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1 2 AULA 2: TEORIAS DA APRENDIZAGEM 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 ESPECIFICIDADE DO ENSINO SUPERIOR 4 TEORIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 5 ABORDAGEM TRADICIONAL 6 ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA OU BEHAVIORISMO 7 ABORDAGEM HUMANISTA 11 ABORDAGEM COGNITIVISTA 12 TEORIA COGNITIVA CONSTRUTIVISTA 13 TEORIA COGNITIVA SOCIOINTERACIONISTA 18 TEORIA COGNITIVA SIGNIFICATIVA 19 ABORDAGEM SOCIOCULTURAL 20 ATIVIDADE PROPOSTA 21 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 CHAVES DE RESPOSTA 27 ATIVIDADE PROPOSTA 27 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 27 3 Introdução Como vimos na primeira aula, o mundo contemporâneo apresenta inúmeros desafios a nossa vida cotidiana e ao exercício da atividade docente. As mudanças dos dias de hoje têm impactado fortemente a atuação do professor em sala de aula. Então, como é possível construir uma prática pedagógica competente para exercer a profissão de educador no Ensino Superior? Como ajustá-la e alinhá- la a essas transformações? Nesta aula, vamos refletir um pouco sobre tais questões. Objetivo Identificar as teorias da aprendizagem subjacentes à prática do planejamento na Docência Superior. 4 Conteúdo Especificidade do Ensino Superior Você já parou para pensar quais são os aspectos importantes que devemos levar em consideração para desenvolver uma boa prática docente? Podemos listar, aqui, uma série de características que a definem, tais como: Aprender a aprender; Ser capaz de planejar; Possuir conhecimento pedagógico; Realizar mediação no âmbito da docência; Dispor de saber específico quanto à área de estudo em que atuamos; Utilizar, de forma adequada, os recursos didáticos disponíveis; Ter um bom relacionamento com as pessoas etc. O professor universitário desempenha uma função social e tem o compromisso de formar futuros profissionais, com os quais provavelmente logo se encontrará no mercado de trabalho. O educador é, na verdade, corresponsável por essa formação! Imagine que você atua como docente e que, daqui a alguns anos, determinado aluno seu pode ser o professor, o médico ou o advogado de seu filho. Você estaria tranquilo quanto à qualidade do trabalho desse profissional? Esse questionamento implica uma postura reflexiva sobre a prática pedagógica e sobre a formação acadêmica do indivíduo. 5 Quando pensamos na ação docente, precisamos atentar para dois pontos fundamentais: a aprendizagem do estudante e o planejamento didático. Antes de tudo, é necessário definir uma abordagem teórica para o ensino que sustente esse planejamento, que precisa colaborar para que a aprendizagem aconteça de modo eficiente e eficaz. Dessa forma, conseguimos alinhá-lo com as propostas do curso então ministrado e das demandas sociais vigentes, bem como identificar os objetivos da aplicação de cada conteúdo. Vamos, então, conhecer algumas teorias da aprendizagem? Teorias de ensino e aprendizagem Diversos autores investigam as abordagens do processo de ensino e aprendizagem, tais como: Mizukami (1986); Díaz Bordenave e Pereira (1991); Libâneo (1994); Saviani (2002). Nesta aula, daremos destaque à classificação teórica de Mizukami. Para a autora, as abordagens do processo de ensino que podem dar sustentação ao fazer pedagógico e conferir objetivo didático às aulas universitárias são as seguintes: Tradicional; Comportamentalista; Humanista; Cognitivista; Sociocultural. 6 Abordagem tradicional De acordo com a abordagem tradicional, o sujeito está pronto para receber conhecimento. Sendo assim, o estudante apenas cumpre prescrições que lhe são solicitadas pelos professores – fato que o torna um receptor passivo que somente reproduz as informações transmitidas em sala de aula. O ensino, por sua vez, é centralizado no docente, o que estimula uma visão individualista do processo educacional, que não investe em trabalhos cooperativos. Além disso, o conhecimento deve ser cumulativo e a inteligência, a capacidade eficiente para esse acúmulo de informações. Por isso, os alunos possuem um papel praticamente nulo na elaboração e na aquisição do saber. Afinal, compete a eles apenas memorizar definições, leis, sínteses e resumos que lhes são oferecidos no processo educativo formal. Na abordagem tradicional, o professor tem o poder total de decisão quanto à interação mantida no cotidiano de aula e à dinâmica do ambiente de aprendizagem. Ele é o responsável pelo(a): Metodologia de ensino Aquela que se fundamenta na aula expositiva e nas demonstrações do educador. Conteúdo ministrado Aquele que é preestabelecido pelo educador. Nesse caso, o aluno se limita exclusivamente a ouvi-lo e a decorá-lo. 7 Forma de avaliação Aquela cujo objetivo é a reprodução literal do conteúdo ensinado em sala de aula. Nesse caso, as notas funcionam como níveis de aquisição do patrimônio cultural. Com base nessa perspectiva, a educação é, então, entendida como instrução e transmissão de saberes previamente escolhidos e organizados em cada área de estudo. Por séculos, as práticas escolares e universitárias se basearam nessa abordagem de ensino e, ainda hoje, é possível encontrar instituições que a empregam. E você? Em algum momento de sua formação acadêmica, já se identificou com tal concepção? Abordagem comportamentalista ou behaviorismo Representada por Pavlov (1849-1936), Skinner (1904-1990) e Watson (1878- 1958), a abordagem comportamentalista apreende o conhecimento como uma resultante direta da experiência vivenciada pelo aluno. O sujeito é produto do meio, e seu comportamento pode ser modificado mediante a manipulação das condições ambientais. A aprendizagem, por sua vez, é um conjunto de padrões de conduta – capazes de ser transformados através de treinamento – com objetivos prefixados. Nessa perspectiva, a educação está fortemente relacionada à transmissão cultural e deve imprimir no sujeito: Saberes diversos; 8 Modelos de comportamentos éticos e sociais; Competências fundamentais para o controle do ambiente e da realidade. Para o behaviorismo, o processo de ensino e aprendizagem é uma mudança comportamental do sujeito decorrente das práticas vivenciadas e reforçadas pelo professor. Logo, as propostas de aprendizagem devem ser planejadas com antecedência pelo docente, que as estabelece a partir da estruturação dos elementos que proporcionam experiências curriculares para alcançar os objetivos previamente estipulados. Por fim, a metodologia de ensino implica o processo de reforço na relação professor-aluno. Esse tipo de aprendizagem é clássico nessa abordagem de ensino e denomina-se condicionamento respondente, o que causa o processo de associação desenvolvido por Pavlov, dentro do qual se enfatiza a noção de reflexo condicionado. Posteriormente, Skinner aprimorou tal percepção, que evoluiu para o chamado condicionamento operante. 9 Veja os pressupostos de cada uma dessas concepções: Condicionamento respondente Estímulos neutros controlados que, quando repetidos, geram uma resposta não existente anteriormente. Processo de associação Processo realizado por meio de experimentos com cães, a partir do qual se observou que, quando os animais viam a comida, começavama salivar. Desse momento em diante, cada vez que o alimento era entregue a eles, tocava-se uma campainha, o que representava um estímulo neutro. Reflexo condicionado Após várias repetições do experimento mencionado, os cachorros continuaram a salivar ao escutar o som da campainha, mesmo na ausência da refeição. Tal comportamento caracteriza um reflexo condicionado: uma reação controlada a um estímulo dado. Condicionamento operante Mecanismo que privilegia determinada resposta do sujeito até que ele condicione a necessidade à ação. 10 Nesse caso, a experiência foi feita com um rato faminto: o animal percebia que, cada vez que tocava em uma alavanca, ele recebia comida. Dessa maneira, quando sentia fome, repetia o movimento para saciá-la. Esse tipo de condicionamento é visto como uma modelagem comportamental, pois favorece o aprendizado de uma nova conduta. Seu principal instrumento é o reforço1. Para entender melhor a proposta behaviorista de Skinner, assista ao vídeo. Na universidade, podemos perceber essa metodologia do condicionamento operante e do reforçamento positivo a partir da organização dos conteúdos em unidades simples que se decompõem em pequenos itens e são ensinadas gradativamente. O desenvolvimento do estudante é verificado por avaliações objetivas. Quando o comportamento desejado é alcançado, o aluno recebe um reforço do professor e passa para o tópico seguinte. Caso não atinja o resultado, o docente retorna à unidade anterior e refaz todo o processo. Logo, a assimilação e a fixação do conhecimento acontecem através de estímulos reforçadores – como, por exemplo, notas por participação e por comportamento, e benefícios em troca de atividades realizadas. Você deve ter percebido que seus pais e professores utilizaram muito essa metodologia no processo educativo. 1 Reforço Qualquer ocorrência que aumenta a intensidade de determinado comportamento. Ela pode ser: Positiva – recompensa; Negativa – remoção de algo adverso. 11 Atenção A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante reside no fato de que o primeiro é uma resposta a um estímulo meramente externo, enquanto o segundo é uma condição gerada pela ação do sujeito que produz uma consequência. Aprenda mais Para saber mais sobre a abordagem comportamentalista, leia o texto Teoria do condicionamento operante de B. F. Skinner. Abordagem humanista Como o próprio nome já insinua, na abordagem humanista, a ênfase está no papel humano frente ao processo de construção do conhecimento. O foco está no desenvolvimento da personalidade do sujeito e em sua capacidade de atuar de forma integrada. Nesse caso, o professor não é transmissor do saber, mas facilitador da aprendizagem. O conteúdo é proveniente das próprias experiências do estudante, e o docente age como articulador entre o aluno e o conhecimento, ou seja, é ele que gera as condições para que os educandos aprendam. Essa perspectiva não concebe os modelos previamente estabelecidos de aprendiz ou de sala de aula. Tudo está em contínuo processo de 12 desenvolvimento para fins didáticos de autorrealização e do uso pleno das potencialidades do sujeito. De acordo com o ponto de vista humanista, nem o mundo nem o homem estão prontos, como na abordagem tradicional. Ao contrário, a educação está centrada no aluno e dele se devem originar os motivos para a aprendizagem. Partindo dessa premissa, a autodescoberta e autodeterminação são atributos dessa concepção. O processo de ensino, por sua vez, ocorre a partir de uma metodologia criada pelo professor, visando à aprendizagem do estudante a partir de um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Em outras palavras, é o aluno que controla seu aprendizado e define os critérios para avaliar se os objetivos traçados estão ou não sendo atingidos. Abordagem cognitivista Para a abordagem cognitivista, o conhecimento é uma construção contínua do sujeito no meio em que transita. O cognitivismo realça exatamente aquilo que é ignorado na abordagem comportamentalista: o ato de conhecer. Essa teoria se interessa em saber como o ser humano conhece o mundo e analisa a percepção, o processamento de informação e a compreensão por parte do indivíduo. Há várias correntes dentro dessa perspectiva e alguns nomes importantes as representam. Vejamos: 13 Teoria cognitiva construtivista O questionamento básico da teoria cognitiva construtivista se resume da seguinte forma: como o sujeito conhece o mundo? Uma das principais preocupações de Piaget foi compreender e identificar os mecanismos utilizados pelo homem para conhecer o mundo que o cerca e se adaptar a ele. Em suas pesquisas, o estudioso descobriu que o desenvolvimento cognitivo acontece mediante a ação do sujeito sobre os objetos do meio em que vive. A partir dessa interação, a pessoa transforma estruturas mentais ou 2esquemas , adquirindo novas maneiras de fazê-los funcionar. O ponto central da teoria piagetiana está, então, no binômio organismo- meio e em sua relação construtivista, que ocorre por meio de dois processos paralelos: a organização interna ou assimilação 3 e a adaptação do sujeito ao meio. 2 Esquemas Ações elementares do conhecimento que podem ser físicas ou mentais. É possível que o esquema seja criado ou modificado mediante a acomodação. 3 Assimilação Integração de novos dados a conhecimentos anteriores. 14 Assista, agora, a um vídeo que demonstra uma experiência a partir da qual podemos perceber, claramente, esses dois processos: O vídeo nos mostra que o conhecimento4 resulta de uma construção efetiva do sujeito e da influência que o ambiente em que está inserido exerce sobre ele. A figura a seguir demonstra como acontece o processo de construção do conhecimento por parte do indivíduo: Esquemas de ação As estruturas mentais – também chamadas de esquemas – a que nos referimos correspondem às ações diárias que permitem nossa relação com o mundo. Quando classificamos eventos, associamos conceitos ou ordenamos episódios, estamos utilizando nossos esquemas de ação. 4 Conhecimento De acordo com Piaget (2007, p. 1): “O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas”. 15 Assimilação A assimilação, por sua vez, é uma ação externa através da qual o sujeito adiciona uma nova informação perceptual, motora ou conceitual a comportamentos já existentes. Em outros termos, o indivíduo utiliza os esquemas de ação para compreender o mundo e seus desafios. Trata-se, portanto, de um recurso cognitivo usado pela pessoa para acrescentar novos eventos àquilo que já conhece. A partir da assimilação, ocorre a 5acomodação . Equilibração Ambas as ações – assimilação e acomodação – causam um desequilíbrio interno. Para reequilibrar esse processo, precisamos fazer um esforço cognitivo, a fim de estruturar e, finalmente, acomodar o novo esquema mental, alcançando a 6equilibração. Disso resulta a ideia de que, para haver aprendizado, é necessário que exerçamos um papel ativo no processo educacional. Acomodação A acomodação difere da assimilação porque se classifica como um processo interno que corresponde à construção de novas composições cognitivas. 5 Acomodação Modificação das estruturas mentais em função de novas situações. NÃO pode haver acomodação sem assimilação. 6 Equilibração Fase entre a assimilação e a acomodação que permite a contínua construção da inteligência. 16 O fato é que após assimilar um novo dado, o sujeito precisa acomodá- lo, valendo-se de sua capacidade de criar novos esquemas ou modificar aqueles já conhecidos. Conhecimento As novas estruturas que o sujeito constrói após todo esse processo baseiam-se naquelas que já existiam, mas o resultado implica a ampliação e o aperfeiçoamento do saber. Isso significa que adquirimos um novo conhecimento e entramos em um novo estado de equilíbrio. Você já observou que está realizando o processo cognitivo construtivista ao estudar este conteúdo online? Afinal, depois de integrar novos dados apresentados aqui a seus conhecimentos prévios, como aluno, você, provavelmente, desenvolveu um desequilíbrio cognitivo para, então, criar um novo esquema de ação. Mas a acomodação só acontecerá quando você modificar suas estruturas mentais em função dos temas discutidos ao longo desta aula. Cada pessoa faz isso de maneira diferente, dependendo da bagagem de saber de que dispõe. Isso nos leva a identificar que a abordagem construtivista segue uma linha de raciocínio pautada na seguinte diferenciação: ENSINO ≠ APRENDIZAGEM O que cada estudante aprende não é exatamente aquilo que o docente explicou em sala de aula, tampouco o que estava planejado previamente por ele. A aprendizagem depende diretamente dos conhecimentos anteriores de cada um e de nossas experiências em relação ao ambiente em que vivemos. 17 Então, se cada um aprende e percebe o mundo de forma distinta, como obter sucesso no processo que se constitui de conceitos opostos? Vejamos... O planejamento didático pensado pelo professor para o desenvolvimento de uma aula, de uma disciplina ou mesmo de um curso inteiro deve ser bem abrangente e considerar a diversidade de alunos com os quais lida no cotidiano de sala de aula. Até porque o docente atua como um sujeito que desequilibra o conhecimento prévio do aluno com o objetivo de ampliá-lo. Por isso, ele precisa sugerir atividades que possam desestabilizar esses saberes, de modo que o educando assuma uma postura ativa em seu processo de construção do conhecimento. Uma boa alternativa é propor situações-problema que instiguem os alunos a: Investigar; Discutir; Refletir; Levantar questões; Formular hipóteses. Mas é fundamental entender que de nada adianta todo esse trabalho se o estudante não estiver motivado para aprender, para fazer um esforço cognitivo no sentido de alcançar esse novo conhecimento. O professor também se pode valer de estratégias para ativar essa motivação. Atenção Para saber mais sobre a abordagem teórica piagetiana de aprendizagem, leia o texto Teoria construtivista. 18 Teoria cognitiva sociointeracionista Na teoria cognitiva sociointeracionista, Vygotsky afirma que a mediação é fundamental para o processo cognitivo do sujeito. Ela é realizada através da relação interpessoal e com os 7sistemas de signos . Para o estudioso, o indivíduo não acessa diretamente os objetos ou conceitos. Todo conhecimento é fruto da mediação de outras pessoas ou de sistemas simbólicos dos quais o sujeito dispõe. Dessas relações dinâmicas entre sujeito-sujeito e sujeito-objeto, surgem as funções psicológicas superiores que são, então, construídas na interação social. Em outras palavras, tudo o que é alvo de 8internalização por parte do indivíduo, tudo o que ele carrega consigo em termos de conhecimento é resultado dessa interação. Devido às considerações de Vygotsky sobre as relações entre a aprendizagem, o desenvolvimento e a interação nos processos educativos, a teoria sociointeracionista estimulou os docentes a refletirem sobre a prática pedagógica. 7 Sistemas de signos Os sistemas de signos contemplam: A linguagem; A escrita; Os símbolos; Os objetos. 8 Internalização Processo através do qual um elemento estrutural da atividade externa – ou seja, interacional – passa a um plano interno do indivíduo em um movimento de ressignificação. De acordo com Vygotsky (1993), trata-se de um nível novo de organização do conhecimento pelo sujeito aprendente, possibilitado pela mediação de ferramentas psicológicas, por sinais externos e pela interação social. 19 Eles começaram a tratar a interação entre os alunos como estratégia didática para a aprendizagem. Afinal, o sujeito é encarado como um ser social que desenvolve sua individualidade a partir das relações que estabelece com o outro, sempre pautadas na cultura de cada um. Nesse caso, a linguagem passa a figurar como instrumento de mediação da aprendizagem: é ela que permite criar situações concretas de produção, reflexão, colaboração e construção do saber, deixando de lado o esquema linear de reprodução de conteúdo. LEMBRE-SE! A relação que a pessoa mantém com o meio social é condição fundamental para que se constitua como indivíduo. Teoria cognitiva significativa O foco da teoria cognitiva significativa está na seguinte distinção: 20 Aprendizagem significativa Aquela que propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados para que o novo conteúdo incorporado a sua estrutura cognitiva9 adquira significado. Aprendizagem mecânica Aquela que ocorre quando o novo dado não se relaciona com os conceitos já conhecidos pelo aluno. De acordo com proposta de Ausubel, a aprendizagem é vista como o processo mediante o qual o novo conteúdo se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente do estudante. Dessa maneira, o professor universitário precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social, de modo que o educando perceba o significado do que aprende. Abordagem sociocultural A abordagem sociocultural tem como um de seus principais representantes Paulo Freire (1921-1997) – pedagogo que baseou seus estudos sobre a educação nos aspectos sociais, políticos e culturais da aprendizagem. De acordo com essa perspectiva, o estudante é um sujeito que está inserido em um contexto sócio-histórico. Por isso, seu desenvolvimento cognitivo está relacionado ao processo de conscientização dos participantes da ação educativa. 9 Estrutura cognitiva Conteúdo total que comtempla todas as informações, os fatos, os conceitos e os princípios organizados pela pessoa. 21 Isso implica que os conteúdos do programa de que faz parte devem ser permeados por uma reflexão antropológica sobre suas condições sociais. Tanto o ambiente acadêmico quanto o processo de aprendizagem têm de contribuir para revelar essas situações de opressão e buscar a superação da relação opressor-oprimido – professor-aluno. O docente precisa comprometer-se com a prática pedagógica, visando à transformação social dos alunos através da discussão sobre temasque reflitam as condições materiais e existenciais do sujeito aprendente. Essa metodologia enfatiza as circunstâncias vivenciadas pelo grupo, bem como os debates e diálogos críticos sobre a realidade de cada um. Aprenda mais Para saber um pouco mais sobre as reflexões de Paulo Freire, assista a uma entrevista com o educador a respeito de sua obra Pedagogia do oprimido. Atividade proposta Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Leia o trecho a seguir: “Do ponto de vista da Graduação, em particular, a formação para o exercício de uma profissão em uma era de rápidas, constantes e profundas mudanças requer, necessariamente, atenta consideração por parte da universidade. A decorrência normal desse processo parece ser a adoção de nova 22 abordagem, de modo a ensejar aos egressos a capacidade de investigação e a de aprender a aprender”. Fonte PLANO Nacional de Graduação: um projeto em construção. In: FÓRUM NACIONAL DE PRÓ- REITORES DE GRADUAÇÃO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS (FORGRAD), XII, 1999, Ilhéus. Esse objetivo exige o domínio dos modos de produção do saber nessa área, de modo a criar as condições necessárias para o permanente processo de educação continuada. Das teorias estudadas nesta aula, qual(is) poderia(m) dar conta dessa proposta? Referências DÍAZ BORDENAVE, J.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino- aprendizagem. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. MIZUKAMI, M. da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. SAVIANI, D. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2002. ______. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007. 23 VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993. ______. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. ______. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. Exercícios de fixação Questão 1 “O ensino envolve um conjunto de técnicas diretamente aplicáveis a situações controladas e concretas na sala de aula”. Essa afirmação resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista Questão 2 “Para que o indivíduo se constitua como sujeito, é necessário que se insira em determinado ambiente cultural. As mudanças que ocorrem nele ao longo de seu desenvolvimento estão relacionadas com a interação que mantém com o meio social”. 24 Esse trecho resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista Questão 3 “Todo desenvolvimento cognitivo só será efetivo se for baseado em uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto. Se a atitude do objeto não perturbar as estruturas do sujeito, ele não tentará se acomodar à situação, criando uma futura assimilação com o objeto, o que originaria sucessivas adaptações ao meio”. Esse fragmento de texto resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista 25 Questão 4 Analise as afirmativas a seguir: I. A teoria construtivista permite o erro como estratégia de aprendizagem. II. O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado através da experimentação, da pesquisa, do trabalho em grupo e do desenvolvimento do raciocínio. III. Podemos associar o construtivismo à figura de Vigotsky. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II 26 Questão 5 A abordagem humanista apresenta as seguintes características: I. O aluno é o principal eixo do conhecimento. II. O professor atua como um controlador do ambiente de aprendizagem. III. O professor deve provocar desequilíbrios no sujeito para ampliar seu conhecimento. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II 27 Atividade proposta As teorias que entendem o sujeito como centro do processo de aprendizado e o percebem como coautor deste – tais como as correntes cognitivistas e a humanista. Exercícios de fixação Questão 1 – E Justificativa: O controle do ambiente é característica da teoria comportamentalista. Questão 2 – A Justificativa: A teoria sociointeracionista tem como ponto fundamental a interação do sujeito com o meio em que vive. Questão 3 – B Justificativa: A teoria construtivista baseia-se no desequilíbrio cognitivo do sujeito para que um novo conhecimento seja incorporado a ele. Questão 4 – A Justificativa: O construtivismo é associado a Piaget. Questão 5 – B Justificativa: O controle está relacionado à teoria comportamentalista e os desequilíbrios, à teoria cognitiva construtivista. Atualizado em: 09 abr. 2014
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