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ANAMNESE E EXAME FÍSICO DE PELE E FÂNEROS: CABELO, PÊLOS E UNHAS Profa. Dra. Jennara Candido do Nascimento CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDAR II FORTALEZA – CE 2017.2 INTRODUÇÃO O Sistema Tegumentar refere-se à pele, ao cabelo, ao couro cabeludo e às unhas; Para avaliar as partes que compõem o tegumento, é necessário reunir o histórico de saúde do paciente para orientar seu exame e então utilizar as técnicas de inspeção e palpação. 2 INTRODUÇÃO A avaliação da pele revela o estado de saúde do paciente quanto a oxigenação, circulação, nutrição, lesão tecidual local e hidratação; O exame físico inicia-se com uma inspeção de todas as superfícies visíveis da pele; Use o sentido da visão, do olfato e o toque enquanto realiza a inspeção e a palpação da pele. 3 REVISANDO A ANATOMIA A pele ou tegumento cutâneo é um órgão externo que reveste todo o corpo, inclusive os orifícios naturais, protegendo as estruturas internas contra a ação do meio externo; 4 5 6 7 Outras observações... INVESTIGUE... História pregressa de doença de pele (alergias, urticária, psoríase, eczema); Alterações de pigmentação; Mudança em verrugas (tamanho e cores); Secura ou umidade excessiva; Prurido; Hematomas excessivos; 8 Presença de erupção ou lesão; Uso de Medicamentos (qualquer um que cause resposta alérgica da pele, aumento da sensibilidade à luz solar); Perda de cabelos; Mudança nas unhas; Riscos ambientais ou ocupacionais (exposição ao sol, substâncias químicas tóxicas, picadas de insetos); Comportamento de cuidados pessoais (higiene diária, uso de sabonetes, cosméticos ou substâncias químicas). 9 INVESTIGUE... MATERIAL UTILIZADO Forte iluminação direta (a luz natural é ideal para avaliar as características da pele, ou utilize luz halógena); Régua pequena com marcação em centímetros; Lanterna de bolso; Lente de aumento; Luvas; 10 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 1. Cor: A coloração da pele é resultante da presença de melanina, caroteno, hemoglobina e da maior ou menor irrigação sanguínea; Varia de acordo com as partes do corpo e conforme a etnia; Considerações especiais: Avalie rotineiramente a pele de todos os pacientes em risco para procurar por lesões primárias ou iniciais que possam se desenvolver (Ex. pacientes internados em casa ou hopitais). 11 P IG M E N T O S P R E SE N T E S N A P E L E 12 VARIAÇÕES DE COR ÁREAS DE AVALIAÇÃO POSSÍVEIS CAUSAS Avermelhada (eritema; ondas de calor) Área da face, área específica da pele. Enrubescimento, ingestão de álcool, febre, lesão, trauma, infecção. Azulada (cianose) Áreas expostas, em especial orelhas, lábios, interior da boca, mãos e pés, base das unhas. Ambiente frio, doença cardíaca ou respiratória (redução da oxigenação). Amarelada (icterícia) Áreas generalizadas da pele, membranas mucosas e esclerótica. Doença hepática (aumento dos níveis de bilirrubina). Pálida (palidez) Áreas expostas, em especial face e lábios, conjuntivas e membranas mucosas. Anemia (redução de hemoglobina); Choque (diminuição do volume de sangue). Vitiligo Áreas com manchas brancas sobre a pele, lábios, base das unhas, conjuntiva. Despigmentação (condições congênitas ou autoimunológicas). Bronzeada ou amarronzada Áreas expostas ao sol. Exposição excessiva (aumento da produção de melanina), gravidez. E X A M E D A C O R D A P E L E 13 E X A M E D A C O R D A P E L E 14 FIQUE ATENTO! SINAIS SUGESTIVOS DE MELANOMA MALIGNO: Assimetria de uma lesão pigmentada; Borda irregular; Cor (áreas pretas, cinzas, azuis, vermelhas, brancas, rosas) ou coloração preta escura; Diâmetro maior que 6mm; Elevação ou alongamento. 15 16 CONSIDERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO 17 ACHADOS COMUNS AO NASCER LANUGEM Pelo que cobre o feto, e desaparece após o nascimento; 18 ACHADOS COMUNS AO NASCER Material gorduroso branco, formado pelo acúmulo de secreção das glândulas sebáceas e inclui células epiteliais descamadas e lanugem, recobrindo a pele ao nascimento. Mantém a barreira protetora da pele e promove a termorregulação. VERMIX CASEOSO 19 ACHADOS COMUNS NO PROCESSO DO ENVELHECIMENTO Púrpura senil: É provocada pela ruptura de pequeníssimos vasos do sistema circulatório, chamados de capilares por analogia a fios de cabelo, por onde flui o sangue. Essa ruptura é geralmente ocasionada por traumatismo na pele ou nas mucosas. 20 ACHADOS COMUNS NO PROCESSO DO ENVELHECIMENTO Manchas Senis: Manchas escurecidas que aparecem com a idade nas áreas de pele que ficam descobertas, como rosto, mãos, braços e colo. Essas áreas, dia após dia, são expostas aos raios solares. Não são malignas e dispensam tratamento; Aglomerados de melanócitos que surgem após exposição intensa ao sol; 21 ACHADOS COMUNS DURANTE A GRAVIDEZ Modificações nos níveis hormonais resultam em aumento da pigmentação das aréolas e dos mamilos, da vulva e às vezes, da linha média do abdome (linha nigra) ou do rosto (cloasma); 22 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 2. Temperatura: Use o dorso de suas mãos e palpe a região bilateralmente; A pele deve estar aquecida, com temperatura igual bilateralmente; As mãos e os pés podem estar um pouco mais frios em um ambiente frio. 23 ACHADOS ANORMAIS HIPOTERMIA Estado de choque; Insuficiência arterial periférica; Doença de Raynaud. HIPERTERMIA Traumatismos; Infecções; Queimadura solar; Hipertireoidismo 24 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 3. Hidratação/Umidade: A hidratação da pele e das membranas mucosas ajuda a revelar desequilíbrio de fluidos, alterações no microambiente da pele e regulação da temperatura corporal; Procure por sinais de desidratação nas membranas mucosas parecem lisas e úmidas; Atenção: A pele escura pode normalmente parecer seca e escamosa, mas isso não indica necessariamente desidratação sistêmica. 25 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 3. Hidratação/Umidade: A transpiração aparece normalmente na face, nas mãos, nas axilas e nas dobras cutâneas em resposta à atividade, a um ambiente aquecido ou à ansiedade; Procure por sinais de desidratação nas membranas mucosas orais (normal - parecem lisas e úmidas); Atenção: A pele escura pode normalmente parecer seca e escamosa, mas isso não indica necessariamente desidratação sistêmica. 26 Diaforese: Transpiração profusa, que acompanha um aumento da taxa metabólica; Causas: Ansiedade; dor; exposição a ambientes quentes, obesidade ou excitação. Desidratação: As membranas mucosas parecem secas e os lábios parecem secas e os lábios perecem ressecados e rachados 27 ACHADOS ANORMAIS DIAFORESE DESIDRATAÇÃO 28 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 4. Textura: Refere-se à característica da superfície da pele e ao quanto as camadas mais profundas podem ser sentidas; Tente identificar estas características: Lisa ou áspera; Fina ou espessa; Firme ou flexível; Endurecida ou macia. Normal:Lisa, macia e flexível em crianças e adultos; Alterações localizadas da pele resultam de: traumas, cicatrizes cirúrgicas ou lesões. 29 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 5. Turgor: Refere-se à elasticidade da pele; Normal: A pele solta facilmente e cai imediatamente de volta para a sua posição de descanso; Pode haver diminuição do turgor com o avanço da idade Alterações resultam de: edema, desidratação grave, perda de peso extrema; 30 Avaliando o turgor.... 31 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 6. Edema: Refere-se ao acúmulo de líquido nos espaços intercelulares e normalmente não está presente. Onde observar? Torna-se mais evidente em partes inferiores do corpo (pés, tornozelos e áreas sacrais); Unilateral – Considerar causa local ou periférica; Bilateral (generalizado) – Conhecido como “anasarca”, considerar um problema central, como insuficiência cardíaca ou insuficiência renal. 32 Avaliando o edema.... Sua presença é graduada em uma escala de quatro pontos: de +1 (edema leve) até +4 (edema intenso). Atenção: O edema mascara cor da pele normal e ofusca situações patológicas; O edema faz com que a pele escura pareça mais clara; 33 INSPEÇÃO E PALPAÇÃO DA PELE 7. Lesões: São alterações traumáticas ou patológicas em estruturas previamente normais. Podem ser classificadas como: Primária – quando a lesão se desenvolve na pele previamente inalterada; Secundária – quando uma lesão muda ao longo do tempo, ou muda por causa de um fator, como prurido ou infecção. 34 O que observar em uma lesão? Cor; Elevação: plana, elevada ou pedunculada; Padrão ou forma: agrupamento ou distinção de cada lesão (anular, agrupada, confluente e linear); Tamanho (cm): utilize régua para medir. Evitar descrições como “um quarto” ou “tamanho de uma ervilha”; Localização e distribuição no corpo (generalizada ou restrita); Produção de exsudato (observe a cor e odor). 35 36 LESÕES CUTÂNEAS PRIMÁRIAS Mudança circunscrita, achatada e não-palpável na cor da pele: 1. Mácula – Lesão ≤ 1 cm Ex. Sardas e petéquias; 2. Pápula – Lesão ˃ 1 cm Ex. Vitiligo. 1. Sardas 2. Vitiligo 37 LESÕES CUTÂNEAS PRIMÁRIAS Sólidos e palpáveis: 1. Pápula – Grânulo ≤ 0,5 cm. Ex. Sinal; 2. Placa – Grânulo ˃ 0,5 cm. Ex. Psoríase; 3. Nódulos – Grânulo 0,5 - 2 cm; mais firme do que uma pápula. Ex. Nevos (verrugas); 4. Tumor – Grânulo ˃ 2 cm. Ex. Hemangioma; 5. Vergão placa urticária – Área irregular e superficial de edema de pele localizado. Ex. Picada de mosquito e enxame. 38 Sinal Psoríase Veruga Hemangioma Vergão 39 LESÕES CUTÂNEAS PRIMÁRIAS Palpáveis e preenchidas por líquido: 1. Vesícula – Cheia de fluido seroso ≤ 1 cm. Ex. Herpes simples, catapora; 2. Bolha – Cheia de fluido seroso ˃ 1 cm Ex. Queimadura de segundo grau. 3. Pústula – Cheia de pus. Ex. Acne, impetigo. 4. Cisto - Cavidade encapsulada e preenchida por líquido ou semilíquido na derme ou cavidade subcutânea. 40 Vesícula Bolha Pústula Cisto FORMATOS COMUNS DE LESÕES CUTÂNEAS 41 ANULARES OU CIRCULARES CONFLUENTES TENDEM A SE AGRUPAR ISOLADAS; INDIVIDUAIS FORMATOS COMUNS DE LESÕES CUTÂNEAS 42 AGRUPADAS SERPENTINOSAS/TORTUOSAS ESPIRALADAS EM ALVO FORMATOS COMUNS DE LESÕES CUTÂNEAS 43 LINEARES ZOSTERIFORMES ARRANJOS LINEARES POLICÍCLICAS LESÕES ANULARES QUE CRESCEM JUNTAS Crosta – Exsudato ressecado e espesso quando vesículas/pústulas se rompem; Escama – Finos blocos compactos de pele, secos ou oleosos, prateados ou brancos, decorrentes da esfoliação de células de ceratina morta; 44 LESÕES CUTÂNEAS SECUNDÁRIAS Fissura – Fenda linear com bordas abruptas, com extensão para a derme, seca ou úmida. Ex: Queilose; 45 Erosão – Depressão escavada, porém rasa; Superficial. Perda da epiderme, porém não sangra, cicatriza sem deixar marcas; 46 Úlcera – Depressão até a derme, irregular, sangra; Escoriação – Abrasão auto-infligida, às vezes com crosta; arranhaduras pelo prurido intenso; 47 Cicatriz – Recuperação da lesão tecido normal substituído por tecido conjuntivo (colágeno); 48 Quelóide – Cicatriz hipertrófica, nível de pele em nível elevado pelo excesso de tecido cicatricial, que invade uma região além da lesão original. Pode aumentar muito depois da cicatrização; Aspecto liso como borracha; 49 INSPEÇÃO DE CABELO E COURO CABELUDO Inspecione e palpe a textura do cabelo; Pode ser fino ou espesso, reto, encaracolado ou cacheado; Deve ter aspecto brilhante, embora suas características possam perder-se com o uso de alguns produtos de beleza, como tinturas, condicionadores ou permanente; O couro cabeludo deve ser limpo e livre de qualquer lesão ou praga. 50 Esteja atento para... Hirsutismo - Abundância de pelos corporais ou alopécia; Presença de lesões; Alterações quanto à espessura, à textura e à lubrificação dos fios e couro cabeludo (ex. alopecia); Faça a distinção entre caspa e lêndeas (ovos) de piolhos, os quais são ovais, aderem ao eixo do cabelo e causam coceira intensa. Caspa ou psoríase frequentemente causam a escamação ou o ressecamento do couro cabeludo. 51 A L O P E C IA T Ó X IC A 52 A L O P E C IA A R E A T A 53 ANATOMIA DA UNHA 54 As unhas normais são transparentes, lisas, bem torneadas e convexas, com um ângulo do leito ungueal de cerca de 160 graus. Esteja atento para... Presença de eritema ou inchaço no leito ungueal; Trauma, cirrose, diabetes mellitus e hipertensão causam pequenas áreas de sangramento (Hemorragia de Splinter); Alterações vitamínicas, proteicas e eletrolítica provocam formação de várias linhas ou bandas no leito ungueal; Lesão direta ou doença generalizada alteram os padrões de crescimento das unhas; Insuficiência de cálcio em idosos torna as unhas mais fracas, espessas e opacas. 55 56 57 58 59 60 61 62 REFERÊNCIAS BARROS, A. L. B. L & Col. Anamnese e exame físico. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. CHAVES, L. C; POSSO, M.B.S (Org.). Avaliação física em enfermagem. Barueri(SP): Manole, 2012. JARVIS, C. Guia de exame físico para a enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. POTER, P.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 63
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