Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE ESTÁCIO DE ALAGOAS – Curso de Educação Física Diabetes: definição, classificação, implicações para saúde e recomendações de AF Disciplina: Prescrição de Exercício para Grupos Especiais Prof.ª Dr.ª Flávia A. C. Wanderley Diabetes: definição, estatística e diagnóstico Diabetes: definição “(…) um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia, a qual é resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas.” (SBD, 2014) Epidemiologia • Estimativas da OMS sugerem que o nº de indivíduos diabéticos passará de 151 milhões (2000) para 300 milhões em 2025. • O aumento parece ser independente de idade, sexo, etnia, nível de instrução. • A maior morbi-mortalidade está nos indivíduos idosos. • Preocupam as projeções para emergência de uma epidemia de diabetes em crianças e adolescentes devido ao aumento da prevalência de obesidade. • Diagnóstico: 1) Hemoglobina glicada (A1C) ≥6.5%; 2) Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dl (7.0 mmol/l); 3) Glicemia (após duas horas de teste) ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l) durante teste oral de tolerância a glicose; 4) Sintomas clássicos de hiperglicemia (e.g., poliuria, polidipsia e redução inesperada de peso) ou crise hiperglicêmica (glicemia ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l). Diabetes: diagnóstico clínico Reflete estado de hiperglicemia prolongada (60-90 dias anteriores) Fonte: http://www.racine.com.br/portal-racine/setor-publico/saude-coletiva/diabetes- mellitus-diagnostico-classificacao-e-tratamento Revisando: controle da glicemia Quem controla nossa glicemia (glicose no sangue)? INSULINA GLUCAGON Controle da Glicose Controle da glicemia Ação da insulina • Induz à armazenagem de glicose nas células do fígado e dos músculos na forma de glicogênio; • Induz à transformação de glicose em triglicerídeos pelas células adiposas; • Estimula o tecido adiposo a compor triglicerídeos a partir de ésteres de ácidos graxos; • Efeito anabólico - estimula a biossíntese de proteínas e evita a degradação proteica; Diabetes: classificação e tratamento Diabetes • Classificação: – Diabetes tipo I ou insulino-dependente; – Diabetes tipo II ou não-insulino dependente; – Diabetes gestacional; – Outros; Diabetes tipo I – “Juvenil” – Doença autoimune As células β do pâncreas são erroneamente percebidas pelas células do sistema imunológico como um agente externo sendo então destruídas. O nível de insulina baixa consideravelmente. O indivíduo passa a ser dependente de injeções deste hormônio. Diabetes tipo II – Desordem metabólica; – Frequentemente associada a obesidade; – 90% dos casos de diabetes; – Num 1º estágio, os indivíduos secretam insulina mas ela não é utilizada de forma eficiente; – Aumento da glicemia levará a hiperinsulinemia; • Órgãos tornam-se resistentes a insulina e/ou • Disfunção das células β; • Resistência a insulina – Acontece quando os órgãos mais sensíveis a insulina (fígado, músculos e tecido adiposo) respondem abaixo do normal a uma determinada concentração de insulina. – Maior incidência em indivíduos obesos (principalmente quando a concentração de gordura se encontra na região abdominal) e sedentários. – Acredita-se que é um mecanismo de defesa para prevenir ganho de peso adicional. Diabetes tipo II Diabetes tipo II –Tratamento geralmente combina: • Dieta; • Exercício; • Redução do peso corporal; • Medicação. • Glicemia capilar do diabético: Metas (SBD, 2014) Tratamento • Medicação: – Metformina - Antidiabético oral da classe das biguanidas. Reduz a disponibilidade de glicogênio hepático e aumenta a sensibilidade a insulina. Escolha no tratamento inicial do diabetes mellitus tipo 2, especialmente em pessoas obesas ou com sobrepeso e pessoas sem problemas renais. – sulfoniluréias - são fármacos que promovem a liberação de insulina a partir das células beta do pâncreas. – Insulina (alguns casos). Medicamentos orais Pode produzir hipoglicemia em exercício pós-prandial Pode produzir hipoglicemia em exercício pós-prandial Pode produzir hipoglicemia durante ou após exercício Quando administrado sozinho, não causa hipoglicemia, mas apresentam efeitos colaterais. (DURSTINE et al., 2009, p. 186) Medicação • Tipos de Insulina Rápida Curta Intermediária Longa (DURSTINE et al., 2009, p. 185) Medicação Glicemia no diabético: valores a alcançar e a não alcançar • Glicemia capilar – Jejum e Pré-prandial – 70-130mg/dL – Pós-prandial (90-120min) - <180mg/dL – Pré-exercício - 100-300mg/dL de glicemia sem ceto-acidose (para exercícios moderados). – Hipoglicemia – 55-70mg/dL (modesta) • Ingestão de glicose (tablete de carboídratos ou ~120-180ml de suco ou refrigerante normal). • Cetoacidose Diabética (CAD) (BARONE et al., 2007) – Resulta da deficiência profunda de insulina e do excesso de hormônios contra-reguladores, como glucagon, cortisol e catecolaminas; – Tecidos sensíveis à insulina passam a metabolizar principalmente gorduras ao invés de carboidratos; – Quando a produção de acetilCoA ultrapassa a capacidade de utilização hepática, a substância passa a ser convertida em corpos cetônicos; – A retenção dos corpos cetônicos no plasma provoca acidose metabólica; – São observados anorexia, náuseas e vômitos, desidratação. Cefaléia, mal-estar, parestesia e dor abdominal também são comuns. Taquicardia, hálito cetônico (de “maçã passada”), alteração do nível de consciência e alterações do ritmo respiratório. Cetoacidose Diabética (CAD) Diabetes Gestacional • Desenvolve-se durante 2º ou 3º trimestre de gravidez; • Euglicemia após o parto; • Mulheres com grande pré- disposição a se tornarem diabéticas tipo II. Diabetes: sintomas frequentes e complicações Diabetes • Sintomas frequentes: – Urina frequente (poliúria); – Polifagia; – Alterações peso; – Sede excessiva (polidipsia); – Difícil cicatrização; – Fadiga. • Insuficiência renal; • DCV (~80% das mortes em diabéticos); • Dano aos nervos; • Infarto do miocárdio; • Cegueira. Diabetes: principais complicações Diabetes: principais complicações • Pé do diabético (má circulação + dificuldade de cicatrização). • Infecções bucais. • Coma diabético – Desidratação severa; – Confusão mental; – Hiperglicemia extrema; – Geralmente os rins compensam a hiperglicemia excretando glicose pela urina (glicosúria). Diabetes: principais complicações Diabetes e Atividade Física • Aumento de 500kcal/sem – redução de 6% no risco de desenvolver diabetes tipo II (Helrimch al., 1991). • Homens que exercitaram-se com intensidade vigorosa, pelo menos 1xsem, durante cinco anos, apresentaram risco 29% menor. • 150min de AF moderada semanalmente em associação com a dieta em indivíduos com intolerância a glicose, reduziram em 58% o número de casos de diabetes tipo II. (Knowler et al. 2002) Atividade física como prevenção primária do diabetes • Aumento da utilização da glicose pelos músculos esqueléticos durante o exercício; • Aumento da permeabilidade da membrana celular a glicose mesmo em níveis reduzidosde insulina; • Aumento da síntese de glicogênio pós-exercício. • Cronicamente – maior capacidade de utilização dos ácidos graxos como substrato para o exercício. • Efeitos desaparecem em 5-7 dias sem exercícios. Atividade física como prevenção secundária do diabetes Efeito agudo da atividade física • Uma única sessão de exercício aeróbio moderado parece ser capaz de aumentar a ação da insulina e a tolerância a glicose por mais de 24h. • Protocolo de treino aeróbio, com duração de apenas 8 dias (3x50min/dia – caminhada, corrida, dança, esportes coletivos, 60-70%FCmáx estimada), foi capaz de reduzir PA, glicemia, colesterol total e LDL-c, bem como aumentar HDL-c (KHAWALI, ANDRIOLO E FERREIRA, 2002). Como a AF pode aumentar a captação de glicose em uma membrana resistente a insulina? GLUT4 é a resposta!!! Proteína transportadora de glicose que é estimulada tanto pela insulina quanto pela contração muscular. Atividade física como prevenção secundária do diabetes GLUT 4 OBJETIVOS: – Regular glicemia; – Controlar peso e gordura corporal; – Regular metabolismo lipídico; – Reduzir risco de DCV; Atividade física e diabetes CUIDADOS - Alunos insulinodependentes: • Anamnese e avaliação pré-exercício – Focar nas complicações do diabetes (sinais e sintomas DCV, olhos, rins, pés, SN); • Teste de esforço máximo graduado, geralmente não é necessário mas deve ser realizado quando: – Idade> 35 anos – Idade > 25 anos e o aluno tem diabetes tipo I há> 15 anos – Presença de qualquer outro FR para DCV – Presença de retinopatia ou nefropatia incluindo microalbuminuria – Doença vascular periférica – Neuropatia Autonômica • Excesso de proteínas (>2.4g/kg/dia), incluindo o provido por suplementação parece sobrecarregar os rins – Diabéticos já têm maior propensão as doenças renais; Atividade física e diabetes Atividade física e diabetes CUIDADOS: Necessidade de controle da glicemia pré exercício (ADMON et al.,2005): • Sugerem que valores entre 100-300mg/dL de glicemia sem ceto- acidose são aceitáveis para a prática de exercícios físicos moderados. • Se a glicemia pré-exercício estiver <100mg/dL pode-se sugerir a ingestão de carboídratos. Atividade física e diabetes CUIDADOS: Necessidade de controle da glicemia pós exercício – Hipoglicemia é o maior risco do exercício físico para o diabético; – Mais comum após exercício intenso (recomendar 5-30g carboídratos após ~30min do término dessas sessões); – Ela pode acontecer durante o exercício e, mais frequentemente, algumas horas após; – Mais comum nos diabéticos sob ação de insulina exógena. (ADMON et al.,2005). • CUIDADOS Alunos insulino-dependentes: – Evitar exercitar o local onde a insulina foi administrada (recomenda-se aplicação no tronco); – Evitar exercícios durante o pico de ação da insulina – Muitas crianças e adolescentes têm aderido a bomba de insulina – poucos estudos para sugerir recomendações nesses casos. A utilização do aparelho durante o exercício esteve associado a um maior risco de hipoglicemia pós exercício (ADMON et al.,2005). Atividade física e diabetes Bombas de Insulina Bombas de Insulina • Também podem ser chamadas de infusão subcutânea contínua de insulina ; • A maioria pode ser utilizada de forma segura durante a atividade física. Mas, pode ser retirada quando houver o risco de quebrar (esportes de contato, atividades aquáticas); • Quando retirada, a cânula ou a agulha pode ficar no indivíduo, deve-se protegêlos para mantê-los limpos; • As bombas utilizam insulina de ação rápida e por isso não devem ficar desconectadas muito tempo (aproximadamente uma hora); • Testar a glicemia após o exercício para assegurar que a dose de insulina é suficiente. Recomendações de Prescrição para Diabéticos: considerações sobre tipo de AF, volume e intensidade. Tipo de Atividade Física Aeróbio ou resistido? • Benefícios individuais: – Aeróbio – utilização da glicose e ácidos graxos livres ; Lembrar que os diabéticos também têm alteração no metabolismo lipídico. – Resistido – Aumento da massa muscular. Quando esta massa muscular aumentada estiver se contraindo , haverá uma maior utilização da glicose, através da via ativada pelo GLUT 4. Ideal: aeróbio E resistido • Somam-se os benefícios. • Tipos: – Aeróbio: os que envolvem grandes grupos; • Ex.:caminhada, ciclismo, corrida, natação, dança. • Métodos contínuos ou intervalados; • Atenção ao aquecimento e desaquecimento (especialmente na disautonomia); – Resistidos; – Flexibilidade – ação deletéria da hiperglicemia sobre as articulações. Tipo de Atividade Física • Aeróbio – Frequência: Diária, ou pelo menos a cada dois dias; – Volume: 150min/sem se atividade for moderada, 60-75min/sem se atividade for intensa/vigorosa ou combinações. • Reposição de carboidratos se a sessão>60min; – Intensidade: moderada ou vigorosa; Frequência, volume e intensidade da Atividade física + efetivo: hemoglobina glicada e Apt. Aeróbia do que o aumento do volume + riscos + recomendado • Aeróbio (qualquer tipo que utilize gdes mm) – Mínimo 3xsem (ideal 5x ou 7x para redução do peso), não mais do que dois dias entre duas sessões; – Sessões de no mínimo 10min de exercício contínuo; – Volume 150min/sem se atividade for moderada (40-60%VO2max) – Volume 60-75min/sem se atividade for intensa/vigorosa (>60%VO2max) – 500-1000 METs/sem Frequência, duração e intensidade da Atividade física • Resistido – Frequência: 2-3xsem; – Volume: 2-3 séries de 8-10reps; • Incluir no programa os grandes grupos musculares; – Intensidade – peso que o aluno/paciente não consiga realizar mais do que as 10reps na última série. Frequência, volume e intensidade da Atividade física • Resistido – Mínimo 2xsem, não mais do que dois dias de intervalo entre duas sessões; – Moderado 50% 1RM ou vigoroso 75-80%1RM; – 5-10 exercícios para grandes grupos mm; – Evolução 1x10-15 reps até 1-4x8-10reps; Frequência, duração e intensidade da Atividade física • Flexibilidade – Frequência: diária; – Volume: ? – Intensidade: ? Frequência, volume e intensidade da Atividade física Estudo de Revisão • Metodologia: – Selecionou 17 estudos randomizados; • 5 protocolos de treino aeróbio • 5 protocolos de treino resistido • 7 protocolos mistos Frequência, duração e intensidade da Atividade física Resultados: • Exercícios aeróbios – protocolos mais utilizados: – Tipo: caminhada, jogging, ergômetros – Frequência: 3-5/sem – Duração: 25*-60 min – Intensidade: 60-80%FCmáx ou 50-75% VO2máx ou FCreserva • Benefícios – Melhor controle glicêmico; – Melhor função das células Beta; – Redução do stress oxidativo; – Alterações positivas em marcadores de inflamação. *valores iniciais Frequência, duração e intensidade da Atividade física Resultados: • Exercícios resistidos – protocolos mais utilizados: – Tipo: máquinas pneumáticas, bandas elásticas – Frequência: 3-5 sessões/sem – Duração ou Volume/sessão: 2-3x8-15*reps (mais usada - 3x10reps), aproximadamente 30-45min. – Intensidade: 50-85% 1 RM • Benefícios – Melhor controle glicêmico; – Maior sensibilidade a insulina; – Aumento da força muscular; – Aumento dos níveis deadiponectina. *valores iniciais Frequência, duração e intensidade da Atividade física Intensidade da Atividade Física Modalidades de baixa intensidade Ex.: Tai Chi, Yoga - Poucos estudos com resultados distintos (ACSM, 2010). Moderada Intensidade Parece ser a intensidade mais adequada e melhor tolerada para todos os tipos de diabéticos. Intensidade Vigorosa • Pode ser utilizada com indivíduos diabéticos não insulino-dependentes mas, não é muito bem tolerada por indivíduos com diabetes tipo I. Antes de prescrever intensidades vigorosas para seu aluno diabético, orientá-lo para procurar seu médico e realizar avaliação clínica. • Maior risco de hipoglicemia (diabetes tipo I). • Intensidades maiores e/ou maior duração aumentam a utilização da glicose por períodos mais prolongados. ATENÇÃO a progressão no aumento das carga/intensidade. Últimas considerações: • Lembrar que os diabéticos têm maior risco: – Hipertensão – Manter AF se controlada; – Doença renal – AF pode ser mantida mesmo em pacientes em hemodiálise; – Neuropatia periférica – Manter AF desde que não haja úlceras. – DCV – Manter AF se controlada; – Retinopatia – evitar exercícios de alto impacto e aqueles que possam aumentar a pressão intra-ocular e causar hemorragias. ACSM, 2010 Dúvidas????
Compartilhar