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CAMILA ALMEIDA DA SILVA
DIREITO DE PROPRIEDADE
Trabalho apresentado como requisito avaliativo da disciplina de Direitos Humanos, no Curso de Bacharelado em Direito, sob orientação do Professor: Otávio Luíz.
MACAPÁ
2014.2
Do Direito de Propriedade
	
	Desde o direito romano, a questão da propriedade se põe diante dos estudiosos do direito como das mais tormentosas, sem que se possa desde logo definir lineamentos imutáveis ou axiomas quaisquer. Vale referir que não apenas no Direito, como também na Economia, na Ciência Política e na Sociologia, as discussões em torno da função e do conceito de propriedade sempre tiveram maior vulto, havendo mesmo quem desejasse explicar a evolução histórico-econômica da sociedade humana como se fora uma história da propriedade sobre os bens de capital.
	Inicialmente, define-se propriedade, ou domínio, como sendo o direito de usar, gozar e dispor dos bens e, de reavê-los do poder de quem injustamente os possua. A propriedade pode ser plena, quando todos os seus direitos elementares se achem reunidos na do proprietário; limitada, quando têm ônus ou é resolúvel. Até prova em contrário, o domínio presume-se exclusivo e ilimitado. A propriedade do solo abrange a do que lhe está superior e inferior em toda a altura e em toda a profundidade, úteis ao seu exercício, não podendo, todavia, o proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse algum de impedi-los.
	Na consolidação de Teixeira de Freitas, já se lia no art. 884: “Consiste o domínio na livre faculdade de usar e dispor, das coisas e de as demandar por ações reais”. Ou seja, a fórmula do artigo acima apenas consagra a conjugação de poderes já prevista nas Ordenações, e que se mantém até hoje. Ocorre que este desfiar sintético de poderes, conquanto verdade, não encerra a compreensão jurídica da propriedade nos dias atuais.
	Considera-se também importante referir um outro aspecto: o titular da propriedade possui, em relação à coisa, um poder interno e outro externo; interfere no destino da coisa, e impede que terceiros o façam, ou só o façam de acordo com seus desígnios. Portanto, a distribuição das titularidades e da riqueza efetivamente passam pela normatização da propriedade na sociedade.
	O art. 1.228 do Código Civil encerra os chamados poderes proprietários: usar, gozar, dispor e reivindicar, que permanecem com estrutura semelhante desde as Institutas de Justiniano. É esse o primeiro artigo do capítulo de propriedade do Código Civil de 2002, com a seguinte redação:
“Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”
	Essas características, todavia, não devem ser tomadas isoladamente, e sim consideradas dentro de um quadro no qual a propriedade se comporta de modo diferenciado, de acordo com as respectivas situações. Deve-se destacar o papel ocupado pela propriedade de direitos imateriais, como cotas, ações, marcas, patentes, etc., como pedra de toque dessa revisão.
	A posse, como situação de fato correlacionada, surge, então como a aparência dos poderes proprietários, ou se amparando na intenção de ser dono, ou na provável propriedade. No entanto, tem se constatado cada vez mais que a visão iheringuiana não foi capaz de antever atritos existentes entre o proprietário não-possuidor e o possuidor não proprietário, a quem Ihering imaginava falecer proteção jurídica. Na nossa sociedade, todavia, não é possível ignorar essa perspectiva.
 Princípio da função social de propriedade
	O que é dar função social? A propriedade, como a estamos concebendo, é um direito. Entretanto, um direito tão importante não pode ser exercitado sem que sejam delineados limites internos ao seu exercício. Daí a transição dos poderes proprietários para deveres-poderes proprietários,5 que deverão ser exercidos em consonância dos interesse sociais.
	Tal questão não escapou ao constituinte. Este viés não escapou ao constituinte que definiu a priori um conteúdo constitucional para a propriedade, que orienta todo o conjunto de normas atinentes ao referido direito. Trata-se da função social (art. 5°, XXIII, CRFB). Função porque a propriedade passa, a partir deste momento, a não ser mais um direito vazio, mas uma situação patrimonial apenas passível de proteção na medida em que exercer um dado papel no ordenamento. Este papel é tomando em conta não individualmente, mas socialmente, daí a menção ao termo social. A propriedade de cada um está em termos de titularidade associada a cada um não por conta da utilidade que cada um aufere da coisa (que não é relegada nem desimportante, mas que não serve de parâmetro central para esta regulação), mas tendo em vista a utilidade que a sociedade obtém de benefício a cada titularidade associada. Estes conteúdos podem ganhar várias concreções, a saber:
	O tema da função social da propriedade está intimamente ligado com a contemporânea inexistência da dicotomia rígida entre o direito público e o direito privado, a hermenêutica e a interpretação conforme a Constituição, e a concretização dos princípios fundamentais, em especial da dignidade da pessoa humana e da justiça
social.
	Após uma análise da superação da dicotomia direito público/direito privado, examinam-se o fenômeno da constitucionalização e da despatrimonialização do direito civil, as dimensões do direito de propriedade no Estado Liberal – individualista e absolutista – e no Estado Social – com caráter de solidariedade, relatividade e funcionalidade. Nesta contemporânea dimensão do direito de propriedade, em razão da sua função social, esse instituto é mostrado como relação funcional entre sujeito e objeto, e não como direito absoluto.
	No âmbito do Direito Constitucional comparado, verifica-se a previsão do princípio em comento em Constituições de outros países e, no âmbito do Direito
Constitucional brasileiro, a evolução da previsão da função social da propriedade nas
Constituições anteriores a 1988 e a união indissociável entre a propriedade e a sua função social positivada em diversos dispositivos da Carta Magna vigente.
Com essa nova dimensão da propriedade, cuja definição é inseparável da sua função social, observam-se três formas de incidência do princípio em comento: vedação ao proprietário do exercício de determinadas faculdades, obrigação de o proprietário exercer faculdades elementares do domínio e a criação de um complexo de condições para o exercício das faculdades atribuídas pelo direito de propriedade.
	Por fim, baseando-se na premissa de rompimento paradigmático e metodológico da antiga visão do direito de propriedade, faz-se uma breve análise de algumas repercussões do princípio constitucional da função social da propriedade no Código Civil de 2002, de modo a apreender-se a acepção das regras codificadas com vistas à construção de uma nova dimensão da relação de propriedade, para concretização dos fundamentos e objetivos do Estado Democrático de Direito, em especial a dignidade da pessoa humana e a justiça social.
	Tal questão não escapou ao constituinte. Este viés não escapou ao constituinte que definiu a priori um conteúdo constitucional para a propriedade, que orienta todo o conjunto de normas atinentes ao referido direito. Trata-se da função social (art. 5°, XXIII, CRFB). Função porque a propriedade passa, a partir deste momento, a não ser mais um direito vazio, mas uma situação patrimonial apenas passível de proteção na medida em que exercer um dado papel no ordenamento. Este papel é tomando em conta não individualmente, mas socialmente, daí a menção ao termo social. A propriedade de cada um está em termos de titularidade associada a cada um não por conta da utilidade que cada um aufere da coisa (que não é relegada nem desimportante, mas que não serve de parâmetro central para esta regulação), mas tendo em vista a utilidade que a sociedade obtém de benefício a cada titularidade associada.Estes conteúdos podem ganhar várias concreções, a saber:
	Qual seria a natureza da função social? Para alguns, é princípio da ordem econômica. Gustavo Tepedino, todavia, entende que este princípio permeia todo o direito privado, porquanto diante das colocações acima não se possa conceber propriedade sem que haja atendimento a uma série de interesses não-proprietários, que em muitos casos não se ampararão na micro constituição econômica, mas em outros paradigmas perfilados pela Constituição da República (em especial, situações subjetivas existenciais: intimidade, liberdade, integridade, dignidade...).
	Sendo princípio, ou seja, norma jurídica de redação sintética e de aplicação e cogência variáveis, poderá a função social da propriedade admitir inúmeras concreções, cada uma com sua característica distintiva. O próprio Código Civil, no art. 1228, §1°, traz-nos algumas ideias que especificam o conteúdo da função social: meio ambiente, proteção do patrimônio histórico, etc., além das previstas no próprio texto constitucional (CRFB, art. 182, §2°, sobre o atendimento ao plano diretor, art.170, sobre os princípios da ordem econômica, e art. 186 – sobre a propriedade rural: aproveitamento racional e adequado; utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições que regulam as relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores). A função social comporta-se, portanto, como conceito jurídico indeterminado, a ser preenchido pelo intérprete.

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