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Instituto do Endosso na Letra de Câmbio

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DIREITO EMPRESARIAL III 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge
michellegoncalves@estacio.br ou
michellearaujojorge@gmail.com
AULA 5
INSTITUTO DO ENDOSSO 
Tema: INSTITUTO DO ENDOSSO NA LETRA DE CÂMBIO
Objetivos:
O aluno deverá ser capaz de compreender a dinâmica da transferência do título de crédito e os efeitos jurídicos decorrentes.
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
Endosso
1.     Conceito
2.     Efeitos
3.     Modalidades - próprios e impróprios
4.     Parcial
5.     Póstumo
6.   Sem garantia e Cláusula não à ordem
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Endosso
Para que o título nominativo possa facilmente ser transferido e se opere a circulação dos direitos de crédito nela incorporados, emprega-se um meio próprio dos títulos de crédito chamado de endosso;
que consiste na simples assinatura do proprietário no verso ou anverso da letra, antecedida ou não de uma declaração indicando a pessoa a quem a soma deve ser paga;
com essa assinatura a pessoa que endossa o título, chamada endossante, transfere a outrem chamado endossatário, a propriedade da letra (L.U., art. 14)
nessa condição, o endossatário ao receber a letra torna-se  o titular dos direitos emergentes  nela contidos, podendo, assim, praticar todos os atos que se fizerem necessários para resguardar a sua propriedade.
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1.     Conceito
O endosso é ato cambiário que opera a transferência do crédito, representado por título “à ordem”. 
O endosso efetua-se:
 pela assinatura do beneficiário, no verso do próprio título, ou 
Assinatura no anverso identificando o ato. “Endosso” + assinatura;
Se não identificar o ato, a simples assinatura no anverso será tido como aval e não como endosso.
em folha anexada a este (art. 13 da LUG); e, 
completa-se com a tradição, que vem a ser a entrega do documento com a intenção de transferi-lo (art. 910, § 2º do CC).
Conceito Completo
“Ato cambiário abstrato e formal, decorrente de declaração unilateral de vontade e correspondendo a uma declaração cambiária eventual e sucessiva, manifestada no título de crédito, ainda que dele não conste a cláusula “à ordem”, pela qual o beneficiário ou terceiro adquirente (endossante) transfere os direitos dele decorrentes a outra pessoa (endossatário), ficando, em regra, o endossante responsável pelo aceite e pelo pagamento”
 Por Luiz Emygdio F. da Rosa Jr.
Analisando o Conceito:
É ato abstrato, porque se desvincula da causa extracartular que lhe deu origem;
É formal tendo em vista que somente tem validade quando dado no próprio título, seja em seu verso ou anverso, sendo que, se o endosso for em branco, necessariamente deverá ser lançado no anverso do título (artº 910 CC e artº 13 LU);
Trata-se de declaração unilateral de vontade, uma vez que a fonte da obrigação cambiária, expressada pelo endosso, circunscreve-se na própria assinatura do endossante aposta no título, independentemente das demais obrigações traduzidas no título;
É eventual, na medida em que sua falta não traz consequências negativas para o título, 
E Sucessiva, porque se verifica após o saque do título
Comentários....
A alienação do crédito fica condicionada, também, à tradição do título, levando-se em conta o Princípio da Cartularidade.
 Já que se está transferindo um direito, quem pode faze-lo é o possuidor do título. 
a tradição está disciplinada nos artigos 1.267 a 1.268 do código civil; e consiste em modalidade de aquisição da propriedade de bem móvel; promove a transferência da titularidade dos títulos de crédito, porque estes são considerados bens móveis para os efeitos legais (art. 83, III, do cc).
 O primeiro endosso na letra de câmbio cabe ao beneficiário, que por este ato, passa a ser denominado de endossante; a pessoa que recebe o título através do endosso é o endossatário.  
2.  Efeitos
Tem dois efeitos principais:
A) O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra (art. 14 da LUG) do endossante para o endossatário;
B) O endossante assume a condição de devedor de regresso (responsabilidade solidária), porque garante tanto o aceite como o pagamento do título (art. 15 da LUG);
Em caso de recusa do aceite ou do inadimplemento da quantia pelo devedor principal, o portador deverá efetuar o protesto (art. 44 da LUG) para exigir do endossante, judicial ou extrajudicialmente, a quantia descrita na letra (art. 47 da LUG); 
Se o endossante realizar o pagamento, pode riscar o seu endosso e os subseqüentes (art. 50 da LUG), hipótese em que ficará desobrigado pelo título (Art. 40 da LUG) e 
Poderá exigir, em ação de regresso, a quantia paga, dos demais endossantes, do sacador, dos avalistas e outros coobrigados (Art. 43 da LUG).
3. Modalidades
O endosso possui duas modalidades:
Endosso em branco e
Endosso em preto.
Endosso em branco
É aquele que é dado com a simples assinatura do endossante no verso ou na face do título, sem que conste a designação da pessoa a quem se transfere o título;
Para que haja a transferência do título, basta a tradição manual e, então, a circulação se faz como se ao portador fosse;
A Lei 8021/90, em ser artº 2º, II, veda a emissão de títulos ao portador ou nominativos-endossáveis; entretanto, basta que o endosso em branco seja convertido em endosso em preto quando da apresentação do título para pagamento;
Mesmo vedado por lei, pode o título circular livremente em brando, desde que, no instante de seu pagamento, seja preenchido;
Sendo em branco o endosso, seu titular, ao transferi-lo, poderá optar por preencher o espaço em branco, tornando o endosso em preto, ou simplesmente transferir o título sem lançar seu nome nele;
Endosso em preto.
É aquele no qual se verificam todos os elementos do endosso:
Cláusula de transmissão (“paga-se a fulano..”),
Nome do endossatário (nome da pessoa a quem a letra é transferida) e
Assinatura do endossante (ou de seu mandatário com poderes especiais).
Somente a assinatura deve ser de próprio punho, as demais podem ser escritas por terceiros ou datilografadas, feitas por carimbo, impressas, etc.;
Espécies de endosso
Podem ser classificados em
Próprio: tem como função a efetiva transferência dos direitos emergentes do título de crédito, e, se presente a cláusula de obrigação, torna o endossante responsável pelo seu aceite e pagamento;
Impróprio: aquele que não transfere a titularidade do título mas, somente o exercício dos direitos relativos ao título, sem que se opere a transferência dos direitos inerentes, são eles:
Endosso-mandato e
Endosso-caução.
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Endosso-mandato
O Endosso-mandato ou endosso-procuração é aquele pelo qual o endossante constitui o endossatário como seu procurador, que passa a ter poderes para a prática de todos os atos necessários para o efetivo recebimento da quantia estampada no título;
Muito embora o endossatário possa exercitar os direitos decorrentes do título, o crédito continua a pertencer ao endossante, que nomeia aquele como seu procurador para a cobrança do débito;
É uma forma simplificada de constituição de procurador, que dispensa a feitura de um contrato de mandato (procuração), bastando a aposição da assinatura do endossante o título, acompanhada da expressão “valor a cobrar” ou “por procuração”, para que o mandato se perfaça. 
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JURISPRUDÊNCIAS:
DUPLICATA SEM ACEITE. ENDOSSO-MANDATO. ESTABELECIEMENTO BANCÁRIO. A Turma proveu o recurso ao entendimento de que descabe a condenação da instituição bancária por danos morais pelo protesto indevido de duplicata sem causa, uma vez que na qualidade de endossatário-mandatário agiu em nome e por conta da empresa sacadora endossante, não se lhe podendo culpar por ter promovido o protesto do quirógrafo. Outrossim,não compete ao banco, de antemão, verificar a existência de lastro da duplicata protestada, pois essa é de responsabilidade exclusiva do sacador (art. 159 do CC/1916). Precedentes citados: REsp 265.432-RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 10/8/2004- Informatio nº 217/2004).
TÍTULO DE CRÉDITO.PROTESTO INDEVIDO. BANCO ENDOSSATÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. I – É inviável
o recurso especial em relação à afirmada ausência de prestação jurisdicional, quando as questões apontadas pelo recorrente não foram objeto dos embargos de declaração por ele opostos perante o tribunal estadual. II – Embora seja assegurado ao endossatário de boa-fé levar o título a protesto para preservar seu direito de regresso contra o emitente endossante, tendo ele conhecimento prévio e inequívoco de que a duplicata não tem causa ou que o negócio jurídico foi desfeito, deverá responder, juntamente com o endossante, por eventuais danos que tenha causado ao sacado, em virtude desse protesto. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 188.996- SP, Rel. Min. Castro Filho, DJ 10/09/2007, p. 224).
Endosso-caução
Endosso-caução ou endosso-penhor é a espécie de endosso por meio do qual o endossante transfere ao endossatário a letra apenas como forma de garantir outra obrigação (artº 918 CC e artº 19 LU);
Não enseja a transferência da propriedade do título, contituindo-se em instrumento de garantia de uma obrigação extracartular entre o portador do título (devedor) e o terceiro (credor);
Pode-se se apresentar pelas expressões: “endosso em garantia”, “valor em garantia” e “endosso em penhor”;
Neste endosso, o devedor cambiário não poderá opor ao endossatário as exceções pessoais que eventualmente tenha perante o endossante, salvo se o endossatário comprovadamente agiu de má-fé (artº 918, § 2º);
O endossatário do endosso-caução poderá proceder a novo endosso no título, desde que faça na qualidade de procurador do endossante, com o objetivo de facilitar a sua cobrança, tal qual ocorre com o endosso-mandato.
4.     Endosso Parcial
É proibido o endosso parcial  (L.U., art. 12).
“O endosso parcial é nulo”
O endosso envolve TODAS as vantagens relativas ao crédito, razão por que vedado é o endosso parcial.
5.     Endosso Póstumo
O endosso póstumo (art. 20 da LUG) é o endosso passado após o vencimento do título, 
pode ser dado em branco ou em preto e produz efeitos do endosso puro e simples, até expirado o prazo para o protesto;
depois do protesto por falta de pagamento, o endosso póstumo produz efeitos apenas de uma cessão ordinária de crédito (art. 288 do CC).
6.  Endosso sem garantia e Cláusula não à ordem
O endossante pode inserir, em seu endosso, uma cláusula proibindo novos endossos; 
A cláusula proibitiva de endosso materializa-se pela expressão “não à ordem”; e, uma vez inserida, o título só pode circular pela via da cessão ordinária de créditos.;
A cessão de créditos exige instrumento público ou particular (art. 288 do CC/02), ou seja, equivale a um contrato;
Esta pode ser substituída por termo, passado nos registros do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente quando o título é nominativo (Art. 922 do CC);
Se o endossatário descumprir a cláusula e transferir novamente o título por novo endosso, o endossante que inseriu a cláusula proibitiva de endosso não responderá pelo pagamento da quantia às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada (art. 15 da LUG).
AS DIFERENÇAS ENTRE ENDOSSO E 
CESSÃO CIVIL
Cessão Civil é ato de transferência de crédito de natureza civil e Endosso é de natureza cambial;
Na cessão civil é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula “não à ordem” transmite os seus direitos à outra pessoa. 
No endosso, quem transfere o título de crédito responde pela existência do título e também pelo seu pagamento. 
Já na cessão civil, quem é responsável pela transferência do título, somente responde pela existência do título, mas não responde pelo seu pagamento. 
CASO CONCRETO:
Augusto emite uma letra de câmbio em face de Bernardo e a favor de Cardoso, que a endossa em preto para Danilo, o qual também endossa em preto para Eduardo que, porém, endossa em branco para Fernando. Este repassa o título por tradição a Gustavo, e assim vai por Hernani, Ivo, João e Karine. A esta foi exigida por Luiz, no momento da transferência, que fosse realizada por endosso, o que foi feito, porém, em preto.
Indaga-se:
1. Determine a legalidade da cadeia de transferência do título e quais são os obrigados pelo pagamento.
2. Especifique o principal efeito do endosso realizado por Karine.
 
QUESTÃO OBJETIVA
Quanto à nota promissória já protestada por falta de pagamento:
A) O endosso não transfere a propriedade do título
B) O endosso não impede que o devedor oponha ao endossatário as exceções pessoais que tinha contra o endossante.
C) O endosso não produz efeitos jurídicos
D) O endosso é nulo

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