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Ascaris lumbricoides

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1. MORFOLOGIA: 
FORMAS ADULTAS: as formas adultas são longas, 
robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades 
afiladas. O tamanho dos exemplares está na 
dependência do número de parasitos encontrados no 
ID e do estado nutricional do hospedeiro. 
(a) Machos: cor leitosa; 20-30 cm de 
comprimento e 2-4 mm de largura. A boca 
localiza-se na extremidade anterior e é 
contornada por três lábios fortes com serrilha 
de dentículos e sem interlábios (serve para 
adesão ao ID). Apresenta um testículo 
filiforme e enovelado, e, ainda, dois espículos 
que funcionam como órgãos acessórios da 
cópula. A extremidade posterior fortemente 
encurvada para a face ventral é o caráter 
sexual externo que o diferencia da fêmea. 
(b) Fêmeas: 30-40 cm de comprimento por 3-6 
mm de largura. São mais robustas que os 
machos. Apresentam dois ovários filiformes e 
enovelados. A extremidade posterior é 
retilínea. 
 
OVOS: originalmente são brancos e adquirem cor 
castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, 
ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana 
externa mamilonada, secretada pela parede uterina e 
formada por mucopolissacarídeos. Essa membrana 
facilita a aderência dos ovos, propiciando a sua 
disseminação. A esse envoltório seguem-se: membrana 
média (de constituição proteica); uma membrana mais 
interna (delgada e impermeável à água, constituída de 
25% de proteínas e 75% de lipídeos) – esta confere ao 
ovo grande resistência. Internamente os ovos 
apresentam uma massa de células germinativas. 
Frequentemente podem ser encontrados nas fezes ovos 
inférteis – são mais alongados, possuem membrana 
mamilonada mais delgada e citoplasma granuloso. 
Algumas vezes também podem ser encontrados ovos 
férteis sem a membrana mamilonada. 
 
 
 
 
2. HABITAT: 
Em infecções moderadas, os vermes adultos são 
encontrados no ID (principalmente jejuno e íleo); 
mas em infecções intensas ocupam toda a extensão 
do ID. Podem ficar presos à mucosa (com o 
auxílio dos lábios) ou migrarem para a luz 
intestinal. 
 
3. CICLO BIOLÓGICO: 
 É monoxênico; 
 Cada fêmea fecundada pode colocar até 
20.000 ovos não embrionados/dia. Esses ovos 
chegam ao ambiente junto com as fezes. Os 
ovos férteis em presença de temperatura entre 
25-30º.C, umidade (mín 70%) e oxigênio em 
abundância, tornam-se embrionados em 15 
dias. 
 A primeira larva que se forma dentro do ovo 
(L1) é do tipo rabditoide (possui o esôfago 
com duas dilatações); após uma semana, essa 
larva ainda dentro do ovo, sofre muda e 
transforma-se em L2; e, em seguida sofre nova 
muda e transforma-se em L3 infectante 
(esôfago tipicamente filarioide – retilíneo); 
 Estas formas permanecem infectantes no solo 
por vários meses e podem ser ingeridas pelo 
hospedeiro. Após a ingestão, os ovos contendo 
a L3 atravessam o trato digestivo e as larvas 
eclodem no ID (eclosão depende de presença 
de agentes redutores, pH, temperatura, 
presença de CO2,..); 
 As larvas atravessam a parede intestinal, caem 
nos vasos linfáticos e v. mesentérica superior, 
atingindo o fígado através da circulação porta 
de 18-24 h após a infecção; em 2-3 dias 
chegam ao AD pela VCI e 4-5 dias após são 
encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS); 
 Cerca de 8 dias da infecção, as larvas sofrem 
muda para L4, rompem os capilares e caem 
nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem 
pela árvore brônquica e traqueia, chegando até 
a faringe. Podem então ser expelidas ou 
deglutidas, neste último caso, atravessam o 
estômago e fixam-se no ID. Após 20-30 duas 
transformam-se em adultos e em 60 dias 
alcançam a maturidade sexual, fazem cópula e 
ovipostura. 
 Longevidade dos vermes adultos: 1 a 2 anos. 
 
4. TRANSMISSÃO: 
Ocorre pela ingestão de água ou alimentos 
contaminados contendo a larva L3. 
- Poeira, aves e insetos são capazes de veicular 
mecanicamente os ovos de Ascaris lumbricoides; 
- A transmissão pode também ocorrer pela 
contaminação do depósito subungueal com ovos 
viáveis, principalmente em crianças; 
 
5. PATOGENIA: 
A intensidade das alterações está diretamente 
relacionada ao número de formas presentes; 
(a) Larvas: em infecções de baixa intensidade 
normalmente não se observam alterações; 
infecções maciças, por outro lado, podem levar 
a lesões hepáticas (larvas migram pelo 
parênquima > focos hemorrágicos e de necrose 
que depois fibrosam) e a lesões pulmonares 
(pontos hemorrágicos na passagem das larvas 
para os alvéolos – há edemaciação dos 
alvéolos com infiltrado inflamatório). A 
migração das larvas pelos alvéolos pode causar 
um quadro pneumônico com febre, tosse, 
dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e 
eosinofilia. A conjunção de sintomatologia das 
vias respiratórias é chamada de síndrome de 
Löeffler. Na tosse produtiva o catarro pode ser 
sanguinolento e apresentar larvas do helminto. 
Estas manifestações geralmente ocorrem em 
crianças. 
(b) Vermes adultos: em infecções com 3-4 
vermes geralmente não há sintomas ou então 
os sintomas são inespecíficos. Já a presença de 
30-40 vermes (infecções médias) ou 100 
vermes (infecções maciças), podem ocorrer: 
 Ação espoliadora: os vermes consomem 
grande quantidade de proteínas, carboidratos, 
lipídios e vit. A e C, levando o paciente, 
principalmente crianças, à subnutrição e 
depauperamento físico e mental; 
 Ação tóxica: reação entre Ag do parasito e Ac 
do hospedeiro – edema, urticária e convulsões; 
 Ação mecânica: causam irritação na parede e 
podem enovelar-se na luz intestinal, levando à 
obstrução. As crianças são mais propensas 
principalmente pelo menor tamanho do ID e 
pela intensa carga parasitária; 
 Localização ectópica: nos casos de alta carga 
parasitária ou quando o verme sofre alguma 
ação irritativa (ex.: febre, medicamentos 
impróprios, alimentos muito consimentados) – 
o helminto desloca-se de seu habitat normal 
atingindo locais não habituais: apêndice 
(causando apendicite aguda); ducto colédoco 
(causando obstrução); ducto pancreático (canal 
Wirsung – causando pancreatite aguda); 
eliminação do verme pela boca e narinas; 
ouvido médio e tuba auditiva. 
 Se a pessoa tem poliparasitismo: primeiro 
trata-se o Ascaris, caso seja dado um 
medicamento contra o outro parasito, isso 
pode levar a uma migração ectópica do 
Ascaris. 
 É muito comum entre crianças o aparecimento 
de uma alteração cutânea, que consiste em 
manchas, circulares, disseminadas pelo rosto, 
tronco e braços (essas manchas são 
denominadas de ‘pano’). 
6. DIAGNÓSTICO: 
Clínico: impreciso- normalmente a ascaridíase é pouco 
sintomática, por isso é difícil o diagnóstico clínico. 
Laboratorial: é feito pela pesquisa de ovos nas fezes. 
Como as fêmeas eliminam milhares de ovos 
diariamente, a metodologia de sedimentação 
espontânea é suficiente. O método de Kato modificado 
por Katz é recomendado pela OMS para inquéritos 
epidemiológicos (esta técnica permite a quantificação 
dos ovos e estima o grau de parasitismo dos 
portadores). 
7. TRATAMENTO: 
O potencial do tratamento das helmintoses intestinais 
aumentou muito com a utilização dos benzimidazóis. 
Estas drogas são altamente efetivas contra a A. 
lumbricoides e outras helmintoses intestinais. 
A OMS recomenda 4 drogas (albendazol, mebendazol, 
levamisol e pamoato de pirantel) para o tratamento e 
controle de geo-helmintos cuja transmissão ocorre 
principalmente pelo contato com o solo contaminado. 
8. EPIDEMIOLOGIA: 
O A. lumbricoides é o helminto mais frequente nos 
países pobres. Condições climáticas e condições 
inadequadas de higiene têm um papel importantenas 
taxas de infecção. Em geral, a prevalência é baixa em 
regiões áridas sendo, contudo relativamente alta em 
locais de clima úmido e quente, condição ideal para a 
sobrevivência e embrionamento dos ovos. Além disso, 
áreas desprovidas de saneamento com alta densidade 
populacional contribuem para o aumento da carga da 
doença. 
A infecção humana por esta espécie de helminto está 
relacionada com a interação de diversas características 
que asseguram o processo de transmissão, como o 
parasito, o hospedeiro, o meio ambiente e a falta de 
noções ou condições de higiene. Assim, alguns fatores 
que interferem na prevalência dessa parasitose são: 
 Grande quantidade de ovos produzidos e 
eliminados pela fêmea; 
 Viabilidade do ovo infectante por até 1 ano, 
principalmente no peridomicílio; 
 Concentração de indivíduos vivendo em 
condições precárias de saneamento básico; 
 Grande quantidade de ovos no peridomicílio, 
em decorrência do hábito que as crianças têm 
de aí defecarem; 
 Temperatura e umidade com médias anuais 
elevadas; 
 Dispersão fácil dos ovos pelas chuvas, ventos, 
insetos e aves; 
 Conceitos equivocados sobre a transmissão da 
doença e sobre hábitos de higiene na 
população; 
O contato entre crianças portadoras e crianças 
suscetíveis no peridomicílio ou na escola, aliado ao 
fato de que suas brincadeiras são sempre relacionadas 
ao solo e o hábito de levarem a mão suja à boca, são os 
fatores que fazem com que a faixa etária de 1-12 anos 
seja a mais prevalente. Os adultos, muitas vezes não 
apresentam a doença, e isto, provavelmente é devido à 
mudança de hábitos higiênicos e, ainda porque se 
infectaram quando crianças, desenvolvendo 
imunidade. 
 
9. CONTROLE: 
Em geral, quatro medidas são bem conhecidas para o 
controle das infecções por helmintos: 
a) Repetidos tratamentos em massa com drogas 
ovicidas dos habitantes das áreas endêmicas; 
b) Tratamento das fezes humanas que 
eventualmente, possam ser utilizadas como 
fertilizantes; 
c) Saneamento básico; 
d) Educação para a saúde (fazer campanhas para 
evitar a infecção, ensinar as medidas 
preventivas – ferver água, tomar água filtrada; 
como lavar as mãos corretamente; como 
conservar os alimentos ; defecação em local 
adequado; eliminação de insetos ; lavagem dos 
alimentos -a única forma de eliminar ovo é 
com a lavagem mecânica com detergente e 
água corrente) 
 
Sabendo-se que o ovo do parasito é bastante resistente 
aos desinfetantes usuais, e que o peridomicílio 
funciona como foco de infecção, a profilaxia da 
ascaridíase tem como base a melhoria das condições 
sanitárias, educacionais e culturais da população. Além 
da educação para a saúde, ser o ponto de partida para 
uma vida saudável, é indicado a construção de rede de 
esgoto, com tratamento dos resíduos; construção de 
fossas sépticas; acondicionamento e destino adequado 
de resíduos orgânicos domésticos; tratamento da água; 
lavagem dos alimentos e proteção contra insetos e 
poeira e o diagnóstico parasitológico seguido pelo 
tratamento dos casos positivos. Ainda, deve ser 
ressaltado l importante movimento de políticas 
públicas de saúde como a implantação de novas 
Equipes do PSF nos postos de saúde consolidando o 
SUS com o propósito da atenção primária na difusão 
da saúde.

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