGIO EXTRACURRICULAR 
 
Como vimos, o estágio surgiu da necessidade de complementar o ensino, integrando 
teoria e prática, e passou a compor os currículos de cursos profissionalizantes e de cursos de 
ensino superior como um requisito imprescindível para a formação do estudante. Ao longo do 
tempo, além de ser uma extensão do currículo, o estágio adquiriu outras funções, e passou a 
ser classificado em duas modalidades: estágio curricular e estágio extracurricular. 
A nova Lei de Estágio caracteriza em seu artigo 2, as duas modalidades de estágios 
existentes: o primeiro denominado Estágio Obrigatório “é aquele definido como tal no 
projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma”; o 
segundo denominado Estágio Não-Obrigatório “é aquele desenvolvido como atividade 
opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória”. 
Pimenta (2003) faz uma observação sobre a “curricularidade” do estágio. A autora 
ressalta que o estágio não deve se constituir como uma estratégia de prática aplicada ou de 
verificação da teoria, mas deve ser simultaneamente teoria e prática. Segundo ela, o estágio 
curricular deveria ser definido como: 
 
"(...) processo de pesquisa do real, realizada na universidade e no lócus da 
aplicação profissional, de maneira a contextualizá-lo na sociedade como um 
todo. Teria como objetivo realizar o diálogo entre o teórico existente e o 
real, explorando as contradições na busca de alternativas. Seria uma 
estratégia de formação universitária, de interesse da escola”. 
 
 Já o estágio extracurricular, que a autora chama de estágio profissional, seria: 
 26
 
“(...) um processo de aprendizagem através do exercício e aplicação de 
práticas no ambiente de atuação profissional. Teria como objetivo 
desenvolver e treinar habilidades específicas. Seria uma estratégia de 
formação pessoal, de interesse do indivíduo”. 
 
De acordo com as definições de Pimenta, percebemos que uma das diferenças entre as 
duas modalidades está na atribuição da responsabilidade. O estágio curricular seria de 
responsabilidade da instituição de ensino, já que ele é de cumprimento obrigatório e está 
inserido no projeto pedagógico do curso, e o estágio extracurricular seria de responsabilidade 
do próprio estudante, já que neste caso é uma atividade opcional. 
Ao contrário do estágio curricular, o qual é tido por todos os agentes envolvidos como 
fundamental para a formação, o estágio extracurricular é alvo constante de críticas por ser 
considerado muitas vezes como uma estratégia do mercado para driblar os encargos 
trabalhistas. 
Essa visão fica clara na diferenciação que Oliveira e Souza (2004) fazem das duas 
modalidades de estágio: 
 
“Frente à Universidade, não deveriam [os estágios] ser tratados de 
forma distinta. Entretanto, frente ao mercado de trabalho, são duas 
lógicas diferentes: o estágio não obrigatório é sempre demandado 
pelo mercado, e o estágio obrigatório é uma demanda, ao menos em 
princípio, da IES que dele necessita para integralizar o currículo de 
seus alunos. É claro que os estágios não obrigatórios também são 
uma demanda dos alunos e são legitimados quanto ao seu potencial 
de aprendizagem pela universidade. Entretanto, eles não existiriam se 
não fosse do interesse das empresas concedê-los”. 
 
Os estágios extracurriculares vêm sendo cada vez mais praticados pelos alunos, como 
forma de desenvolver habilidades, ou por outros fatores bem distantes de qualquer caráter 
pedagógico, como a necessidade financeira, por exemplo. 
Como apontado na pesquisa da Interscience, a bolsa-auxílio é um importante recurso 
financeiro para o estudante. Infelizmente, algumas empresas se beneficiam dessa realidade 
contratando estagiários como uma estratégia para se isentar dos encargos trabalhistas que 
teriam na contratação de um profissional efetivo. Pochmann (2003) revela que ao lado das 
cooperativas, da terceirização e do trabalho autônomo, o estágio emprega uma grande massa 
 27
de estudantesque trabalham sem o amparo da legislação. Assim, a atividade perde o caráter 
pedagógico. 
Na tentativa de amenizar esse problema a nova Lei de Estágio determina que o 
descumprimento dos requisitos legais pelas empresas concedentes - o que inclui a 
compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e a área de formação do 
estudante - caracteriza vínculo empregatício do estudante com a parte concedente do estágio 
para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Ou seja, o estagiário que realizar 
tarefas dissociadas de sua área de formação que em nada complementem o ensino e a 
aprendizagem, pode ser considerado empregado, e exigir o recebimento de todos os direitos 
trabalhistas e previdenciários. Além disso, a instituição que reincidir na irregularidade fica 
impedida de receber estagiários pelo período de dois anos, contados da data da decisão 
definitiva do processo administrativo correspondente. 
Desta forma, as empresas que optam pela contratação de estagiários, devem observar 
rigorosamente os requisitos legais para não correr o risco de ter o vínculo empregatício 
reconhecido e pagar as verbas trabalhistas devidas. (FIGUEROA JUNIOR, 2010) 
 
2.3. A RESPONSABILIDADE PELO ESTÁGIO: A INSTITUIÇÃO DE ENSINO, A EMPRESA, O 
AGENTE DE INTEGRAÇÃO E O ESTAGIÁRIO 
 
 No que tange à responsabilidade, o estágio envolve quatro agentes principais: a 
instituição de ensino, a instituição concedente, o estagiário, e opcionalmente, o agente de 
integração. 
Dentre estes, a maior responsabilidade recai sobre a instituição de ensino, que em 
síntese, tem as seguintes obrigações determinadas por lei: 
i. Estabelecer termo de compromisso com o estudante e com a parte concedente, 
indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, 
e zelar pelo seu cumprimento; 
ii. Avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à 
formação do estudante; 
iii. Designar professor orientador para acompanhar e avaliar as atividades do 
estagiário; 
 28
iv. Exigir do estudante a apresentação periódica de relatórios das atividades 
desenvolvidas no estágio; 
v. Elaborar normas e instrumentos de avaliação dos estágios; 
vi. Comunicar à parte concedente do estágio as datas das avaliações escolares ou 
acadêmicas. 
Cabe destacar as dificuldades que as instituições de ensino têm para supervisionar, 
sobretudo os estágios extracurriculares. Pois essa tarefa demanda recursos financeiros e 
humanos. Na atual conjuntura, a universidade tornou-se o elo fraco na corrente, pois sofre 
pressões do mercado de trabalho, da justiça do trabalho e dos agentes de integração. 
(PROBST, 2003). 
O mercado de trabalho deseja da universidade que ela ofereça uma formação 
acadêmica direcionada às suas necessidades. Pochman (2003) afirma que “a universidade e o 
sistema produtivo estão se distanciando cada vez mais e para agravar o problema, não 
existem políticas públicas que facilitem essa ligação”. 
Por outro lado, Degenszajn3 (2004) adverte que não é função da universidade formar 
profissionais para determinada empresa ou para o mercado. O papel da universidade é 
“formar cidadãos que possam ser sujeitos de sua própria carreira profissional”. 
A autora, porém, admite que a atividade de estágio seja uma responsabilidade das 
universidades, as instituições formadoras; mas alerta que se não existir uma ação coordenada 
entre a comunidade acadêmica, o poder público e as empresas não é possível avançar na 
qualificação dos estágios como espaço formativo e de sensibilização dos estudantes para o 
atendimento das necessidades sociais, preservando os valores éticos que devem orientar a 
prática profissional. 
As instituições de ensino devem fortalecer a condição de aprendizagem do estudante, 
orientá-lo para que ele não se submeta à execução de atividades degradantes não relacionadas 
à sua área de formação, ou que possam prejudicar seu desempenho acadêmico. 
As empresas concedentes de estágios, por sua vez, possuem as seguintes 
responsabilidades, de acordo com a legislação: 
 
3 Rachel Raichelis Degenszajn foi coordenadora do ForGRAD Região Sudeste na Gestão 2003/2004 e Vice-
Reitora Acadêmica da PUC-SP na Gestão 2000-2004. 
 
 29
i. Firmar termo de compromisso com a instituição de ensino e o estudante, zelando 
por seu cumprimento; 
ii. Oferecer instalações com condições de proporcionar ao estudante atividades de 
aprendizagem social, profissional e cultural; 
iii. Designar funcionário com formação ou experiência profissional na área de 
conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar 
até dez estagiários simultaneamente; 
iv. Contratar seguro contra acidentes pessoais em favor do estagiário; 
v. Entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades 
desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho, quando houver 
desligamento ou encerramento de estágio; 
vi. Disponibilizar à fiscalização, documentos que comprovem a relação de estágio; 
vii. Enviar relatório de atividades à instituição de ensino, com periodicidade mínima 
de seis meses. 
Diante do exposto nos itens anteriores, podemos perceber que as obrigações das 
empresas concedentes são mínimas tendo em conta os benefícios trazidos com a contratação 
de estagiários. 
Além dos benefícios financeiros, proporcionados principalmente pela isenção de 
encargos trabalhistas decorrentes da não vinculação empregatícia, a contratação de estagiários 
possibilita às empresas formar um quadro qualificado de recursos humanos em conformidade 
com sua cultura organizacional. Isso conseqüentemente acaba contribuindo para a redução de 
custos no processo de recrutamento e seleção de novos profissionais. A efetivação de um 
estagiário é muito mais vantajosa para a empresa do que a contratação de um profissional 
recém-formado, por exemplo, não só do ponto de vista financeiro, mas considerando também 
outros aspectos, como o investimento em treinamento e o tempo despendido para a integração 
do novo profissional à empresa. 
Felizmente, nem todas as empresas estão preocupadas única e exclusivamente com as 
vantagens proporcionadas pela contratação de estagiários, mas possuem também a 
consciência do conteúdo social envolvido na atividade de estágio. 
 30
As empresas que se preocupam em trabalhar em sintonia com as instituições de ensino 
e procuram fazer do estágio um espaço efetivo de ensino-aprendizagem, cumprem o seu papel 
social, ajudando a formar as novas gerações de profissionais. 
Se as instituições de ensino têm o papel de entregar à sociedade jovens melhor 
preparados, às empresas cabe oferecer-lhes oportunidades reais de crescimento e 
desenvolvimento. (REAVALIANDO..., 2009) 
 Entre as instituições de ensino e as empresas concedentes pode haver, opcionalmente, 
a intermediação dos agentes de integração. 
 A atuação dos agentes de integração passou a ser permitida a partir da promulgação do 
decreto nº. 87.497/82 que regulamentou a Lei de Estágio (nº. 6.494/77). O decreto autorizou a 
atuação dos agentes de integração como prestadores de serviço às empresas, e às instituições 
de ensino, mediante condições acordadas em instrumento jurídico adequado, e indicou as 
competências dessas entidades. A partir de então, os agentes de integração cresceram e hoje 
instituições como CIEE e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), mais do que intermediadores, 
adquiriram papel social e poder político. 
A nova Lei de Estágio trata dos agentes de integração em seu artigo 5, que aponta - 
com poucas diferenças em relação ao decreto de 1982 - as seguintes responsabilidades: 
i. Identificar oportunidades de estágiosjunto a pessoas jurídicas de direito público e 
privado; 
ii. Facilitar ajustes das condições de realização do estágio; 
iii. Fazer o acompanhamento administrativo do estágio; 
iv. Fazer negociação de seguros contra acidentes pessoais; 
v. Cadastrar os estudantes; 
A novidade da lei em relação ao decreto de 1982 é apresentada em seu parágrafo 3º, 
que responsabiliza civilmente os agentes de integração, caso estes venham a indicar 
estagiários “para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular 
estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições 
para as quais não há previsão de estágio curricular”. 
 A Associação Brasileira de Estágios (ABRES) expõe de forma minuciosa quais são as 
competências dos agentes de integração. Segundo a entidade, ao estabelecer convênio com a 
 31
instituição de ensino, o agente de integração assume as tarefas de captação de oportunidades 
de estágios; manutenção de um cadastro de estudantes candidatos a estágio e encaminhamento 
dos mesmos às unidades concedentes; negociação e ajuste das condições de estágio definidas 
pela instituição de ensino com as possibilidades da empresa concedente; preparação da 
documentação legal referente ao estágio. 
 Além do auxílio ligado ao processo de contratação, o agente de integração deve ainda 
disponibilizar para a instituição de ensino, informações pertinentes como, total de estudantes 
cadastrados candidatos a estágio, total de estudantes em estágio, por curso, indicando as 
respectivas unidades concedentes e a vigência dos Termos de Compromisso de Estágio. 
 O agente de integração deve ainda realizar acompanhamento durante a vigência do 
estágio, visando à garantia dos aspectos legais e técnicos da atividade. Para tanto, deve 
confirmar periodicamente, a regularidade da situação escolar dos estagiários junto às 
respectivas instituições de ensino, receber e analisar os relatórios de estágio preenchidos pelos 
estagiários e encaminhar às instituições de ensino, acompanhar in loco por meio de reuniões 
com os estagiários, previamente agendadas com as empresas concedentes do estágio, 
acompanhar a vigência do Termo de Compromisso de Estágio, avaliando e propondo às 
empresas a possibilidade de prorrogação dos estágios. (ABRES, 2010). 
É importante enfatizar, contudo, que a universidade não pode transferir ao agente de 
integração a função de acompanhamento pedagógico dos estágios, pois esta não é 
responsabilidade do agente de integração, é uma obrigação legal da universidade. Os agentes 
de integração devem ser vistos como facilitadores do processo, mas devem atender às 
necessidades de formação do aluno conforme os projetos pedagógicos das instituições de 
ensino. 
 Por fim, ao estudante, o maior interessado no estágio, antes de dar os primeiros passos 
rumo à inserção no mundo do trabalho cabe tomar conhecimento da legislação que rege a 
atividade, e da regulamentação específica vigente em sua instituição de ensino. 
O estudante deve ter ainda consciência de seu campo de atuação e avaliar se a 
ocupação oferecida pela instituição concedente do estágio é compatível com sua formação, e 
possibilita o aprendizado. Deve agir de forma que a relação profissional seja regida com 
seriedade, ética e compromisso entre as partes. 
Como já citado anteriormente, o fim essencial de qualquer modalidade de ensino é 
formar cidadãos que possam ser sujeitos de sua própria carreira profissional e trajetória 
 32
pessoal. Assim sendo, cabe ao estudante ter atitude frente ao papel que lhe cabe dentro da 
organização. 
Muitos jovens encaram o estágio apenas como uma forma de cumprir créditos para a 
faculdade ou obter ganhos financeiros, ignorando que esta atividade é o começo para o 
desenvolvimento integral do indivíduo, e pode gerar resultados não apenas no nível 
profissional, mas também no nível pessoal. 
Por isso, em sua atuação nas empresas, aos estagiários cabe usar, além dos braços e 
pernas, o cérebro em função de um desenvolvimento profissional e humano, de forma a 
acarretar em mudanças reais dentro de uma organização, contribuindo para que esta caminhe 
com mais competência rumo ao futuro. (REAVALIANDO..., 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33
3. A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO 
 
3.1 BREVE HISTÓRICO DA BIBLIOTECONOMIA E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL 
 
 O ensino de Biblioteconomia se iniciou no Brasil em 1915 na Biblioteca Nacional 
(BN), no Rio de Janeiro, com a finalidade de atender as necessidades de mão-de-obra da 
própria instituição. Segundo Castro (2002) o curso da BN tinha como foco a formação de 
profissionais de perfil humanista e refletia a estrutura organizacional da instituição com um 
método de ensino centrado no repasse de experiências pelos professores, que eram 
encarregados durante anos das seções da Biblioteca. 
 Na década seguinte, foram criados os cursos da Divisão de Bibliotecas do 
Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, e do Instituto Mackenzie, ambos nos 
mesmos moldes da BN no que se refere à estrutura curricular. Porém, diferentemente deste, os 
cursos de São Paulo privilegiaram uma formação mais técnica. 
 A partir dos anos 40 a área começa a se expandir com a transferência do curso da 
Prefeitura Municipal de São Paulo para a Escola Livre de Sociologia e Política, a criação de 
várias outras escolas, e mais tarde com o surgimento das associações de classe e eventos da 
área. 
Em 1954, foi realizado em Recife-PE, o 1º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e 
Documentação (CBBD). Cinco anos mais tarde, na segunda edição do evento, em Salvador-
BA, Laura Russo e Rodolfo Rocha Júnior propuseram a criação da Federação Brasileira de 
Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) que foi 
fundada em 26 de julho de 1959, tendo como principal objetivo defender e incentivar o 
desenvolvimento da profissão. Segundo os proponentes “sua criação tornava-se imperativa 
para a categoria, na medida em que com o passar do tempo (...) os problemas da classe e das 
bibliotecas foram se aviltando, dado o processo da técnica e da ciência’” (CASTRO, 2000, 
p.178). 
Em 1962, a regulamentação inicial da profissão através da Lei nº 4.084/62 estabelece 
um avanço para o ensino. A lei determina as atribuições da profissão, trata do ensino de 
Biblioteconomia e cria os Conselhos Regionais para fiscalizar o exercício da profissão de 
bibliotecário e contribuir para o aprimoramento da área e seus profissionais. Essa lei é 
 34
regulamentada mais tarde pelo Decreto nº. 56.725 de 1965, e atualizada pela Lei nº. 9.674 de 
1998. 
Foi também no ano de 1962, que se estabeleceu o primeiro currículo mínimo para os 
cursos de Biblioteconomia. Antes disso, cada escola determinava o seu programa curricular, o 
que gerava uma ausência de uniformidade nos conteúdos. 
O primeiro currículo mínimo compreendia as seguintes disciplinas: 
 
Quadro 1 
1º Currículo mínimo para os cursos de Biblioteconomia 
 
1º CURRÍCULO MÍNIMO - 1962 
História do Livro e das Bibliotecas 
História da Literatura 
História da Arte 
Introdução aos Estudos Históricos e Sociais 
Evolução do Pensamento Filosófico Científico 
Organização e Administração de Bibliotecas 
Catalogação e Classificação 
Bibliografia e Referência 
Documentação 
Paleografia 
(Fonte: CASTRO, 2002, p.46) 
 
Nos anos que se seguiram, este currículo ainda foi muito discutido entre as escolas e 
associações de classe, tendo sido tema de eventos como, o Seminário sobre Currículo do 
Ensino de Biblioteconomia, que aconteceu em Brasília-DF no ano de 1980. 
 Em 1982,após muitos debates, foi aprovado pela Resolução n. 08/82 do Conselho 
Federal de Educação, o segundo currículo mínimo de Biblioteconomia que contemplava as 
seguintes matérias: 
 
 
 
 
 
 
 35
Quadro 2 
2º Currículo mínimo para os cursos de Biblioteconomia 
 
2º CURRÍCULO MÍNIMO - 1982 
Comunicação 
Aspectos Sociais, Políticos e Econômicos do Brasil Contemporâneo 
História da Cultura 
Lógica, Língua e Literatura Portuguesa 
Métodos e Técnicas de Pesquisa 
Informação Aplicada à Biblioteconomia 
Formação e Desenvolvimento de Coleções 
Controle Bibliográfico dos Registros do Conhecimento 
Disseminação da Informação 
Administração de Bibliotecas 
(Fonte: CASTRO, 2002, p.46) 
Além das matérias acima relacionadas, a resolução de 1982 também instituiu o estágio 
curricular, seguindo a tendência das instituições educacionais de buscar a aproximação entre 
educação e trabalho, como forma de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. 
 Em 1986 foi aprovado o código de ética, pela resolução nº. 327 do Conselho Federal 
de Biblioteconomia, que fixou as normas de conduta para os profissionais quando no 
desempenho da profissão. 
 Ao longo do tempo, a área de Biblioteconomia, ampliou e aprofundou sua atuação 
sobre a organização e análise da informação, seu objeto de estudo e pesquisa. Segundo 
Barbosa et al (apud SOUZA; RIBEIRO, 2009) isso foi possível através da assimilação de 
recursos de outros campos do conhecimento que lhe permitiu estudar e entender a produção e 
o registro da informação, o armazenamento em diversos suportes, a organização para o 
acesso, o processo de recuperação e as consequências socioculturais do uso da informação. 
 A expansão da área deu origem a um campo mais abrangente, a Ciência da 
Informação, cujo surgimento oficial no Brasil se deu com a criação do curso de mestrado em 
Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) em 
1970. 
Segundo Oddone (2006), 
 
a Ciência da Informação se constituiu no Brasil – assim como no resto do 
mundo – de maneira a romper com um passado de práticas que não se 
mostravam mais competentes para atender às necessidades bibliográficas e 
documentais de uma sociedade marcada pela explosão tecnológica e, 
 36
principalmente, de uma comunidade científica em contínuo processo de 
crescimento. (ODDONE, 2006, p.46) 
 
O IBBD (atual Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT) 
foi responsável ainda pela criação, em 1972, da revista Ciência da Informação, que surgiu 
diretamente ligada às atividades do curso de mestrado, e hoje é um dos periódicos mais 
importantes da área. 
A Ciência da Informação no país avançou consideravelmente com a criação, em 1989, 
da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB). À 
semelhança de outras associações do mesmo gênero, a ANCIB tem o apoio do Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é atualmente a principal 
sociedade científica da área e que vem, desde sua criação, promovendo Encontros Nacionais 
de Pesquisa em Biblioteconomia e Ciência da Informação, acompanhando e estimulando as 
atividades de ensino de pós-graduação e de pesquisa. (SOUZA; RIBEIRO, 2009, p.85) 
Nos últimos anos, os cursos na área tem se multiplicado e mostrado uma 
diversificação de conteúdos. Além da Biblioteconomia – ainda majoritária -, da Arquivologia 
e da Museologia, a área conta com formações em Ciência da Informação, Gestão da 
Informação e Administração da Informação. 
Segundo dados da ABECIN do ano de 2009, existem atualmente 43 escolas de 
graduação oferecendo cursos de Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia, Ciência da 
Informação e Gestão da Informação no Brasil. O país já conta também com cursos de 
mestrado e/ou doutorado em 12 universidades, segundo dados da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de vários cursos de pós-
graduação em nível de especialização. 
 Como vemos, a Ciência da Informação é uma área do conhecimento reconhecida 
nacional e internacionalmente por meio de cursos, instituições científicas, periódicos e outras 
formas de institucionalização. (SOUZA; RIBEIRO, 2009) 
 
3.2. O CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA DA ECA/USP 
 
O curso de Biblioteconomia da ECA/USP nasceu na mesma época em que a profissão 
de bibliotecário foi regulamentada no país. 
 37
 Em 1965, o então reitor da USP Professor Doutor Gama e Silva solicitou a uma 
comissão formada por dez pessoas, entre professores e profissionais, a concepção de um 
instituto que trabalhasse com comunicações culturais. Maria Luiza Monteiro da Cunha, 
responsável pela Biblioteca Central da universidade e Guelfo Oscar Campliglia, responsável 
pelo Serviço de Documentação, fizeram parte dessa comissão. 
 Em junho de 1966, o Decreto estadual nº. 46.419, instituiu a fundação a Escola de 
Comunicações Culturais – ECC, que mais tarde passou a se chamar Escola de Comunicações 
e Artes (ECA), com o Decreto nº. 52.326, de 16 de dezembro de 1969. 
Os primeiros cursos da unidade foram: Artes Dramáticas, Biblioteconomia, 
Documentação, Cinema, Jornalismo, Rádio e TV, e Relações Públicas. 
 Em 1968, os cursos de Biblioteconomia e Documentação foram unificados e a escola 
adotou o currículo mínimo, que vigorou até 1984, quando foi aprovado o 2º currículo mínimo, 
e o Departamento de Biblioteconomia e Documentação iniciou a implantação de um novo 
currículo para o curso. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases em 1996, o currículo 
mínimo deixou de existir e no ano seguinte o departamento elaborou um novo currículo de 
acordo com as diretrizes curriculares. 
 O aperfeiçoamento do currículo sempre foi uma preocupação constante do 
departamento. O currículo foi reformulado várias vezes, buscando formar profissionais 
críticos. Lopez (apud SAITO, 2006) afirma que todas “as alterações curriculares ocorridas 
no CBD tiveram como força motriz o objetivo de formar profissionais que respondam 
positivamente às exigências sofisticadas do trabalho específico da área da informação”. 
De acordo com o projeto pedagógico vigente, 
O curso de Biblioteconomia, ministrado na Escola de Comunicações e Artes 
tem como missão principal formar profissionais capazes de atuar no campo 
da informação, numa perspectiva integrada, com visão crítica e com 
habilidades suficientes para gerenciar unidades de informação das 
diferentes organizações, por meio da utilização de técnicas e instrumentos 
específicos da prática profissional. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 
2007, p.4) 
 
 A formação que se pretende oferecer ao aluno do curso de Biblioteconomia, durante os 
quatro ou cinco anos4 de sua permanência da universidade, se pauta nos seguintes objetivos: 
 
4 Quatros anos para o período matutino e, cinco anos para o período noturno. 
 38
i. Formar cidadãos conscientes de seu papel e responsabilidade para com a 
sociedade; 
ii. Formar profissionais com visão estratégica de negócios numa sociedade 
globalizada e complexa; 
iii. Formar profissionais capazes de gerir os processos de informação em organizações 
públicas, privadas e do terceiro setor, quer seja em unidades de informação ou 
empresas de consultorias; 
iv. Formar empreendedores na prestação de serviços de informação para atender as 
demandas sociais da sociedade brasileira e internacional; 
v. Possibilitar ao aluno, por meio da produção do Trabalho de Conclusão de Curso, 
seu ingresso à pesquisa e à produção científica no campo da Ciência da 
Informação. 
Para tanto, a estrutura curricular do curso é composta de disciplinas teóricas de 
formação humanísticae disciplinas técnicas laboratoriais mais específicas da formação 
profissionalizante, como mostra o quadro 3. 
O currículo inclui ainda matérias de outros campos do conhecimento, as quais, 
segundo o projeto pedagógico, têm como objetivo principal dar ao profissional uma formação 
geral e humanística, que lhe permitam ter uma visão crítica sobre o seu fazer profissional, 
bem como uma percepção maior sobre a inserção das unidades e serviços de informação na 
dinâmica da sociedade moderna. 
 
Quadro 3 
Grade curricular do curso de Biblioteconomia da ECA/USP (período matutino) 
 
1º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Fundamentos em Biblioteconomia, Documentação e 
Ciência da Informação 
Inglês Instrumental para Comunicações I 
Informação, Educação e Conhecimento 
Leitura Documentária 
História da Cultura e da Comunicação I* 
Língua Portuguesa - Redação e Expressão Oral I* 
Disciplinas Optativas Livres 
Introdução à Organização de Arquivos 
Imaginário e Ação Cultural 
Organização de Arquivos Fotográficos 
Acesso às Bases de Dados 
Redes Eletrônicas e Ambientes de Informação 
Introdução à Terminologia Aplicada à Documentação 
Ontologias em sistemas digitais 
 39
2º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Representação Descritiva I 
Inglês Instrumental para Comunicações II 
Resumo: Teoria e Método 
História da Cultura e da Comunicação II* 
 
Disciplinas Optativas Livres 
Introdução a Museologia 
Tecnologia da Informação: Estudo de Casos 
Software Livre e Informatização de Bibliotecas 
Biblioteca com Função Educativa: a Criança e o 
Jovem 
Métodos e Técnicas de Avaliação da Produção 
Científica 
Info Educação 
Estados e Formas da Cultura na Atualidade 
3º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Biblioteca e Sociedade 
Representação Descritiva II 
Elementos de Lógica para Documentação 
Linguagens Documentárias I 
4º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Orientação à Pesquisa Bibliográfica 
Recursos Informacionais I 
Linguagens Documentárias II 
Teoria da Ação Cultural 
Documentação Audiovisual 
Introdução à Administração de Serviços de 
Informação 
Teoria da Ação Cultural 
Disciplinas Optativas Livres 
Introdução ao Uso dos Metadados no Ambiente das 
Unidades de Informação 
5º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Recursos Informacionais II 
Lingüística Documentária 
Estágio Supervisionado em Unidades de Informação 
Administração de Recursos e Produtos de Informação 
Disciplinas Optativas Livres 
Cultura e Política Cultural 
6º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Documentação e Informática 
Estudo de Usuários da Informação 
Introdução à Pesquisa em Ciência da Informação 
Indexação: Teoria e Métodos 
Realidade Sócio-econômica e Política Brasileira* 
 
 
 40
7º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Serviços ao Usuário 
Projeto Experimental Em Biblioteconomia I 
Informação, Ciência e Tecnologia 
Planejamento e Avaliação de Bibliotecas e Serviços de Informação I 
8º SEMESTRE 
Disciplinas Obrigatórias 
Planejamento e Avaliação de Bibliotecas e Serviços de Informação II 
Projeto Experimental em Biblioteconomia II 
*Disciplinas ministradas pelo Departamento de Comunicação e Artes (CCA) 
(Fonte: elaborado pela autora, com base em dados disponíveis no Sistema Júpiter, 2010) 
O curso é ministrado atualmente por um corpo de 19 docentes do CBD, em sua 
maioria com título de doutorado. São oferecidas 35 vagas anualmente, sendo 20 vagas para o 
período noturno e 15 para o período matutino. 
 
3.2.1. O ESTÁGIO NO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA ECA/USP 
 
Antes mesmo da instituição do estágio no currículo mínimo para os cursos de 
Biblioteconomia, docentes da área já discutiam os objetivos dessa atividade. 
Trombelli e Santoro (1979) já apontavam a finalidade do estágio para a formação do 
profissional bibliotecário, que seria, 
dar condições para que o universitário, munido de seus conhecimentos 
teóricos, entre em contato com a prática integrada das diferentes técnicas 
exigidas na organização de Biblioteca e consiga uma avaliação dos 
problemas ambiente dando vazão ao seu potencial de trabalho. 
(TROMBELLI e SANTORO, 1979, p.1) 
 
Campello et al (apud VALLS, 1990) apontou como objetivos do estágio em 
Biblioteconomia, 
possibilitar a visão da biblioteca em funcionamento: seus aspectos técnicos 
e administrativos, seu relacionamento com a comunidade a que serve, 
permitindo o confronto entre o conhecimento teórico adquirido na escola e a 
prática adotada na biblioteca.”(CAMPELLO et al apud VALLS, 1990) 
 
 
 41
 Devido à data em que tais objetivos foram pensados, 1979 e 1987, respectivamente, se 
referem à instituição Biblioteca, e abordam o estágio com a função básica de confrontar teoria 
e prática. Mas, no contexto atual sabemos que os estágios de Biblioteconomia e Ciência da 
Informação se estendem a diferentes tipos de instituições, e possuem funções mais amplas. 
 O MEC, no parecer nº. 492/2001, que apresenta diretrizes para os cursos de 
Biblioteconomia, aponta a seguinte deliberação com relação aos estágios e atividades 
complementares: 
Mecanismos de interação do aluno com o mundo do trabalho em sua área, 
os estágios serão desenvolvidos no interior dos programas dos cursos, com 
intensidade variável segundo a natureza das atividades acadêmicas, sob a 
responsabilidade imediata de cada docente. Constituem instrumentos 
privilegiados para associar desempenho e conteúdo de forma sistemática e 
permanente. Além disso, o colegiado do curso poderá estabelecer o 
desenvolvimento de atividades complementares de monitoria, pesquisa, 
participação em seminários e congressos, visitas programadas e outras 
atividades acadêmicas e culturais, igualmente orientadas por docentes (de 
preferência em regime de tutoria) a serem computadas como carga horária. 
(BRASIL, 2001). 
 
 Como podemos ver, as diretrizes estendem o estágio a atividades complementares de 
monitoria, pesquisa, participação em seminários e congressos, visitas programadas e outras 
atividades acadêmicas e culturais. 
 As diretrizes fornecem orientação ás instituições para o desenvolvimento do estágio, 
porém o planejamento e o período do curso em que devem ser realizados ficam sob 
responsabilidade das próprias instituições de ensino. 
Em relação à definição do período do curso em que os estágios devem ser realizados, a 
ABECIN (2002) destaca que nas estruturas curriculares das instituições de ensino, predomina 
a percepção de que a teoria vem sempre antes da prática e, com esta compreensão, as 
instituições organizam o conhecimento em grades disciplinares hierárquicas e fragmentadas e 
os estágios curriculares estão na maioria das vezes localizados no final de seus cursos. 
 Embora seja verdade que os estágios curriculares estejam geralmente situados ao final 
dos cursos de graduação, a área de Biblioteconomia e Ciência da Informação detém uma 
singularidade. Trata-se da grande oferta de estágios remunerados para os estudantes desde o 
primeiro ano da graduação, sobretudo em grandes cidades como São Paulo. Além disso, os 
estágios da área estão entre os que oferecem os melhores valores de bolsa-auxílio. 
 42
 Em levantamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) feito com 16.328 
estagiários de diferentes níveis, entre os dias 22 de março e 23 de abril de 2010, os estágios de 
Biblioteconomia apareceram em 6º lugar no ranking de valores médios de bolsa-auxílio pagos 
a estagiários de cursos de nível superior, como mostra o quadro 4. 
Quadro 4 
Dez maiores valores médios de bolsa-auxílio para estagiários de nível superior 
 
CURSOS VALOR MÉDIO DE BOLSA-AUXÍLIO 
1) Engenharia R$ 1.022,30 
2) Relações Internacionais

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