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PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 1 de 24 RREESSPPOOSSTTAA ÀÀ AACCUUSSAAÇÇÃÃOO 1 INTRODUÇÃO O presente assunto é um dos mais importantes nas provas da OAB, seja pela grande incidência em questões práticas ou pela vasta quantidade de assuntos que envolvem, o que também faz que ele seja bem explorado em provas discursivas. Iremos abordar primeiramente a resposta à acusação no rito comum ordinário e sumário, mencionando todas as peculiaridades desta peça de defesa. Posteriormente, iremos abordar a resposta à acusação no rito do tribunal do júri de forma isolada, tendo em vista as suas particularidades. 2 RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO RITO COMUM ORDINÁRIO E SUMÁRIO a) Diferenciação dos ritos Primeiramente, temos que saber quando ocorre o rito comum ordinário e o sumário. Nos termos do art. 394, § 1º, I, do CPP o rito comum ordinário ocorrerá quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade. Por sua vez, como bem prevê o art. 394, § 1º, II e III, do CPP, o rito comum sumário ocorrerá quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e superior a 2 (dois) anos de pena privativa de liberdade. b) Momento em que ocorre a resposta à acusação A resposta à acusação é o procedimento a ser adotado após o recebimento da denúncia ou da queixa, no qual o acusado deve, no prazo de 10 dias, arguir, se for o caso, matéria preliminar, ou seja, toda e qualquer falha de natureza processual apresentada na peça acusatória, objetivando induzir a uma possível absolvição sumária ou motivar exceções. Além disso, na resposta à acusação o réu deverá alegar tudo o que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Ou seja, procuram-se três elementos para haver a resposta à acusação: ter havido denúncia, esta ter sido recebida e o réu ter sido citado. Vale lembrar que a resposta à acusação é uma peça obrigatória, ou seja, se ela não for feita o processo não anda, havendo nulidade por afronta ao princípio da ampla defesa e do contraditório. A antiga defesa prévia era antes um ato meramente formal, mas com as mudanças ocorridas em 2008, mais precisamente com a o advento da Lei n. 11.719 de 2008, regra geral, a resposta à acusação é a única oportunidade de apresentar TODA a tese de defesa por escrito, pois os memoriais, em regra, são realizados de forma oral, sendo exceção à apresentação desta última peça por escrito. Tamanha é a importância da resposta à acusação que caso ela não seja apresentada no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o próprio juiz nomeará um defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias, nos termos do art. 396-A, § 2º, do CPP. Caso a resposta à acusação seja feita pela defensoria pública o prazo DOBRA, pois a lei que institui a defensoria publica previu este benefício, nos termos da Lei Complementar n. 80/94, art. 44, I. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 2 de 24 O prazo de 10 dias da resposta à acusação inicia-se a partir da citação, valendo salientar que é um prazo contado de forma processual. Quanto aos TIPOS DE CITAÇÃO elas pode se dar da seguinte forma: Citação por mandado – esta é a REGRA, sendo uma citação realizada de forma pessoal. Em estando o réu preso deve ser realizado por Oficial de Justiça. Observação Existem três situações em que a citação deve ser pessoal de forma OBRIGATÓRIA: Quando o réu estiver preso. Quando se tratar de citação do Ministério Público. Quando se tratar de citação da Defensoria Pública. Caso NÃO seja observada esta formalidade haverá nulidade que será arguida em sede de preliminar na própria resposta à acusação. Citação por hora certa – a partir de 2008 passou a existir esta modalidade de citação no Código de Processo Penal. Ela ocorrerá quando o Oficial de Justiça percebe que o réu está se ocultando para evitar a citação. Neste caso, o procedimento a ser seguido é o trazido no Código de Processo Civil, mais precisamente em seus arts. 227 a 229. Este tipo de citação ocorre após a terceira tentativa de citação pessoal em que o oficial percebe que o réu está se ocultando. Após ocorrer esta tentativa ele marcará dia e hora para efetuar a citação, independentemente da realização de nova citação. Se o oficial de justiça perceber novamente que o réu está se ocultando irá dar por citado o réu. Ainda que o réu esteja se ocultando em outra comarca será considerado citado. Caso o Oficial de Justiça faça a citação por hora certa na segunda tentativa, haverá nulidade ABSOLUTA. Citação por mandado (pessoal) ou por hora certa do acusado há prazo de 10 dias para resposta à acusação. Citação por edital – ocorre quando o citando encontra-se em local incerto e não sabido. Vale observar o art. 366 do Código de Processo Penal, tendo em vista que se o réu é citado por edital e não comparecer, nem constituir advogado, ficarão SUSPENSOS o processo e o curso do prazo prescricional, ou seja, NÃO corre mais prazo nenhum. O prazo de 10 dias para a resposta à acusação do réu citado por edital somente vai voltar a correr na hora que o réu ou o advogado constituído aparecerem no cartório onde está o processo. Citação por edital suspende o processo e o prazo prescricional (art. 366 do CPP) até o comparecimento pessoal do acusado ou de seu defensor, após este comparecimento, abre-se o prazo de 10 dias para resposta à acusação. O Superior Tribunal de Justiça considera que o prazo máximo de interrupção do prazo prescricional seria o da pena máxima abstratamente cominada para o crime. A hipótese resultou na edição da súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. Sobre o art. 366 do CPP, deve-se também estar atento à súmula 455 do mesmo tribunal (STJ): PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 3 de 24 A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. A citação pode ainda ser feita por: Carta Precatória – ocorre quando o sujeito está em local certo e sabido, mas em território de outra comarca, o prazo da resposta à acusação começa a correr da data do cumprimento da precatória e não e da devolução da carta precatória. Vale lembrar que comarca deprecante é a que EXPEDE a carta precatória, já a comarca deprecada é a que RECEBE a carta precatória. Carta Rogatória – sujeito está em local certo e sabido, mas no estrangeiro. Observação No processo penal, todos os prazos contam-se da data da efetiva ciência (citação ou intimação), e não da juntada do mandado. Assim, o que interessa é a data em que o réu foi citado, data a partir da qual fluirá o prazo de 10 dias para a apresentação da resposta à acusação. Isso é, inclusive, entendimento sumulado pelo STF. Súmula 710 STF – No processo penal, contam-se os prazos da data de intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. Ressalte-se que os prazos processuais são contados excluindo-se o dia do início e incluindo-seo dia do final. Se o prazo final cair em dia não útil, prorroga-se o prazo para o primeiro dia útil subsequente. O prazo da resposta à acusação é processual, desta forma, na contagem do prazo deve-se excluir o dia de início e incluir o dia de vencimento. c) Conteúdo da resposta à acusação Como já foi dito anteriormente, a resposta à acusação é a oportunidade que o réu possui de apresentar, por escrito, TODA a sua matéria de defesa, razão pela qual, o acadêmico deve ter um bom domínio acerca de quais matérias podem ser alegadas nesta peça. Isto posto, seguem as matérias que podem ser alegadas na peça referida: 1. ARGUIÇÃO DE PRELIMINARES A fundamentação da arguição de preliminares é o art. 395 do Código de Processo Penal, usa-se ao falar de rejeição denúncia ou queixa o citado artigo com um de seus incisos. Vejam in verbis o art. 395 do Código de Processo Penal: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Deve-se fazer o levantamento de todas as falhas técnicas, de natureza processual, que possam existir na peça de acusação, como a ausência de justa causa, a inépcia da peça PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 4 de 24 acusatória, falta de interesse processual da ação, crime prescrito, fato atípico ou qualquer outro fator que possa motivar exceções ou gerar absolvição sumária, nos termos do art. 397 do Código de Processo Penal. Vale lembrar o conteúdo deste artigo a ser usado no pedido de absolvição sumária: Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente. Na arguição de preliminares, não se deve entrar no mérito propriamente dito da defesa, mas apenas discutir questões formais ou técnicas. Existe uma sequência a ser seguida para a alegação das preliminares. Sequência de artigos para observar possíveis arguições de preliminares: Art. 107 do Código Penal – CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE – no caso de existir uma causa de extinção da punibilidade não era para sequer ter havido ação penal, razão pela qual elas devem ser arguidas preliminarmente, o que ensejará a absolvição sumária do réu, nos termos do art. 397, IV, do CPP. Se o caso for de queixa-crime deve-se verificar se houve decadência ou perempção (art. 60 CPP), pois se alegará em preliminar da resposta à acusação a ocorrência destes institutos. Normalmente em queixa-crime é muito comum haver a existência de uma preliminar desta natureza, como a renúncia ao direito de queixa, o perdão, perempção, etc. Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Art. 109 do Código Penal – PRESCRIÇÃO – deve-se ficar atento para verificar se já houve a prescrição do crime que foi supostamente praticado pelo réu, pois a prescrição é outra causa extintiva da punibilidade prevista no art. 107, IV e 109 do CP e que acarreta a absolvição sumária nos termos do Art. 397, IV, do CPP. Na realidade, são cinco tipos de prescrição: PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 5 de 24 Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP) – é a ANTERIOR ao trânsito em julgado da sentença penal condenatória, ou seja, basta pegar a data do crime e a pena máxima cominada ao delito e olhar no art. 109 do CP em quanto o crime prescreve. Este é o tipo de prescrição que será alegada na resposta à acusação. Prescrição Intercorrente (PI) – é aquela analisada a cada intervalo de espaço entre as causas que interrompem a contagem do prazo prescricional. Ela poderá ser analisada tanto pela pena máxima abstratamente prevista ao crime como pela pena em concreta dada ao agente quando da prolatação da sentença. Prescrição Retroativa (PR) – ocorre toda vez que o réu é condenado e transita em julgado a decisão. A primeira coisa que o judiciário irá olhar é a pena recebida pelo agente. Em face dessa pena, irá verificar em quanto tempo o crime prescreveria analisando o art. 109 do CP e começa a olhar o processo de novo, desde o dia do fato, em cada intervalo prescricional do processo. Com a mudança do código e a o surgimento da Lei n. 12.234/10, a prescrição retroativa é verificada a partir da denúncia, não mais do cometimento do delito. Prescrição Superveniente (PS) – os tribunais analisando os recursos podem reconhecer a prescrição retroativa antes do trânsito em julgado, quando não existir recurso da acusação, já que a pena não pode ser aumentada. Essa prescrição retroativa analisada de forma antecipada quando não existe recurso da acusação é chamada de prescrição superveniente, em virtude da economia processual. A prescrição superveniente nada mais é do que uma análise antecipada da prescrição retroativa, não inserindo o nome do agente no rol dos culpados, justamente por não haver o trânsito em julgado da sentença. Prescrição da Pretensão Executória (PPE) – somente ocorrerá no caso de já ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, razão pela qual na resposta à acusação NÃO precisa se preocupar com este tipo de prescrição, pois não será o momento oportuno para alegá-la. Prescrição Virtual ou em Perspectiva – Por fim, a prescrição virtual ou em perspectiva é uma vedação já sumulada no Superior Tribunal de justiça, nos termos da Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. Neste caso, interrompem o curso do prazo prescricional: o recebimento da denúncia ou queixa, a sentença condenatória e o trânsito em julgado da condenação. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 6 de 24 Neste caso, como a sentença absolutória não é causa interruptiva da prescrição, interrompem o curso do prazo prescricional: o recebimento da denúncia ou queixa, o acórdão condenatório e o trânsito em julgado da condenação. Lembre-se ainda que no Júri a pronúncia e a decisão confirmatória dela também são causas interruptivas da prescrição. Em consonância com esse entendimento, firmou o Superior Tribunal de justiça súmula 191: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime. LEMBRETE PPP – Prescrição da Pretensão Punitiva (pela pena em abstrato); PI – Prescrição Intercorrente ou Processual, que ocorre durante o curso do processo (pela pena em abstrato); PPE – Prescrição da Pretensão Executória(após o trânsito em julgado, pela pena em concreto). FIXANDO O ASSUNTO PRESCRIÇÃO RETROATIVA e a PRESCRIÇÃO SUPERVENIENTE. Ambas contam-se pela pena em concreto. Em tese, são a mesma coisa, já que após a condenação, deve-se analisar a pena efetivamente aplicada junto ao art. 109 do CP, verificando se não teria ocorrido, entre os diversos momentos de interrupção indicados nos gráficos acima, lapso temporal suficiente a justificar a declaração de extinção da punibilidade pela prescrição. A diferença entre elas está no fato de que a prescrição superveniente pode ser arguida e/ou declarada antes do trânsito em julgado, na hipótese de inexistir recurso da acusação. OBSERVAÇÕES Como estas espécies de prescrição (superveniente e retroativa) dependem da pena concretamente aplicada, não há que se falar nisso na resposta à acusação. É tema a ser discutido em sede recursal ou após o trânsito em julgado da decisão. Ainda em relação a prescrição, deve-se ter cuidado com as hipóteses em que o prazo prescricional são reduzidos a metade, nos termos do art. 115. Como no caso de o réu ser menor de 21 anos a data do crime ou maior de 70 anos de idade na data da sentença. O STJ vem interpretando que o Estatuto do Idoso NÃO alterou o prazo prescricional previsto no art. 115 do CP, razão pela qual ainda prevalece que o réu deverá ter 70 anos de idade na data da sentença para poder se beneficiar da redução do prazo prescricional. Atualmente, o prazo prescricional mínimo da pretensão punitiva é de 3 anos, se o máximo da pena cominada for inferior a 1 (um) ano, e não mais de 2 anos, em decorrência da alteração legislativa trazida pela Lei n. 12.234, de 2010. A prescrição, em regra, tem sua contagem iniciada na data do fato (data da consumação do crime), contudo, devemos estar atentos às seguintes hipóteses: Tentativa – do dia em que cessou a tentativa, ou seja, da data do último ato de execução. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 7 de 24 Crimes permanentes – do dia em que cessou a permanência. Se cessar após o recebimento da denúncia ou após a data da prisão do agente, o “dies a quo” será a data do recebimento da inicial ou da prisão, respectivamente. Crimes continuados – trata-se de ficção jurídica de crime único, não havendo termo inicial de contagem do prazo para cada crime, o que interessa é o ultimo ato. Crimes qualificados pelo resultado – do dia em que se produziu o resultado mais grave. Crimes de bigamia e falsificação do registro civil – do dia em que o fato se tornou conhecido pela autoridade. Art. 564 CPP – NULIDADES – o art. 564 do Código de Processo Penal lista todas as nulidades, só que na resposta à acusação e memoriais elas são essenciais, valendo lembrar as seguintes nulidades de suma importância contidas neste artigo: Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; II - por ilegitimidade de parte; III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia; h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; k) os quesitos e as respectivas respostas; l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; m) a sentença; n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso; p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento; PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 8 de 24 IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - incompetência, suspeição e suborno do juiz; A alegação deste tipo de nulidade está intimamente ligada ao assunto “Exceções” previsto no art. 95 do CPP. Ela é uma peça processual a ser usada quando a peça acusatória deveria ter sido rejeitada, mas foi recebida. Vamos supor que existia uma falha técnica da ação, porém mesmo sendo caso de rejeição liminar, o juiz acaba recebendo a denúncia ou queixa. Neste caso será cabível a exceção prevista no art. 95 CPP, pois h ouve falha no recebimento da peça acusatória. Vale ressaltar, inicialmente, que a regra é que as matérias das exceções sejam apresentadas de forma apartada e ANTES da resposta à acusação ou SIMULTANEAMENTE a esta. Entretanto, como a peça de exceções dificilmente será cobrada de forma isolada em uma questão prática da OAB, vem se admitindo a alegação de toda a matéria das exceções na própria resposta à acusação e em sede de preliminar. Vale lembrar que o rol das exceções é TAXATIVO. Regra geral, existindo uma das hipóteses do art. 95 será cabível a exceção, porém se não for qualquer das hipóteses do art. 95 não caberão exceções. Estas exceções subdividem-se em duas espécies: Dilatórias – quando não buscam o encerramento do processo, mas apenas a sua regularização. Peremptórias – quando buscam o encerramento do processo sem apreciação do mérito. As principais exceções são as seguintes: Suspeição – dilatória. Impedimento – dilatória. Incompetência – dilatória. Litispendência – peremptória. Coisa Julgada – peremptória. Ilegitimidade da parte – peremptória. 1. Suspeição e Impedimento O STF já se manifestou no sentido de que o tratamento processual do reconhecimento das suspeições será o mesmo na hora que identificar o impedimento. Isso não está previsto na lei, é jurisprudencial. A suspeição vai se manifestar quando, no caso concreto, tiver alguma circunstância que irá abalar, principalmente, a imparcialidade do magistrado. O impedimento é notório, taxativo. Além disso, a exceção de suspeição ou impedimento pode ser alegada contra os demais serventuários da justiça. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 9 de 24 Exemplo: Juiz e MP ambos casados com parceiros diferentes, foram pegos em praia tomando uma cerveja juntos, mesmo que nada exista entre eles é colocada em suspeição a imparcialidade do julgamento. 2. Incompetência do Juízo Tratar-se-á, nos próximos assuntos,das regras de competência no processo penal, mas convêm algumas considerações importantes no tocante a elaboração da resposta à acusação. Na hipótese de Incompetência do juízo, muitas vezes, as questões trazem as competências da justiça federal, art. 109 CF, em razão disto, vale lembrar a competência da justiça federal: I - os crimes políticos, previstos na Lei n. 7170/83. II - as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. Exemplo: Estelionato previdenciário praticado contra o INSS, ele está no Art. 171, parágrafo 3º, do CP, havendo o aumento de pena de 1/3. Neste sentido: Súmula 24 STJ – Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º do art. 171 do Código Penal. Exemplo: Falsificação de moeda é crime sujeito à justiça federal, pois toda emissão de papel moeda é de competência da justiça federal. Exemplo: Crimes contra o sistema financeiro. III - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. Todos os crimes transnacionais são da justiça federal, o crime começa a execução em um país e termina em outro, ele se inicia dentro ou fora do Brasil e deve terminar fora ou dentro do Brasil. Exemplo: Tráfico internacional de seres humanos. IV - as causas relativas a direitos humanos (EC 45/2004). Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. V - os crimes contra a organização do trabalho. Apenas os crimes que ofendam interesse coletivo da organização do trabalho ou o interesse coletivo e geral dos trabalhadores. NA REGRA GERAL os crimes contra a organização do trabalho são de competência da Justiça Estadual, salvo se tiver interesse coletivo envolvido, somente neste caso é que a competência será da justiça federal, como o art. 204 e art. 206 do Código Penal. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 10 de 24 VI - crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, nos casos previstos na Lei n. 7492/86. Todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são de competência da justiça federal, por expressa disposição do art. 26 da Lei n. 7492/86, sendo a ação penal pública incondicionada intentada pelo MP federal perante a justiça federal. Nos crimes contra a Ordem Tributária a competência somente será da justiça federal se houver ofensa à competência de tributo da UNIÃO, nos demais casos, se o tributo for estadual ou municipal a competência será da justiça COMUM, como bem prevê o art. 1 a 3º da Lei n. 8.137/1990. Mas, os crimes contra a ordem tributária, previstos a partir do art. 4º são de competência da justiça estadual. VII - os “habeas corpus”, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição. VIII - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar. Deve-se levar em consideração apenas navios ou aeronaves de carga e passageiro de grande porte, capazes de fazer viagens internacionais se necessário. Logo, não é todo e qualquer crime cometido a bordo de navios ou aeronaves que será de competência da justiça federal. IX - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro. X - cumprimento de cartas rogatórias, após exame e expedição do STJ. XI - aplicação de sentença estrangeira, após homologação do STJ. XII - crimes contra comunidades e direitos coletivos dos indígenas. NÃO são todos crimes contra indígena que é da competência da justiça federal, apenas os crimes que ofendam interesses coletivos ou difusos dos índios é que são da competência da justiça federal, se houver interesse individual de indígena envolvido, neste caso a competência será da justiça estadual, conforme súmula do STJ. Súmula 140 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que indígena figure como autor ou vítima. OBSERVAÇÃO Cuidado! Justiça Federal – cabe processar e julgar crimes cometidos contra funcionários públicos federais, no exercício de suas funções. Súmula 147 STJ – Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal quando relacionados com o exercício da função. Justiça Estadual – na regra geral cabe processar e julgar crimes praticados por funcionários públicos federais, ainda que no exercício da função, caso estes crimes sejam da alçada estadual. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 11 de 24 Crimes contra a fauna – a competência dependerá do local em que foi praticado o crime. Sendo área de proteção ambiental da união, a competência será da Justiça Federal. Súmula 91 STJ foi revogada – Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna. (Na sessão de 08/11/2000, a terceira seção deliberou pelo CANCELAMENTO da súmula n. 91). No caso de crimes políticos (Lei de Segurança Nacional – Lei 7170/1983), a competência será da Justiça Federal e o 2º. Grau de jurisdição será o STF, em recurso ordinário (CF, art. 102, II, b). Tráfico de Drogas – regra geral será a competência da Justiça Estadual: Súmula 522 do STF – Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. Crimes contra ou praticados por indígenas – regra geral será competente a Justiça Estadual: Súmula 140 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que indígena figure como autor ou vítima. Falsificação e uso de documento relativo à autarquia federal – competência será da justiça federal, ainda que o documento seja utilizado em empresa ou instituição privada. OBSERVAÇÃO Competência do Tribunal do Júri: Compete julgar os crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados. Cuidado! Atenção! A competência por prerrogativa da função, desde que estabelecida na Constituição Federal, prevalece sobre a competência do júri (STF, HC 83.543/PE, 2ª T, Rel. Ellen Gracie, 2004). Exemplo: Presidente da República em infrações penais comuns tem prerrogativa de foro no STF, se ele vem a matar uma pessoa não será julgado pelo Tribunal do Júri e sim pelo STF. OBSERVAÇÃO Prefeito pode ser julgado pelo TJ ou TRF a depender de o crime ser da alçada estadual ou federal, além disso, o prefeito é julgado pelo Tribunal a que ele tiver o mandato, mesmo que o crime tenha sido cometido fora do município a que ele tem mandato, nos termos da Súmula 702 do STF. Súmula 702 STF – A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originaria caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAAIIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 12 de 24 Exemplo: Prefeito - RO que comete homicídio contra fiscal do ministério do trabalho quando este estava fazendo investigação do crime de redução à condição de escravo, sendo julgado na justiça comum. Neste caso entra-se com exceção de incompetência, pois o crime foi contra funcionário público federal em detrimento das razões que ele exerce e a competência é da Justiça Federal. OBSERVAÇÃO Cuidado a história do assalto ao Bando do Brasil e o processo está na Justiça Federal, caberá exceção de incompetência, pois o Banco do Brasil é SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA e a competência é da JUSTIÇA E STADUAL. Súmula 508 STF – Compete a justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte Banco do Brasil, S.A. OBSERVAÇÃO Se o crime for cometido contra a CAIXA ECONOMICA FEDERAL a competência será da JUSTIÇA FEDERAL. 3. Exceção de coisa julgada Sobre a exceção de coisa julgada e importante saber duas coisas: Da sentença que decreta a extinção da punibilidade com base em certidão de óbito falsa não caberá exceção de coisa julgada, pois a sentença não fará coisa julgada. Só caberá a alegação da exceção caso o juiz, quando da certidão de óbito acostada aos autos, não realizar o procedimento necessário para a averiguação da veracidade da informação. Não pode arguir exceção de coisa julgada em inquérito policial, pois este é mero procedimento administrativo. 4. Exceção de ilegitimidade da parte A Exceção de ilegitimidade da parte ocorre quando a ação penal é mal feita, pois era para ter havido rejeição liminar da denúncia em face da ilegitimidade da parte, mas a denúncia acabou sendo recebida, mesmo não tendo a parte legitimidade para ingressar com a ação penal pública ou privada. Impende ressaltar que, ainda que o sujeito seja casado, a regra do CADI (Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão) será obedecida, ainda que haja união estável, relação homoafetiva, ou o amancebo em paralelo. Porém, se a pessoa já mantém união estável, relação homoafetiva, ou o amancebo e a esposa (ou marido) é separada de fato e entra com ação será cabível a exceção de ilegitimidade da parte. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: omissis II - por ilegitimidade de parte; É outra nulidade que poderá ser arguida em sede de preliminar, sendo ela esclarecida no item anterior, quando da abordagem do assunto exceção de ilegitimidade da parte. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 13 de 24 Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: omissis III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; É bastante comum a ocorrência das seguintes nulidades referentes a este ponto: Ausência do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. Deve ser observado o art. 158 do CPP, tendo em vista que nos crimes que deixam vestígios o exame de corpo de delito é obrigatório, sob pena da alegação da nulidade ora mencionada. OBSERVAÇÃO Cuidado com a Jurisprudência do STJ referente ao estupro, segundo este Tribunal Superior nos crimes que deixam vestígios é indispensável o exame de corpo de delito, salvo o de estupro, pois este pode ser demonstrado de outros meios. O Tribunal leva em consideração que o exame de corpo de delito no estupro é altamente invasivo e não é razoável obrigar a realização do exame de corpo de delito. Logo, no caso especifico do estupro não se deve arguir a nulidade referida. Neste sentido, vale lembrar a seguinte decisão da 6ª Turma do STJ, respectivamente: Processo REsp 401028 / MA RECURSO ESPECIAL 2001/0128991-6 Relator (a) Ministro OG FERNANDES (1139) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 23/02/2010 Data da Publicação/Fonte DJe 22/03/2010 EMENTA RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ESTUPRO. DENÚNCIA. REJEIÇÃO. EXAME DE CORPO DE DELITO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 167 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. “A ausência de laudo pericial não tem o condão de afastar os delitos de estupro e atentado violento ao pudor, nos quais a palavra da vítima tem grande validade como prova, especialmente porque, na maior parte dos casos, esses delitos, por sua própria natureza, não contam com testemunhas e sequer deixam vestígios” (HC-47.212⁄MT, Relator Ministro Gilson Dipp, DJ de 13.3.06). 2. Conforme a jurisprudência desta Corte, uma vez inexistente o exame de corpo de delito, tal fato não tem o condão de descaracterizar a tipicidade da conduta narrada na exordial acusatória, haja vista a possibilidade de ser suprido por depoimentos testemunhais, conforme previsão do art. 167 do Estatuto Repressivo. 3. A rejeição da denúncia somente tem cabimento em casos em que se verifique de plano a atipicidade da conduta, sem a necessidade de o magistrado, na simples decisão de recebimento, efetuar um exame aprofundado da prova, cuja apreciação deve aguardar momento oportuno, qual seja a instrução criminal. 4. O Tribunal a quo, em sede de ação penal originária, ao concluir pela ausência de prova material do estupro, incursionou em profunda PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 14 de 24 análise da prova e assim antecipou-se, indevidamente, ao julgamento de mérito da lide, em momento sabidamente inoportuno, no qual é vedada a análise exauriente da prova. 5. Recurso ao qual se dá provimento. Ausência de intervenção do MP nos casos em que for necessário. Esta hipótese ocorre muito na ação penal privada subsidiária da pública. Quando o juiz recebe este tipo de ação o processo é baixado e deve o MP se habilitar no processo. Neste caso o MP poderá aditar a queixa em 3 dias ou oferecer denúncia substitutiva, se ele não o fizer no prazo de 3 dias o juiz irá presumir que não há o que ser editado. No caso acima ou o MP se habilita ou irá haver nulidade, ou seja, deve haver a intervenção do MP sob pena de nulidade. Art. 23 CP – CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO (excludentes de ilicitude do fato) – o art. 396-A do CPP fala de justificações – nada mais são do que as hipóteses de exclusão de ilicitude do Art. 23 CP, que devem ser alegadas em preliminar. Se não há crime em decorrência de uma excludente de ilicitude NÃO era para ter havido sequer processo. Impede ressaltar que, normalmente, se existir uma preliminar de excludente de ilicitude a tese principal de mérito também será a da excludente de ilicitude. Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência de rejeição liminar na peça acusatória. REJEIÇÃO LIMINAR – em ocorrendo, deverá se pautar pelo art. 395 do CPP. Quando o juiz não recebe a peça acusatória e, consequentemente, a ação penal não se inicia. Aqui, a ação penal sequer chega a existir. Todavia, se o juiz proceder a rejeição liminar da denúncia ou da queixa, ele deverá fundamentar essa rejeição em uma das hipóteses previstas no art. 395. O recebimento da peça acusatória não carece de fundamentação, mas a rejeição precisa. São as possibilidades de rejeição: 1. Se a peça acusatória for inepta (art. 395, I do CPP) Quando ela não se prestar ao fim a qual se destina. Uma peça acusatória tem um objetivo muito específico, ou seja, mostrar que o acusado cometeu o crime e conseguir a sua condenação.Ninguém move uma ação penal para homenagear os outros. É possível que a peça acusatória não consiga se prestar ao fim pelo qual ela se destina, não conseguindo o juiz nem a defesa entender o que está escrito na peça acusatória. Se a peça que goze de inépcia for recebida, tira-se do acusado um princípio constitucional que é o da ampla defesa e o do contraditório. O agente só pode se defender se tiver plena noção do que está sendo acusado, porque ninguém se defende de tipificação e sim dos fatos narrados. Pode ser que a tipificação esteja equivocada. No momento da fundamentação de uma questão, pode-se definir inépcia da denúncia ou da queixa de forma mais elegante: inepta é toda denúncia ou queixa que apresenta uma deficiência de ordem subjetiva ou objetiva, oriunda do momento de sua gênese, decorrente da PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 15 de 24 existência de lacunas, omissões, contradições ou quaisquer outros fatores que possa dificultar, reduzir ou impedir a manifestação da garantia constitucional fundamental da ampla defesa. Resumindo: a denúncia ou a queixa está mal feita e a defesa não sabe o que ela quer dizer, por isso não têm como elaborar sua tese. São fatores que normalmente geram inépcia da peça inicial: a) descrição de fatos de maneira truncada, incoerente, lacunosa ou impossível de terem ocorrido. b) inserção de agentes em concurso, inexistentes no caso concreto. c) descrição confusa ou misturada dos fatos. d) descrição muita extensa dos fatos, impedindo a compreensão. e) falta de pedido claro de acusação. Exemplo: a denúncia narra que o sujeito estava correndo com o sol a pino e praticou furto durante o repouso noturno. 2. Se houver, dentro da peça acusatória, falta de pressuposto ou condição para a ação penal (art. 395, II do CPP) 2.1. Condições: 2.1.1. Possibilidade jurídica do pedido – no processo penal, a arguição da possibilidade jurídica do pedido é sempre objetiva, direta ou positiva. São termos sinônimos, ou seja, só pode pedir aquilo que explicitamente a lei autoriza. Na hora da prova, para saber se há possibilidade jurídica do pedido, basta tipificar o crime, pergunta-se: o crime que o acusado está sendo imputado existe no ordenamento jurídico? Se a resposta for SIM haverá a possibilidade jurídica do pedido, se for NÃO, não haverá possibilidade jurídica do pedido. Não é necessário entrar na análise de mérito, pergunta-se se o crime, em tese, existe na lei processual brasileira. A análise de mérito é feita na sentença que decide o feito. EXEMPLOS • O agente foi denunciado pelo crime de sedução ou adultério. Nesse caso não há possibilidade jurídica do pedido porque deixou de ser crime. • O MP faz denúncia e atribui que o réu tentou se matar, neste caso não há crime, havendo a impossibilidade jurídica do pedido. • Pessoa paralítica desde tenra infância, vive em cadeira de rodas e foi denunciado por ter pulado o muro de uma casa, subtraído uma TV antiga, ter fugido e levado um tiro da polícia. Neste caso há possibilidade jurídica do pedido, pois o crime de furto qualificado pela escalada é previsto no ordenamento jurídico e neste caso dá para tipificar o crime. Se passar a analisar se é possível ter o acusado cometido ou não o crime, estará sendo analisado o mérito, o que somente deverá ser feito na sentença penal. 2.1.2. Legitimidade da parte – se a ação penal for pública, a parte legítima é o Ministério Público, se a ação penal for privada, a parte legítima é o ofendido, representante legal ou substituto processual. No caso de ação penal privada, se a vítima for menor a parte legítima será o seu representante legal, ainda que o menor seja emancipado, porque a PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 16 de 24 emancipação só produz efeitos civis e não penais. Já se a vítima morrer ou for declarada ausente por decisão judicial, a parte legítima será o seu substituto processual, de acordo com a sequencia do CADI (Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão), nos termos do art. 24, §1º do CPP. CUIDADO, crimes contra honra de funcionários públicos a legitimidade é concorrente nos termos da Súmula 714 do STF. 2.1.3. Necessidade/interesse para agir – a análise desta condição da ação é casuística, pois em certos casos não há interesse ou necessidade de prosseguir no processo. A ação penal não promoveria a aplicação do direito em um caso concreto, o processo não teria um fim útil. Em respeito à economia processual, o juiz vai verificar a necessidade ou interesse para agir. O Juiz poderá rejeitar a denúncia ou a queixa por falta de necessidade ou interesse de agir se entender que o fato da ação penal começar vai ser perda de tempo. Hoje em dia, acontece muito a rejeição liminar por falta de necessidade ou interesse para agir em virtude do princípio da insignificância ou bagatela. Insignificância ou bagatela exclui a tipicidade da conduta. Pressupostos serão todas as falhas residuais do caso concreto que possam inviabilizar a existência da ação penal. O rol das condições é taxativo, mas é possível ter várias outras falhas que inviabilizam a existência da ação penal e que não estão nas três hipóteses das condições. TUDO que for impeditivo e que não estiver nas condições, cai nos pressupostos. O rol dos pressupostos é residual. 2.2. Pressupostos: 2.2.1. Incompetência do Juízo – se ele se reconhecer incompetente, ele rejeita por ausência de pressuposto. 2.2.2. Litispendência – é um litígio pendente. Ocorre quando tem uma denúncia ou uma queixa por um fato gerador que já está sendo objeto de apreciação pela Justiça Criminal. Isso acontece muito quando não se tem certeza de onde foi praticado o crime. 2.2.3. Coisa Julgada – já houve decisão irrecorrível. 2.2.4. Exaurimento do processo administrativo. OBSERVAÇÃO A Lei n. 8132/90 (Lei dos Crimes contra a ordem Tributária) – Segundo o STF, é necessário exaurir o procedimento administrativo para poder responsabilizar o agente. 3. Se houver ausência de justa causa É imprescindível que a peça acusatória tenha apresentado de forma clara a prova da materialidade do crime e, os indícios suficientes de autoria ou participação, ou seja, para que haja justa causa para o exercício da ação penal deve existir prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria ou participação, isto é, devem estar presentes os dois requisitos. Assim, caso somente exista um dos requisitos haverá falta de justa causa. Os indícios suficientes de autoria ou participação do crime configuram-se com indicativos de que o réu tenha efetivamente participado da empreitada criminosa, seja como autor ou partícipe. Por sua vez, a prova da materialidade do fato caracteriza-se pela certeza de que o fato efetivamente existiu. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 17 de 24 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Da rejeição liminar da denúncia ou da queixa cabe recurso em sentido estrito – RESE (recurso este que será abordado em um capítulo específico), nos termos do art. 581, I, do CPP. Quando se entra com o RESE e o recurso for provido deve-se ter cuidado para não haver supressão de instância. Neste caso o órgão recursal pede para que o processo volte para o primeiro grau e que a denúncia ou queixa seja recebida, o tribunal devolverá o feito para o juiz singular receber a ação. O efeito do RESE neste caso édevolutivo, pois o órgão recursal cabe a reanálise da matéria. Haverá supressão de instância quando o órgão recursal superior analisa o mérito sem que o órgão de primeiro grau tenha se manifestado, o órgão de 2º grau não pode analisar o que era para ser analisado pelo órgão de 1ª instância. Sintetizando: caso o magistrado rejeite liminarmente a denúncia ou a queixa, com base no art. 395 do CPP, esta não poderá ser recebida pelo Tribunal, no lugar do Juiz, pois estaria configurada supressão de instância. Exemplo: o juiz rejeita liminarmente a queixa por entender ser ela inepta – caso o Tribunal dê provimento ao recurso, devem os autos retornar a origem, para que o magistrado proceda ao recebimento, sob pena de ocorrer supressão de instância. Caso o juiz rejeite a denúncia ou a queixa com base em qualquer outro fundamento que não os listados no art. 395 do CPP, poderá o Tribunal receber a peça acusatória, nos exatos termos da súmula. Súmula 709 do STF - Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. OBSERVAÇÃO Cada preliminar deve estar em um parágrafo, cada uma delas deve ser justificada normativamente, em lei, e, além disso, não irá aprofundar as discussões de mérito. As preliminares são de natureza técnica processual, há a indicação da falha e no mérito é que serão apresentadas as teses que foram levantadas nas preliminares. 2. OFERECIMENTO DE DOCUMENTOS E REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS Deve haver uma solicitação formal de juntada de documentos como certidões, alvarás e atestados, bem como de produção de provas que a defesa julgue necessário (exame de corpo de delito, acareações, busca e apreensões, entre outros). 3. OFERECIMENTO DE JUSTIFICAÇÕES Estas justificações nada mais são do que a arguição de possíveis excludentes de ilicitude, previstos no artigo 23 do CP que acarretarão a absolvição sumária nos termos do art. 397, I, do CPP. Exemplo: se a defesa entender que no caso analisado existe um estado de necessidade, causa de exclusão de ilicitude e consequentemente, do crime, deve arguir já na resposta à acusação, como forma de tentar forçar a absolvição sumária. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 18 de 24 4. ARROLAR TESTEMUNHAS E QUALIFICÁ-LAS Devem ser listadas todas as testemunhas e obrigatoriamente qualificadas, mediante indicação de todos os elementos de identificação possíveis destas. Não se admite arrolamento de testemunhas sem a devida qualificação. ATENÇÃO! OBSERVAÇÕES IMPORTANTES O requerimento de intimação das testemunhas não é obrigatório, podendo estas serem arroladas independentemente de intimação. Todavia, recomenda-se fazer o pedido de expedição de intimação. Caso não tenham sido intimadas e não compareçam para serem ouvidas, as testemunhas não poderão ser conduzidas coercitivamente, nem substituídas por outras, o que pode prejudicar substancialmente a defesa. No Rito Ordinário podem ser arroladas até 8 testemunhas (acusação e defesa - art. 401 CPP). No Rito Sumário podem ser arroladas até 5 testemunhas (acusação e defesa - art. 532 CPP). A resposta à acusação, sempre que possível, deve tentar levar a uma absolvição sumária, devendo este pedido ser explícito na peça. Nos Juizados Especiais Criminais a resposta à acusação é feita oralmente. Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. Novamente, vale lembrar que a resposta à acusação é obrigatória, se ela não for feita o processo não anda, havendo nulidade por afronta ao princípio da ampla defesa. A antiga defesa prévia era antes um ato meramente formal, mas com as mudanças ocorridas em 2008, regra geral, a resposta à acusação e a única oportunidade de apresentar a tese de defesa por escrito, pois os as alegações finais, via de regra, são realizadas de forma oral, e a exceção é que ela seja realizada por escrito. Caso a resposta à acusação seja feita pela defensoria pública o prazo DOBRA, pois a Lei Complementar n. 80/94 previu este beneficio para a defensoria pública da União, do Distrito Federal e Territórios e dos Estados, respectivamente nos Arts. 44, I, 89, I e 128, I, tendo elas o prazo de 20 dias para oferecer resposta à acusação. 3 RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI A resposta à acusação no rito do Tribunal do júri segue a mesma lógica da resposta à acusação no rito ordinário e sumário, devendo ser realizada no prazo de 10 dias a contar da citação do acusado ou do momento que este ou seu defensor constituído, comparecer em juízo, em casos de citação inválida ou feita por edital. Não sendo procedida esta resposta, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, no prazo de 10 dias, concedendo-lhe vista aos autos. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 19 de 24 Nesse sentido, vale lembrar os seguintes artigos do CPP que fundamentam a resposta à acusação no rito do júri: Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. § 1 o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. § 2 o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 3 o Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. Um ponto de suma importância no rito do Tribunal do Júri diz respeito ao pedido que poderá ser feito neste rito, tendo em vista que, além das matérias tratadas na resposta à acusação do rito comum ordinário e sumário que poderá ser objeto de pedido também no rito do tribunal do júri, quando se pretender tratar do mérito já na resposta à acusação no rito do tribunal do júri, o pedido poderá ser de: Absolvição Sumária – neste caso utiliza-se por analogia as hipóteses de absolvição sumária constantes no art. 397 do CPP, tendo em vista que NÃO existe um artigo específico que trate destas hipóteses de absolvição no rito do tribunal do júri, ou seja, embora não exista previsão em lei, as manifestações da absolvição sumária, no rito do júri, atualmente muitos doutrinadores defendem a tese de que a defesa deve adentrar, em alguns casos, no mérito da questão, já na resposta à acusação, objetivando a decretação da absolvição sumária. A hipótese prevista no art. 415 do CPP, apesar de conter o mesmo nome, trata-se de absolvição sumária diversa da tratada em sede de resposta à acusação. Sobre esse artigo falaremos nos memoriais. OBSERVAÇÃO Quanto ao nome da peça processual existe a seguintediferenciação: Resposta à Acusação – é o nome da peça no Rito comum ordinário, rito comum sumário e no rito do tribunal do júri. Ela ocorre com o processo penal já em curso, ela ocorre após o inicio do processo, este começa com o RECEBIMENTO da peça acusatória. Ela é considerada de natureza PROCESSUAL e tem como objetivo promover a absolvição sumária do réu. Ela é considerada obrigatória e caso NÃO seja apresentada deverá ser nomeado um defensor público. No rito Sumaríssimo – Juizados Especiais – a resposta à acusação deve ser verbal, conforme o art. 81, Lei n. 9099/95 e não caberia a resposta à acusação escrita. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 20 de 24 4. ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE________________________ (Regra geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) Entretanto, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ CAPITAL DO ESTADO DE__________________ Processo número: Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento após o processo número para começar a qualificação, desde que quando for colocar o rol de testemunhas colocar o mesmo espaçamento, também de 4 ou 3 dedos. Este dado já facilitará a qualificação, pois ela será de forma mais resumida, uma vez que se foi indicado o processo e pode-se fazer referencia as folhas do processo. Para começar o parágrafo coloque sempre dois dedos. Qualificação. (Fazer parágrafo: regra dos dois dedos) Nome, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ) _____________, por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar com fundamento nos artigos 396 e 396–A (OU artigo 406 – No caso de Tribunal do Júri) do Código de Processo Penal (não colocar abreviatura) apresentar a sua (sem saltar linhas) RESPOSTA À ACUSAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. (Pula-se uma linha) PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 21 de 24 1. Dos Fatos De forma sucinta, narra-se os fatos. Não copie igual aos fatos, se a questão deu 20 linhas para os fatos, sintetiza em menos linhas, umas 15, por exemplo. Deve-se fazer uma síntese, trazer os fatos de forma resumida. Os períodos devem ser sempre curtos, 5 ou 6 linhas. Recomenda-se primeiro narrar os fatos e depois arguir as preliminares no próximo ponto, tendo em vista que é melhor primeiro mencionar os fatos para depois se arguir eventuais defeitos decorrentes dos fatos. 2. Das Preliminares Buscam-se falhas, defeitos que possam inviabilizar a defesa. NÃO se deve entrar no MÉRITO. Nas alegações das preliminares basta fazer um parágrafo apontando a preliminar, esta é uma indicação inicial de um erro, de um equívoco existente no processo. Ela é uma indicação de ordem técnica, devendo mencionar o fundamento legal. SUGESTÃO A sugestão é de que indique as preliminares na seguinte sequência: Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: Primeira – Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. Segunda – Art. 109 CP – Prescrição. Terceira – Art. 564 CPP – Nulidades. Quarta – Art. 23 CP - Causas de exclusão de ilicitude. Quinta – Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória (inépcia da denúncia; pressupostos processuais; incompetência; impedimento; suspeição; litispendência; coisa julgada; etc.). OBSERVAÇÃO Com já foi dito, as preliminares são apenas mencionadas, no mérito é que se poderá aprofundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de exclusão da ilicitude. 3. Do Mérito Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento. Se nas preliminares citou-se o instituto jurídico, como, por exemplo, legitima defesa, deve discorrer sobre os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos demonstrando os requisitos do instituto. Toda vez que falar de uma preliminar deve-se falar no mérito sobre ela em um parágrafo. Deve-se mencionar de forma geral, segundo a melhor doutrina, ou segundo o entendimento da doutrina dominante, ou conforme o entendimento dos tribunais superiores. PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 22 de 24 Não se deve discorrer sobre temas controversos, deve-se falar o que todo mundo sabe. Use ideias fáceis, simples e que todos conhecem. OBSERVAÇÃO Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de absolvição sumária do réu. Sempre quando for discutir o mérito deve-se discorrer sobre o instituto de direito penal já demonstrando que em cada elemento do instituto há o enquadramento deste no caso concreto. Faça períodos sempre curtos, no máximo de 5 ou 6 linhas. Deve-se explorar bem a tese principal. Entretanto, vale ressaltar, que no mérito também se deve mencionar as preliminares que já foram suscitadas, comentando-as de forma mais resumida do que a tese principal. 4. Dos Pedidos Pedido Principal – Absolvição Sumária. (Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência que decrete a absolvição sumária do acusado, nos termos do art. 397 do Código de Processo Penal - indicar o inciso correspondente (Rito do Júri – peça também a absolvição sumária, mencionando também o art. 397 do CPP) como medida de preservação da mais lídima justiça. Vale transcrever o art. 397 do CPP: Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; O caso foi de isenção de pena do cliente em decorrência da exclusão da culpabilidade. Exemplos - Sujeito estava submetido à coação moral irresistível Art. 22 do CP. - Estrito cumprimento de superior hierárquico a ordem não manifestamente ilegal. - Inexigibilidade de conduta diversa. OBSERVAÇÃO Salvo a hipótese de inimputabilidade, neste caso o sujeito é “louco” nos termos do art. 26 do CP, o sujeito era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 23 de 24 comportar-se de acordo com este entendimento. Neste caso NÃO se pode fundamentar a inimputabilidade no pedido de absolvição sumária, pois ele é doente mental, devendo receber medida de segurança. Art. 397. Após o cumprimento dodisposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: omissis III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; IV - extinta a punibilidade do agente. Exemplos - Contaram a história de algum que cometeu crime de dano contra o próprio patrimônio. - Pessoa é acusada de invadir o próprio domicilio. ATENÇÃO O pedido de absolvição sumária do réu é um pedido obrigatório. Absolvição Sumaria do art. 397 CPP – é para os crimes do Rito Ordinário. Esta absolvição sumária ocorre APÓS o recebimento da denúncia e ANTES da instrução probatória. Absolvição Sumaria do rito do tribunal do júri - se a resposta à acusação for no rito do tribunal do júri peça a absolvição sumária e INDIQUE por ANALOGIA o ARTIGO 397 do CPP. O Código de Processo Penal não prevê a resposta à acusação com pedido de absolvição sumária para o rito do Tribunal do Júri, pois a absolvição sumária do ART. 415 CPP é um instituto completamente diferente do art. 397 CPP. Não se deve confundir a absolvição sumária da resposta à acusação com a absolvição sumária do art. 415 CPP, este artigo fala de absolvição sumária, o nome é o mesmo, mas os institutos jurídicos são distintos, pois a absolvição sumária do art. 415 ocorre no FINAL DA INTRUÇÃO PROBATÓRIA e é alegada em sede de MEMORIAIS. Por conta disso, como não existe artigo de lei que fundamente a absolvição sumária no Rito do Júri para a resposta à acusação, deve-se alegar por analogia o art. 397 do CPP. Pedido Subsidiário (Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Apenas por cautela, no caso de não ser acolhida a tese de absolvição sumária, requer que seja decretada a anulação do recebimento da peça acusatória em razão da visível nulidade (alegar a nulidade ou outra tese subsidiária). Exemplo: se for nulidade pede-se a anulação do recebimento da peca acusatória Arrolamento e intimação das testemunhas. No final dos pedidos deve-se fazer parágrafo pedido o arrolamento e intimação das testemunhas ao final arroladas. Não se esqueça de pedir intimação. Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloca PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss Página 24 de 24 Nestes termos, (no canto da página) Pede deferimento. (em outra linha, mas sem saltar) Após salte 2 ou 3 linhas, vá para o meio da pagina e coloque Comarca..., data... (Centralizado) Advogado..., OAB... Este espaço é o mesmo do início da peça. Rol de testemunhas. (Não colocar nome, endereço, somente colocar do jeito apresentado). 1- 2- 3- OBSERVAÇÃO Evite que o leitor vire para outra página, o ideal é que se termine na mesma página.
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