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DIREITO CIVIL III AULA 4: GARANTIAS AULA 4: GARANTIAS Direito Civil III Introdução à Garantias VÍCIOS REDIBITÓRIOS 1 PRÓXIMOS PASSOS EVICÇÃO 2 Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III “Vícios redibitórios são defeitos ocultos [recônditos ou não aparentes] existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, não comuns às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter abatimento no preço” (GONÇALVES, 2013, p. 106). É teoria que tem por fundamento: A quebra da sinalagma; O princípio de garantia da utilidade natural da coisa adquirida; O princípio do equilíbrio contratual (equivalência material). AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Requisitos: O defeito deve prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir sensivelmente o valor; O defeito deve ser grave (efetiva inutilidade do objeto); O defeito deve ser oculto ou desconhecido do adquirente; O defeito deve existir no momento da formação do contrato e perdurar até o momento da reclamação (art. 444, CC); O contrato deve ser comutativo; doação onerosa ou doação remuneratória; O contrato deve se referir a obrigação de dar coisa certa. A teoria dos vícios redibitórios não se aplica aos contratos aleatórios. A prova da existência do vício e de sua anterioridade à tradição compete ao adquirente. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Ações edilícias 1. Ação redibitória – art. 443, CC – destina-se a rejeitar o bem e restitui-lo ao alienante, e pode ser cumulada com perdas e danos; 2. Ação quanti minoris ou estimatória – destina-se a requerer o abatimento proporcional do preço, levando-se em conta a extensão do defeito. A escolha da ação a ser proposta cabe ao adquirente, salvo no caso de perecimento do bem, em virtude do defeito oculto, pois, nesta hipótese, obrigatoriamente, deve-se propor a redibitória. Escolhida a ação, ela é irrevogável. Não cabe ação edilícia: No caso de coisa vendida conjuntamente (art. 503, CC); Em caso de inadimplemento contratual (art. 389, CC); Na hipótese de erro quanto às qualidades essenciais do objeto. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Prazos para reclamar sobre os vícios: arts. 445 e 446, CC (são prazos decadenciais): a) 30 dias contados da tradição, se a coisa for bem móvel; b) 1 ano da tradição, se a coisa for bem imóvel; c) Se a coisa já estava em poder do adquirente esses prazos serão reduzidos à metade e contados a partir da alienação; d) Se a coisa for bem semovente os prazos serão os previstos em leis especiais e, não havendo, serão os dos usos locais; e) No entanto, se pela natureza do vício ele só foi conhecido mais tarde, o prazo para as ações deve ser contado a partir do momento do seu conhecimento pelo adquirente até no máximo 180 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis. Enunciado n. 174, III Jornada de Direito Civil: em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter a redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Os prazos para exercício das garantias por vícios redibitórios não correm durante a vigência das cláusulas de garantia contratual (art. 446, CC). As partes podem ajustar cláusula excludente de garantia pelos vícios redibitórios ou cláusula aumentativa da garantia (art. 446, CC). O alienante, no entanto, não poderá invocar a excludente da cláusula de garantia se tinha conhecimento do vício e nada comunicou ao adquirente (dolo por omissão, art. 147, CC). AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Evicção vem do latim, evictione, que significa o ato ou efeito de vencer; e de envicere, ser vencido. Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato administrativo que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Trata-se de um defeito do direito transmitido (art. 447, CC). Fundamento jurídico: princípio de garantia (opera ex vi legis); boa-fé e equidade contratual. É cláusula de garantia implícita em todo contrato oneroso. Personagens: Alienante: quem transfere o bem; Evicto: adquirente vencido; Evictor: terceiro reivindicante. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Requisitos: Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa adquirida; Onerosidade da aquisição; Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa; Anterioridade do direito do evictor; Privação de direitos sobre a coisa determinada por ato judicial ou ato administrativo; Ausência de cláusula excludente de responsabilidade; Denunciação da lida ao alienante (arts. 456, CC e 125, II, CPC). Enunciado n. 29, I Jornada de Direito Civil: Art. 456: a interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício. Enunciado n. 433, V Jornada de Direito Civil: a ausência de denunciação da lide ao alienante, na evicção, não impede o exercício de pretensão reparatória por meio de via autônoma. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III A evicção pode ser: Total: abrange a integralidade do direito sobre o bem; Parcial: atinge parte do direito sobre o bem ou implica na supressão de uma situação jurídica que precedeu o negócio jurídico. Sendo a evicção total, o evicto terá direito (art. 450, CC): Restituição das quantias pagas, com juros e correção monetária; Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; Indenização das benfeitorias necessárias e úteis que não tiverem sido pagas pelo reivindicante; Indenização das despesas do contrato e prejuízos decorrentes da perda do direito; Ressarcimento das despesas judiciais e honorários advocatícios. Os direitos do evicto persistem mesmo que a coisa se deteriore (sem dolo) – art. 451, CC. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Sendo a evicção parcial: Se a perda for de parte considerável da coisa, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional do preço – art. 455, CC; Se não for parte considerável, cabe somente o direito à indenização proporcional com a respectiva retenção do bem. A garantia contra a evicção pode ser contratualmente reforçada, diminuída ou até excluída (art. 448, CC). No entanto, a cláusula de exclusão não tem eficácia plena, pois não impede o evicto de propor ação por perdas e danos. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III O adquirente não pode demandar pela evicção quando faltar algum dos seus pressupostos essenciais, como por exemplo: Se a perda não ocorrer em virtude de sentença, mas se resultar de caso fortuito, força maior, roubo, furto, provimento administrativo, mesmo que o perecimento se dê na pendência da lide; Se o adquirente sabia que a coisa era alheia, porque seria ele cúmplice da apropriação indevida; Se o adquirente sabia que a coisa era litigiosa, estando ciente de que a prestação do outro contratante dependia de acerto judicial que lhe podia ser desfavorável (art. 457, CC); Se foi informado do risco da evicção e o assumiu expressamente, liberando o alienante dasrespectivas consequências (art. 449, CC). AULA 4: GARANTIAS Leitura Complementar Direito Civil III CARVALHO, José Carlos Maldonado. Garantia legal e garantia contratual: vício oculto e decadência no CDC. Disponível em: <http://cgj.tjrj.jus.br/c/document_library/get_fi le?uuid=1296b43c-e9fd-4905-9632- a6da3616d852&groupId=10136>, acesso em 22/06/2016. BENJAMIM, Antonio Herman de Vasconcellos. Teoria da qualidade. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/16 339/Teoria_Qualidade.pdf>, acesso em 22/06/2016. AULA 4: GARANTIAS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Contrato preliminar; Extinção dos contratos.
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