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FERIDAS CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDAR II Profa. Dra. Jennara Candido do Nascimento FORTALEZA-CE 2017.2 FERIDAS O termo ferida é utilizada como sinônimo de lesão tecidual, deformidade ou solução de continuidade, que pode atingir desde a epiderme até estruturas profundas, como músculo, articulações, tendões, ossos, órgãos e qualquer outra estrutura do corpo. É uma ruptura da integridade e da função de tecidos no corpo. (GIOVANINI et al., 2007; BAHARESTANI, 2008). 2 LESÃO TECIDUAL Distúrbio na regulação do equilíbrio. Causada por qualquer estressor que altere a capacidade da célula ou sistema de manter seu equilíbrio. Reversível – Permite a recuperação tecidual. Irreversível – Incapacidade ou morte do tecido. Causas: Hipóxia Desequilíbrio nutricional Agentes físicos (extremos de temperatura, trauma) Agentes químicos (venenos) Agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos) Alterações genéticas (câncer, hemofilia, etc.) 3 CLASSIFICAÇÃO O Sistema de classificação das feridas possibilita a enfermeira compreender os riscos associados a uma ferida e as implicações para a cura. Os Sistemas de classificação descrevem a lesão... Quanto à espessura; Quanto à etiologia; Quanto à evolução; Quanto à presença de infecção; Quanto ao comprometimento tecidual; 4 FERIDA SUPERFICIAL Aquela que atinge apenas a epiderme e a derme. 5 ESPESSURA FERIDA PROFUNDA SUPERFICIAL Aquela que destrói a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. 6 ESPESSURA FERIDA PROFUNDA TOTAL Aquela que atinge o tecido muscular e as estruturas adjacentes; como por exemplo tendões, cartilagens, ossos etc. 7 ESPESSURA ACIDENTAL OU TRAUMÁTICA Ocorre de maneira imprevista, provocadas por objetos cortantes, contundentes, perfurantes, lacerantes, mordeduras. 8 ETIOLOGIA INTENCIONAL OU CIRÚRGICA Realizada de acordo com um fim terapêutico proposto. 9 ETIOLOGIA PATOLÓGICA Lesões secundárias à uma determinada doença de base. 10 ETIOLOGIA IATROGÊNICA Feridas resultantes de procedimentos ou tratamento. 11 ETIOLOGIA FATORES CAUSAIS EXTERNOS Feridas resultantes de pressão contínua exercida pelo peso do corpo, fricção, cisalhamento e umidade, como as úlceras por pressão. 12 ETIOLOGIA AGUDA Feridas traumáticas, há ruptura da vascularização e desencadeamento imediato do processo de hemostasia. Ex: cortes, escoriações, queimaduras, etc. 13 EVOLUÇÃO CRÔNICAS Longa duração ou recorrência frequente; Ocorre um desvio na sequência do processo cicatricial fisiológico. 14 EVOLUÇÃO FERIDAS LIMPAS OU ASSÉPTICAS Lesão produzida em condições assépticas, sem falhas técnicas, por incisão e tecidos estéreis ou de fácil descontaminação e sem indícios de sinais flogísticos. 15 PRESENÇA DE INFECÇÃO FERIDAS LIMPAS CONTAMINADAS Ocorrem em tecidos de baixa colonização, sem contaminação prévia ou durante ato cirúrgico. Lesão com tempo inferior a 6h entre o trauma e o atendimento. 16 PRESENÇA DE INFECÇÃO FERIDAS CONTAMINADAS Feridas acidentais, recentes e abertas, colonizadas por flora bacteriana considerável. Falha na técnica asséptica (também as cirúrgicas). Lesão com tempo superior a 6h entre o trauma e o atendimento. 17 PRESENÇA DE INFECÇÃO FERIDAS INFECTADAS OU SÉPTICAS Lesões potencialmente colonizadas, contaminação grosseira com parasitas, bactérias, vírus ou fungos. Apresentam evidências do processo infeccioso; Exsudado purulento e odor característico. 18 PRESENÇA DE INFECÇÃO FERIDAS MECÂNICAS Feridas traumáticas causadas por traumatismo externos, cortante ou penetrante (esmagamento, cortes);. 19 TIPOS DE FERIDA FERIDAS LACERADAS Feridas que apresentam margens irregulares (arames, vidros). 20 TIPOS DE FERIDA FERIDAS QUÍMICAS Causadas pela ação de ácidos ou bases muito fortes. 21 TIPOS DE FERIDA FERIDAS TÉRMICAS FERIDAS POR ELETRICIDADE Resultado do calor ou frio extremo. 22 TIPOS DE FERIDA Causadas por raios ou objeto energizado (rede elétrica). FERIDAS POR RADIAÇÃO Feridas causadas por longa exposição a raios solares, raio X ou outro tipo de radiação. 23 TIPOS DE FERIDA INCISA CONTUSA Produzidas por instrumento cortante (feridas cirúrgicas). Produzidas por ação de objetos rombos (traumatismo das partes moles, hemorragias e edema); 24 TIPOS DE FERIDA PERFURANTE ONCOLÓGICA Produzem pequena abertura na pele, porém podem atingir camadas teciduais profundas e órgãos causando hemorragia intensa; Causadas por tumores de pele; 25 TIPOS DE FERIDA Vasculogênicas Úlcera arterial: Ferida crônica nas pernas, procedente de lesão nas artérias, por doença vascular periférica, localizadas na região distal dos MMII, região maleolar, calcâneo e dedo dos pés. Necessário tratamento simultâneo da patologia de base, como doença cardiovascular, HAS, DM, vasculite, controle dos hábitos, como consumo exagerado de carnes vermelhas. 26 TIPOS DE FERIDA Vasculogênicas Úlcera venosa: Ferida crônica nas pernas; Decorrente de insuficiência das veias da perna e da associação do refluxo das veias superficiais; Desencadeia hipertensão venosa, afeta a microcirculação, causando danos às paredes dos vasos e alterações cutâneas; Localizadas nos MMII, preferencialmente nas regiões maleolar interna. 27 TIPOS DE FERIDA 28 COMPARANDO ÚLCERA VENOSA E ARTERIAL aTVP – Trombose Venosa Periférica b DVP – Doença Vascular Periférica 29 Úlcera Arterial Úlcera Venosa Lesão por pressão Lesão por pressão: Lesão ou solução de continuidade na pele do cliente, ocasionada por longa permanência no leito sem mobilização e cuidados de enfermagem; Regiões afetadas: áreas com proeminências ósseas; Fatores de risco: EXTERNO e INTERNO. 30 TIPOS DE FERIDA ATUALIZAÇÃO 13 de abril de 2016 NUAP National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) 31 Lesão por pressão: é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento. A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua condição. ESTÁGIOS DA LESÃO POR PRESSÃO Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece; Estágio 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme; 32 ESTÁGIOS DA LESÃO POR PRESSÃO Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total – exposição de tecido subcutâneo; Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular; 33 ESTÁGIOS DA LESÃO POR PRESSÃO Lesão por Pressão Não Classificável– perda tissular não visível. A extensão do dano não pode ser confirmada; 34 ESTÁGIOS DA LESÃO POR PRESSÃO Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece; 35 ESTÁGIOS DA LESÃO POR PRESSÃO Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico; Lesão por Pressão em Membranas Mucosas. 36 37 ÁREAS COM PROEMINÊNCIA ÓSSEA Fases da Cicatrização: Fase Inflamatória (exsudativa, defensiva ou reativa). Fase Proliferativa (fibroblástica). Fase de Maturação (Reparadora ou remodeladora ou de epitelização). 38 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO 39 Inicia-se no momento da lesão; Duração - Estende-se por até 6 dias; Sinais Locais de inflamação (calor, dor, rubor, edema); Objetivo: Controle do sangramento e pela remoção de microrganismos, material inorgânico e tecidos desvitalizados. FASE INFLAMATÓRIA 1. Etapa trombocítica: formação de trombos, agregação plaquetária e ativação da cascata de coagulação; 2. Etapa granulocítica: Consiste no desbridamento da ferida e na defesa contra infecções; Grande concentração de leucócitos na área afetada; Fagocitose das bactérias; Decomposição do tecido necrosado e limpeza local da lesão; 40 FASE INFLAMATÓRIA 3. Etapa macrofágica: Intensa atuação local dos macrófagos secretam as proteases, liberam substâncias vasoativas e fatores de crescimento que controlam a proliferação celular, influenciando no desbridamento da ferida e na regulação da outras fases de cicatrização; 41 FASE INFLAMATÓRIA 42 43 Evolui durante 2 a 3 semanas; Composto de capilares, colágeno e proteoglicanos; Principais agentes: células endoteliais, fibroblastos e queratinócitos; Ambiente favorável para formação do tecido de granulação: aumento da concentração de O2; Tecido de granulação, os capilares e as substâncias básicas crescem em direção à camada de células basais. 44 FASE PROLIFERATIVA 45 Síntese do colágeno efetivada por meio das proteínas, gorduras, vitaminas A e C, carboidratos, zinco e oxigênio; Aumento da perfusão tissular e da oxigenação, os fibroblastos são ativados para elaborarem o colágeno que irá se depositar na lesão. FASE PROLIFERATIVA Formação de tecido conjuntivo novo e de epitelização; Início na terceira semana, estendendo-se por longo período, dependendo da extensão, grau e localização; Caracterizada por mudanças no tecido cicatricial provocadas por síntese dos fibroblastos e pela lise coordenada pelas colagenases; Reorientação das fibras de colágeno; Inicia-se nas bordas da ferida. 46 FASE REPARADORA 47 Cicatrização por primeira intenção; Cicatrização por segunda intenção; Cicatrização por terceira intenção. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 48 Ideal; Geralmente Limpa; Junção dos bordos por meio da sutura ou aproximação, com reduzido potencial de infecção; Cicatrização mais rápida, em média de 10 dias; Cicatriz mais fina e melhor qualidade estética; CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO 49 Ferida mantida aberta; Tipo de cicatrização relacionada a ferimentos infectados; Geralmente reações inflamatórias; Perda extensa de tecido e células, onde não é possível realizar a junção dos bordos. CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO 50 Maior produção de colágeno e tempo de reepitelização prolongado; Crescimento de quantidade abundante tecido de granulação para completar o reparo; Resultados estéticos menos favoráveis; Ex. abcessos, úlceras venosas. CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO 51 Existem fatores que retardam o processo de cicatrização, como aplicação de drenos, ostomias e feridas cirúrgicas infectadas; Também feridas que não foram suturadas inicialmente, que se romperam ou foram reabertas para drenagem de exsudatos e que após três a cinco dias serão ressuturadas. CICATRIZAÇÃO POR TERCEIRA INTENÇÃO 52 Tipos de cicatrização Cicatrização por terceira intenção Cicatrização por segunda intenção PREPARAÇÃO DO LEITO DA FERIDA 54 T I M E Tecido inviável ou deficiente Infecção ou inflamação Desequilíbrio de umidade Margem não avança Hematomas – Constituem um meio excelente de cultura para microorganismos, e propiciam a formação de edemas e cicatrizes defeituosas. Edema – Interfere na proliferação celular e na síntese proteica. Diminui o fluxo sanguíneo e metabolismo local e favorece a necrose e crescimento bacteriano. 55 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO Condições de oxigenação e perfusão tissular Deficiência de O2 impede a síntese de colágeno, diminui a proliferação e migração celulares e reduz a resistência a infecções; Corpo estranho - Diminui a velocidade do processo cicatricial e predispõe o organismo a infecções; 56 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO Tecido necrótico – Meio de cultura para microorganismos, que desencadeia a liberação de enzimas que interferem no processo de cicatrização; Deve ser removido – autolítico ou mecânico; Infecção – Microorganismos competem com o tecido em formação pelo O2 e nutrientes; Inibe a produção de colágeno pelos fibroblastos e estimula os leucócitos a liberar lisozimas (enzima que destrói o colágeno existente); 57 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO Ressecamento – Feridas ressecadas perdem fluido rico em fatores de crescimento que estimulam a angiogênese e epitelização; Falta de umidade predispõe a infecção e impede a migração celular; Feridas mantidas em ambiente úmido cicatrizam três a cinco vezes mais rapidamente e são menos doloridas; 58 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO Estado Nutricional – Necessários para suprir os processos energéticos celulares, síntese de colágeno e integridade da membrana capilar, interferindo também na prevenção de infecções. Doenças Crônicas – DM, doença vascular periférica, HAS. 59 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO Tabagismo – O ato de fumar reduz a tensão de O2 no sangue, e a nicotina causa uma ação de vasoconstrição – gera hipóxia tecidual; Drogas e medicamentos – Drogas imunossupressoras, corticóide, etc. Obesidade, idade avançada, pressão sobre uma área, complicações vasculares e pulmonares; hipertensão venosa e insuficiência arterial; 60 FATORES QUE AFETAM A CICATRIZAÇÃO 1. GEOVANINI, T; OLIVEIRA JÚNIOR, A. G. Manual de curativos. 2. ed. São Paulo: Corpus, 2008. 2. POTER, P.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 3. VOLPATO, A. C. B; PASSOS, V. C. S. Técnicas básicas de enfermagem. 4. ed. São Paulo: Martinari, 2014. 61 REFERÊNCIAS 62
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