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Trabalho da Disciplina de Psicologia do Pensamento e da Linguagem II

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CURSO DE PSICOLOGIA
ALINE NUNES DO NASCIMENTO – 201407117531
ANA LARISSA FERREIRA LIMA - 201501328654
AUGUSTO ERIC AUAD – 201608335429
LUCIANA SANTOS PINTO - 201512204421
UMA INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO VERBAL
PROFESSORA: GEORGIA ALBUQUERQUE DE TOLEDO PINTO
PSICOLOGIA DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM
FORTALEZA
OUTUBRO / 2017
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“A linguagem e a comunicação são elementos essenciais do nosso
desenvolvimento enquanto seres humanos e representam os
fundamentos para um processo de aprendizagem que dura toda
uma vida” (Pieterse).
O “maternalês”, um modo especial de fala que a mãe dirige ao bebê, possui características que lhe são próprias, tanto do ponto de vista de sua organização (dialógica), como de sua forma (léxica), de sua estrutura (sintática) e de sua prosódia. O “diálogo mãe-bebê”, construído, com o “maternalês”, a partir de significados que a mãe atribui aos sinais produzidos pela criança, se faz com base na função materna. Através da transgressão e observação das leis da linguagem, pode-se observar as operações de causação do sujeito: alienação (tempo da relação dual, com prevalência do “maternalês”) e separação (tempo lógico posterior, com prevalência da língua do interdito). 
O “maternalês” opera como uma linguagem significativa para o bebê, na medida em que suscita reações de sua parte. Ora, são justamente os aspectos dinâmicos da fala materna (os traços prosódicos), e não apenas os aspectos estáticos (as palavras articuladas sem os elementos prosódicos), que fazem o bebê preferir a voz materna em vez da voz de outra mulher.
Desse modo, segundo J. Bruner, as manifestações do bebê são transformadas em “atos protoconversacionais”, por compreenderem um conjunto de elementos produzidos em sincronia com a mãe: a atenção focalizada no mesmo tópico (no caso do “diálogo” referido o tópico é a “conversação” que se mantém entre mãe e bebê), o olhar dirigido à mãe (ao qual ela corresponde), o sorriso (recíproco), os movimentos articulatórios (que produzem a vocalização), a imitação dos movimentos labiais da mãe, etc. E na medida em que as manifestações do bebê são convertidas em “protoconversas”, ele é elevado ao estatuto de “interlocutor” da mãe. É nessa posição de “interlocutor” que ele tem algo a dizer-lhe, a responder-lhe, a revelar-lhe, o que aponta para a incompletude materna. 
Jenome Bruner (nascido em 1915), psicólogo americano, adota como unidade de análise para o estudo da aquisição da língua os esquemas interacionais encontrados na díade mãe-criança. O interesse maior desse autor era descobrir uma “gramática” inerente a certas formas de interação social, sobre cuja base a criança construiria a “verdadeira” gramática. Aprender uma língua não consiste apenas em aprender a gramática, mas também a apreender as intenções do outro pelo uso apropriado da gramática. 
Bruner foi um dos primeiros a propor que as crianças aprendem a se comunicar no contexto da solução de problemas enquanto interagem com os pais. Os pais se comunicam em linguagem infantil, o que ele chamou de “aula de linguagem”. A regularidade, as simplificações e o foco no aqui e agora são apropriados à capacidade cognitiva limitada da criança. A linguagem consistente e fácil possibilita à criança começar a extrair a estrutura da língua e formular princípios gerais. 
As crianças usam um método de teste de hipóteses para desvendar as leis da linguagem. O foco de atenção da criança é um tipo de “andaime” para os primórdios da aprendizagem da língua que ajuda os aprendizes a discernir as intenções comunicativas do adulto. Para adquirir o uso convencional de um símbolo linguístico, a criança tem de ser capaz de determinar as intenções comunicativas do adulto, e então envolver-se num processo de imitação com inversão de papéis.
Bruner (1983) explica a aquisição da linguagem a partir de dois mecanismos: um é equivalente ao Language Aquisition Device – LAD, correspondendo a uma força interna (push) que impulsiona a criança a aprender a linguagem. O outro é a força que absorve (pull) a linguagem do meio social, através do estímulo encorajador (scaffolding) da pessoa que mais interage com a criança, somada ao contexto constante e reconhecível no qual a linguagem é usada. Essa estrutura recebe o nome de Language Acquisition Support System (LASS), e é considerada essencial para que a criança aprenda a linguagem.
Bruner, também, aponta a importância da cultura no estudo do pensamento. Reconhece que ela fornece instrumentos com os quais nosso mundo e nossa mente são construídos. Isso não significa que haja tão somente uma assimilação passiva dos aspectos externos à dimensão subjetiva; há modos de atuação e de pensamento que os sujeitos adquirem na cultura na qual estão inseridos e que se relacionam com aspectos biológicos. O papel da linguagem nesse processo é fundamental. E é por seu intermédio que o homem interpreta e regula sua cultura. Em seu contínuo aprendizado, o homem adquire ininterruptamente conhecimentos culturais e formas de atuar em situações graças aos simbolismos, concepções e distinções que a linguagem permite identificar. Para Bruner (1985), cultura e linguagem não podem ser entendidas separadamente. 
Bruner (1983) explica a aquisição da linguagem a partir de dois mecanismos: um é equivalente ao Language Aquisition Device - LAD, correspondendo a uma força interna (push) que impulsiona a criança a aprender a linguagem. O outro é a força que absorve (pull) a linguagem do meio social, através do estímulo encorajador (scaffolding) da pessoa que mais interage com a criança, somada ao contexto constante e reconhecível no qual a linguagem é usada. Essa estrutura recebe o nome de Language Acquisition Support System (LASS), e é considerada essencial para que a criança aprenda a linguagem.
Ainda referindo-se ao nível de complexidade da fala materna podemos destacar as considerações de Vygotsky (1978/1984) e Bruner (1983). Vygotsky atribuiu o nome de “zona de desenvolvimento proximal” à capacidade da criança funcionar entre dois níveis de desenvolvimento: o seu nível real e o nível potencial (que pode ocorrer com a colaboração de um companheiro mais experiente). 
Segundo esse autor, um companheiro mais avançado estrutura a interação que excede o nível de desenvolvimento real da criança, aproximando-a de seu nível potencial, ajudando-a a avançar de um nível para outro. Assim, a mãe exerce o papel do companheiro dotado de um nível de desenvolvimento mais elevado que o da criança, propiciando a aproximação do nível linguístico (potencial) desta ao seu.
De acordo com Barnes, Gutfreund, Satterly e Wells (1983), Bruner utiliza termos diferentes para descrever basicamente a mesma explicação que Vygotsky (1978/ 1984) atribui à participação do adulto no desenvolvimento da criança. Para Bruner (1997), o papel do adulto em promover o desenvolvimento da linguagem da criança deve ser visto em termos interacionais, no sentido que o adulto promove o scaffolding (edificação), através do qual a criança pode construir progressivamente comunicações funcionalmente mais efetivas e formalmente mais elaboradas.
Esse autor concorda com os pressupostos pragmáticos de que a criança aprende a usar a linguagem, isto é, a se comunicar, antes mesmo de aprender seus aspectos formais. O termo scaffolding deriva do conceito de “zona de desenvolvimento proximal”, elaborado por Vygotsky (1978/1984), e corresponde a uma “descrição metafórica de um processo de ensino que facilita a aprendizagem da criança” (Garton, 1992, p. 44). Nesse processo de ensino, a mãe responde contingentemente ao enunciado produzido pela criança, encorajando-a e instruindo-a a usar a linguagem de forma mais elaborada e funcionalmente correta, e retirando esse apoio gradualmente à medida que a criança se desenvolve.
Em resumo, Vygotsky e Bruner, embora seguindo abordagens diferentes, concordam que a fala materna apresentadaà criança relaciona-se ao nível de habilidade linguística e cognitiva da mesma, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento.
Considerar a fala materna, a partir das relações estabelecidas nos contextos interativos, como fundamental para o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança é pressupor uma análise não mais unidirecional. Como discutem Braz e Salomão (2000), a tendência entre os teóricos é de pelo menos considerar a bidirecionalidade na relação entre o adulto e a criança, supondo a existência de experiências que são trocadas e não unilateralmente apresentadas pela mãe ao bebê. Isso pode ser identificado por análises dos tipos de fala que são utilizadas. Admite-se uma interatividade subjacente em situações comunicativas e que, tanto o comportamento do bebê quanto o contexto nos quais elas ocorrem, funcionam como estímulos para a mãe (ou adulto) ajustar a maneira de falar com o bebê. 
Diversos estudos buscam evidenciar como os comportamentos dos bebês desempenham papel ativo nas interações com mães e adultos. Keller (1998) alega que os recém nascidos apresentam um conjunto de características que os capacitam para os primeiros contatos e trocas com os membros da cultura, inicialmente representados, principalmente, por sua mãe. Tanto a criança age sobre sua mãe através de olhares e mímicas, quanto à mãe age sobre esta por meio de sua fala e movimentação. No caso da mãe, há um ajuste intuitivo e preciso de suas atividades às capacidades do bebê, um ajuste que se dá, inclusive, de acordo com Oliva (2001), em termos funcionais da fala dirigida à criança.
Segundo Seidl de Moura (1999), no momento em que a mãe está interagindo com seu bebê, ela utiliza uma gama de representações acerca de um modelo geral de infância e de um conjunto de expectativas sobre o bebê e seu desenvolvimento. Com base nas suas representações e nas pistas contextuais, ela atribui aos comportamentos dos bebês significados específicos. A atribuição de significado aos comportamentos do bebê e a observação do quanto a mãe modifica seus padrões de interação com base no feedback que recebe dele têm sido de crucial importância na investigação das
interações iniciais. Essa atribuição é importante nos ajustes realizados e no próprio processo interacional.
As interações diádicas adulto/mãe-bebê, principalmente as que incluem uma dimensão verbal, podem ser importantes para explicar a transformação de uma comunicação natural e espontânea para uma comunicação social, segundo argumenta Oliva (2001). Pressupõe-se que as interações que envolvem a fala proporcionam mudanças internas na criança, possibilitando que ela compreenda os aspectos da linguagem social.
Com base nisso, argumenta-se que desde o nascimento a linha de desenvolvimento natural não funciona isolada da interação entre os parceiros de uma mesma cultura. Um processo ao mesmo tempo natural e de interação cultural precisa estar em ação para o desenvolvimento dos "instrumentos" do sujeito que permitirão o desenvolvimento dos processos mentais superiores (Vygotsky, 1984).
Através da relação diádica, as mães tentam principalmente engajar as crianças no diálogo e não apenas dar informações ou ensinar a falar. Para Snow (1986), a mãe ajusta sua fala ao se dirigir à criança principalmente pela vontade de comunicação com o bebê e não pelo desejo do ensino de regras gramaticais.
O modo pelo qual os adultos se comunicam com as crianças pode variar de cultura para cultura, acarretando variações nas formas interativas que se estabelecem entre os parceiros. Pye (1992) relata que não é comum a fala dirigida a crianças entre os Quiché Mayan. Nessa cultura, elas são consideradas, física e espiritualmente, vulneráveis e necessitam ser mantidas calmas e quietas. As mães podem suavemente sussurrar para as crianças, mas em nenhum momento é feita a tentativa de considerá-las como parceiros de conversa.
No estudo de Seidl de Moura e Ribas (1998), os dados foram interpretados como indicadores de que
as mães tratam os bebês, desde as fases iniciais do desenvolvimento, como pessoas às quais se podem atribuir gostos, desejos e sentimentos, e não como seres que se limitam a manifestar necessidades fisiológicas. A consequência dessa concepção manifesta-se na conduta materna de tentar adequar sua fala, seus gestos a algum tipo de denominador em comum com o bebê, a fim de estabelecer mais facilmente algum tipo de comunicação com ele. Isso fica evidente quando se observa a estrutura da "conversa" que ocorre entre a mãe e o bebê, que se assemelha às conversas entre duas pessoas, em que um fala e o outro escuta, verificando-se a alternância de papéis entre ouvinte e falante.
O presente trabalho procurou realizar uma análise descritiva de algumas funções que podem ser identificadas no input linguístico dirigido a um bebê de três meses, detalhando especificamente alguns contextos com a finalidade de estabelecer eventuais regularidades funcionais relacionadas a diferentes situações. A forma de abordar essa relação foi observando o input linguístico que uma mãe dirige a um bebê de três meses, identificando as funções linguísticas que ocorrem em alguns contextos. O pressuposto é o de que a linguagem não se restringe a ser um sistema de representação do mundo. Ela é um sistema de interação entre os agentes, é um refinamento das situações comunicativas e tem um papel decisivo no processo de desenvolvimento da criança.
Bibliografia
Cristiane de Carvalho Guimarães - Psicologia do Pensamento e da Linguagem
Luciana Fontes Pessôa - A Análise da Fala Materna Dirigida a Bebês em Duas Etapas do Desenvolvimento.
Lucivanda Cavalcante Borges - Aquisição da Linguagem - Considerações da Perspectiva da Interação Social.
Severina Silvia Ferreira - Por Que falar ao Bebê se Ele Não Compreende

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