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Aula 03 Curso: Direito Administrativo p/ TRF 3ª Região (Analista Judiciário e Oficial de Justiça) Professor: Daniel Mesquita Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita AULA 03: Atos administrativos. SUMÁRIO 1) INTRODUÇÃO À AULA 03 1 2) TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO. 2 2.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULÁVEIS E INEXISTENTES. 2 2.2. TEORIAS MONISTA (OU UNITÁRIA) E DUALISTA. 3 2.3. VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO. 4 2.4. DESCONSTITUIÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 6 2.4.1. INVALIDAÇÃO 6 2.4.2. REVOGAÇÃO 14 2.5 CONVALIDAÇÃO (OU SANATÓRIA) 29 3) RESUMO DA AULA. 38 4) QUESTÕES 41 5) REFERÊNCIAS 52 1) Introdução à aula 03 Que bom que você veio para a nossa aula 03! Nesta nossa aula 03 do curso de Direito Administrativo preparatório para o cargo de Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça) do TRT 3ª Região, falaremos do seguinte assunto: ³Ato administrativo: revogação e invalidação do ato administrativo.´. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Não se esqueça que, ao final, você terá um resumo da aula e as questões tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na véspera da prova! Num concurso como este, em que a matéria é muito extensa, não há como você ler uma aula hoje e apreender tudo até o dia da prova. Por isso, programe-se para ler os resumos na semana que antecede a prova. Lembre-se: o planejamento é fundamental. Chega de papo, vamos à luta! 2) Teoria das nulidades no direito administrativo. Este ponto da aula representa cerca de 50% das questões cobradas a respeito dos atos administrativos nos concursos. Não é só por isso que você deve prestar atenção nesse ponto. A teoria das nulidades no direito administrativo é a que sedimenta as maiores divergências entre os administrativistas. Por isso, concluiremos cada ponto com a posição dominante. Portanto, MUITA ATENÇÃO! 2.1 Atos administrativos nulos, anuláveis e inexistentes. Inicialmente, vamos diferenciar os conceitos básicos de atos irregulares, nulos, anuláveis e inexistentes, no seguinte quadro: Ato irregular Ato nulo Ato anulável Ato inexistente Apresentam defeitos Nasce com vício insanável nos Nasce com vício Tem aparência de manifestação regular da 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita irrelevantes. seus elementos. constitutivos. sanável. Administração, mas resta ausente um dos elementos do ato administrativo. É importante a distinção entre os atos inexistentes e os nulos, pois aqueles, ao contrário destes, nunca entraram no ordenamento jurídico, não prescrevem, não podem ser convalidados e podem ser resistidos, inclusive manu militari (Bandeira de Mello, 2010, p. 483). 2.2. Teorias monista (ou unitária) e dualista. Há também divergência doutrinária quanto a própria existência de distinção entre atos nulos e anuláveis. Afinal, existe diferença entre DWRV�QXORV�H�DWRV�DQXOiYHLV�RX�WXGR�p�³IDULQKD�GR�PHVPR�VDFR´" A teoria monista (Hely Lopes Meirelles, Gasparini e outros) informa que o vício do ato administrativo acarreta sempre a sua nulidade. Tudo VHULD� ³IDULQKD� GR� PHVPR� VDFR´�� 1mo se poderia transportar para o direito administrativo a distinção realizada pelo direito privado entre atos anuláveis e atos nulos. A teoria dualista (Bandeira de Mello, Carvalho Filho, Marcelo Caetano e outros), por outro lado, enxerga diferença entre aos nulos e anuláveis de acordo com a maior ou menor gravidade do vício, uma vez que é distinto o tratamento jurídico que se dá a cada uma das situações. Essa é a teoria que prevalece. Mas qual seria o critério para diferenciar um ato nulo de um ato anulável? Para Bandeira Mello (2010, p. 471), o critério para se distinguir os tipos de invalidade reside na possibilidade ou não de convalidar-se o vício do ato. Desse modo, os atos inválidos se dividem em convalidáveis 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita e não convalidáveis. Os atos anuláveis são suscetíveis de convalidação, os atos nulos e os inexistentes não. &DUR� DOXQR�� QmR� HVWUDQKH� VH� HQFRQWUDU� DV� H[SUHVV}HV� ³QXOLGDGH� UHODWLYD´� RX� ³QXOLGDGH� DEVROXWD´�� HODV� GHVLJQDP�� WmR� VRPHQWH�� DWRV� anuláveis (=convalidáveis) e atos nulos (=não convalidáveis), respectivamente. Assim, são nulos os atos que a lei assim os declare e aqueles em que é racionalmente impossível a convalidação. São anuláveis os atos que a lei assim os declare e os que podem ser novamente praticados sem vício. Essa é a teoria que prevalece. 2.3. Vícios do ato administrativo. Nesse ponto, não há muito mistério, caro concursando. Os vícios do ato são analisados de acordo com os seus elementos (sujeito ± competência e capacidade ±, objeto, forma, motivo e finalidade). Eles estão definidos no art. 2º da Lei da Ação Popular, podendo atingir os cinco elementos do ato. Passa-se à análise de cada um deles, com fundamento na dicção legal e na doutrina mais aceita do direito administrativo. Os vícios relativos ao sujeito subdividem-se em vícios de competência e vícios de capacidade (lembre-se, o elemento sujeito é subdividido em competência e capacidade). A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou, seja porque o agente não é detentor das funções que exerce seja por exercê-las com exorbitância de suas atribuições. No primeiro caso, o indivíduo estará incorrendo em crime de usurpação de função (art. 328 do CP). No segundo, ele age com excesso de poder. Há também vício de competência na situação do agente de fato ± há apenas a aparência de investidura regular no cargo. Nesse caso, 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita protege-se a boa-fé dos administrados em razão da teoria da aparência de legitimidade do ato. Os vícios de incapacidade do sujeito são os previstos na legislação civil (relacionados à idade e às patologias mentais) e - segundo DiPietro (2009, p. 240) ± os decorrentes das situações de impedimento (presunção absoluta de incapacidade) e de suspeição (presunção relativa), previstas nos arts. 18 a 20 da Lei nº 9.784/99. Nas hipóteses de suspeição e impedimento, o ato pode ser convalidado pela autoridade que detém a capacidade para a prática do ato. O vício de forma, por sua vez, consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. Ainda segundo a Lei nº 4.717/65, há vício no objeto quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo. Além disso, o objeto deve ser legítimo (lícito e moral), possível e determinado. Há vício quanto ao motivo quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido. Além disso, pode-se identificar vício no motivo quando a Administração se vale de fundamento falso para a prática do ato. Por fim, há vício quanto à finalidade quando o agente pratica o ato visando fins diversos daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (desvio de finalidade = desvio de poder). 1. (FCC-2011-TRF-1ªREG-Técnico Judiciário) João, servidor público federal, pretende retirar do mundo jurídico determinado ato Questão de concurso 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita administrativo, em razão de vício nele detectado, ou seja, por ter sido praticado sem finalidade pública. No caso, esse ato administrativo a) deve ser revogado. b) pode permanecer no mundo jurídico, pois trata-se de vício sanável. c) possui vício de objeto e, portanto, deve ser retirado do mundo jurídico apenas pelo Judiciário. d) deve ser anulado. e) possui vício de motivo e, portanto, deve ser retirado do mundo jurídico por João. Como vimos, quando o vício se referir à finalidade, um dos requisitos de validade, deve a Administração anulá-lo de ofício ou por provocação de terceiro. $VVLP�D�UHVSRVWD�FRUUHWD�p�D�OHWUD�³G´� 2.4. Desconstituição dos atos administrativos 2.4.1. Invalidação Se você me perguntasse qual tema deveria revisar nos últimos 10 minutos que antecedem a prova desse concurso, eu diria, com toda VLQFHULGDGH��³,QYDOLGDomR�H�UHYRJDomR�GRV�DWRV�DGPLQLVWUDWLYRV´�� Portanto, não desgrude os olhos dos próximos parágrafos! 2� WHUPR� ³LQYDOLGDGH´� p� XVDGR� SHOD� GRXWULQD� PDMRULWiULD� FRPR� gênero que engloba o conceito de atos nulos e anuláveis (Bandeira de Mello, 2010, p. 461 e Carvalho Filho, 2005, p. 123), distanciando-se, desse modo, do conceito de revogação (você verá abaixo que revogação está relacionada ao mérito administrativo, ou seja, ao juízo de conveniência e oportunidade do administrador público). A invalidação é a retirada do ordenamento de um ato administrativo produzido em desconformidade com a ordem 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita jurídica e se opera com efeitos retroativos (ex tunc). Ou seja, com a invalidação, não só o ato viciado é retirado do ordenamento jurídico, mas também todas as relações jurídicas que foram por ele produzidas. Tanto a Administração, de ofício ou por provocação (no exercício do poder de autotutela), quanto o Judiciário, no curso de uma lide, podem promover a invalidação. O principal fundamento que autoriza a invalidação é o princípio da legalidade. A Administração funda-se nesse princípio e, por isso, não pode manter no ordenamento ato que sabe ser contrário ao direito. Do mesmo modo, o Poder Judiciário, não pode manter no ordenamento um ato com vício de legalidade. SINAL DE ALERTA: É importante observar que há algumas distinções entre a invalidação do ato nulo e do ato anulável. O ato nulo pode ser invalidado de ofício pelo juiz e não pode ser convalidado. O ato anulável pode ser convalidado, legitimando o ato desde a sua edição, e o Poder Judiciário só pode retirá-lo do ordenamento mediante provocação. Nesse sentido, vale a transcrição do seguinte trecho da julgamento do Superior Tribunal de Justiça no RESP 850270: ³,,� - A doutrina moderna do direito administrativo tem admitido, mutatis mutandis, a aplicação das regras sobre nulidade dos atos jurídicos do direito privado nas relações de direito público, definindo os atos inválidos em nulos e anuláveis, a depender do grau de irregularidade. No caso da primeira espécie (nulos), o ato é insanável, não permitindo convalidação, podendo o vício ser reconhecido de ofício pelo Juiz. Quanto aos atos anuláveis, admite-se a convalidação, sendo possível o reconhecimento da invalidade DSHQDV�SRU�SURYRFDomR�GR�LQWHUHVVDGR´� Assim, temos: 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Ato nulo Ato anulável não pode ser convalidado; pode ser convalidado; pode ser retirado do mundo jurídico pela Administração e pelo Poder Judiciário; pode ser retirado do mundo jurídico pela Administração e pelo Poder Judiciário; o Poder Judiciário pode retirar até mesmo de ofício (sem que ninguém tenha alegado, mas desde que exista um processo já em curso); o Poder Judiciário só retira mediante provocação; a Administração retira de ofício ou por provocação. a Administração retira de ofício ou por provocação. Não pode o aluno confundir a situação da invalidação pelo Poder Judiciário com a exercida no poder de autotutela pela Administração. Nesta última, seja o ato nulo ou anulável, a Administração deve anulá- lo de ofício, independentemente da provocação do interessado. CUIDADO: O poder-dever da Administração de invalidar atos nulos ou anuláveis não é irrestrito, há limitações. Como bem observa &DUYDOKR� )LOKR� ������� S�� ������ ³HP� FHUWDV� FLUFXQVWkQFLDV especiais poderão surgir situações que acabem por conduzir a Administração a PDQWHU� R� DWR� LQYiOLGR´�� XPD� YH]� TXH� KDYHUi� XPD� ~QLFD� FRQGXWD� juridicamente viável para o administrador. Essas circunstâncias se traduzem no decurso do tempo (=decadência), na consolidação dos efeitos produzidos (segurança jurídica) e na persistência de efeitos com relação aos indivíduos de boa-fé. Com relação ao decurso do tempo (=decadência do direito da Administração de anular)��R�DUW�����GD�/HL�Q����������GLVS}H�TXH�³R� direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 (cinco) 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquitawww.estrategiaconcursos.com.br 9 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-Ip´� Se houver má-fé do beneficiado pelo ato nulo, não há prazo decadencial. Se essa lei é de 1999, qual é o prazo decadencial para a Administração anular os atos praticados antes da existência da Lei nº 9.784/99? Para os atos anteriores à vigência da Lei nº 9.784/99, a Corte Especial do STJ sedimentou o entendimeQWR�GH�TXH�HVVHV�DWRV�³SRGHP� ser revistos pela Administração a qualquer tempo, por inexistir norma legal expressa prevendo prazo para tal iniciativa. Somente após a Lei 9.784/99 incide o prazo decadencial de 5 anos nela previsto, tendo como termo inicial a data de sua vigência (01.02.99)�´� (RESP AgRg no Ag 1342657) Interessante, não é? Se um ato nulo foi praticado em 1990, a Administração tinha até 01.02.2004 para promover a sua anulação. A decadência do direito da Administração de anular esse ato só se operaria a partir do dia 02.02.2004. E qual seria o termo inicial do prazo de decadência para a Administração anular um ato que gerou efeitos financeiros periódicos, por exemplo, uma verba mensal ao servidor público? O STJ entende que, nesse caso, os cinco anos serão contados a partir do primeiro pagamento recebido pelo servidor (RMS 15433). Outra limitação ao poder-dever de invalidação dos atos nulos ou anuláveis é a relativa à consolidação dos efeitos produzidos. A Constituição brasileira prevê como direito fundamental do indivíduo a segurança jurídica. Em certas hipóteses a situação decorrente do ato nulo já se consolidou de tal maneira que atenderá mais ao interesse público a manutenção do ato do que a sua invalidação, ou seja, as conseqüências jurídicas da manutenção do ato 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita atenderão mais ao interesse público do que as consequências da invalidação. Em outros casos, o comportamento da Administração em decorrência de um ato inválido já se consolidou de tal maneira que o administrado já tem a expectativa e já sabe que a Administração operará daquele modo. Essa expectativa decorre do princípio da confiança, ou seja, o cidadão já sabe que a conduta da Administração será aquela (mesmo que inválida). Nesses casos, prevalece o interesse público, a segurança jurídica e o princípio da confiança sobre a legalidade estrita. Há casos, também, em que há impossibilidade material de se retornar ao estado anterior: é a aplicação da teoria do fato consumado (mesmo que o fato seja nulo, ele continua produzindo efeitos, diante da consolidação da situação fática que não pode retornar ao status de antes). O STJ, via de regra, rejeita a aplicação dessa teoria na anulação de atos administrativos relacionados a direitos de servidores públicos (RMS 20572 e MS 11123). Com relação à proteção aos indivíduos de boa-fé, há uma limitação ao dever de invalidar em vários aspectos. Bandeira de Mello (2010, p. 480) afirma, com razão, que se o ato nulo restringiu direitos, a sua invalidação deve produzir efeitos ex tunc (deve retroagir para ter efeitos pretéritos, resgatando os direitos desde a data da edição do ato nulo), se ampliou direitos, a sua invalidação deve se proceder com efeitos ex nunc, porquanto o administrado não concorreu para o vício do ato. Assim, não deve a Administração promover o ressarcimento ao erário daquele que tomou posse e assumiu cargo após a aprovação em concurso público declarado ilegal. Esse entendimento evita o enriquecimento sem causa da Administração e o dano injusto ao administrado que não concorreu para o vício do ato (RESP 963578). 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Além disso, está pacificado no STJ que os servidores não devem restituir ao erário as verbas recebidas indevidamente, quando o erro na aplicação da lei foi da Administração e eles estavam de boa-fé. Noutro giro, saindo um pouco da questão da relação servidor- Administração e passando para a relação contratado ou cidadão- Administração, a Administração não pode impor prejuízos ao cidadão ou àquele que contratou com o poder público em decorrência da invalidação de determinado ato administrativo. Nas hipóteses de invalidação que acabam por influir na atividade do administrado, se este já desenvolveu atividade dispendiosa em decorrência do ato declarado inválido (dano), está de boa-fé e não concorreu para o vício do ato, a Administração deve indenizá-lo pelos prejuízos sofridos em decorrência da edição do ato ilegal. Outra limitação, que não é impeditiva da invalidação do ato, mas sim uma obrigação procedimental, é a necessidade de a Administração observar o princípio da ampla defesa e contraditório quando o ato administrativo afeta interesses de terceiros. Essa limitação será melhor estudada no próximo ponto. Tamanha a importância desse ponto do estudo que apresentamos ao aluno o seguinte resumo. Sugiro que ele seja colado na parede de Características da invalidação: x Efeitos ex tunc; x A Administração opera de ofício ou por provocação; x O Judiciário pode anular de ofício o ato com nulidade absoluta, mas só por provocação a relativa; x Fundamento da invalidação: princípio da legalidade; x Limitações que impõem a manutenção do ato inválido: decadência, consolidação dos efeitos produzidos (excepcional) e boa-fé (ex nunc para o ato que concedeu direitos); x Procedimento: observar contraditório e ampla defesa. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita seu quarto ou no espelho de seu banheiro! 2. (FCC - 2010 - TRT - 8ª Região - Analista Judiciário - Execução de Mandados) Utilizando documentos falsos, um cidadão consegue autorização para desenvolver atividade comercial para a qual é obrigatória a autorização para o exercício de sua atividade. Constatada a irregularidade e, portanto, verificada a nulidade do ato administrativo de autorização, esse ato a) pode ser anulado pela própria Administração independentemente de provocação. b) não pode ser anulado pela Administração se não houver pedido de terceiros prejudicados. c) pode ser revogado pelo Poder Judiciário se for provocado por qualquer cidadão. d) pode ser revogado pela Administração se ficar provado dolo do funcionário responsável pela concessão da autorização. e) não pode ser anulado por iniciativa da Administração, que deverá pleitear a anulação no Poder Judiciário. Meus caros, como eu disse a vocês, a anulação do ato deve ocorrer quando a Administração estiver diante de um ato que foi praticado emdesconformidade com o ordenamento, como é o caso da questão. Essa anulação pode ser feita tanto pela Administração quanto pelo Judiciário. Esse último necessita de provocação, mas a Administração pode realizá- lo de ofício. Resposta: A Questão de concurso 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 3. (FCC - 2010 - TRE-AC - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Sobre a anulação do ato administrativo, considere: I. A anulação é a declaração de invalidação de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. II. Em regra, a anulação dos atos administrativos vigora a partir da data da anulação, isto é, não tem efeito retroativo. III. A anulação feita pela Administração depende de provocação do interessado. Está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) I e II. c) II. d) II e III. e) III. De acordo com o que ensinei a vocês, apenas a I está correta. A II não pode ser marcada porque a anulação opera efeitos retroativos. Lembre-se, uma vez nulo, sempre nulo, do nascimento (edição do ato) até a sua retirada do mundo jurídico. A III também não se adequa pois esse procedimento pode ser feito de ofício pela Administração sempre que constatado o vício. Resposta: A 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 2.4.2. Revogação e� ERP� UHSHWLU�� 3UH]DGR� FRQFXUVDQGR�� ³VDQJXH� QRV� ROKRV´� QHVWH� momento! Não desgrude desse ponto da aula! Já tratamos da invalidação. Agora, a revogação. A revogação é o ato discricionário utilizado pela Administração para extinguir um ato administrativo e/ou seus efeitos por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos precedentes (ex nunc) e o direito adquirido. Ela pode ser de todo o ato (total) ou apenas de parte dele (parcial). A revogação pode, ainda, ser expressa ou tácita. Será expressa se o agente, no novo ato, referir-se expressamente à revogação do anterior e tácita se o novo ato for incompatível com o que lhe antecedeu. A revogação legítima não gera direito à indenização, até porque ela opera efeitos para o futuro. Importante observar que se o ato A revogar o ato B e o ato C UHYRJDU�R�DWR�%��R�DWR�$�QmR�³UHVVXVFLWD´�DXWRPDWLFDPHQWH��RX�VHMD��D� revogação da revogação não faz repristinar o primeiro ato revogado. No ato administrativo revogador (ato C, no exemplo), o agente deve fazer constar a constituição de um novo ato idêntico ao inicialmente revogado (ato A) e os seus efeitos se iniciarão a partir da edição desse último ato (ato C). SINAL DE ALERTA! Um dos temas mais recorrentes de todo o Direito Administrativo é o relativo ao sujeito ativo da revogação do ato administrativo. Em decorrência do princípio da separação dos poderes constitucionalmente determinado (art. 2º da Constituição), entende-se que a autoridade administrativa é o sujeito ativo da revogação, não podendo o Poder Judiciário analisar o mérito do ato administrativo para retirá-lo do mundo jurídico (STJ: MS 14182 e RESP 973686). Essa é a regra geral. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Atualmente, contudo, observa-se tendência crescente na doutrina e na jurisprudência, sobretudo amparada nos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e da eficiência, no sentido de se admitir o controle judicial da conveniência e oportunidade dos atos administrativos discricionários em hipóteses excepcionais. Sobre esse tema, no STJ, destacam-se os seguintes julgados: RMS 27566 e RESP 801177. No STF, esse entendimento foi adotado em importante julgamento proferido pela Primeira Turma, qual seja, o RE 365368. Nessa oportunidade, os Ministros da Suprema Corte afirmaram TXH� ³HPERUD�QmR�FDLED�DR�3RGHU� -XGLFLiULR�DSUHFLDU�R�PpULWR�GRV�DWRV� administrativos, a análise de sua discricionariedade seria possível para a verificação de sua regularidade em relação às causas, aos motivos e à finalidade que ensejam. (...) Ressaltou-se, ainda, que a proporcionalidade e a razoabilidade podem ser identificadas como critérios que, essencialmente, devem ser considerados pela Administração Pública no exercício de suDV�IXQo}HV�WtSLFDV´�� Nesse caso, o STF entendeu não ser proporcional o fato de que dos 67 funcionários de uma Câmara de Vereadores, 42 exerciam cargos de livre nomeação e apenas 25, cargos de provimento efetivo. Assim, a Suprema Corte manteve a decisão do tribunal de origem que declarou inconstitucional a lei que criava os cargos em comissão. Na doutrina, Bandeira de Mello (2010, p. 437) afirma que, pelo princípio da razoabilidade, a decisão discricionária legítima compreende ³DSHQDV�H� WmR-somente o campo dentro do qual ninguém poderá dizer com indisputável objetividade qual é a providência ótima, pois mais de XPD�VHULD�LJXDOPHQWH�GHIHQViYHO´� CUIDADO! Outro aspecto da revogação é que, assim como a invalidação, ela também encontra limites em determinadas situações. Di Pietro (2009, p. 249) assim elenca o rol de hipóteses em que os atos administrativos não podem ser revogados: 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita x Atos vinculados (É o ato que decorre diretamente da lei, se foi a lei quem determinou a prática do ato, não pode o administrador ir contra a norma); x Atos que já exauriram seus efeitos (É inócuo revogar um ato que já produziu todos os efeitos que deveria produzir); x Quando já exaurida a competência da autoridade que praticou o ato (Ex: a decisão administrativa já foi submetida a recurso à autoridade superior. A autoridade que praticou o ato não é mais competente para revogá-lo.); x Meros atos administrativos, cujos efeitos decorrem de lei (ex: certidões, votos etc. ± esses atos apenas declaram ou enunciam uma situação); x Atos que integram um procedimento e se submeteram à preclusão em razão da edição de outro ato posterior; x Atos que já geraram direitos adquiridos (A súmula 473 do STF manda ressalvar os direitos adquiridos, ou seja, os direitos que já integram o patrimônio do particular e que foram gerados pelo ato que se pretende revogar.). Em regra, a Administração deve conferir o contraditório quando a Administração vai anular ou revogar um ato que gerou direitos a um indivíduo. Mas isso ocorre sempre? Não, há casos em que se dispensa o contraditórioem hipótese de revogação de ato administrativo. São eles: x ato administrativo de caráter precário (Esses atos são editados no interesse da Administração, sem qualquer segurança ao administrado e a Administração pode revogá-lo a qualquer tempo. É o caso da autorização de uso de bem público ± autorização para colocar mesas nas calçadas, por exemplo); 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita x situação em que o afastamento de servidor nomeado para cargo em comissão pode ser promovido a qualquer momento, segundo um juízo de conveniência e oportunidade, nos termos do art. 37, II, da CF (STJ: RMS 26165 ± esses cargos são de livre nomeação e destituição). Diante da importância do tema da revogação, apresentamos o quadro resumo: ALERTA MÁXIMO! DECORE AS PRÓXIMAS LINHAS, POIS ESSE TEMA JÁ CAIU E VAI CONTINUAR CAINDO NOS CONCURSOS! A questão relativa ao contraditório e a ampla defesa na invalidação ou na revogação dos atos administrativos é de tamanha importância que deve ser tratada com todos os destaques possíveis. A Administração não pode revogar ou anular os seus atos como bem entender. Quando estiverem em jogo interesses de pessoas Revogação: x conveniência e oportunidade; x ex nunc; x total ou parcial; x expressa ou tácita; x não gera direito à indenização; x não repristina automaticamente; x em regra: não pode o Poder Judiciário analisar o mérito do ato administrativo para retirá-lo do mundo jurídico; x evolução jurisprudencial: análise da proporcionalidade e razoabilidade quanto às causas, motivo e finalidade do ato (hipóteses excepcionais); x não se revoga: atos vinculados; atos que já exauriram seus efeitos; quando já exaurida a competência da autoridade que praticou o ato; meros atos administrativos; atos que integram um procedimento (preclusão); atos que geraram direitos adquiridos; x *contraditório e ampla defesa* 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita contrárias ao desfazimento do ato, a Administração deve conferir ao interessado o direito ao contraditório. Tamanha é a importância dessa regra que o STF editou a Súmula Vinculante nº 3��DVVLP�UHGLJLGD��³1RV�SURFHVVRV�SHUDQWH�R�7ULEXQDO�GH� Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão�´� Embora a súmula trate do TCU, o direito ao contraditório e à ampla defesa deve ser promovido em todos os entes, órgãos e esferas da Administração Pública do país, em atenção ao art. 5º, LV, da CF, conforme reiterada jurisprudência do STJ (EDCL no MS 8958, MS 7217) e do STF (RE 158543). É bom observar, também, ainda com relação à súmula vinculante em comento, que a ressalva formulada em sua parte final decorre da constatação de que o ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão é classificado como complexo, nos termos do art. 71, III, da CF. Assim, se o ato de concessão de aposentadoria depende da manifestação de dois diferentes órgãos ± do Tribunal de Contas e do que o servidor integrava ± ele só se tornará perfeito e acabado após a manifestação de ambos. Não há razão para se conferir o contraditório ao servidor antes da análise pelo TCU, porque se considera que o ato de concessão de aposentadoria ainda não se formou nesse momento. A questão se torna interessante quando se analisa os reflexos do prazo decadencial da Lei nº 9.784/99 na análise pelo TCU do ato de concessão inicial de aposentadoria. É justamente nesse ponto, meu amigo concursando, que o seu concorrente vai escorregar! O STF entende que não se opera a decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União, ou seja, se o TCU demorar 10 anos para analisar o ato concessivo da aposentadoria, ele não vai perder o direito de avaliar a legalidade desse ato. Isso não quer dizer que o TCU pode engavetar um processo dessa natureza indefinidamente, violando o postulado da segurança jurídica. O cidadão tem direito de ver seu ato de aposentadoria confirmado (ou não) pelo órgão de controle. 4XDQGR� KRXYHU� HVVH� ³HQJDYHWDPHQWR´�� SRU� XP� SHUtRGR� superior a 5 (cinco) anos, contados da chegada do processo ao TCU, ao cidadão deve ser conferida a ampla defesa e o contraditório, em atenção ao princípio da segurança jurídica e, em última análise, ao princípio da confiança. É isso mesmo, meu amigo, o TCU pode ficar 8, 9, 10, 15 anos sem analisar o ato de concessão de aposentadoria e não vai decair do seu mister de avaliar a legalidade desse ato. A única conseqüência desse atraso será a obrigatoriedade que o TCU terá de conferir ao cidadão a ampla defesa e o contraditório (o que numa situação normal não existe, diante da redação da Súmula Vinculante nº3). Como se vê, caro candidato, a evolução da jurisprudência do STF derrubará os candidatos que conhecem somente a redação fria da Súmula Vinculante nº 3. Por ser tema de enorme relevância, transcrevo trecho da ementa do MS 24781, Plenário do STF: ³II ± A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se manifestar no sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o contraditório nos casos em que o controle externo de legalidade exercido pela Corte de Contas, para registro de aposentadorias e pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob pena de ofensa ao princípio da confiança ± face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Precedentes.´ 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Por fim, não podemos encerrar esse tópico sem a transcrição da Súmula 473, que bem resume o que dissemos sobre a invalidação e da DQXODomR�� ³$� $GPLQLVWUDomR� SRGH� DQXODU� VHXV� SUySULRV� DWRV�� TXDQGR� eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a DSUHFLDomR�MXGLFLDO´�� As críticas que merecem a redação dessa súmula são a omissãoquanto ao dever do poder público de promover o contraditório e a ampla defesa ao beneficiado pelo ato que se propõe a anular e a má FRORFDomR� GR� YRFiEXOR� ³SRGH´�� $� $GPLQLVWUDomR� HVWi� YLQFXODGD� DR� princípio da legalidade e, por isso, deve anular os seus atos quando eivados de vício de legalidade. É o que preceitua o art. 53 da Lei nº ���������� ³$� $GPLQLVWUDomR� GHYH� DQXODU� VHXV� SUySULRV� DWRV�� TXDQGR� eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de FRQYHQLrQFLD�RX�RSRUWXQLGDGH��UHVSHLWDGRV�RV�GLUHLWRV�DGTXLULGRV´� 4. (FCC/2011/TCM-BA/Procurador) A respeito da desconstituição dos atos administrativos, a Administração Questões de concurso 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita a) pode anulá-los, observado o correspondente prazo decadencial e desde que preservados os direitos adquiridos. b) pode revogá-los, quando discricionários, e anular apenas os vinculados, preservados os direitos adquiridos. c) está impedida de anular seus próprios atos, cabendo o controle de legalidade ao Judiciário. d) está impedida de revogar seus atos, exceto quando sobrevier alteração de fato ou de direito que altere os pressupostos de sua edição. e) pode revogá-los, por razões de conveniência e oportunidade, preservados os direitos adquiridos, e anulá-los por vício de legalidade, ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Você está lembrado da súmula que citamos logo acima? ³$� Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, HP� WRGRV� RV� FDVRV�� D� DSUHFLDomR� MXGLFLDO´ (Súmula 473/STF). A ~QLFD�DOWHUQDWLYD�FRUUHWD�p�D�OHWUD�³H´� 5. (FCC-2011-TRE-TO-Técnico Judiciário) Podem ser revogados os atos administrativos: a) que já exauriram seus efeitos. b) enunciativos, também denominados "meros atos administrativos", como certidões e atestados. c) vinculados. d) que geram direitos adquiridos. e) editados em conformidade com a lei Você já sabe que não se revoga: atos vinculados; atos que já exauriram seus efeitos; quando já exaurida a competência da 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita autoridade que praticou o ato; meros atos administrativos; atos que integram um procedimento (preclusão); atos que geraram direitos DGTXLULGRV��$�DOWHUQDWLYD�TXH�QRV�UHVWD�FRPR�UHVSRVWD�p�D�OHWUD�³H´� 6. (FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa) A revogação de um ato administrativo a) é prerrogativa da Administração, de caráter discricionário, consistente na extinção de um ato válido por razões de conveniência e oportunidade. b) constitui atuação vinculada da Administração, na medida em que, em face da indisponibilidade do interesse público, a Administração está obrigada a revogar atos maculados por vício de oportunidade. c) pode ser declarada tanto pela Administração como pelo Poder Judiciário, quando identificado que o ato se tornou inconveniente ou inoportuno do ponto de vista do interesse público. d) somente pode ser procedida por autoridade hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, de ofício ou por provocação do interessado, vedada a sua prática pelo Poder Judiciário. e) constitui prerrogativa da Administração, quando fundada em razões de conveniência e oportunidade, e do Poder Judiciário, quando identificado vício relativo à motivação, competência ou forma. A revogação é o ato discricionário utilizado pela Administração para extinguir um ato administrativo e/ou seus efeitos por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos precedentes (ex nunc) e o direito adquirido. Por essa definição você já conclui que a alternativa correta é a OHWUD�³D´� 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 7. (FCC - 2012 - TCE-AP - Analista de Controle Externo - Meio Ambiente) Em relação a seus próprios atos, a Administração a) pode anular os atos eivados de vício de legalidade, a qualquer tempo, vedada a repercussão patrimonial para período anterior à anulação. b) pode anulá-los, apenas quando eivados de vício quanto à competência e revogá-los quando identificado desvio de poder ou de finalidade. c) pode anulá-los, por razões de conveniência e opor- tunidade, observado o prazo prescricional. d) não pode anular os atos que gerem direitos para terceiros, exceto se comprovado fato superveniente ou circunstância não conhecida no momento de sua edição. e) pode revogá-los, por razões de conveniência e oportunidade, preservados os direitos adquiridos. Diante de tantos detalhes no estudo da revogação, apresentamos esse quadro: 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita $� OHWUD� ³H´� p� D� DOWHUQDWLYD� FRUUHWD�� SRLV� HOD� UHVVDOYD�RV�GLUHLWRV� adquiridos na revogação. 8. (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa) A respeito da revogação e anulação dos atos administrativos, analise: I. A revogação é aplicável apenas em relação aos atos discricionários, podendo ser praticada somente pelo Poder Executivo em relação aos seus próprios atos, em decorrência do ato tornar-se inconveniente e inoportuno, não podendo ser revogados pelo Poder Judiciário, em sua função típica. Revogação: x conveniência e oportunidade; x retirada do ato do mundo jurídico com efeitos ex nunc (só opera efeitos para o futuro, permanecendo válidos os efeitos já produzidos); x total ou parcial; x expressa ou tácita; x não gera direito à indenização; x não repristina automaticamente; x em regra: não pode o Poder Judiciário analisar o mérito do ato administrativo para retirá-lo do mundo jurídico; x evolução jurisprudencial: análise da proporcionalidade e razoabilidade quanto às causas, motivo e finalidade do ato (hipóteses excepcionais); x não se revoga: atos vinculados; atos que já exauriram seus efeitos; quando já exaurida a competência da autoridade que praticou o ato; meros atos administrativos; atos que integram um procedimento (preclusão); atos que geraram direitos adquiridos; x *contraditório e ampla defesa* 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário(área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita II. Os atos discricionários praticados na esfera do Poder Executivo poderão ser objeto de anulação no âmbito desse mesmo Poder, em decorrência de vício insanável, portanto de ilegalidade, mas caberá também ao Poder Judiciário, em sua função típica, a anulação, desde que provocado. III. Os atos vinculados praticados na esfera do Poder Executivo, aqueles que devem total observância ao respectivo texto legal, não poderão, por esta mesma razão, serem alvo de anulação por esse Poder, mas tão somente pelo Poder Judiciário, em sua função típica. Nas hipóteses acima descritas, está correto o que consta APENAS em a) III. b) I e III. c) I e II. d) I. e) II e III. O conceito de revogação está relacionado ao de ato discricionário (editado com margem de liberdade, de acordo com a conveniência e oportunidade do gestor), pois só essa espécie de ato pode ser revogada (o ato não é mais conveniente ou oportuno). Assim, só no exercício da função administrativa típica é que pode ser revogado um ato (o Poder Judiciário, em regra, não analisa a conveniência e a oportunidade dos atos, mas apenas a legalidade deles). Por isso, o item I está correto, muito embora você deva ter em mente que os Poderes Legislativo e Judiciário também editam atos discricionários em sua função administrativa (função atípica, ou seja, na função de administrar os órgãos que compõem esses poderes). Os atos devem ser anulados quando eivados de vício de legalidade, sejam esses atos vinculados ou discricionários. Se esse ato for levado ao conhecimento do Poder Judiciário, ele deverá retirá-lo do 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita mundo jurídico, anulando-o, se verificar a existência de ilegalidade no ato. Perceba que o ato discricionário pode sim ser analisado pelo Judiciário, mas não sob o enfoque da conveniência e oportunidade, mas sob o enfoque da legalidade (p. ex.: o Judiciário pode verificar que o agente que praticou o ato tinha competência legal para tanto). Por essas razões, o item II está correto. O item III está errado, porquanto os atos vinculados podem sim ser objeto de anulação pelo próprio Poder, em razão do controle interno e do princípio da autotutela. *DEDULWR��OHWUD�³F´� 9. (FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa) A revogação de um ato administrativo a) é prerrogativa da Administração, de caráter discricionário, consistente na extinção de um ato válido por razões de conveniência e oportunidade. b) constitui atuação vinculada da Administração, na medida em que, em face da indisponibilidade do interesse público, a Administração está obrigada a revogar atos maculados por vício de oportunidade. c) pode ser declarada tanto pela Administração como pelo Poder Judiciário, quando identificado que o ato se tornou inconveniente ou inoportuno do ponto de vista do interesse público. d) somente pode ser procedida por autoridade hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, de ofício ou por provocação do interessado, vedada a sua prática pelo Poder Judiciário. e) constitui prerrogativa da Administração, quando fundada em razões de conveniência e oportunidade, e do Poder Judiciário, quando identificado vício relativo à motivação, competência ou forma. Vamos aos comentários: Letra (A). A revogação é o ato discricionário utilizado pela Administração para extinguir um ato 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita administrativo e/ou seus efeitos por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos precedentes (ex nunc) e o direito adquirido. Logo, está CORRETA. Letra (B). Não constitui atuação vinculada da Administração e sim discricionária. A Administração não está obrigada a revogar seus atos, sendo uma faculdade no caso de oportunidade ou conveniência. Logo, está INCORRETA. Letra (C). Não pode ser declarada pelo Judiciário, somente pela própria Administração. Logo, está INCORRETA. Letra (D). Pode ser procedida pela própria autoridade que praticou o ato, não necessitando ser autoridade hierarquicamente superior. Logo, está INCORRETA. Letra (E). Não constitui prerrogativa do Poder Judiciário e sim prerrogativa da Administração apenas. Logo, está INCORRETA. 5HVSRVWD��OHWUD�³$´� 10. (FCC - 2010 - TRT - 22ª Região - Técnico Judiciário - Tecnologia da Informação) Sobre a revogação e anulação dos atos administrativos, é correto afirmar que: a) a revogação pode ser feita pelo Judiciário e pela própria Administração, mas a anulação compete apenas ao Poder Judiciário. b) a revogação atinge um ato administrativo não editado em conformidade com a lei. c) a revogação opera efeitos ex tunc, enquanto a anulação produz efeitos ex nunc. d) a revogação poderá ocorrer mesmo se o ato administrativo já produziu seus efeitos. e) não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Meus caros, a leta A está errada porque revogação só pode ser feita pela Administração. B igualmente, pois, se o ato foi editado em desconformidade com a lei, então é caso de anulação e não de revogação. Por fim, não faz sentido revogar atos que produziram seus efeitos. Com isso, sobre a letra E, que está correta. 11. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho) A propósito do desfazimento dos atos administrativos, é correto afirmar que a) somente podem ser anulados ou revogados administrativamente, vedado ao Judiciário o exame dos seus pressupostos. b) somente autoridade superior àquela que praticou o ato poderá revogá-lo, por razões de conveniência e oportunidade. c) somente os atos vinculados são passíveis de anulação por vício de legalidade. d) podem ser anulados, pela autoridade superior àquela que praticou o ato, no uso do poder hierárquico, independentemente da existência de vício de legalidade. e) tanto os atos vinculados como os discricionários podem ser anulados judicialmente, por vício de legalidade. Doutores, apenas um breve comentário, porque vocês já estão craques nesse assunto. Controle de legalidade vale para todos os atos. A revogação é que vale apenas para os discricionários. Tudo certo? Resposta: letra E. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ AnalistaJudiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita 2.5 Convalidação (ou sanatória) Meu caro aluno, concentre, pois estamos na RETA FINAL da aula de atos administrativo e o seu concurso se aproxima a cada minuto. A convalidação é o meio de que se vale a Administração para suprir a invalidade e aproveitar os atos administrativos já praticados nas hipóteses em que o vício no ato administrativo é superável. Assim, se promove a convalidação com efeitos ex tunc, retroagindo para o momento da edição do ato anulável. Mas, afinal, a convalidação é um ato discricionário ou vinculado da Administração? Ela pode escolher entre convalidar ou não convalidar, ou ela deve convalidar quando o vício for sanável? O art. 55 da Lei nº 9.784/99, por outro lado, trata a convalidação como uma faculdade da Administração, ou seja, como um ato discricionário. Na redação da lei, ³HP� GHFLVmR� QD� TXDO� VH� HYLGHQFLH� não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados SHOD�SUySULD�$GPLQLVWUDomR´. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (e a maioria da doutrina), amparados na redação legal, entendem que o ato de convalidação é discricionário, pois a Administração pode escolher entre convalidar (sanar o vício) ou anular o ato, a depender de sua conveniência e oportunidade. Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Melo, de outro lado, entendem que a convalidação é um ato vinculado, pois a Administração tem o dever de velar pela legalidade de seus atos. Mas esta é a posição que não prevalece na doutrina. A convalidação também sofre limitações. O ato anulável não pode ser convalidado: x Quando o ato já se exauriu; x Se o ato já foi impugnado judicial ou administrativamente; x Se a convalidação acarretar lesão ao interesse público; 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita x Se a convalidação acarretar prejuízo a terceiros. Mas e o decurso do tempo, é uma limitação para a convalidação? O decurso do tempo não é propriamente uma limitação, pois se a Administração não pode mais mexer no ato em razão do transcurso do prazo decadencial de 5 anos previsto na Lei nº 9.784/99, o ato estará automaticamente convalidado, em atenção ao princípio da estabilização das relações jurídicas. Essa convalidação tácita (também chamada de sanatória extroversa por alguns doutrinadores) só não ocorrerá se o beneficiado pelo ato concorreu para a nulidade e, portanto, age de má- fé. Nesses casos, a Administração pode anular o ato a qualquer tempo, afastando a convalidação tácita. Você já deve estar imaginando como a Administração promove a convalidação (como ela realiza a sanatória introversa). Pela (a) ratificação (definição de Celso Antônio) a mesma autoridade que praticou o ato convalida o seu vício; pela (b) confirmação (Celso Antônio), a autoridade competente decide sanar um ato praticado por sujeito incompetente (não é possível nos casos em que a lei outorga competência exclusiva a uma autoridade); já por meio da (c) reforma (José dos Santos Carvalho Filho), a Administração suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo sua parte válida; e pela (d) conversão (Vicente Paulo e Alexandrino), a Administração edita um ato de uma nova espécie, pois o ato anterior era inadequado para realizar aquilo que pretendia a Administração (p. ex: a Administração concedeu uma concessão de uso de bem público quando deveria apenas autorizar o uso ± a convalidação é promovida, com efeitos ex tunc, se o ato for corrigido e passar a ser uma autorização). Mas todos os vícios em quaisquer dos elementos do ato administrativos podem ser sanados? Convalidação tácita = decaiu o direito da Administração de anular o ato 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Obviamente que não, alguns vícios, como vimos acima, são insanáveis. E quais os elementos do ato administrativo possuem vícios sanáveis? Di Pietro (2009, p. 247) entende que são convalidáveis os vícios de competência ± quando esta não for exclusiva ± e de forma ± quando esta não for essencial à validade do ato. Carvalho Filho entende que são sanáveis os vícios de competência, de forma, de objeto ou de conteúdo (quando este for plúrimo). Por outro lado, são insanáveis os vícios no motivo, no objeto (quando único), na finalidade e na falta de congruência entre o motivo e o resultado do ato. São convalidáveis os vícios de: Di Pietro Carvalho Filho x competência (não exclusiva) x competência x forma (não essencial) x forma x objeto (quando este for plúrimo) O STJ, com fundamento no magistério de Di Pietro e de Carvalho Filho, já teve oportunidade de afirmar que o vício na competência do sujeito é ato anulável e, por isso, pode ser convalidado (RESP 850270). Assim, você pode afirmar, com base na doutrina majoritária que são convalidáveis os vícios de competência e de forma. Em hipóteses excepcionais, atendendo ao princípio da segurança jurídica e a consolidação dos efeitos, o STJ já assinalou ser possível convalidar um ato inconstitucional, como ocorre no caso de provimento em cargo efetivo sem concurso público. No informativo 347, o STJ convalidou uma nomeação de uma servidora sem concurso público, 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita uma vez que já transcorridos cerca de 15 anos entre a sua nomeação e a decisão do tribunal. Assim, admitiu-se, excepcionalmente, a convalidação de um ato absolutamente nulo (RMS 24339). ATENÇÃO: O vício na motivação não é convalidável (STJ: RMS 26927)! 12. (FCC-2011-TRT-20ªREG(SE)-Técnico Judiciário) Sobre os atos administrativos analise as seguintes assertivas: I. Convalidação é o ato jurídico que sana vício de ato administrativo antecedente de tal modo que este passa a ser considerado como válido desde o seu nascimento. II. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los por motivos de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvadas em todos os casos, a apreciação judicial. III. Revogação é o ato administrativo discricionário pelo qual a Administração extingue um ato válido, por razões de oportunidade e conveniência, e terá efeitos ex tunc. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II.b) I e III. c) II. d) II e III. e) III. De acordo com o que estudamos a alternativa I e II apresentam afirmações inquestionáveis. Elas0020estão certinhas. A II, inclusive, é a Questão de concurso 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita redação da multicitada súmula do STF. Já o item III, vimos que a revogação tem efeitos prospectivos (ex nunc), porque o ato revogado era válido, não tinha vício de legalidade, mas foi retirado do ordenamento por conveniência da Administração. Portanto alternativa ³D´�HVWi�FRUUHWD� 13. (FCC - 2013 - AL-PB - Analista Legislativo) Sobre o tema da convalidação do ato administrativo, é INCORRETO afirmar: a) A convalidação se dá pela edição de um segundo ato administrativo, com o fito de corrigir o primeiro praticado com vício. b) O ato administrativo com vício de finalidade pode, em regra, ser convalidado; assim, é possível corrigir um resultado que estava na intenção do agente que praticou o ato. c) A convalidação produzirá efeitos ex tunc. d) Não se pode convalidar um ato quando a sua repetição importe na reprodução do vício anterior. e) A Administração não poderá convalidar seus atos administrativos se estes já tiverem sido impugnados pelo particular, exceto se tratar de irrelevante formalidade, pois neste caso os atos são sempre convalidáveis. Atenção! Aqui a banca pede a assertiva incorreta. Para tanto, devemos lembrar que, pela doutrina (Di Pietro e Carvalho Filho), não há como convalidar um vício de finalidade. Afinal, o que causou o vício, se originou da vontade do agente, o que não é possível de ser corrigido com outro ato administrativo. Os demais itens estão corretos: quando há convalidação, ela se dá por meio de outro ato, produzindo efeitos ex tunc, corrigindo-o completamente e não repetindo o erro anterior. Por fim, se o vício for 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita pequeno, apenas uma formalidade, o ato é auto convalidado. Se for significativo, só pode ser convalidado antes da impugnação pelo particular. *DEDULWR��OHWUD�³E´� 14. (FCC - 2013 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Técnico Judiciário - Enfermagem) A respeito dos atos administrativos, é correto afirmar que a) o mérito do ato administrativo corresponde ao juízo de conveniência e oportunidade presente nos atos discricionários. b) os atos vinculados comportam juízo de conveniência e oportunidade pela Administração, que pode revogá-los a qualquer tempo. c) os atos discricionários não são passíveis de revogação pela Administração, salvo por vício de legalidade. d) a discricionariedade corresponde ao juízo de conveniência e oportunidade presente nos atos vinculados. e) os atos vinculados são passíveis de anulação pela Administração, de acordo com juízo de conveniência e oportunidade. Vejamos: Letra (A). Trata-se do conceito de mérito administrativo. Logo, está CORRETA. Letra (B). Trata-se dos atos discricionários e não vinculados. Logo, está INCORRETA. Letra (C). Os atos discricionários são passíveis sim de revogação pela Administração. No caso de vício de legalidade, é situação de anulação. Logo, está INCORRETA. Letra (D). A discricionariedade está presente nos atos discricionários e não vinculados. Logo, está INCORRETA. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Letra (E). A anulação é por motivos de ilegalidade, a revogação é que é por motivos de conveniência e oportunidade. Logo, está INCORRETA. Entenderam? Resposta: letra A 15. (FCC - 2013 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Administrativa) Determinado servidor público proferiu decisão em procedimento administrativo, conferindo licença de instalação de estabelecimento comercial a particular e, posteriormente, constatou-se que não possuía competência para prática do ato, mas apenas para atuar na fase instrutória do procedimento. O particular não tinha ciência dessa circunstância e deu início ao funcionamento do estabelecimento. Diante da situação narrada, a decisão, a) não é convalidável pela autoridade competente, por se tratar de ato vinculado, podendo conceder nova licença, se presentes os requisitos para a sua edição, sem efeitos retroativos. b) é convalidável pela autoridade competente, se não se tratar de competência privativa ou exclusiva, desde que presentes os pressupostos para sua edição e não haja lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros. c) é convalidável pela autoridade competente, de acordo com critérios de conveniência e oportunidade, por se tratar de ato discricionário. d) é convalidável, se presentes os requisitos para a sua edição e não se evidencie prejuízo ao interesse público, não sendo admitida a retroação dos efeitos à data da edição da decisão original. e) não é convalidável, administrativamente, porém pode ser ratificada, judicialmente, em processo intentado para este fim pelo particular. Aqui, vamos precisar da Teoria da Aparência. Lembram-se dela? 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita Letra (A). De acordo com a posição da doutrina majoritária, vício relativo à competência quanto à pessoa (não quanto à matéria), desde que não se trate de competência exclusiva, pode ser convalidado. Logo, está INCORRETA. Letra (B). Nessa situação, é convalidável. Logo, está CORRETA. Letra (C). A licença é ato vinculado e não discricionário. Logo, está INCORRETA. Letra (D). No caso de convalidação, os efeitos são retroativos. Logo, está INCORRETA. Letra (E). É sim convalidável administrativamente e não pelo Judiciário. Logo, está INCORRETA. Resposta: letra B 16. (FCC ± 2013 ± SEFAZ/SP ± Agente Fiscal de Rendas) Simão, comerciante estabelecido na capital do Estado, requereu, perante a autoridade competente, licença para funcionamento de um novo estabelecimento. Embora o interessado não preenchesse os requisitos fixados na normatização aplicável, a Administração, levada a erro por falha cometida por funcionário no procedimento correspondente, concedeu a licença. Posteriormente, constatado o equívoco, a Administração (A) deverá anular o ato, produzindo a anulação efeitos retroativos à data em que foi emitido o ato eivado de vício não passível de convalidação. (B) somente poderá desfazer o ato judicialmente,em face da preclusão administrativa. (C) poderá revogar o ato, com base em razões de conveniência e oportunidade, sem prejuízo da apreciação judicial. (D) deverá anular o ato, não podendo a anulação operar efeito retroativo, salvo comprovada má-fé do beneficiário. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita (E) deverá revogar o ato, preservando os efeitos até então produzidos, desde que não haja prejuízo à Administração. Vejam, meus caros alunos, como esse tema é recorrente em provas, por isso estou reforçando com vocês. Letra (A). No caso de ilegalidade, a Administração deve anular o DWR�DGPLQLVWUDWLYR�� SURGX]LQGR�HIHLWRV� ³H[� WXQF´��QmR� VHQGR�SRVVtYHO�D� convalidação do ato. Logo, está CORRETA. Letra (B). A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos (Súmula nº 473 do STF). Logo, está INCORRETA. Letra (C). Quando o vício é de ilegalidade, é caso de anulação e não de revogação. Logo, está INCORRETA. Letra (D). A anulação gera efeitos retroativos, alcançando o ato administrativo desde sua emissão. Logo, está INCORRETA. Letra (E). É caso de anulação e não de revogação. Logo, está INCORRETA. Resposta: letra A 17. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) O particular requereu a emissão de determinada licença. O pedido foi apreciado por autoridade incompetente. Esta, no entanto, verificou que estavam presentes os requisitos para edição do ato vinculado, emitindo assim a licença. A autoridade competente, instada a tanto, a) deve convalidar o ato, porque estava diante de ato vinculado e desde que não se trate de competência exclusiva. b) pode convalidar o ato, mediante análise de conveniência e oportunidade, porque se tratava de ato vinculado. c) deve convalidar o ato, mediante análise de conveniência e oportunidade, independentemente do vício de competência incorrido. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita d) não pode convalidar o ato, porque essa convalidação só é admissível quanto a vícios referentes a forma. e) não pode convalidar o ato, pois somente os atos discricionários admitem a convalidação. Alunos, vamos revisar o que pode e o que não pode ser convalidado? Pode ser convalidado Não pode ser convalidado Defeitos de competência do ato (desde que não exclusiva de determinado agente) e Defeitos relativos à finalidade Defeitos de forma (desde que não essencial à prática do ato). Ao motivo Ao objeto 5HVSRVWD��OHWUD�³D´ 3) Resumo da aula. Revisando a teoria das nulidades, apresentamos o seguinte quadro: Ato irregular Ato nulo Ato anulável Ato inexistente Apresentam defeitos irrelevantes. Nasce com vício insanável nos seus elementos. constitutivos. Nasce com vício sanável. Tem aparência de manifestação regular da Administração, mas resta ausente um dos elementos do ato administrativo. O critério para se distinguir os tipos de invalidade (se nulo ou anulável) reside na possibilidade ou não de convalidar-se o vício do ato. Ato anulável = convalidável, ato nulo = não convalida. 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita A invalidação é a retirada do ordenamento de um ato administrativo produzido em desconformidade com a ordem jurídica (= razões de legalidade) e se opera com efeitos retroativos (ex tunc). Ou seja, com a invalidação, não só o ato viciado é retirado do ordenamento jurídico, mas também todas as relações jurídicas que foram por ele produzidas. Destacamos as seguintes características e distinções dos atos nulos e anuláveis: Ato nulo Ato anulável não pode ser convalidado; pode ser convalidado; pode ser retirado do mundo jurídico pela Administração e pelo Poder Judiciário; pode ser retirado do mundo jurídico pela Administração e pelo Poder Judiciário; o Poder Judiciário pode retirar até mesmo de ofício (sem que ninguém tenha alegado); o Poder Judiciário só retira mediante provocação; a Administração retira de ofício ou por provocação. a Administração retira de ofício ou por provocação. O poder-dever da Administração de invalidar atos nulos ou anuláveis sofre as seguintes limitações: x decurso do tempo (=decadência do direito da Administração de anular): 5 anos, salvo comprovada má-fé; esse prazo conta-se apenas a partir da data da edição da Lei nº 9.784/99; se o ato anulável gerou efeitos financeiros periódicos, os cinco anos serão contados a partir do primeiro pagamento recebido pelo servidor (RMS 15433). x consolidação dos efeitos produzidos: hipóteses em que a situação decorrente do ato nulo já se consolidou de tal maneira que atenderá mais ao interesse público a 21111228310 Direito Administrativo p/ TRF-3ª Região ʹ Analista Judiciário (área Judiciária e Oficial de Justiça). Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita ʹ Aula 03 Prof. Daniel Mesquita www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 53 Twitter: danielmqt danielmesquita@estrategiaconcursos.com.br Facebook: Daniel Mesquita manutenção do ato do que a sua invalidação (princípio da segurança jurídica e da confiança); x impossibilidade material de se retornar ao estado anterior: é a aplicação da teoria do fato consumado (mesmo que o fato seja nulo, ele continua produzindo efeitos, diante da consolidação da situação fática que não pode retornar ao status de antes). Essa teoria, via de regra, não é adotada pelo STJ em se tratando de servidor público. x proteção aos indivíduos de boa-fé: a Administração não promove o ressarcimento ao erário daquele que tomou posse e assumiu cargo após a aprovação em concurso público declarado ilegal. Além disso, está pacificado no STJ que os servidores não devem restituir ao erário as verbas recebidas indevidamente, quando o erro na aplicação da lei foi da Administração e eles estavam de boa-fé. A revogação, por sua vez, é o ato discricionário utilizado pela Administração para extinguir um ato administrativo e/ou seus efeitos por razões de conveniência e oportunidade, respeitando-se os efeitos precedentes (ex nunc) e o direito adquirido. Como vimos, em decorrência do princípio da separação dos poderes constitucionalmente determinado (art. 2º da Constituição), entende-se que a autoridade administrativa é o sujeito ativo da revogação, não podendo o Poder Judiciário analisar o mérito do ato administrativo para retirá-lo do mundo jurídico (STJ: MS 14182 e RESP 973686). Essa é a regra geral. Atualmente,
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