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Atenção+Farmacêutica+para+pacientes+crônicos

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2 2
Farmácia Clínica 
Atenção Farmacêutica para Portadores de Doenças Crônicas 
Tarcísio Liberato* 
*Possui graduação em Farmácia pela Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá – FEPI,
MBA Executivo em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, Mestrado em
Toxinologia pelo Instituto Butantan e atualmente em processo de doutoramento em
Biotecnologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Atuou como
supervisor da produção de imunobiológicos, soros e vacinas que fazem parte do
Programa Nacional de Imunizações (PNI), produzidos pelo Instituto Butantan e
distribuídos pelo Ministério da Saúde. Tem experiência como farmacêutico responsável
técnico por grandes empresas do varejo farmacêutico; bioprospecção de biomoléculas
com potencial terapêutico e biomarcadores tumorais.
3 
 3 
PREFÁCIO 
 
Esta   primeira   edição   da   Farmácia Clínica – Atenção Farmacêutica para 
Portadores de Doenças Crônicas oferece  aos  leitores,  conhecimentos  atualizados  
de  Farmácia  Clínica,  sob  a  perspectiva  histórica  da  Atenção  Farmacêutica,  bem  
como  aspectos  legais  que  regulamentam  a  atividade  clínica  por  farmacêuticos.  
O   controle   dos   fatores   de   risco   relacionados   ao   desenvolvimento   de  
Doenças   Crônicas   Não   transmissíveis,   bem   como   o   acompanhamento  
farmacoterapêutico  de  doenças  como  a  hipertensão  arterial  e  o  diabetes  mellitus  
são   fundamentais   para   a   diminuição   de   internações   hospitalares   e  
consequentemente  a  redução  da  taxa  de  mortalidade  e  morbidade  da  população.  
O   Farmacêutico   está   cada   vez   mais   requisitado   para   o   exercício   da  
“Farmácia   Clínica”   contribuindo   para   a   ampliação   da   saúde   da   sociedade,  
melhorando  os  indicadores  de  saúde.    
Nesse  sentido,  objetivamos  aqui  ampliar  os  conceitos  básicos  da  Farmácia  
Clínica,   aprofundando   aspectos   relativos   aos   problemas   relacionados   aos  
medicamentos,  com  foco  na  farmacoterapia  do  diabetes  mellitus  e  a  hipertensão  
arterial,  que  elevam  os  riscos  para  Doenças  crônicas  Não  Transmissíveis.  
Dedicamos   essa   obra   a   todos   os   farmacêuticos   que   buscam   o  
aprimoramento   profissional,   contribuindo   para   o   fortalecimento   da   profissão   e   a  
ampliação  da  saúde  do  nosso  país.  
  
   São  José  dos  Campos,  maio  de  2016  
  
Tarcísio Liberato 
  
  
  
  
4 
 4 
NOTA DO AUTOR 
  
   Os   desafios   profissionais,   bem   como   o   dinamismo   das   profissões  
acompanham  o   desenvolvimento   dos  mercados   frente   às   necessidades   sociais.  
Vivenciamos   no   nosso   país   distintas   necessidades   de   aprimoramento   da  
qualidade   dos   serviços   em   saúde,   que   possam   ampliar   a   qualidade   de   vida  
individual  e  coletiva.    
   Nos   últimos   anos   grandes   conquistas   fortaleceram   a   profissão  
farmacêutica,  embora  exigindo  dos  profissionais,  capacitação  técnica  e  mudança  
comportamental  sob  a  perspectiva  clínica.  
   Com   muito   entusiasmo   por   parte   deste   autor,   trazemos   a   reunião   de  
diferentes   conceitos   para   a   execução   da   “Atenção   Farmacêutica”,   abordando  
inicialmente  a  necessidade  de  serviços   farmacêuticos  em  doenças  crônicas  não  
transmissíveis,  responsáveis  por  elevado  número  de  mortalidade  e  de  morbidade.  
Este   volume   reúne   aspectos   regulatórios,   como   também   os   principais  
formulários   necessários   à   prática   clínica   farmacêutica,   e   ainda,   de   maneira  
introdutória,  a  “Atenção  Farmacêutica”  em  diabetes  mellitus  e  hipertensão  arterial,  
que   contribuem   para   o   elevado   número   de   acometimentos   cardiovasculares   e  
doenças  de  agravo.  
Desejamos  uma  ótima  leitura  a  todos,  e  que  possamos  exercer  a  Farmácia  
Clínica,   contribuindo   para   o   fortalecimento   da   profissão   e   principalmente,   o  
crescimento  de  uma  sociedade  justa  e  humanitária.      
  
  
Tarcísio Liberato 
 
 
 
 
 
 
5 
 5 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1  -­  Taxas  de  internações  hospitalares  por  doenças  crônicas  selecionadas,  
Brasil,  2000  a  2009.  ...............................................................................................  14	
  
Figura 2  -­  Pirâmides  etárias  do  Brasil  de  2000  e  2005  e  projeções  para  2040  e  
2045.  ......................................................................................................................  17	
  
Figura 3 -­  Sete  etapas  do  Método  Dáder  de  Seguimento  Farmacoterapêutico.  ..  22	
  
Figura 4  -­  A  indicação  das  tarjas.  .........................................................................  34	
  
Figura 5  –  Modelo  de  consultório  Farmacêutico  –  Rede  de  Farmácia  americana  -­  
Walgreens  ..............................................................................................................  35	
  
Figura 6  –  Modelo  de  Receita  (CFF).  ...................................................................  39	
  
Figura 7  –  Modelo  de  Prontuário  do  Paciente  (CFF).  ...........................................  41	
  
Figura 8  –  Modelo  de  Encaminhamento  do  Paciente  (CFF).  ................................  42	
  
Figura 9  –  Parte  da  estrutura  física  da  sala  de  Atenção  Farmacêutica.  ...............  50	
  
Figura 10  –  Parte  da  estrutura  física  da  sala  de  Atenção  Farmacêutica.  .............  51	
  
Figura 11  –  Avaliação  Inicial  do  Método  PWDT  ...................................................  52	
  
Figura 12  -­  Modelo  de  Cartão  Individual  ...............................................................  56	
  
Figura 13  -­  Modelo  de  Plano  de  Cuidado  .............................................................  62	
  
Figura 14  –  Anatomia  fisiológica  de  uma  ilhota  de  Langerhans  ...........................  66	
  
Figura 15  -­  Estrutura  da  pró-­insulina  humana  (Molécula  precursora  da  insulina)  67	
  
Figura 16  –  Esquematização  do  receptor  de  insulina.  ..........................................  69	
  
Figura 17  –  Diagnóstico  laboratorial  do  Diabetes  mellitus  ....................................  76	
  
Figura 18  –  Taxas  de  mortalidade  por  DCV  e  suas  diferentes  causas  no  Brasil,  
em  2007.  ................................................................................................................  96	
  
Figura 19  –  Principais  fontes  de  soja  na  alimentação  ........................................  103	
  
Figura 20  -­  Fluxograma  de  classificação  de  risco  cardiovascular  ......................  111	
  
 
 
 
 
 
6 
 6 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1  –  Principais  fatores  de  risco  para  DCNT  e  mortalidade.  ........................  15	
  
Tabela 2 –  Prevalência  de  fatores  de  risco  selecionados  para  doenças  crônicas  
segundo  estimativas  do  VIGITEL.  .........................................................................  16	
  
Tabela 3  -­  Atribuições  do  farmacêutico  relacionadas  à  comunicação  e  educação  
em  saúde  ...............................................................................................................  31	
  
Tabela 4  -­  Conhecimentos  e  habilidades  clínicas  que  abranjam  ..........................  36	
  
Tabela 5  –  Etapas  para  prescrição  farmacêutica  ..................................................  37	
  
Tabela 6  –  Medidas  que  contribuem  para  a  promoção  da  segurança  do  paciente
  ...............................................................................................................................37	
  
Tabela 7  –  Componentes  mínimos  para  a  prescrição  farmacêutica  .....................  38	
  
Tabela 8  –  Orçamento  para  implementação  de  um  serviço  de  Atenção  
Farmacêutica  .........................................................................................................  51	
  
Tabela 9  –  Classificação  de  PRM,  segundo  Cipolle  et  al.,  2004.  ..........................  57	
  
Tabela 10  –  Classificações  do  diabetes  mellitus  ...................................................  65	
  
Tabela 11  –  As  ações  da  insulina  .........................................................................  67	
  
Tabela 12  –  Funcionalidades  conhecidas  da  insulina  ...........................................  68	
  
Tabela 13  –  Marcadores  de  autoimunidade  ..........................................................  71	
  
Tabela 14 –  Causas  à  resistência  insulínica  .........................................................  72	
  
Tabela 15  –  Fatores  de  riscos  para  DM2  ..............................................................  72	
  
Tabela 16  –  Fatores  de  riscos  para  DMG  .............................................................  73	
  
Tabela 17  –  Avaliação  laboratorial  inicial  ..............................................................  74	
  
Tabela 18  –  Critérios  diagnósticos  para  o  diabetes  ..............................................  75	
  
Tabela 19 –  Sintomas  clássicos  do  DM  ................................................................  78	
  
Tabela 20  –  Principais  fatores  de  risco  para  DCV  ................................................  79	
  
Tabela 21  –  Antidiabéticos  disponíveis  no  Brasil  ..................................................  81	
  
Tabela 22  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Clorpropamida  .......................................  82	
  
Tabela 23  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Glibenclamida  .......................................  83	
  
Tabela 24  – Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Glicazida  ...............................................  83	
  
Tabela 25 –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Glipizida  ................................................  84	
  
Tabela 26  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Glimepirida  ............................................  84	
  
Tabela 27  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Nateglinida  ............................................  85	
  
7 
 7 
Tabela 28  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Repaglinida  ...........................................  85	
  
Tabela 29  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Sitagliptina  .............................................  86	
  
Tabela 30  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Vildagliptina  ...........................................  86	
  
Tabela 31  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Saxagliptina  ...........................................  87	
  
Tabela 32 –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Linagliptina  ............................................  87	
  
Tabela 33 –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Exenatida  ..............................................  88	
  
Tabela 34 –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Liraglutida  ..............................................  88	
  
Tabela 35  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Metformina  ............................................  89	
  
Tabela 36  –  Efeitos  adversos  (PRM  5)  -­  Pioglitazona  ...........................................  90	
  
Tabela 37  -­  Variações  no  planejamento  terapêutico  (Insulinoterapia)  DM2  ........  92	
  
Tabela 38 –  Tipos  de  insulina  e  suas  características  ............................................  92	
  
Tabela 39  –  Fatores  de  Risco  para  HAS  ...............................................................  96	
  
Tabela 40  –  Diferenças  de  média  entre  a  pressão  arterial  sistólica  e  a  pressão  
arterial  diastólica  em  crianças  e  adolescentes,  por  sexo,  atividade  física,  
tabagismo  e  etilismo  (n=342)  –  Fortaleza  -­  2005  ..................................................  97	
  
Tabela 41  -­  Classificação  da  pressão  arterial  de  acordo  com  a  medida  casual  no  
consultório  (˃18  anos)  ...........................................................................................  98	
  
Tabela 42 –  Tratamento  não-­medicamentoso  ......................................................  99	
  
Tabela 43  –  Como  recomendar  dietas  ao  estilo  DASH  .......................................  101	
  
Tabela 44  –  Exemplos  de  fibras  alimentares  ......................................................  102	
  
Tabela 45  -­  Principais  fontes  de  soja  na  alimentação  .........................................  103	
  
Tabela 46 –  Teor  de  etanol  por  quantidade  definida  ...........................................  104	
  
Tabela 47 –  Cuidados  especiais  -­  Aparelho  de  Pressão  ....................................  108	
  
Tabela 48  –  Cuidados  especiais  -­  Estetoscópio  .................................................  109	
  
Tabela 49  –  Cuidados  especiais  -­  Paciente  ........................................................  109	
  
Tabela 50 –  Fatores  de  risco  para  doenças  cardiovascular  ................................  110	
  
Tabela 51  –  Características  importantes  dos  anti-­hipertensivos  .........................  112	
  
Tabela 52  –  Classes  de  anti-­hipertensivos  disponíveis  para  uso  clínico  ............  113	
  
Tabela 53  –  Anti-­hipertensivos  comercialmente  disponíveis  no  Brasil  ...............  114	
  
Tabela 54  –  Principais  reações  adversas  dos  diuréticos  (PRM  5)  ......................  117	
  
Tabela 55 –  Principais  reações  adversas  dos  inibidores  adrenérgicos  (PRM  5)  118	
  
Tabela 56  –  Principais  reações  adversas  dos  inibidores  adrenérgicos  (PRM  5)  119	
  
Tabela 57 –  Principais  reações  adversas  dos  alfabloqueadores  (PRM  5)  ..........  120	
  
8 
 8 
Tabela 58 –  Principais  reações  adversas  dos  Vasodilatadores  diretos  (PRM  5)  120	
  
Tabela 59  –  Principais  reações  adversas  dos  Antagonistas  dos  canais  de  cálcio  
(PRM  5)  ...............................................................................................................  121	
  
Tabela 60  –  Principais  reações  adversas  dos  inibidores  da  ECA  (PRM  5)  ........  122	
  
Tabela 61  –  Principais  reações  adversas  dos  bloqueadores  dos  receptores  AT1  
da  angiotensina  II  (PRM  5)  ..................................................................................  123	
  
Tabela 62  –  Principais  reações  adversas  dos  inibidores  diretos  da  renina  (PRM  5)
  .............................................................................................................................  123	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 9 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
DCNT – Doenças  Crônicas  Não  Transmissíveis 
DM – Diabetes  mellitus 
HAS – Hipertensão  arterial  sistêmica  
IBGE – Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  
OMS  –  Organização  Mundial  da  Saúde  
PRM  –  Problemas  relacionados  aos  medicamentos 
SUS – Sistema  Único  de  Saúde 
VIGITEL – Vigilância  de  Fatores  de  Risco  e  Proteção  para  Doenças  Crônicas  por  
Inquérito  Telefônico.   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 10 
Sumário	
  
 
1. AS DOENÇAS CRÔNICAS NO BRASIL E NO MUNDO ............................... 13 
1.1 Introdução ............................................................................................... 14 
2. A ATENÇÃO FARMACÊUTICA ........................... Error!  Bookmark  not  defined. 
2.1 Introdução ...............................................................................................20 
3. ASPECTOS REGULATÓRIOS ............................ Error!  Bookmark  not  defined. 
3.1 Introdução ............................................................................................... 25 
3.2 Resolução Nº 585 de 29 de Agosto de 2013 ........................................ 25 
3.3 Resolução Nº 586 de 29 de agosto de 2013 ......................................... 32 
3.4 Resolução Nº 44 de 17 de agosto de 2009 ........................................... 43 
4. PLANEJAMENTO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA ....... Error!  Bookmark  not  
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4.1 Espaço Físico ......................................................................................... 50 
4.2 Identificação de Problemas relacionados aos medicamentos e 
Classificação de PRM. ..................................................................................... 52 
4.3 Categorias de problemas relacionados aos fármacos (PRM) ............ 57 
4.3.1 O paciente usa medicamento desnecessário (PRM 1) ................. 57 
4.3.2 O paciente necessita de medicação adicional (PRM 2) ............... 58 
4.3.3 O paciente usa medicamento não efetivo (PRM 3) ....................... 59 
4.3.4 O paciente usa dose menor que a necessária (PRM 4) ............... 59 
4.3.5 O paciente apresenta reação adversa a medicamentos - RAM 
(PRM 5) ........................................................................................................... 60 
4.3.6 O paciente usa mais alta dose que a necessária (PRM 6) ........... 60 
4.3.7 O paciente não adere ao tratamento (PRM 7) ............................... 61 
4.4 Metas terapêuticas ................................................................................. 62 
5. DIABETES MELLITUS ......................................... Error!  Bookmark  not  defined. 
5.1 Introdução ............................................................................................... 64 
5.2 A Insulina ................................................................................................ 66 
5.3 O Glucagon ............................................................................................. 69 
5.4 DM1 - Diabetes mellitus Tipo 1 – Ausência de produção de insulina 
pelas células β pancreáticas ........................................................................... 70 
5.5 Diabetes mellitus Tipo 2 (DM2) ............................................................. 71 
5.6 Diabetes mellitus Gestacional (DMG) ................................................... 73 
5.7 Outros tipos específicos de diabetes mellitus (DM) ........................... 74 
5.8 Diagnóstico do diabetes mellitus ......................................................... 74 
5.9 Exames para diagnóstico de diabetes mellitus ................................... 76 
11 
 11 
5.10 Sintomas .............................................................................................. 77 
5.11 Principais complicações do diabetes mellitus (DM) ........................ 78 
5.12 Doença cardiovascular ....................................................................... 78 
5.13 Aferição de glicemia capilar ............................................................... 79 
5.14 Tratamento ........................................................................................... 80 
5.15 Secretagogos de insulina ................................................................... 82 
5.15.1 Sulfonilureias ................................................................................... 82 
5.15.2 Metiglinidas ...................................................................................... 85 
5.15.3 Inibidores da enzima dipeptidil-peptidase-IV (DPP-IV) ................ 86 
5.15.4 Incretinomiméticos .......................................................................... 87 
5.15.5 Sensibilizadores de insulina ........................................................... 89 
5.15.6 Moduladores da absorção de nutrientes no trato gastrointestinal
 90 
5.15.7 Insulinas - Tipos de Insulina ........................................................... 91 
5.15.8 Insulinas disponíveis comercialmente e suas diferenças ........... 92 
6. HIPERTENSÃO ARTERIAL ................................. Error!  Bookmark  not  defined. 
6.1 Introdução ............................................................................................... 95 
6.2 Fatores de risco para HAS ..................................................................... 96 
6.3 Prevenção Primária ................................................................................ 97 
6.4 Diagnóstico e Classificação .................................................................. 98 
6.5 Tratamento não-medicamentoso da hipertensão arterial .................. 98 
6.6 Controle de Peso .................................................................................. 100 
6.7 Estilo Alimentar – Dietas DASH .......................................................... 100 
6.8 Redução do consumo de sal ............................................................... 101 
6.9 Ácidos graxos insaturados ................................................................. 102 
6.10 Fibras ................................................................................................. 102 
6.11 Proteína de soja ................................................................................ 102 
6.12 Laticínios ........................................................................................... 103 
6.13 Álcool ................................................................................................. 104 
6.14 Atividade física .................................................................................. 104 
6.15 Equipe multiprofissional .................................................................. 105 
6.16 Sintomas ............................................................................................ 105 
6.17 Como aferir a pressão arterial .............................................................. 106 
6.17.1 Cuidados Especiais ....................................................................... 108 
6.18 Consequências ....................................................................................... 109 
6.19 Avaliação de risco cardiovascular .................................................. 110 
12 
 12 
6.20 Tratamento Medicamentoso ............................................................ 111 
6.21 Diuréticos ........................................................................................... 116 
6.21.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 117 
6.22 Inibidores adrenérgicos ................................................................... 117 
6.22.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 118 
6.23 Betabloqueadores ............................................................................. 118 
6.23.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 118 
6.24 Alfabloqueadores .............................................................................. 119 
6.24.1 Principais reações adversas ......................................................... 119 
6.25 Vasodilatadores diretos ................................................................... 120 
6.25.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 120 
6.26 Antagonistas dos canais de cálcio ................................................. 120 
6.26.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 121 
6.27 Inibidores da enzima conversora da angiotensina ........................ 121 
6.27.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 121 
6.28 Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II .................. 122 
6.28.1Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 122 
6.29 Inibidores diretos da renina ............................................................. 123 
6.29.1 Principais reações adversas (PRM 5) .......................................... 123 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 124 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 13 
 
1. 
AS DOENÇAS 
CRÔNICAS NO BRASIL 
E NO MUNDO 
 
................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 14 
 
1.1 Introdução 
  
As   doenças   crônicas   não   transmissíveis   (DCNT)   são   consideradas   as  
principais  causas  de  mortes  no  mundo.  Do  total  de  óbitos  ocorridos  globalmente  
em  2008,  63%  foram  relacionados  às  doenças  crônicas  não  transmissíveis,  sendo  
quatro  grupos  de  doenças  (cardiovasculares,  câncer,  doença  respiratória  crônica  
e  diabetes)  as  que   responderam  pela  grande  maioria  dos  óbitos.  Além  de  gerar  
elevado  número  de  mortes  precoces,  as  DCNT  levam  a  perdas  de  qualidade  de  
vida  e  limitações  tanto  no  trabalho  como  em  atividades  recreativas.  
No   Brasil,   as   DCNT   estão   entre   as   principais   causas   de   internações  
hospitalares,   o   que   eleva   os   custos   para   o   Sistema   Único   de   Saúde   (SUS).  
Mesmo  com  a  existência  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS),  gratuito  e  universal,  
o   custo   individual   de   uma   doença   crônica   é   elevado,   o   que   contribui   para   o  
empobrecimento  das  famílias.  A  seguir,  podemos  avaliar  a  taxa  de  internação  das  
DCNT  no  Brasil  no  período  de  2000  a  2009.  
  
Figura 1 - Taxas  de  internações  hospitalares  por  doenças  crônicas  selecionadas,  
Brasil,  2000  a  2009. 
 
Fonte:  Plano  de  Ações  Estratégicas  para  o  Enfrentamento  das  Doenças  Crônicas  Não  
Transmissíveis  (DNCT)  no  Brasil  2011-­2022.  
  
  
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Segundo  estimativas  para  a  economia  brasileira  (Abegunde,  2007),  a  perda  
de   produtividade   no   trabalho   e   a   diminuição   da   renda   familiar   resultantes   de  
diabetes,   doenças   do   coração   e   acidente   vascular   encefálico   levaram   a   uma  
perda  de  U$  4,18  bilhões  entre  os  anos  de  2006  e  2015.  
  
Os  principais  fatores  de  risco  para  DCNT  estão  relacionados  na  tabela  1  a  
seguir,  bem  como  fatores  relacionados  a  elevadas  taxas  de  mortalidade.  
  
Tabela 1  –  Principais  fatores  de  risco  para  DCNT  e  mortalidade.  
Tabaco  
  Atividade  física  insuficiente  
  Uso  nocivo  do  álcool  
  Alimentação  inadequada  
  Pressão  arterial  alta  
  Excesso  de  peso  e  obesidade  
  Colesterol  aumentado  
Fonte:  Adaptado  de  Malta  et al., 2006  
 
 As  doenças  crônicas  de  maior  impacto  mundial  têm  quatro  fatores  de  risco  
em   comum   (tabagismo,   inatividade   física,   alimentação   inadequada   e   álcool),  
como   descrito   na   tabela   anterior.   Segundo   a   Organização  Mundial   da   Saúde   -­
OMS  (2009),  em  termos  de  mortalidade,  os  grandes  fatores  de  risco  são:  pressão  
arterial   elevada   (13%   das   mortes   no   mundo),   tabagismo   (9%),   altos   níveis   de  
glicose  sanguínea  (6%),  inatividade  física  (6%)  e  sobrepeso  e  obesidade  (5%).  
   O  sistema  de  monitoramento  desses  fatores  de  risco  no  Brasil,  conhecido  
por   “Vigilância   de   Fatores   de   Risco   e   Proteção   para   Doenças   Crônicas   por  
Inquérito  Telefônico  –  VIGITEL”,  mantido  pelo  ministério  da  saúde,  realizou  entre  
os  anos  de  2006  e  2010,  uma  análise  da  prevalência  de  alguns  desses  fatores  de  
risco  na  população  brasileira,  que  podemos  apreciá-­la  na  tabela  2  mais  adiante.  
Segundo  a  Organização  Mundial  da  Saúde  (2008),  existem  evidências  que  
correlacionam   os   determinantes   sociais,   como   educação,   ocupação,   renda,  
gênero   e   etnia,   com   a   prevalência   de   DCNT   e   fatores   de   risco.   No   Brasil,   os  
processos  de   transição  demográfica,  epidemiológica  e  nutricional,  a  urbanização  
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e  o  crescimento  econômico  e  social  contribuem  para  o  maior  risco  da  população  
ao  desenvolvimento  de  doenças  crônicas.    
 
    
Tabela 2  –  Prevalência  de  fatores  de  risco  selecionados  para  doenças  crônicas  
segundo  estimativas  do  VIGITEL.  
 
Fonte:  Vigilância  de  Fatores  de  Risco  e  Proteção  para  Doenças  Crônicas  por  Inquérito  Telefônico  
(VIGITEL)  2006  –  2010.  Ministério  da  Saúde.  
 
 
   Segundo   o   IBGE   (2008),   O   Brasil   está   mudando   rapidamente   a   sua  
estrutura   etária,   reduzindo   a   proporção   de   crianças   e   jovens,   aumentando   a  
proporção  de   idosos  e  a  expectativa  de  vida,  o  que  se  assemelha  às  pirâmides  
etárias  de  países  europeus.  
Essas   transformações   demográficas   são   desafiadoras   para   as   políticas  
públicas,   e   o   aumento   de   idosos   na   população   acarreta   significativamente   o  
aumento   de   doenças,   em   especial   as   Doenças   Crônicas   Não   Transmissíveis.  
Apesar   do   rápido   crescimento   das   DCNT,   seu   impacto   pode   ser   revertido   por  
meio  de  intervenções  amplas  e  custo  efetiva  de  promoção  de  saúde  para  redução  
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de  seus  fatores  de  risco,  além  da  melhoria  da  atenção  à  saúde,  detecção  precoce  
e  tratamento  oportuno.  
 
Figura 2 - Pirâmides  etárias  do  Brasil  de  2000  e  2005  e  projeções  para  2040  e  
2045. 
 
Fonte:  IBGE,  Diretoria  de  Pesquisas,  Coordenação  de  População  e  Indicadores  Socias,  Projeção  
da  População  do  Brasil  por  Sexo  e  Idade  para  o  Período  1980-­2050  –  Revisão  2008  
  
As  DCNT  são  de   tratamento   prolongado   impactando  economicamente   as  
famílias   e   a   sociedade   em   geral,   contribuindo   para   o   aumento   da   pobreza.   De  
acordo   com  a  Organização  Mundial   da  Saúde   (2011)   as  DCNT  afetam  mais  as  
pessoas   de   baixa   renda,   por   estarem  mais   expostas   aos   fatores   de   risco   e   por  
terem   menor   acesso   aos   serviços   de   saúde.   Os   gastos   familiares   com   DCNT  
reduzem   a   disponibilidade   de   recursos   para   necessidades   como   alimentação,  
moradia,  educação,  entre  outras.  Entretanto,  as  DCNT  atingem  todas  as  camadas  
socioeconômicas,  principalmente  grupos  mais  vulneráveis,  como   idosos  e  os  de  
baixa   escolaridade   e   renda.   Os   gastos   com   tratamento   para   diabetes,   câncer,  
doenças   do   aparelho   circulatório   e   doenças   respiratórias   crônicas   podem   ser  
elevados,  uma  vez  que  os  tratamentos  são  de  longo  prazo.      
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Para   evitar   um   crescimento   epidêmico   das   DCNT   e   suas   consequências  
para  a  qualidade  de  vida  dos  indivíduos,  a  prevenção  e  controle  dessas  doenças  
são  fundamentais.  
  Nos  últimos  anos,  tem-­se  amplamente  discutido  o  papel  dos  profissionais  
da  saúde  na  prevenção  das  DCNT,  que  em  trabalho  multidisciplinar,  elevariam  a  
efetividade  do  controle  e  dos  tratamentos  disponíveis.  
Como  profissional  especializado  em  medicamentos,  o  farmacêutico  tem  um  
importante   papel   a   cumprir   na   melhoria   da   adesão   aos   tratamentos   prescritos,  
contribuindo  para  o  controle  das  doenças  crônicasnão  transmissíveis.    
Grandes  conquistas  para  os  farmacêuticos  foram  evidenciadas  nos  últimos  
anos   no   nosso   país,   como   resoluções   específicas   (RDC   n°   585   e   586)   em  
consonância   com   as   tendências   de  maior   integração   da   profissão   farmacêutica  
com  as  demais  profissões  da  área  da  saúde,  contribuindo  para  a   redefinição  da  
divisão  social  do  trabalho  entre  as  profissões  de  saúde.  
Nesse   sentido,   esta   obra   objetiva   contribuir   para   o   melhor   entendimento  
das  possibilidades  de  intervenções  farmacêuticas,  pautadas  nas  necessidades  de  
inserção   do   profissional   farmacêutico   no   contexto   das   doenças   crônicas   não  
transmissíveis,   em   especial   o   diabetes   mellitus   e   a   hipertensão   arterial.  
Destacamos  os  principais   problemas   relacionados  aos  medicamentos,   inerentes  
aos   fármacos   preconizados   para   o   tratamento   dessas   doenças.   Esta   obra   não  
tem  intenção  de  exaurir  o  conhecimento  em  terapias  para  pacientes  com  DCNT,  
oferecendo  apenas  um  ponto  inicial  para  a  atualização  contínua  e  necessária  dos  
profissionais  farmacêuticos.  
  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
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2. 
A ATENÇÃO 
FARMACÊUTICA 
 
................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.1 Introdução 
  
Muitas   são  as  definições  para  o   termo   “Atenção  Farmacêutica”.  Segundo  
Brodie   et   al.   (1980),   atenção   farmacêutica   significa:   “A   definição   das  
necessidades  farmacoterapêuticas  de  um  dado  paciente  e  a  provisão  não  apenas  
dos   medicamentos   requeridos,   mas   também   dos   serviços   necessários   (antes,  
durante  e  depois)  para  assegurar  uma  terapia  perfeitamente  segura  e  efetiva”.  O  
pensamento   de   Brodie   iniciou   um   novo   caminho   facilitador   e   otimizador   para   a  
farmacoterapia,   bem   como   para   uma  maior   conscientização   dos   profissionais   e  
pacientes,  uma  vez  que  o  enfoque  farmacoterapêutico  consistia  em  amplo  acesso  
e  disponibilidade  dos  medicamentos  à  sociedade  e  não  a  atenção  ao  paciente.    
Hepler   em   1985   sugeriu   o   estabelecimento   de   um   compromisso   no  
desenvolvimento  da  farmácia  como  uma  profissão  clínica,  onde  deveria  haver  um  
“pacto”   entre   a   profissão   farmacêutica   e   a   sociedade,   onde   os   farmacêuticos  
assistem  diretamente  a  farmacoterapia  dos  pacientes.    
   A  Farmácia  Clínica  teve  início  nos  Estados  Unidos,  em  ambiente  hospitalar,  
hoje  expandindo  para  todos  os  níveis  de  atenção  à  saúde,  incorporando  a  filosofia  
do   “Pharmaceutical Care”.   Prática   que   pode   ser   desenvolvida   não   apenas   em  
hospitais,  mas  em  ambulatórios,  unidades  de  atenção  primária  à  saúde,  farmácias  
comunitárias,  instituições  de  longa  permanência  e  domicílios  de  pacientes.    
   O  dinamismo  observado  nas  sociedades  como  a   transição  demográfica  e  
epidemiológica   bem   como   a   crescente   morbimortalidade   relativa   às   doenças  
crônicas   e   agravos   não   transmissívies   exige   do   farmacêutico   um   perfil   clínico,  
contribuindo   para   a   melhor   qualidade   de   vida   dos   pacientes   e   o   sucesso   das  
terapias   farmacológicas.   Em   relação   a   essas   perspectivas,   o   profissional  
farmacêutico   contemporâneo,   deve   atuar   diretamente   no   cuidado   ao   paciente  
promovendo   o   uso   racional   de  medicamentos   de   acordo   com   as   necessidades  
dos  pacientes,  familiares  e  da  sociedade  como  um  todo.  
   Hepler   (1998),   mais   uma   vez   defendeu   que   as   a   profissão   farmacêutica  
precisava  acompanhar  as  transformações  tecnológicas,  econômicas  e  sociais  que  
estavam  acontecendo  no  mundo.  Sugeriu  também  a  reprofissionalização  baseada  
em   quatro   pilares:   a   farmácia   como   atividade   central   e   com   função   social,  
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definição   da   filosofia   profissional   e   relação   com   a   sociedade,   estruturação  
organizacional  da  profissão  e  marketing  da  nova  profissão.  
   Outros  autores   como  Strand   (1988)   desenvolveram  métodos   sistemáticos  
de  atenção  farmacêutica  como  o  sistema  “Pharmacist`s Workup of Drug Therapy 
– PWDT”,  processo  sistemático  de   tomada  de  decisão  em  que  as  necessidades  
dos   pacientes   com   relação   à   farmacoterapia   podem   ser   documentadas   de  
maneira  global.    
   Segundo  as  visões  filosóficas  de  Hepler  e  Strand  sobre  a  responsabilidade  
profissional  no  cuidado  aos  pacientes,   resultou  na  definição  clássica  de  atenção  
farmacêutica,   como   sendo:   “A   provisão   responsável   da   farmacoterapia   com   o  
propósito  de  obter   resultados  definidos   (cura  da  doença,  eliminação  ou   redução  
dos   sintomas,   interrupção   ou   retardamento   da   doença   e   prevenção   de   uma  
enfermidade  ou  sintoma)  que  melhorem  a  qualidade  de  vida  dos  pacientes”.  
   O  planejamento,   implementação  e  monitoramento  da  farmacoterapia  deve  
ser   colaborativa   entre   os   profissionais   de   saúde,   exigindo   do   profissional  
farmacêutico   a   dedicação   para   o   entendimento   das   necessidades   do   paciente  
quanto  ao  seu  estado  de  saúde.    
   O  monitoramento   da   farmacoterapia   inclui   análise   criteriosa   de   possíveis  
problemas   relacionados  a  medicamentos   (PRM),  o  que  significa  um  desafio  aos  
profissionais   farmacêuticos,   sob   a   perspectiva   da   semiologia   farmacêutica.   A  
primeira   definição   de   PRM,   por   Strand   et   al.   (1990)   sugere:   “uma   experiência  
indesejável   do   paciente   que   envolve   a   farmacoterapia   e   que   interfere   real   ou  
potencialmente  com  os  resultados  desejados  pelo  paciente”.  
Em   1998,   um   grupo   de   farmacêuticos   reunidos   em   Granada   (Espanha)  
propôs   o   conceito   para   PRM:   “é   um   problema   de   saúde,   vinculado   com   a  
farmacoterapia   e   que   interfere   ou   pode   interferir   nos   resultados   de   saúde  
esperados  de  um  paciente”.    
Alguns   obstáculos   foram   identificados   na   aplicabilidade   da   atenção  
farmacêutica  afastando  os  farmacêuticos  espanhóis  da  prática  proposta.  Naquele  
momento,   a   falta   de   formação   específica,   o   desinteresse   dos   pacientes   e   a  
escassez   de   tempo   dificultaram   a   execução   das   atividades   clínicas   dos  
profissionais.  Para  que  o  desenvolvimento  da  prática  superasse  os  obstáculos,  foi  
desenvolvida   uma   metodologia   voltada   para   a   realidade   dos   espanhóis,  
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conhecido  como  Programa  Dáder,  de  implantação  do  Seguimento  do  Tratamento  
Farmacológico.   Os   métodos   Dáder,   como   o   PWDT,   podem   ser   aplicados  
sistematicamente   em   todos   os   tipos   de   situações   e   doenças   bem   como   para   a  
identificação   de  PRMs.  A   seguir,   podemos   avaliar   as   etapas   do  Método  Dáder,  
orientadas  em  7  (sete)  etapas.  
  
Figura 3 -  Sete  etapas  do  Método  Dáder  de  Seguimento  Farmacoterapêutico.  
 
Fonte:  Método  Dáder.  Manual  de  Seguimento  Farmacoterapêutico,  2009,  versão  em  português  
europeu.  
  
   Muitos   dos   obstáculos   observados   pelos   espanhóis   se   aplicam   aos  
obstáculos   atuais   no   Brasil,limitando   a   prática   clínica   farmacêutica   no   país.  
Embora,  devemos   reconhecer  que  a  prática  clínica  em  nosso  país  avançou  nas  
últimas  décadas,   devido  ao  esforço  daqueles  que   criaram  os  primeiros   serviços  
de   Farmácia   Clínica   no   Brasil,   assim   como   às   ações   lideradas   por   entidades  
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profissionais,   instituições   acadêmicas,   organismos   internacionais   e   iniciativas  
governamentais.    
Resoluções   específicas   como   a   RESOLUÇÃO  Nº   585   e   a   RESOLUÇÃO  
N°586,  que  regulamentam  as  atribuições  clínicas  do  farmacêutico  e  a  prescrição  
de   medicamentos   por   profissionais   farmacêuticos,   representam   conquistas  
importantes  para  os  profissionais  e  a  sociedade.  
As   atribuições   clínicas   do   farmacêutico   estão   abrindo   horizontes   para   o  
fortalecimento   da   farmácia   clínica,   base   para   a   prescrição   farmacêutica   e  
consolidação  da  autoridade  técnica  do  profissional.    
Diante  do  exposto,  se  faz  necessário  o  reconhecimento  da  necessidade  da  
prática  clínica  do  farmacêutico,  que  segundo  a  resolução  585,  as  ações  propostas  
deverão     ser   observadas   quanto   à   sua   efetividade   e   pelo   reconhecimento   por  
parte  da  sociedade  do  papel  do  farmacêutico  no  contexto  da  saúde.  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
 
 
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 24 
 
 
 
3. 
ASPECTOS 
REGULATÓRIOS 
 
................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 25 
3.1 Introdução 
 
 
Neste   capítulo   apresentamos   as   resoluções   com   as   principais   definições  
comentadas   e   realocadas,   para   um   amplo   entendimento   das   normativas   em  
discussão.  O  entendimento  e  cumprimento  das  prerrogativas  previstas  legalmente  
são   fundamentais   para   a   aplicabilidade   e   efetividade   dos   programas   e   serviços  
clínicos  realizados  por  profissionais  farmacêuticos.    
A  ideia  de  expandir  para  o  farmacêutico,  maior  responsabilidade  no  manejo  
clínico   dos   pacientes,   intensificando   o   processo   de   cuidado,   tem   propiciado  
alterações  regulatórias  no  nosso  país.  
  
3.2 Resolução Nº 585 de 29 de Agosto de 2013 
 
A   resolução   n°   585   regulamenta   as   atribuições   clínicas   do   farmacêutico  
que  constituem  direitos  e  responsabilidades  desse  profissional  no  que  concerne  a  
sua  área  de  atuação.    
A   realização  dessas  atividades  encontra  embasamento   legal   na  definição  
de  atribuições  clínicas  do  farmacêutico,  o  que  constitui  prerrogativa  do  profissional  
legalmente   habilitado   e   registrado   no   Conselho   Regional   de   Farmácia   de   sua  
jurisdição.    
A   referida   Resolução   normatiza   e   define   as   atribuições   clínicas   do  
farmacêutico:  
  
Art.   2º   -­   As   atribuições   clínicas   do   farmacêutico   visam   à   promoção,   proteção   e  
recuperação  da  saúde,  além  da  prevenção  de  doenças  e  de  outros  problemas  de  
saúde.    
Parágrafo único   -­   As   atribuições   clínicas   do   farmacêutico   visam   proporcionar  
cuidado  ao  paciente,   família  e  comunidade,  de   forma  a  promover  o  uso  racional  
de   medicamentos   e   otimizar   a   farmacoterapia,   com   o   propósito   de   alcançar  
resultados  definidos  que  melhorem  a  qualidade  de  vida  do  paciente.    
 
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Art.  3º  -­  No  âmbito  de  suas  atribuições,  o  farmacêutico  presta  cuidados  à  saúde,  
em  todos  os  lugares  e  níveis  de  atenção,  em  serviços  públicos  ou  privados.    
Art.   4º   -­   O   farmacêutico   exerce   sua   atividade   com   autonomia,   baseado   em  
princípios  e  valores  bioéticos  e  profissionais,  por  meio  de  processos  de  trabalho,  
com  padrões  estabelecidos  e  modelos  de  gestão  da  prática.    
 
Art.   5º   -­   As   atribuições   clínicas   do   farmacêutico   estabelecidas   nesta   resolução  
visam  atender  às  necessidades  de  saúde  do  paciente,  da  família,  dos  cuidadores  
e   da   sociedade,   e   são   exercidas   em   conformidade   com   as   políticas   de   saúde,  
com  as  normas  sanitárias  e  da  instituição  à  qual  esteja  vinculado.    
 
Art.   6º   -­   O   farmacêutico,   no   exercício   das   atribuições   clínicas,   tem   o   dever   de  
contribuir   para   a   geração,   difusão   e   aplicação   de   novos   conhecimentos   que  
promovam  a  saúde  e  o  bem-­estar  do  paciente,  da  família  e  da  comunidade.  
 
CAPÍTULO  I    
DAS  ATRIBUIÇÕES  CLÍNICAS  DO  FARMACÊUTICO  
  
Art.  7º  -­  São  atribuições  clínicas  do  farmacêutico  relativas  ao  cuidado  à  saúde,  
nos  âmbitos  individual  e  coletivo:    
 
I  –  Estabelecer  e  conduzir  uma  relação  de  cuidado  centrada  no  paciente;;    
    
A  RDC  defini  o  cuidado  centrado  no  paciente,  como  sendo:  
“relação   humanizada   que   envolve   o   respeito   às   crenças,   expectativas,   experiências,  
atitudes  e  preocupações  do  paciente  ou  cuidadores  quanto  às  suas  condições  de  saúde  
e  ao  uso  de  medicamentos,  na  qual  farmacêutico  e  paciente  compartilham  a  tomada  de  
decisão  e  a  responsabilidade  pelos  resultados  em  saúde  alcançados”.    
  
II   -­  Desenvolver,  em  colaboração  com  os  demais  membros  da  equipe  de  saúde,  
ações   para   a   promoção,   proteção   e   recuperação   da   saúde,   e   a   prevenção   de  
doenças  e  de  outros  problemas  de  saúde;;    
III   -­   Participar   do   planejamento   e   da   avaliação   da   farmacoterapia,   para   que   o  
paciente  utilize  de  forma  segura  os  medicamentos  de  que  necessita,  nas  doses, 
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frequência,   horários,   vias   de   administração   e   duração   adequados,   contribuindo  
para   que   o   mesmo   tenha   condições   de   realizar   o   tratamento   e   alcançar   os  
objetivos  terapêuticos;;    
IV   –   Analisar   a   prescrição   de   medicamentos   quanto   aos   aspectos   legais   e  
técnicos;;    
V   –  Realizar   intervenções   farmacêuticas   e   emitir   parecer   farmacêutico   a   outros  
membros   da   equipe   de   saúde,   com   o   propósito   de   auxiliar   na   seleção,   adição,  
substituição,  ajuste  ou  interrupção  da  farmacoterapia  do  paciente;;    
  
   Temos   por   definição,   intervenções   farmacêuticas   como   sendo: “ato  
profissional  planejado,  documentado  e   realizado  pelo   farmacêutico,  com  a   finalidade  de  
otimização   da   farmacoterapia,   promoção,   proteção   e   da   recuperação   da   saúde,  
prevenção   de   doenças   e   de   outros   problemas   de   saúde.   Lista   de   medicamentos   do  
paciente:   relação   completa   e   atualizada   dos   medicamentos   em   uso   pelo   paciente,  
incluindo  os  prescritos  e  os  não  prescritos,  as  plantas  medicinais,  os  suplementos  e  os  
demais  produtos  com  finalidade  terapêutica. 
  
VI  –  Participar  e  promover  discussões  de  casos  clínicos  de  forma  integrada  com  
os  demais  membros  da  equipe  de  saúde;;    
VII   -­   Prover   a   consulta   farmacêutica   em   consultório   farmacêutico   ou   em   outro  
ambiente  adequado,  que  garanta  a  privacidade  do  atendimento;;  
  
Conforme  a  RDC  em  discussão,  consulta  farmacêutica  é  definida  como:  
“atendimento   realizado   pelo   farmacêutico   ao   paciente,   respeitando   os   princípioséticos   e  
profissionais,  com  a  finalidade  de  obter  os  melhores  resultados  com  a  farmacoterapia  e  promover  
o  uso  racional  de  medicamentos  e  de  outras  tecnologias  em  saúde”.    
  
   Da  mesma  maneira,  consultório  farmacêutico  tem  como  definição:  
“lugar   de   trabalho   do   farmacêutico   para   atendimento   de   pacientes,   familiares   e  
cuidadores,  onde  se  realiza  com  privacidade  a  consulta  farmacêutica.  Pode  funcionar  de  
modo   autônomo   ou   como   dependência   de   hospitais,   ambulatórios,   farmácias  
comunitárias,   unidades   multiprofissionais   de   atenção   à   saúde,   instituições   de   longa  
permanência  e  demais  serviços  de  saúde,  no  âmbito  público  e  privado”.    
  
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VIII  -­  Fazer  a  anamnese  farmacêutica,  bem  como  verificar  sinais  e  sintomas,  com  
o  propósito  de  prover  cuidado  ao  paciente;;    
   Segundo  a  referida  RDC,  anmnese  farmacêutica  está  definida  como:    
“procedimento  de  coleta  de  dados  sobre  o  paciente,   realizada  pelo   farmacêutico  
por   meio   de   entrevista,   com   a   finalidade   de   conhecer   sua   história   de   saúde,  
elaborar  o  perfil   farmacoterapêutico  e  identificar  suas  necessidades  relacionadas  
à  saúde”.      
  
IX  -­  Acessar  e  conhecer  as  informações  constantes  no  prontuário  do  paciente;;    
X  -­  Organizar,  interpretar  e,  se  necessário,  resumir  os  dados  do  paciente,  a  fim  de  
proceder  à  avaliação  farmacêutica;;    
XI   -­   Solicitar   exames   laboratoriais,   no   âmbito   de   sua   competência   profissional,  
com  a  finalidade  de  monitorar  os  resultados  da  farmacoterapia;;    
  
   Conforme   as   definições   apresentadas   pela  RDC,   farmacoterapia   tem   por  
definição:  “tratamento  de  doenças  e  de  outras  condições  de  saúde,  por  meio  do  
uso  de  medicamentos”.  
  
XII   -­   Avaliar   resultados   de   exames   clínico-­laboratoriais   do   paciente,   como  
instrumento  para  individualização  da  farmacoterapia;;    
XIII   -­   Monitorar   níveis   terapêuticos   de   medicamentos,   por   meio   de   dados   de  
farmacocinética  clínica;;    
XIV  -­  Determinar  parâmetros  bioquímicos  e  fisiológicos  do  paciente,  para  fins  de  
acompanhamento  da  farmacoterapia  e  rastreamento  em  saúde;;    
XV   -­   Prevenir,   identificar,   avaliar   e   intervir   nos   incidentes   relacionados   aos  
medicamentos  e  a  outros  problemas  relacionados  à  farmacoterapia;;    
  
Segundo   a   resolução,   temos   incidentes   por   definição:   “evento   ou  
circunstância  que  poderia   ter   resultado,  ou   resultou,  em  dano  desnecessário  ao  
paciente”.  
  
XVI   -­   Identificar,  avaliar  e   intervir  nas   interações  medicamentosas   indesejadas  e  
clinicamente  significantes;;    
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XVII  -­  Elaborar  o  plano  de  cuidado  farmacêutico  do  paciente;;  
  
Segundo   a   RDC,   Plano   de   cuidado   é   definido   como:   “planejamento  
documentado  para  a  gestão  clínica  das  doenças,  de  outros  problemas  de  saúde  e  
da  terapia  do  paciente,  delineado  para  atingir  os  objetivos  do  tratamento.  Inclui  as  
responsabilidades   e   atividades   pactuadas   entre   o   paciente   e   o   farmacêutico,   a  
definição   das   metas   terapêuticas,   as   intervenções   farmacêuticas,   as   ações   a  
serem   realizadas   pelo   paciente   e   o   agendamento   para   retorno   e  
acompanhamento”.    
  
XVIII   -­   Pactuar   com   o   paciente   e,   se   necessário,   com   outros   profissionais   da  
saúde,  as  ações  de  seu  plano  de  cuidado;;    
XIX  -­  Realizar  e  registrar  as  intervenções  farmacêuticas  junto  ao  paciente,  família,  
cuidadores  e  sociedade;;    
XX   -­   Avaliar,   periodicamente,   os   resultados   das   intervenções   farmacêuticas  
realizadas,  construindo  indicadores  de  qualidade  dos  serviços  clínicos  prestados;;    
XXI   -­   Realizar,   no   âmbito   de   sua   competência   profissional,   administração   de  
medicamentos  ao  paciente;;    
XXII   -­   Orientar   e   auxiliar   pacientes,   cuidadores   e   equipe   de   saúde   quanto   à  
administração  de  formas  farmacêuticas,  fazendo  o  registro  destas  ações,  quando  
couber;;  
  XXIII  -­  Fazer  a  evolução  farmacêutica  e  registrar  no  prontuário  do  paciente;;    
  
   Segundo  a  RDC  referida,  evolução  farmacêutica  tem  por  definição:  
“registros  efetuados  pelo  farmacêutico  no  prontuário  do  paciente,  com  a  finalidade  
de  documentar  o  cuidado  em  saúde  prestado,  propiciando  a  comunicação  entre  
os  diversos  membros  da  equipe  de  saúde”.  
  
XXIV  -­  Elaborar  uma  lista  atualizada  e  conciliada  de  medicamentos  em  uso  pelo  
paciente  durante  os  processos  de  admissão,  transferência  e  alta  entre  os  serviços  
e  níveis  de  atenção  à  saúde;;    
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XXV   -­  Dar   suporte   ao  paciente,   aos   cuidadores,   à   família   e   à   comunidade   com  
vistas   ao   processo   de   autocuidado,   incluindo   o  manejo   de   problemas  de   saúde  
autolimitados;;    
  
A  RDC  defini  problema  de  saúde  autolimitado  como:   “enfermidade  aguda  
de  baixa  gravidade,  de  breve  período  de   latência,  que  desencadeia  uma  reação  
orgânica  a  qual  tende  a  cursar  sem  dano  para  o  paciente  e  que  pode  ser  tratada  
de   forma   eficaz   e   segura   com  medicamentos   e   outros   produtos   com   finalidade  
terapêutica,   cuja   dispensação   não   exija   prescrição   médica,   incluindo  
medicamentos   industrializados   e   preparações   magistrais   -­   alopáticos   ou  
dinamizados   -­,   plantas   medicinais,   drogas   vegetais   ou   com   medidas   não  
farmacológicas”.   
  
XXVI  -­  Prescrever,  conforme  legislação  específica,  no  âmbito  de  sua  competência  
profissional;;    
    
A  prescrição  de  medicamentos  por  profissional   farmacêutico  está  prevista  
na   Resolução   586,   apresentada   mais   adiante.   De   acordo   com   a   RDC   585,  
prescrição  farmacêutica  tem  por  definição:  “Prescrição  farmacêutica:  ato  pelo  qual  
o   farmacêutico   seleciona   e   documenta   terapias   farmacológicas   e   não  
farmacológicas,  e  outras   intervenções  relativas  ao  cuidado  à  saúde  do  paciente,  
visando   à   promoção,   proteção   e   recuperação   da   saúde,   e   à   prevenção   de  
doenças  e  de  outros  problemas  de  saúde”.   
  
  
XXVII   -­  Avaliar  e  acompanhar  a  adesão  dos  pacientes  ao   tratamento,  e   realizar  
ações  para  a  sua  promoção;;    
XXVIII   -­   Realizar   ações   de   rastreamento   em   saúde,   baseadas   em   evidências  
técnicocientíficas  e  em  consonância  com  as  políticas  de  saúde  vigentes.    
São  atribuições  do   farmacêutico   relacionadas  à  comunicação  e  educação  
em  saúde,  apresentadas  na  tabela  1,  conforme  8°  artigo  da  resolução.  
 
 
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Tabela 3  -­  Atribuições  do  farmacêutico  relacionadas  à  comunicação  e  educação  
em  saúde  
I  -­  Estabelecer  processo  adequado  de  comunicação  com  pacientes,  cuidadores,  
família,   equipe   de   saúde   e   sociedade,   incluindo   a   utilização   dos   meios   de  
comunicação  de  massa  
II  -­  Fornecer  informação  sobre  medicamentos  à  equipe  de  saúde  
III   -­   Informar,   orientar   e   educar   os   pacientes,   a   família,   os   cuidadores   e   a  
sociedade  sobre  temas  relacionados  à  saúde,  ao  uso  racional  de  medicamentose  a  outras  tecnologias  em  saúde  
IV  -­  Desenvolver  e  participar  de  programas  educativos  para  grupos  de  pacientes;;    
V   -­   Elaborar   materiais   educativos   destinados   à   promoção,   proteção   e  
recuperação   da   saúde   e   prevenção   de   doenças   e   de   outros   problemas  
relacionados  
VI   -­   Atuar   no   processo   de   formação   e   desenvolvimento   profissional   de  
farmacêuticos  
VII   -­   Desenvolver   e   participar   de   programas   de   treinamento   e   educação  
continuada  de  recursos  humanos  na  área  da  saúde  
  
  
Art.   9º   -­   São   atribuições   do   farmacêutico   relacionadas   à   gestão   da   prática,  
produção  e  aplicação  do  conhecimento:    
  
I  -­  Participar  da  coordenação,  supervisão,  auditoria,  acreditação  e  certificação  de  
ações  e  serviços  no  âmbito  das  atividades  clínicas  do  farmacêutico;;    
II   -­   Realizar   a   gestão   de   processos   e   projetos,   por   meio   de   ferramentas   e  
indicadores  de  qualidade  dos  serviços  clínicos  prestados;;    
III  -­  Buscar,  selecionar,  organizar,  interpretar  e  divulgar  informações  que  orientem  
a  tomada  de  decisões  baseadas  em  evidência,  no  processo  de  cuidado  à  saúde;;    
IV   -­   Interpretar   e   integrar   dados   obtidos   de   diferentes   fontes   de   informação   no  
processo  de  avaliação  de  tecnologias  de  saúde;;    
V  -­  Participar  da  elaboração,  aplicação  e  atualização  de  formulários  terapêuticos  e  
protocolos   clínicos   para   a   utilização   de  medicamentos   e   outras   tecnologias   em  
saúde;;    
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VI  -­  Participar  da  elaboração  de  protocolos  de  serviços  e  demais  normativas  que  
envolvam  as  atividades  clínicas;;    
VII  -­  Desenvolver  ações  para  prevenção,  identificação  e  notificação  de  incidentes  
e   queixas   técnicas   relacionados   aos   medicamentos   e   a   outras   tecnologias   em  
saúde;;    
  
Segundo   a   Resolução,   queixa   técnica   é   definida   como:   “notificação   feita  
pelo  profissional  de  saúde  quando  observado  um  afastamento  dos  parâmetros  de  
qualidade  exigidos  para  a  comercialização  ou  aprovação  no  processo  de  registro  
de  um  produto  farmacêutico”.    
  
VIII  -­  Participar  de  comissões  e  comitês  no  âmbito  das  instituições  e  serviços  de  
saúde,   voltados   para   a   promoção   do   uso   racional   de   medicamentos   e   da  
segurança  do  paciente;;    
IX   -­   Participar   do   planejamento,   coordenação   e   execução   de   estudos  
epidemiológicos  e  demais   investigações  de  caráter   técnico-­científico  na  área  da  
saúde;;    
X  -­  Integrar  comitês  de  ética  em  pesquisa;;    
XI  -­  Documentar  todo  o  processo  de  trabalho  do  farmacêutico.  
  
3.3 Resolução Nº 586 de 29 de agosto de 2013 
  
   A  publicação  da  Resolução  n°  586  em  setembro  de  2013,  pelo  Conselho  
Federal   de   Farmácia   (CFF)   se   tornou   um   momento   histórico   para   a   profissão  
farmacêutica,   regulamentando   a   prescrição   de   medicamentos   por   profissionais  
habilitados.  
    
   Art.   2º   -­   O   ato   da   prescrição   farmacêutica   constitui   prerrogativa   do  
farmacêutico   legalmente   habilitado   e   registrado   no   Conselho   Regional   de  
Farmácia  de  sua  jurisdição.  
  
   O  CFF   regulamentou   a   prescrição   farmacêutica   no  mesmo  momento   em  
que   também   publicou   a   Resolução   n°   585/13,   anteriormente   discutida,  
entendendo  que  o  profissional  contemporâneo  atua  no  cuidado  direto  ao  paciente.  
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   De  acordo  com  a  RDC,   foi  estabelecida,  entre  outras,  a  autorização  para  
que  distintos  profissionais  possam  selecionar,  iniciar,  adicionar,  substituir,  ajustar,  
repetir  ou  interromper  a  terapia  farmacológica,  diante  da  necessidade  de  ampliar  
a   cobertura   dos   serviços   de   saúde   e   incrementar   a   capacidade   de   resolução  
desses   serviços.   O   novo   modelo   de   prescrição   surge   como   uma   prática  
multiprofissional.  
Segundo   a   resolução,   a   literatura   internacional   demonstra   benefícios   da  
prescrição   por   farmacêuticos   segundo   diferentes   modelos,   realizada   tanto   de  
forma   independente   ou   em   colaboração   com   outros   profissionais   da   equipe   de  
saúde.  
 A  norma   brasileira   prevê   duas   possibilidades   de   prescrição   farmacêutica:  
de  medicamentos  isentos  de  prescrição  (MIPs)  e  de  medicamentos  de  venda  sob  
prescrição  médica   (tarjados)   e   estabelece   requisitos   específicos  para   cada  uma  
dessas  possibilidades.    
  
  
  
  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 4 -  A  indicação  das  tarjas.  
  
Fonte:  Anvisa  
  
   A  RDC  n°  586  regula  a  prescrição   farmacêutica  e  dá  outras  providências.  
Esta   resolução   inova  ao  considerar  a  prescrição  como  uma  atribuição  clínica  do  
farmacêutico,   onde   defini   sua   natureza,   especifica   e   amplia   o   seu   escopo   para  
além   do   produto   e   descreve   seu   processo   na   perspectiva   das   boas   práticas,  
estabelecendo   seus   limites   e   a   necessidade   de   documentar   e   avaliar   as  
atividades  de  prescrição.    
Art.   3º   -­   Para   os   propósitos   desta   resolução,   define-­se   a   prescrição  
farmacêutica  como  ato  pelo  qual  o  farmacêutico  seleciona  e  documenta  terapias  
farmacológicas  e  não  farmacológicas,  e  outras   intervenções  relativas  ao  cuidado  
à  saúde  do  paciente,  visando  à  promoção,  proteção  e  recuperação  da  saúde,  e  à  
prevenção  de  doenças  e  de  outros  problemas  de  saúde.  
     Parágrafo   único   -­   A   prescrição   farmacêutica   de   que   trata   o   caput   deste  
artigo  constitui  uma  atribuição  clínica  do  farmacêutico  e  deverá  ser  realizada  com  
base   nas   necessidades   de   saúde   do   paciente,   nas   melhores   evidências  
científicas,   em   princípios   éticos   e   em   conformidade   com   as   políticas   de   saúde  
vigentes.    
Art.   4º   -­   O   ato   da   prescrição   farmacêutica   poderá   ocorrer   em   diferentes  
estabelecimentos   farmacêuticos,   consultórios,   serviços   e   níveis   de   atenção   à  
35 
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saúde,  desde  que  respeitado  o  princípio  da  confidencialidade  e  a  privacidade  do  
paciente  no  atendimento. 
 
Figura 5 –  Modelo  de  consultório  Farmacêutico  –  Rede  de  Farmácia  americana  -­  
Walgreens  
 
Fonte:  Imagem  disponível  em  http://harmonconst.com.  
  
Art.   5º   -­  O   farmacêutico   poderá   realizar   a   prescrição  de  medicamentos   e  
outros  produtos  com  finalidade  terapêutica,  cuja  dispensação  não  exija  prescrição  
médica,   incluindo   medicamentos   industrializados   e   preparações   magistrais   -­  
alopáticos   ou   dinamizados   -­   plantas   medicinais,   drogas   vegetais   e   outras  
categorias  ou  relações  de  medicamentos  que  venham  a  ser  aprovadas  pelo  órgão  
sanitário  federal  para  prescrição  do  farmacêutico.    
-­   O   exercício   do   ato   da   prescrição   deverá   estar   fundamentado   em  
conhecimentos  e  habilidades  clínicas,  mencionados  na  tabela  4,  conforme  o  §  1º  
do  5  artigo.        
  
  
  
  
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Tabela 4  -­  Conhecimentos  e  habilidades  clínicas  que  abranjam  
Boas  práticas  de  prescrição  
Fisiopatologia  
Semiologia  
Comunicaçãointerpessoal  
Farmacologia  clínica  e  terapêutica  
  
§   2º   -­   O   ato   da   prescrição   de  medicamentos   dinamizados   e   de   terapias  
relacionadas   às   práticas   integrativas   e   complementares   deverá   estar  
fundamentado  em  conhecimentos  e  habilidades  relacionados  a  estas  práticas.    
 
Art.  6º  -­  O  farmacêutico  poderá  prescrever  medicamentos  cuja  dispensação  
exija   prescrição   médica,   desde   que   condicionado   à   existência   de   diagnóstico  
prévio  e  apenas  quando  estiver  previsto  em  programas,  protocolos,  diretrizes  ou  
normas   técnicas,   aprovados   para   uso   no   âmbito   de   instituições   de   saúde   ou  
quando   da   formalização   de   acordos   de   colaboração   com  outros   prescritores   ou  
instituições  de  saúde.  
  
§  1º  -­  Para  o  exercício  deste  ato  será  exigido,  pelo  Conselho  Regional  de  
Farmácia   de   sua   jurisdição,   o   reconhecimento   de   título   de   especialista   ou   de  
especialista   profissional   farmacêutico   na   área   clínica,   com   comprovação   de  
formação   que   inclua   conhecimentos   e   habilidades   em   boas   práticas   de  
prescrição,   fisiopatologia,   semiologia,   comunicação   interpessoal,   farmacologia  
clínica  e  terapêutica.      
  
§  2º  -­  Para  a  prescrição  de  medicamentos  dinamizados  será  exigido,  pelo  
Conselho  Regional  de  Farmácia  de  sua  jurisdição,  o  reconhecimento  de  título  de  
especialista  em  Homeopatia  ou  Antroposofia.    
  
§  3º   -­  É  vedado  ao   farmacêutico  modificar  a  prescrição  de  medicamentos  
do   paciente,   emitida   por   outro   prescritor,   salvo   quando   previsto   em   acordo   de  
colaboração,  sendo  que,  neste  caso,  a  modificação,  acompanhada  da  justificativa  
correspondente,  deverá  ser  comunicada  ao  outro  prescritor. 
 
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O   processo   de   prescrição   farmacêutica   é   constituído   das   etapas  
apresentadas  na  tabela  2,  conforme  o  7°  artigo  da  resolução.    
  
Tabela 5  –  Etapas  para  prescrição  farmacêutica  
I  -­  identificação  das  necessidades  do  paciente  relacionadas  à  saúde  
II  -­  definição  do  objetivo  terapêutico  
III  -­  seleção  da  terapia  ou  intervenções  relativas  ao  cuidado  à  saúde,  com  base  
em  sua  segurança,  eficácia,  custo  e  conveniência,  dentro  do  plano  de  cuidado  
IV  -­  redação  da  prescrição  
V  -­  orientação  ao  paciente  
VI  -­  avaliação  dos  resultados  
VII  -­  documentação  do  processo  de  prescrição  
 
 
No   ato   da   prescrição,   o   farmacêutico   deverá   adotar   medidas   que  
contribuam   para   a   promoção   da   segurança   do   paciente,   entre   as   quais   se  
destacam-­se   as   medidas   apresentadas   na   tabela   3,   conforme   o   8°   artigo   da  
resolução.  
  
Tabela 6  –  Medidas  que  contribuem  para  a  promoção  da  segurança  do  paciente  
I  -­  basear  suas  ações  nas  melhores  evidências  científicas  
II  -­  tomar  decisões  de  forma  compartilhada  e  centrada  no  paciente  
III   -­   considerar   a   existência   de   outras   condições   clínicas,   o   uso   de   outros  
medicamentos,   os   hábitos   de   vida   e   o   contexto   de   cuidado   no   entorno   do  
paciente  
IV  -­  estar  atento  aos  aspectos  legais  e  éticos  relativos  aos  documentos  que  serão  
entregues  ao  paciente  
V   -­   comunicar   adequadamente   ao   paciente,   seu   responsável   ou   cuidador,   as  
suas  decisões  e  recomendações,  de  modo  que  estes  as  compreendam  de  forma  
completa  
VI  -­  adotar  medidas  para  que  os  resultados  em  saúde  do  paciente,  decorrentes  
da  prescrição  farmacêutica,  sejam  acompanhados  e  avaliados  
 
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A  prescrição   farmacêutica  deverá  ser   redigida  em  vernáculo,  por  extenso,  
de  modo   legível,   observados   a   nomenclatura   e   o   sistema   de   pesos   e  medidas  
oficiais,   sem   emendas   ou   rasuras,   devendo   conter   os   seguintes   componentes  
mínimos,  apresentados  na  tabela  4,  conforme  o  9°  artigo  da  resolução.  
  
Tabela 7  –  Componentes  mínimos  para  a  prescrição  farmacêutica  
I   -­   Identificação   do   estabelecimento   farmacêutico,   consultório   ou   do   serviço   de  
saúde  ao  qual  o  farmacêutico  está  vinculado  
II  -­  nome  completo  e  contato  do  paciente  
III   -­   descrição   da   terapia   farmacológica,   quando  houver,   incluindo   as   seguintes  
informações:    
a)   nome   do   medicamento   ou   formulação,   concentração/dinamização,   forma  
farmacêutica  e  via  de  administração;;  
b)  dose,  frequência  de  administração  do  medicamento  e  duração  do  tratamento;;  
c)  instruções  adicionais,  quando  necessário.  
IV   -­  descrição  da   terapia  não   farmacológica  ou  de  outra   intervenção  relativa  ao  
cuidado  do  paciente,  quando  houver  
  V   -­   nome   completo   do   farmacêutico,   assinatura   e   número   de   registro   no  
Conselho  Regional  de  Farmácia  
VI  -­  local  e  data  da  prescrição  
  
  
Com  o  objetivo  de  padronizar  ações  entre  os   farmacêuticos  com  atuação  
clínica,   o   Conselho   Federal   de   Farmácia   disponibiliza   em   seu   sítio  modelos   de  
receituários  que  podem  ser  acessados  livremente.  Podemos  observar  um  modelo  
de  prescrição  na  Figura  3,  disponibilizado  pelo  CFF.  
  
  
  
  
  
  
 
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Figura 6 –  Modelo  de  Receita  (CFF).  
  
Fonte:  Conselho  Federal  de  Farmácia  .Disponível  em  www.cff.org.br,  acesso  em  15/05/2016.  
  
Art.   10-­  A  prescrição  de  medicamentos,   no   âmbito   do  Sistema  Único  de  Saúde  
(SUS),   estará   necessariamente   em   conformidade   com   a   Denominação   Comum  
Brasileira   (DCB)   ou,   em   sua   falta,   com   a   Denominação   Comum   Internacional  
(DCI).    
 
Art.   11-­   A   prescrição   de   medicamentos,   no   âmbito   privado,   estará  
preferentemente  em  conformidade  com  a  DCB  ou,  em  sua  falta,  com  a  DCI.    
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Art.   12-­   É   vedado   ao   farmacêutico   prescrever   sem   a   sua   identificação   ou   a   do  
paciente,   de   forma   secreta,   codificada,   abreviada,   ilegível   ou   assinar   folhas   de  
receituários  em  branco.      
 
Art.  13  -­  Será  garantido  o  sigilo  dos  dados  e  informações  do  paciente,  obtidos  em  
decorrência   da   prescrição   farmacêutica,   sendo   vedada   a   sua   utilização   para  
qualquer   finalidade   que   não   seja   de   interesse   sanitário   ou   de   fiscalização   do  
exercício  profissional.    
 
Art.   14   -­   No   ato   da   prescrição,   o   farmacêutico   deverá   orientar   suas   ações   de  
maneira   ética,   sempre   observando   o   benefício   e   o   interesse   do   paciente,  
mantendo  autonomia  profissional  e  científica  em  relação  às  empresas,  instituições  
e   pessoas   físicas   que   tenham   interesse   comercial   ou   possam   obter   vantagens  
com  a  prescrição  farmacêutica.    
 
Art.  15  -­  É  vedado  o  uso  da  prescrição  farmacêutica  como  meio  de  propaganda  e  
publicidade  de  qualquer  natureza.    
  
Art.   16   -­  O   farmacêutico  manterá   registro   de   todo   o   processo   de   prescrição   na  
forma  da  lei.    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 7 –  Modelo  de  Prontuário  do  Paciente  (CFF).  
  
Fonte:  Conselho  Federal  de  Farmácia.  Disponível  em  www.cff.org.br,acesso  em  15/05/2016.  
  
  
  
 
 
 
 
 
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Figura 8 –  Modelo  de  Encaminhamento  do  Paciente  (CFF).  
 
Fonte  –  Modelo  de  Encaminhamento  (CFF).  Disponível  em  www.cff.org.br,  acesso  em  
16/05/2016.  
 
 
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3.4 Resolução Nº 44 de 17 de agosto de 2009 
  
   Segundo  a  RDC  n°  44/09,  Boas  Práticas  Farmacêuticas  é  entendida  como:  
“O   conjunto   de   técnicas   e   medidas   que   visam   assegurar   a   manutenção   da  
qualidade  e  segurança  dos  produtos  disponibilizados  e  dos  serviços  prestados  em  
farmácias   e   drogarias,   com   o   fim   de   contribuir   para   o   uso   racional   desses  
produtos  e  a  melhoria  da  qualidade  de  vida  dos  usuários”.  
  
Dessa  referida  resolução,  trataremos  do  VI  capítulo,  que  trata  dos  serviços  
farmacêuticos.  
  
CAPÍTULO  VI    
DOS  SERVIÇOS  FARMACÊUTICOS  
  
Art.  61   -­  Além  da  dispensação,  poderá  ser  permitida  às   farmácias  e  drogarias  a  
prestação   de   serviços   farmacêuticos   conforme   requisitos   e   condições  
estabelecidos  nesta  Resolução.  
  §1º  -­  São  considerados  serviços  farmacêuticos  passíveis  de  serem  prestados  em  
farmácias  ou  drogarias  a  atenção  farmacêutica  e  a  perfuração  de  lóbulo  auricular  
para  colocação  de  brincos.    
§2º   -­   A   prestação   de   serviço   de   atenção   farmacêutica   compreende   a   atenção  
farmacêutica   domiciliar,   a   aferição   de   parâmetros   fisiológicos   e   bioquímico   e   a  
administração  de  medicamentos.  
 
 
 
 
 
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Seção  I  
Da  Atenção  Farmacêutica  
  
Art.  63  -­  A  atenção  farmacêutica  deve  ter  como  objetivos  a  prevenção,  detecção  e  
resolução  de  problemas   relacionados  a  medicamentos,  promover  o  uso   racional  
dos  medicamentos,  a  fim  de  melhorar  a  saúde  e  qualidade  de  vida  dos  usuários.    
§1º   -­   Para   subsidiar   informações   quanto   ao   estado   de   saúde   do   usuário   e  
situações   de   risco,   assim   como   permitir   o   acompanhamento   ou   a   avaliação   da  
eficácia   do   tratamento   prescrito   por   profissional   habilitado,   fica   permitida   a  
aferição   de   determinados   parâmetros   fisiológicos   e   bioquímico   do   usuário,   nos  
termos  e  condições  desta  Resolução.  
§2º   -­   Também   fica   permitida   a   administração   de   medicamentos,   nos   termos   e  
condições  desta  Resolução.    
 
Art.  64  -­  Devem  ser  elaborados  protocolos  para  as  atividades  relacionadas  à  
atenção  farmacêutica,  incluídas  referências  bibliográficas  e  indicadores  para  
avaliação  dos  resultados.    
§1º  -­  As  atividades  devem  ser  documentadas  de  forma  sistemática  e  contínua,  
com  o  consentimento  expresso  do  usuário.    
§2º  -­  Os  registros  devem  conter,  no  mínimo,  informações  referentes  ao  usuário  
(nome,  endereço  e  telefone),  às  orientações  e  intervenções  farmacêuticas  
realizadas  e  aos  resultados  delas  decorrentes,  bem  como  informações  do  
profissional  responsável  pela  execução  do  serviço  (nome  e  número  de  inscrição  
no  Conselho  Regional  de  Farmácia).    
 
Art.  65  -­  As  ações  relacionadas  à  atenção  farmacêutica  devem  ser  registradas  de  
modo  a  permitir  a  avaliação  de  seus  resultados.    
Parágrafo   único   -­   Procedimento   Operacional   Padrão   deverá   dispor   sobre   a  
metodologia  de  avaliação  dos  resultados.  
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Art.   66   -­  O   farmacêutico  deve  orientar  o  usuário  a  buscar  assistência  de  outros  
profissionais   de   saú-­   e,   quando   julgar   necessário,   considerando  as   informações  
ou  resultados  decorrentes  das  ações  de  atenção  farmacêutica.    
 
Art.   67   -­   O   farmacêutico   deve   contribuir   para   a   farmacovigilância,   notificando   a  
ocorrência   ou   suspeita   de   evento   adverso   ou   queixa   técnica   às   autoridades  
sanitárias.    
 
Subseção  I    
Da  Atenção  Farmacêutica  Domiciliar  
  
Art.   68   -­   A   atenção   farmacêutica   domiciliar   consiste   no   serviço   de   atenção  
farmacêutica   disponibilizado   pelo   estabelecimento   farmacêutico   no   domicílio   do  
usuário,  nos  termos  desta  Resolução.  
  Parágrafo  único  -­  A  prestação  de  atenção  farmacêutica  domiciliar  por  farmácias  e  
drogarias   somente   é   permitida   a   estabelecimentos   devidamente   licenciados   e  
autorizados  pelos  órgãos  sanitários  competentes.    
 
Subseção  II  
Da  Aferição  Dos  Parâmetros  Fisiológicos  e  Bioquímico  Permitidos  
 
Art.   69   -­   A   aferição   de   parâmetros   fisiológicos   ou   bioquímico   oferecida   na  
farmácia  e  drogaria  deve   ter   como   finalidade   fornecer   subsídios  para  a  atenção  
farmacêutica  e   o  monitoramento  da   terapia  medicamentosa,   visando  à  melhoria  
da   sua   qualidade   de   vida,   não   possuindo,   em  nenhuma  hipótese,   o   objetivo   de  
diagnóstico.  
§1º   -­   Os   parâmetros   fisiológicos   cuja   aferição   é   permitida   nos   termos   desta  
Resolução  são  pressão  arterial  e  temperatura  corporal.    
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§2º   -­   O   parâmetro   bioquímico   cuja   aferição   é   permitida   nos   termos   desta  
Resolução  é  a  glicemia  capilar.    
§3º   -­   Verificada   discrepância   entre   os   valores   encontrados   e   os   valores   de  
referência  constantes  em  literatura  técnico-­científica  idônea,  o  usuário  deverá  ser  
orientado  a  procurar  assistência  médica.    
§4º   -­   Ainda   que   seja   verificada   discrepância   entre   os   valores   encontrados   e   os  
valores  de  referência,  não  poderão  ser   indicados  medicamentos  ou  alterados  os  
medicamentos  em  uso  pelo  paciente  quando  estes  possuam  restrição  de  “venda  
sob  prescrição  médica”.    
 
Art.   70   -­   As   medições   do   parâmetro   bioquímico   de   glicemia   capilar   devem   ser  
realizadas  por  meio  de  equipamentos  de  autoteste.    
Parágrafo   único   -­   A   aferição   de   glicemia   capilar   em   farmácias   e   drogarias  
realizadas   por   meio   de   equipamentos   de   autoteste   no   contexto   da   atenção  
farmacêutica  não  é  considerada  um  Teste  Laboratorial  Remoto  -­  TLR,  nos  termos  
da  legislação  específica.    
 
Art.   71   -­   Para   a   medição   de   parâmetros   fisiológicos   e   bioquímico   permitidos  
deverão   ser   utilizados  materiais,   aparelhos   e   acessórios   que   possuam   registro,  
notificação,   cadastro   ou   que   sejam   legalmente   dispensados   de   tais   requisitos  
junto  a  Anvisa.    
Parágrafo  único  -­  Devem  ser  mantidos  registros  das  manutenções  e  calibrações  
periódicas   dos   aparelhos,   segundo   regulamentação   específica   do   órgão  
competente  e  instruções  do  fabricante  do  equipamento.    
 
Art.   72   -­   Os   Procedimentos   Operacionais   Padrão   (POP’s)   relacionados   aos  
procedimentos  de  aferição  de  parâmetros  fisiológicos  e  bioquímico  devem  indicar  
claramente   os   equipamentos   e   as   técnicas   ou   metodologias   utilizadas,  
parâmetros   de   interpretação   de   resultados   e   as   referências   bibliográficas  
utilizadas.    
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Parágrafo   único   -­   O   Procedimento   Operacional   Padrão   (POP)   deve   incluir   os  
equipamentos  de  prote-­  ção  individual  (EPI’s)  a  serem  utilizados  para  a  medição  
de  parâmetros  fisiológicos  e  bioquímico,  assim  como  trazer  orientações

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