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Evolução histórica do conceito
Quando afirmamos anteriormente que o conceito de soberania é uma fenômeno histórico, nosso interesse era alertar para o fato de que esse conceito é reflexo, da realidade experimentada em uma determinada era política.
No período medieval já se conhecia a expressão “soberano”, para se referir à figura do rei, mas não se conhecia o termo “soberania” e menos ainda o conceito que visava expressar.
O conceito nem sempre existiu, sendo na realidade uma criação do Estado moderno que, em oposição ao antigo sistema medieval de poder, precisava de um alicerce teórico para reafirmar a autonomia do monarca absoluto. Assim seria inútil separar a noção de soberania das condições político-jurídicas de uma determinada época histórica. 
O pensamento medieval foi incapaz de formular um conceito de soberania que simbolizasse essa ideia de supremacia de uma única fonte de poder, ou seja, a capacidade do Estado de delimitar a sua jurisdição exclusiva dentro de seu próprio território. 
A idade média pode ser interpretada como sendo uma era na qual qualquer noção de soberania sofria grandes restrições pelo fato de que a organização social se via diante de uma multiplicidade de poderes rivais que lutavam entre si, em especial a Igreja e os poderes seculares.
Santo Tomás de Aquino, a partir de uma concepção fundamentalmente aristotélica, consegue criar um deísmo, que de certa maneira tem um caráter fictício, mas que é aceito pela Igreja Católica, em razão das circunstâncias históricas que começam a se delinear.
Sem negar a essência divina, ele aparta a fé e a razão, faces de uma mesma moeda, porém, situadas em planos distinto. Esse é o quadro teórico que vai circunstanciar a disputa pela supremacia do poder político. Ao preconizarem que todo o poder vem de Deus, as teorias do Direito divino, como espécies das chamadas doutrinas teocráticas, acabavam por enfatizar a crença em um poder originário supra-humano.
Ou seja, a origem do poder político vem de deus, porém o uso do poder e a maneira de exerce-lo provêm dos homens. Isto significa dizer que a teoria do direito divino providencial ensinava que a intervenção de deus na escolha dos governantes seria de maneira indireta, através de acontecimentos humanos.
E mais: esse poder originário da santa sé se estenderia sobre toda a terra, na medida em que a tendência geral era o estabelecimento de um Estado Universal sob o controle do papa.
Influenciada por todas estas concepções, a teoria da soberania finalmente ganha corpo e validade no alvorecer da idade moderna com Jean Bodin. Pode ele ser considerado o primeiro grande teórico da soberania, ao formular sua tese acerca da soberania absoluta, com o claro propósito de legitimar o Rei da França perante seus principais rivais políticos e, com isso, reafirmar sua independência política em relação ao Império e ao Sacerdócio.
Apontar para a radicalização do caráter absoluto da soberania do exercício do poder. Dos seus ensinamentos já é possível extrair que a soberania é um elemento essencial do estado, o que auxiliou a elevá-la ao patamar de verdadeiro dogma do Direito público, elemento irrefutável dentro do ordenamento político-jurídico de um Estado.
A soberania é una, indivisível, irrevogável, perpetua, indelegável, ou seja, é um poder supremo que não pode ser desafiado por qualquer tipo de oposição.
Para consolidar o poder do monarca absoluto, foi necessária a construção de uma doutrina capaz de fortalecer a posição do monarca absolutista perante seus principais rivais. 
 A doutrina democrática da soberania alienável de Hobbes tinha por objetivo legitimar a supremacia do monarca perante seus súditos, cujos objetivos eram emancipar-se da autoridade papal e negociar com liberdade, o contratualismo surgiu inovando a Ciência política, na medida em que desenvolve uma doutrina na qual a origem do poder se concentra no direito natural dos cidadãos e não na vontade divina. A lex aeterna de deus, conhecida e usada somente pela alta hierarquia da igreja perdeu a força diante da lex naturalis, lei que é dada por Deus, mas também é extraída da própria razão humana. É o surgimento de uma forte corrente política denominada jusnaturalismo moderno.
 A soberania expressa a capacidade de impor coercitivamente a vontade nacional e de fixar as competências no âmbito da organização do Estado. Verifica-se que o poder soberano deve preocupar-se em ser legitimo e legal. Em tal sentido, a legalidade, baseada na supremacia do poder soberano, pode ou não refletir as aspirações da sociedade como um todo.
 Indistintamente, todos os cidadãos, ai incluídos os decisores políticos do Estado(governantes), ficam submetidos ao ordenamento jurídico, racional e sistematicamente concebido. Ou seja, no Estado Democrático de Direito, a fonte básica de legitimação do poder político é a lei, principalmente a Constituição que é a norma-ápice do Estado, bem como o filtro axiológico sob o qual as leis infraconstitucionais devem ser interpretadas. As normas jurídicas são impessoais e destinadas a todo o corpo social.
A legitimação governamental aspira sempre à aceitação geral dos governados. A legalidade tende a representar a ordem vigente. 
Legitimação pelo êxito, cuja tendência é deslegitimar a legalidade do poder político, ainda que a normatividade logico-racional seja observada. Assim, a formulação de políticas governamentais que resultem na melhoria da qualidade de vida do povo tende a legitimar o Poder, independentemente do respeito às normas ou à tradição(legalidade). 
A legitimidade caracteriza-se, portanto, pela aceitação de seus comandos, sem a necessidade de uso da violência para a obtenção da obediência. É uma adesão psicológica, na qual o indivíduo cumpre a norma, não por medo da sanção, mas por entender que deve fazê-lo.
De qualquer forma, em síntese, é importante ressaltar que na visão de Weber, três são as hipóteses de exercício do poder legitimo: 
O poder tradicional: típico das monarquias, que independe da legalidade formal;
O poder carismático, normalmente exercido pelos líderes autênticos, que interpretam os sentimentos e as aspirações do povo, muitas vezes contra o direito vigente;
O poder racional, que é exercido pelas autoridades investidas pela lei, havendo coincidência necessária, apenas neste caso, entre legitimidade e legalidade.

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