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AULA 01 civil

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Aula 01
Direito Civil p/ OAB 1ª Fase - com videoaulas 
Professor: Paulo H M Sousa
 
 
 
Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 51 
DIREITO CIVIL ± OAB XXII 
Teoria e Questões 
Aula 01 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
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7(25,$�'2�)$72�-85Ë',&2 
Sumário 
Sumário .................................................................................................... 1 
Considerações Iniciais ................................................................................ 2 
3 - TEORIA DO FATO JURÍDICO ................................................................... 3 
3.1 ± O mundo fático e o fato jurídico........................................................ 3 
3.2 ± Estrutura ....................................................................................... 5 
3.3 ± Classificação ................................................................................... 7 
3.4 ± Invalidades dos atos jurídicos......................................................... 11 
3.4.1. Nulidades .................................................................................... 12 
3.4.2. Anulabilidades ............................................................................. 16 
3.5 ± Eficacização: condição, termo e encargo ......................................... 28 
4. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ................................................................ 31 
4.1 ± Distinção ...................................................................................... 31 
4.2 ± Interrupção, impedimento e suspensão da prescrição ....................... 36 
4.3 ± Regras de prescrição ..................................................................... 37 
4.4 ± Regras de decadência .................................................................... 38 
5. PROVAS .............................................................................................. 40 
5.1. Noções gerais ................................................................................. 40 
5.2. Espécies de provas ......................................................................... 40 
Lista de Questões da Aula ......................................................................... 45 
Considerações Finais ................................................................................ 50 
 
 
 
 
 
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DIREITO CIVIL ± OAB XXII 
Teoria e Questões 
Aula 01 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
 
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Considerações Iniciais 
Na aula passada, traçamos as linhas gerais de compreensão do Direito Civil. Com 
aquelas noções, fica muito mais fácil entender como algumas das questões do 
Exame de Ordem são elaboradas e como respondê-las. 
Agora, na Aula 1, veremos a segunda parte da Parte Geral do Código. Como o 
Código Civil é dividido numa Parte Geral e numa Parte Especial, esta subdividida 
em 5 livros, é necessário deixar bem claro o funcionamento dos institutos 
fundamentais do Direito Civil para que possamos trabalhar com tranquilidade as 
noções que virão mais à frente, relativamente a cada um dos livros da Parte 
Especial. 
Isso porque a Parte Geral, como o próprio nome diz, foi pensada para a 
generalidade do Código, isto é, para servir de guia no funcionamento dos demais 
institutos jusprivatísticos. Em outras palavras, o Código Civil nos apresenta, na 
Parte Geral, as peças do quebra-cabeça que vai montar ao longo dos livros da 
Parte Especial. 
Por isso, a compreensão dessa aula é tão importante. Com ela, as demais 
aulas tornam-se muito mais simples; sem ela, ao contrário, é necessário 
decorar muita coisa, pois as linhas gerais não ficam muito claras. Falo isso de 
cadeira, pois ao longo da docência nesses últimos anos, sinto que as maiores 
dificuldades que os alunos têm estão, exatamente, na ausência de compreensão 
da Parte Geral. 
Essa aula, portanto, é como o projeto de uma obra. Sem ele é possível construir 
o edifício, mas provavelmente, em algum momento, você sentirá falta do projeto, 
pois não vai entender a razão de o construtor posicionar uma janela aqui e não 
acolá, ou a razão de determinado corredor ser tão estreito. 
Ao final, inclusive, tratarei de um tema bastante polêmico no Direito Civil: a 
prescrição e a decadência. Esses dois temas costumam cair com frequência nas 
provas da primeira fase, seja no Direito Civil, seja no Direito do Consumidor, que 
tem uma regulação própria. 
Então vamos lá! 
Só para você ver, nos últimos 20 Exames, tivemos 9 questões envolvendo 
R�WHPD�³Fato jurídico, prescrição e decadência´, com questões nos Exames 
II, IV, V, VI, VIII, X, XI, XIII, XIV e no penúltimo, o XIX. No XX Exame, não 
tivemos questões sobre os temas da aula de hoje. Em geral, elas não são muito 
exigentes, para o nível esperado de uma prova da OAB. No entanto, não é 
LQFRPXP� TXH� D� 2$%� IDoD� TXHVW}HV� ³GHFRUHED´� H�� jV� YH]HV�� traga algumas 
³SHJDGLQKDV´�PDLV�PDOGRVDV! 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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3 - TEORIA DO FATO JURÍDICO 
3.1 ± O mundo fático e o fato jurídico 
Essa parte da disciplina não costuma cair isoladamente no Exame da Ordem, à 
exceção dos chamados vícios de vontade e da prescrição e decadência. Ainda 
assim, a compreensão adequada da teoria do fato jurídico fará você compreender 
com muito mais facilidade a sequência do Direito Civil. Por isso, é muito 
importante retomarmos algumas noções gerais do fato jurídico. 
Dentro do mundo fático, alguns fatos são adjetivados pela incidência da 
norma jurídica e se tornam fatos especiais: são os fatos jurídicos. A 
norma jurídica imputa efeitos a determinados fatos, portanto. Por isso, 
um mesmo fato pode ter diferentes efeitos, a depender de determinados fatores. 
Por exemplo, entregar um presente a alguém tem, em geral, determinados 
efeitos previstos no contrato de doação; presentear um juiz, dias antes do meu 
julgamento, tem outros efeitos; presentear alguém com um bem de uma pessoa 
jurídica que se encontra em processo falimentar, outros efeitos; presentear um 
amigo com uma cartela de ecstasy, outros; presentear um consumidor com um 
produto defeito, outros, completamente diferentes; e assim por diante. 
Segundo a teoria do fato jurídico trazida por Marcos Bernardes de Mello, a partir 
da obra de Pontes de Miranda, a inserção dos fatos no mundo jurídico ocorre na 
seguinte sequência: 
a) definição, pela norma, das hipóteses fáticas (definição normativa 
hipotética do fato jurídico). Ou seja, a lei prevê, hipoteticamente, determinados 
eventos; 
b) concreção da hipótese no mundo fático, ou seja, o fato ocorre no mundo 
real; 
c) consequente juridicização pela incidência da norma (imputação) e entrada 
do fato no plano da existência no mundo jurídico. Em outras palavras, a norma 
jurídica incide sobre o fato que ocorreu no mundo real, tornando aquele fato um 
fato jurídico e levando-o ao mundo jurídico; 
d) passagem do fato (juridicamente) existente ao plano da validade 
(válido, nulo ou anulável), ou seja, o fato real (que existe no mundo real apenas), 
passa a existir e valer dentro do mundo jurídico (existe juridicamente falando, 
não apenas na realidade); 
e) chegada do fato jurídico existente e válido ao plano da eficácia 
(verificação dos efeitos que o fato terá, pela adjetivação jurídica). O fato, agora 
jurídico, já existe e é válido, mas eu ainda preciso verificar se ele realmente 
produz o efeito jurídico que eu desejei ou se produz, ao menos, algum efeito 
jurídico outro, ainda que não desejado. Cuidado! Não confunda eficácia (que é a 
prescriçãode determinados efeitos pelo Direito) com efetividade (que é o fato de 
os efeitos prescritos serem respeitados pela comunidade). Por exemplo, diz-se 
que a norma jurídica que prescreve dada punição ao jogo do bicho tem eficácia 
(produz determinados efeitos, como, por exemplo, a possibilidade de o Estado 
 
 
 
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DIREITO CIVIL ± OAB XXII 
Teoria e Questões 
Aula 01 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
perseguir o contraventor e tomar seus bens), mas não efetividade (apesar de o 
Estado poder fazer isso, não faz). 
 
 
Matematicamente, para Pontes de Miranda: 
 
Ou seja, se ocorre um determinado fato no mundo real (eu assino um 
documento), e esse fato é o suporte fático suficiente (esse papel é um contrato 
de locação, na forma da lei), há a incidência da norma e criam-se consequentes 
efeitos, pelo preceito (eu passo a dever aluguel, conforme o art. 565 do CC/2002: 
³Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo 
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa 
retribuição.´). 
Em outras palavras, se o fato da vida real é suficiente 
pra preencher um suporte, eu aplico o preceito (a 
norma jurídica): é suficiente que eu assine o tal 
documento para que o art. 565 seja aplicado? Sim. Então, aplique! 
Agora, nem sempre um fato que existe na realidade fática (eu doei a minha 
casa para você, mediante um aperto de mão), atrairá a aplicação de um 
preceito �DUW������GR�&&�������³&RQVLGHUD-se doação o contrato em que uma 
1
 ?definição, pela norma, das hipóteses fáticas
2
 ?concreção da hipótese no mundo fático
3
 ?consequente juridicização pela incidência da norma
4
 ?passagem do fato (juridicamente) existente ao plano da validade 
5
 ?chegada do fato jurídico existente e válido ao plano da eficácia
se SF 
(suporte 
fático)
então
deve ser P 
(preceito)
 
 
 
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DIREITO CIVIL ± OAB XXII 
Teoria e Questões 
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pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o 
GH�RXWUD�´�� 
Por quê? Porque o fato do mundo real não chegou a entrar no mundo 
jurídico porque ele não foi suficiente para preencher o suporte fático 
H[LJLGR� QR� DUW�� ���� GR� &&������ �³$� GRDomR� IDU-se-á por escritura pública ou 
LQVWUXPHQWR�SDUWLFXODU�´���0DV��R�TXH�DFRQWHFH�FRP�HVVD�³GRDomR´�TXH�HX�IL]" 
E eu te respondo te perguntando: se o fato do mundo real não conseguiu fazer 
com que a norma jurídica da doação fosse aplicada, esse fato existe, no mundo 
jurídico? Claro que não, pois a norma nem chegou a incidir, e se a norma não 
incidiu, o fato nem existe para o Direito. Ela existe no mundo fático? Existe; mas 
não no mundo jurídico. 
Porém, curiosamente, esse meu aperto de mão pode significar outra coisa. 
Como? Apesar de não ser suporte fático suficiente para o art. 541, o meu aperto 
de mão, com a entrega da chave da minha casa a você pode ser suporte fático 
VXILFLHQWH�SDUD�D�DSOLFDomR�GH�RXWUR�DUWLJR��R�DUW�������³2�FRQWUDWR�SUHOLPLQDU��
exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a 
VHU�FHOHEUDGR�´���$VVLP��HX�QmR�IL]�XPD�GRDomR��PDV�XP�FRQWrato preliminar de 
GRDomR��RX�XPD�³SURPHVVD�GH�GRDomR´��TXH�DWUDL�D�LQGHFrQFLD�GDV�QRUPDV�VREUH�
pré-contrato. 
Agora, e se eu pensei em doar minha casa a você, disse a um vizinho que doaria 
a casa a você, mandei uma mensagem para a minha mulher falando que iria doar 
a casa a você, mas não falei nada para você? Nesse caso, todos esses fatos não 
são suficientes nem para aplicar o art. 541 nem para aplicar 
o art. 462. Ou seja, não existe nem doação, nem 
promessa. Existe alguma coisa no mundo jurídico? 
Não, apesar de no mundo fático existir muita coisa. 
Vejamos esses elementos detalhadamente. 
3.2 ± Estrutura 
1. Suporte fático 
O fato (evento ou conduta). Em cada ramo do direito nós temos nomes diferentes 
para essa mesma coisa: fattispecie, fato gerador, fato imponível, tipo legal, 
pressuposto de incidência. 
O suporte fático divide-se em dois elementos: 
1. subjetivo: o suporte fático tem de referir-se a um sujeito de direitos. 
Parte importante é que se o sujeito do fato não for o sujeito da norma não há 
incidência. Assim, por exemplo, eu não pago IPVA porque não tenho carro, ou 
não devo IPVA porque o carro não está no meu nome, pelo que não há suporte 
fático suficiente para que eu me enquadre no suporte de contribuinte. 
Igualmente, o Banco do Brasil SA não pode ser considerado consumidor, porque 
não consegue se incluir no suporte fático de uma relação de consumo; 
 
 
 
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2. objetivo: podem servir de suporte fático quaisquer bens da vida, 
exceto os bens pré-excluídos ou inapropriáveis pelo homem. 
Se o elemento for parte do núcleo ou um elemento completante, o fato 
jurídico será inexistente sem que estejam esses elementos presentes. 
Exemplo é o art. 481 do CC/2002: se não existir preço num contrato de compra 
e venda, não existe contrato de compra e venda. Posso pensar em algum efeito? 
Não, porque não existe coisa alguma 
Se o elemento for complementar, ele se refere ao aperfeiçoamento do 
fato jurídico. Assim, se ele não estiver presente, o fato jurídico existe, 
mas será defeituoso. Os elementos complementares dividem-se em três: 
a. sujeito: capacidade, legitimação e perfeição da manifestação (sem vícios); 
b. objeto: licitude, possibilidade, determinação; 
c. forma: prescrita ou não defesa em lei. 
Se o elemento foi integrativo, falamos apenas de um carga eficacial 
especial geralmente não prevista nas situações comuns. Esses elementos 
são exclusivos dos negócios jurídicos. Um exemplo é o registro do imóvel. Se a 
pessoa não fizer o registro, o contrato de compra e venda existe, vale e é 
plenamente eficaz entre os contratantes. Mas, em geral os contratantes, nesse 
caso, querem que o contrato tenha efeito apenas entre eles? 
Evidente que não; quer-se que tenha efeitos em relação a terceiros. Como se faz 
isso? Com um elemento integrativo do registo da transferência junto à matrícula 
do imóvel, que dá uma eficácia real sobre a eficácia obrigacional comum. 
Assim, nessa ordem, podemos pensar no exemplo de um contrato de compra e 
venda assinado por nascituro (que será inexistente), por incapaz (será nulo ou 
anulável), a non domino (ineficaz mesmo entre partes) ou por capaz que não 
registra o imóvel na matrícula (eficaz entre as partes, mas ineficaz perante 
terceiros). 
 
 
 
 
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3.3 ± Classificação 
Um suporte fático pode conter inúmeros fatos jurídicos diferentes ou um único 
fato jurídico ser uma complexidade de fatos que seja unitária. A classificação é 
feita pelos os elementos nucleares do fato: 
1. a conformidade ou contrariedade com o direito; 
2. a presença ou não de ato humano de vontade. 
Vale lembrar que o cerne tratado aqui é o elemento nuclear do suporte fático 
hipotético previsto na norma jurídica e não o suporte fático advindo do mundo 
real. Ou seja, não importa o nome que as pessoas dão a esse fato no 
mundo real, mas como o Direito o classifica. Assim, a compra e venda de 
um bem sem a previsão de preço não torna aquele contrato um contrato de 
compra e venda; ele será um contrato de doação. Não existe contrato de compra 
e venda sem preço, e ponto.Igualmente, não interessam outros fatos, por mais importantes que 
sejam, mas que nada têm a ver com a incidência da norma. Por exemplo, 
a causa da morte não interessa à transmissão da propriedade aos herdeiros. 
Morreu, transfere, e ponto. Porém, a causa da morte pode ser relevante para 
outros fatos jurídicos, como para a anulação de uma doação do morto pela pessoa 
que o matou (art. 557, inc. I do CC/2002). 
Partindo daquela classificação, vejamos cada um dos fatos jurídicos. Vamos nos 
ater aos fatos jurídicos conforme o Direito, ou seja, as espécies lícitas. 
Suporte Fático
Núcleo
Inexistente
Elemento 
completante
Inexistente
Elemento 
complementar,
a. sujeito: 
capacidade, 
legitimação e 
perfeição da 
manifestação
Defeito
b. objeto: licitude, 
possibilidade, 
determinação
Defeito
c. forma: prescrita 
ou não defesa em 
lei
Defeito
Elemento 
integrativo
Carga eficacial 
especial
 
 
 
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Espécies lícitas 
Fato jurídico em sentido estrito 
É todo fato que independe da conduta humana na composição do suporte 
fático. Cuidado! A conduta humana pode estar presente, mas ela não 
interessa. Por exemplo, a frutificação de uma árvore ou o nascimento de uma 
criança, a maioridade e a morte. 
Em qualquer caso, o ato humano não é elemento necessário à composição do 
suporte fático suficiente, daí nominá-los de eventos, pois ocorrerão 
independentemente da vontade humana, naturalmente. Cuidado! Geralmente se 
FKDPDP�HVVHV�IDWRV�GH�³QDWXUDLV´��1mR�FRQIXQGD�FRP�DWRV�GD�QDWXUH]D��HOHV�VmR�
naturais pode são independentes da vontade humana. 
Atos-fatos jurídicos 
Outros fatos dependem de conduta humana para a concreção do suporte fático. 
Nos fatos jurídicos em sentido estrito não existia conduta humana nenhuma; 
aqui, existe conduta humana, mas a vontade humana não é relevante, 
pelo que não condutas avolitivas (sem vontade ou com vontade irrelevante). 
Temos, por exemplo, a caça ou a pesca. Precisa-se de uma conduta humana, ou 
o peixe ou o pássaro não se tornarão propriedade de ninguém, mas a vontade 
não interessa. Se eu queria apenas retirar o peixe do rio, mas não tomá-lo como 
minha propriedade isso não importa; se eu pesquei, pesquei e ponto. 
Atos jurídicos em sentido amplo 
Conforme Marcos Bernardes de Mello, ato jurídico é o fato jurídico cujo suporte 
fático tenha como núcleo uma exteriorização consciente de vontade, que 
tenha por objeto obter um resultado juridicamente protegido ou não 
proibido e possível. 
Em outras palavras, o suporte fático deve ser composto, primeiro, por uma 
exteriorização da vontade. Caso a pessoa não se exteriorize a vontade, 
inexiste o ato jurídico. Por exemplo, tenho vontade de comprar um carro, mas 
não exteriorizo, não contrato; tenho vontade de matar, mas não mato. 
Essa exteriorização se externa de determinada forma, ou através de uma 
manifestação de vontade (passar o cartão do ônibus na catraca) ou de uma 
declaração de vontade (afirma que vai se divorciar, acena com a mão num leilão). 
Segundo, o suporte fático deve ser composto pela consciência na vontade 
exteriorizada. A pessoa deve fazer a exteriorização com intuito de realizar 
aquela conduta relevante; se não há vontade de realizar aquele ato, ele é 
inexistente. Por exemplo, o aceno que eu fiz no leilão foi resultado de um 
espasmo muscular; não houve aceno, pelo que não houve aceitação da compra. 
Havendo tais elementos, o suporte fático se compõe, produzindo duas situações 
distintas: 
1. Ato jurídico em sentido estrito (ato não negocial) 
 
 
 
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O direito acolhe a manifestação de vontade e pré-determina os efeitos 
que ela terá. Tais efeitos são inafastáveis e invariáveis, ou seja, são efeitos 
necessários, constituindo a chamada eficácia ex lege. Por exemplo, o art. 304 do 
CC/2002: 
Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, 
dos meios conducentes à exoneração do devedor. 
O pagamento é um ato jurídico em sentido estrito, por quê? 
Não há necessidade de declarar, nem é necessário que queira constituir e nem 
se pode escolher efeitos outros que não previstos em lei. Se há um pagamento, 
inúmeros efeitos jurídicos se criam, independentemente da vontade das partes e 
mesmo contra a vontade das partes. Pagou, não ocorrem mais os efeitos da 
mora, e ponto. 
2. Negócio jurídico (ato negocial) 
A manifestação de vontade não é apenas elemento do núcleo do suporte fático, 
mas se reconhece o poder de autorregulamento, dentro de certos limites, 
de modular os efeitos. São os chamados efeitos voluntários, ou eficácia ex 
vonluntate. 
Nestes atos, o sistema jurídico não predetermina os efeitos do fato jurídico, ou 
seja, podem as pessoas escolher livremente a eficácia jurídica de sua 
atuação. Exemplo: no contrato de compra e venda a minha vontade é relevante 
para saber quais bens acessórios acompanharão o bem principal, como deixa 
claro o art. 94, como vimos: 
Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo 
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
Se as partes quiserem que as pertenças acompanhem, elas acompanham; se 
não, não acompanham. Podem, portanto, autorregularem-se. 
 
 
Espécies lícitas
Fato jurídico em sentido 
estrito
Atos-fatos jurídicos
Atos jurídicos em sentido 
amplo
Ato jurídico em sentido 
estrito (ato não negocial)
Negócio jurídico (ato 
negocial)
 
 
 
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Espécies ilícitas 
Em resumo, as espécies ilícitas são idênticas às lícitas, exceto em relação à 
conformidade/contrariedade com o Direito. 
Fato ilícito em sentido estrito 
São as situações em que há imputabilidade de uma conduta a alguém, 
independentemente de culpa. São os casos de caso fortuito e força maior. 
Exemplo: o art. 1.251 estabelece que: 
Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se 
juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do 
primeiro. 
Ou seja, eu não tenho nada a ver com o fato de um pedaço de terra ter se 
grudado ao meu, mas ainda assim eu terei de indenizar (fato ilícito). 
Muito cuidado aqui, pois nisso o Direito Civil é radicalmente diferente do 
Direito Penal, cuja ilicitude depende de 
comportamento humano (noção de delito: conduta 
típica, antijurídica e culpável). 
Ato-fato ilícito 
Ato humano cuja vontade é abstraída pela norma jurídica, ou seja, a vontade é 
irrelevante. O exemplo são todos os danos causados por menores, pois, 
segundo o ECA, os menores são inimputáveis, mas, para o Direito Civil, a vontade 
é irrelevante, gerando-se o dever de indenizar. 
Ato ilícito em sentido amplo 
O elemento distintivo dessa categoria é a ³YRQWDGH� GHWHUPLQDQWH� GD�
FRQGXWD´� Essa conduta pode ser tanto uma ação como uma omissão. Segundo 
o art. 186 do CC/2002: 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Há de se cuidar porque a culpa não é elemento necessário da ilicitude, 
como dito. Veja-VH�D�FRQKHFLGD�³FXOSD�REMHWLYD´��SUHVXPLGD�RX� LQYHUWLGD��RX�D�
chamada responsabilidadecivil sem culpa, ou 
responsabilidade civil objetiva. Cuidado! A vontade de 
conduta é necessária, não a vontade de causar dano. 
 
 
 
 
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3.4 ± Invalidades dos atos jurídicos 
Os elementos de existência estão presentes (uma pessoa assina um contrato e a 
outra, após assinar, promete cumprir certa obrigação), mas é necessário verificar 
que eles estão perfectibilizados. Se sim, o ato é válido, se não, se há um déficit, 
o ato é inválido; validade, portanto, é sinônimo de perfeição. 
Assim, a invalidade (nulidade ou anulabilidade) é uma 
sanção àquele que infringe as normas jurídicas, no 
plano privado. Infelizmente, não podemos traçar uma 
Teoria Geral das Invalidades (ou Nulidades) porque há tantas exceções que a 
teoria se tornaria inútil. Ainda assim, só falaremos de validade nos atos jurídicos 
em sentido amplo, mas não no fato jurídico em sentido estrito (nascimento, 
morte), no ato-fato jurídico (caça, achado de tesouro) ou nos fatos ilícitos em 
sentido amplo (latrocínio, contrabando). 
Mas, você pode se perguntar, por quê? Porque é no ato jurídico em sentido amplo 
que a vontade é dirigida a obter determinados efeitos, uma vantagem a quem 
pratica. Quais são os pressupostos de validade dos atos jurídicos? Dividem-se em 
três categorias, segundo estabelece o art. 104, incisos do CC/2002: 
I. Sujeito 
A manifestação de vontade em si, se livre e perfeita. Se analisará se a 
exteriorização consciente de vontade se deu corretamente: 
a. Capacidade de agir 
A aptidão a tutelar seus próprios interesses: art. 1º do CC/2002 
(possibilidade de ser titular de direitos e obrigações). Trata-se tanto da 
capacidade genérica quanto das capacidades específicas (capacidade de herdar, 
de negociar, de ser empresário), ou seja, a aptidão é pessoal. Por isso, pode ser 
a capacidade absoluta ou relativa (o praticado pelo absolutamente incapaz é nulo 
e pelo relativamente incapaz é anulável). 
b. Perfeição da manifestação: 
Não se questiona mais aqui a autenticidade da autoria (foi ou não foi ele, pois 
isso é elemento da existência). Sim, foi aquele agente que praticou. Sim, ele é 
capaz. Mas, além de ter capacidade, o sujeito tem que manifestar a vontade 
de maneira hígida e íntegra, ou seja, sem vícios (erro, dolo etc.) 
Espécies Ilícitas 
Fato ilícito em 
sentido estrito
Ato-fato ilícito
Ato ilícito em 
sentido amplo
 
 
 
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II. Objeto 
Se o ato está de acordo com o direito e a natureza (licitude, determinabilidade e 
possibilidade). 
III. Forma 
Atos relevantes exigem formas específicas. A regra, porém, é que todo ato 
tem forma (modo de exteriorização), que a rigor é qualquer uma, desde 
que seja um comportamento concludente, ou mesmo o silêncio, em certas 
situações. 
Assim, a falta de forma, ou a utilização de forma proibida, acarretará a invalidade 
(nulidade) do ato. Esse problema é, em geral, pequeno, porque vige a liberdade 
de formas (conforme os arts. 107 a 109 do CC/2002). 
Vamos agora ver as invalidades em suas espécies, as nulidades e as 
anulabilidades. 
3.4.1. Nulidades 
As nulidades têm por núcleo os arts. 166 e 167 do CC/2002. 
Como regra, as nulidades podem ser alegadas por qualquer interessado, 
ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, segundo dicção do art. 
168. Por isso, segundo o parágrafo único desse mesmo artigo, as nulidades 
devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz, quando conhecer do negócio 
jurídico. 
Nem o juiz, nem as partes podem suprir, assim, uma nulidade. Isso 
impede, também, que o negócio jurídico nulo seja confirmado pelas partes (ah, 
eu sei que é nulo, mas confirmo o negócio mesmo assim!), ou convalesça pelo 
decurso do tempo (prescrição ou decadência), segundo o art. 169 do CC/2002. 
Há uma norma excepcional, porém, que prevê decadência de ato nulo; é o caso 
do art. 48, parágrafo único do CC/2002, que vimos na aula passada: 
³Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando 
YLRODUHP�D� OHL�RX�HVWDWXWR��RX� IRUHP�HLYDGDV�GH�HUUR��GROR��VLPXODomR�RX�IUDXGH´�� ³6H�D�
pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos 
dos presentes, salvo se o ato consWLWXWLYR�GLVSXVHU�GH�PRGR�GLYHUVR�´ 
 
 
Não convalesce pelo decurso do tempo 
(prescrição e decadência)
Nem o juiz nem as partes podem suprir
Devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz
Podem ser alegadas por qualquer interessado 
e pelo MP
NULIDADES
 
 
 
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Vamos ver cada uma das situações. 
1. Sujeito 
i. Capacidade de agir 
A incapacidade absoluta está exposta no art. 3º do CC/2002, conforme vimos em 
aula anterior, prevendo o art. 166, inc. I do CC/2002 a nulidade de atos 
praticados por absolutamente incapazes. Quando vamos verificar a incapacidade 
absoluta? 
a. menoridade 
Por razões biológicas e históricas, até os 16 é a pessoa incapaz, não podendo 
praticar qualquer ato jurídico. A realização desses atos se dá pelo representante. 
Cuidado! O Exame da Ordem pode questionar se todos os atos praticados 
pelo absolutamente incapaz são nulos. Se lermos o art. 166, inc. I do 
CC/2002 sem o devido cuidado, diríamos que sim. 
Mas a doutrina, por razões práticas, vai dizer que o 
ato praticado pelo absolutamente capaz, caso de 
pequena monta, é válido, ou os absolutamente 
incapazes não poderiam celebrar qualquer tipo de 
negócio. É só imaginar uma pessoa com 15 anos. Quer dizer que a entrada de 
cinema que ela comprou é nula? Ou a roupa pela qual pagou no shopping? 
Obviamente que não. 
b. ausência de discernimento 
Não basta estado patológico mental, há de se verificar se tal impede o 
discernimento e a consciência de atuação. Por isso, por exemplo, o 
psicopata, que é inimputável no Direito Penal, é capaz para determinados atos, 
no Direito Civil). Apesar de o mentalmente incapaz precisar de interdição, o ato 
é nulo mesmo sem que previamente tenha havido interdição. Mesmo que tenha 
momento de lucidez, nulo é o ato praticado por aquele que não possui 
discernimento. 
Há aqui ainda uma controvérsia quanto às mudanças operadas pelo 
Estatuto da Pessoa com Deficiência e o CPC. No entanto, como ainda não 
se assentaram a doutrina e a jurisprudência sobre o assunto, resolvi 
manter o item aqui. 
ii. Perfeição da manifestação 
a. má-fé (objetiva) e iniquidade 
A boa-fé é, talvez, a situação mais corriqueira de negócio jurídico nulo. Todo 
negócio celebrado de má-fé é, assim, nulo. Por exemplo, é o que estabelece o 
art. 422 do CC/2002: 
Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
 
 
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A equidade funciona da mesma forma. (TXLGDGH�p�D�LJXDOGDGH�³DMXVWDGD´��
numa visão aristotélica de justiça, ou seja, a igualdade dos iguais e a 
desigualdade dos desiguais, na medida de sua desigualdade. É o caso de 
prestações excessivamente onerosas, que se tornam iníquas e, 
consequentemente nulas. Exemplo é o art. 478 do CC/2002: 
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma daspartes se 
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
b. simulação 
O que é simulação? Na linguagem jurídica é, segundo Pontes de Miranda: 
Ostenta-se o que não se quis; e deixa-se, inostensivo, aquilo que se quis. 
A nulidade da simulação está prevista no art. 167 do CC/2002: 
É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
Mas, quando haverá simulação? O § 1º do artigo traz, nos incisos, as situações 
de simulação, de maneira exemplificativa: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
UHDOPHQWH�VH�FRQIHUHP��RX�WUDQVPLWHP��FRPSUD�H�YHQGD�GH�LPyYHO�SRU�³ODUDQMD´�� 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira (compra e venda 
de um imóvel gratuitamente para o adúltero); 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados (faço um recibo pós-
datado, para usar como prova, ou pagar menos tributos). 
Em regra, os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio 
jurídico simulado são preservados, na dicção do art. 167, § 2º. 
c. Motivo determinante ilícito 
2�PRWLYR�p�D�UD]mR��R�³SRUTXr´�GR�QHJyFLR. Em regra, o motivo é irrelevante, 
pois relevante é a causa, o fim do negócio (o para quê). 
Porém, a razão, o motivo, pode ser relevante, quando o motivo declarado for 
falso ou for ilícito. Se for falso, é o caso de erro (visto à frente), anulável; se for 
ilícito, é nulo, conforme determina o art. 166, inc. III do CC/2002. 
O motivo tem de ser determinante, condutor do negócio e a ilicitude 
depende da lei, da moral, dos bons costumes, da boa-fé, segundo leciona 
o art. 122 do CC/2002: 
São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons 
costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio 
jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. 
O motivo tem que ser comum, ou seja, se um sabia e o outro não, o motivo 
determinante não é ilícito. 
 
 
 
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2. Objeto 
a. ilicitude 
Nulidade prevista no art. 166, inc. II do CC/2002. Pode-se ter objeto ilícito 
tanto diretamente (por exemplo, um contrato para que o contratado mate 
alguém), quanto indiretamente (eu doo dinheiro ao matador de aluguel). O 
cuidado a se ter é que se tem de analisar os atos em conjunto, pois 
isoladamente são lícitos, eventualmente. 
No caso de infração direta, temos as nulidades textuais, ou seja, a Lei diz 
claramente que o ato é nulo, como no art. 489 do CC/2002: 
Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das 
partes a fixação do preço. 
As nulidades virtuais, porém, são mais difíceis, já que a Lei não fala claramente 
que é nulo, sendo necessário uma construção doutrinária e jurisprudencial sobre 
cada caso. Exemplo disso é o art. 556 do CC/2002: 
Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão 
do donatário. 
O artigo não menciona a sanção, mas se entende que é nulo. Ambas, nulidades 
textuais e virtuais estão previstas no art. 166, inc. VII do CC/2002. 
b. impossibilidade 
Nulidade também prevista no art. 166, inc. II do CC/2002. São quatro as 
situações de impossibilidade: 
i. cognoscitiva: impossibilidade de conhecer (guardar um lugar no céu); 
ii. lógica: contradição no negócio (as cláusulas ininteligíveis); 
iii. física: impossível no momento da execução da prestação (carro que dirige sozinho por 
qualquer lugar). Em geral, será sempre temporária, por conta dos avanços científicos, vide 
os carros que estão sendo desenvolvidos pelas montadoras e pelo Google; 
iv. jurídica: fisicamente é possível, mas não juridicamente, seja por lei ou por contrato. Por 
exemplo, a divisão da uma parcela de terra em porção menor que o módulo rural; 
fisicamente pode, mas juridicamente eu digo que não. 
c. indeterminabilidade 
Nulidade igualmente prevista no art. 166, inc. II do CC/2002. A indeterminação 
tem de ser absoluta, ou seja, não consigo determinar a prestação, de modo 
algum. Raríssima na prática, pelo que pouco importante na sua prova. 
3. Forma 
A lei pode exigir forma específica ou proibir outras, em determinados atos, 
conforme estabelecem os incs. IV e V do art. 166 do CC/2002. 
Cuidado! Não confundir forma com instrumento no 
qual essa forma se realiza. Há inúmeros atos sem 
instrumento, mas com forma, como numa doação 
verbal, por exemplo. 
 
 
 
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O ato nulo pode estar em instrumento válido, como a compra e venda em 
escritura particular, por exemplo; e o ato válido pode estar em instrumento nulo, 
como na escritura pública de compra e venda sem data, ou cujo oficial do registro 
foi afastado, por algum motivo. 
Mas, e por que isso é importante? No direito processual. Se o instrumento é nulo, 
a ação é uma, se a forma é nula, a ação é outra. Assim, se a nulidade ocorre 
porque o tabelião foi afastado, a ação é contra ele e contra o Estado. Se a 
nulidade decorre da falta de assinatura do vendedor, é contra ele que eu 
manejarei a ação. 
 
 
3.4.2. Anulabilidades 
O núcleo das anulabilidades está no art. 171, mas ele é incompleto, pois 
faltam as anulabilidades específicas, que estão determinadas na lei e por ela 
espalhadas. 
Ao contrário das nulidades, as anulabilidades podem ser alegadas somente 
pelos interessados, segundo o art. 177 do CC/2002. Por isso, segundo esse 
mesmo dispositivo, as anulabilidades não podem ser pronunciadas de ofício 
pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico. 
NULIDADES
1. Sujeito
i. Capacidade de 
agir
a. menoridade
b. ausência de 
discernimento
ii. Perfeição da 
manifestação
a. má-fé (objetiva) e 
iniquidade
b. simulação
c. Motivo 
determinante ilícito
2. Objeto
a. ilicitude
b. impossibilidade
c. 
indeterminabilidade
3. Forma
 
 
 
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Daí o negócio anulável poder ser confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro, segundo regra do art. 172 do CC/2002. Essa confirmação, inclusive, 
nem precisa ser expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo 
devedor, ciente do vício que o inquinava, nos termos do art. 174. Com a 
confirmação extinguem-se todas as ações, ou exceções, de que contra ele 
dispusesse o devedor, a rigor, pelo teor do art. 175 do CC/2002. 
 
 
Por isso, as anulabilidades caducam. O art. 178 do 
CC/2002 estabelece quatro anos de prazo de 
decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico, contado: 
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se 
realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Quando, porém, a lei dispuser que determinado ato 
é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se 
a anulação, será o prazo de dois anos, a contar da 
data da conclusão do ato, segundo o art. 179 do 
CC/2002. Quando for anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao 
estado em que antesdele se achavam. Se não for mais possível, serão 
indenizadas com o equivalente, na regra do art. 182. 
Por fim, em consonância com o princípio da conservação dos negócios jurídicos, 
o art. 184 do CC/2002 estabelece que: 
Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o 
prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica 
a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. 
Vejamos as anulabilidades: 
Convalesce pelo decurso do tempo (prescrição 
e decadência)
Podem ser supridas
Não podem ser pronunciadas de ofício pelo 
juiz
Não podem ser alegadas por qualquer 
interessado, apenas pelas próprias partes
ANULABILIDADES
 
 
 
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1. Sujeito 
i. Capacidade de agir 
a. falta de assentimento 
Prevista no art. 171, inc. I do CC/2002, trata da incapacidade relativa. O 
assentimento tem o sentido de aprovação, autorização. O correto não é 
dizer que a incapacidade relativa traz a 
anulabilidade, mas a falta de assentimento do 
responsável. 
Quando isso ocorrerá? Nas situações do art. 4º do 
CC/2002, cuja redação foi alterada pelo Estatuto da Pessoa com 
Deficiência (Lei 13.146/2015): 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Quem pratica o ato é sempre o incapaz, ao contrário do 
absolutamente incapaz, cujos atos são praticados pelo 
representante legal, em nome dele. Porém, para os 
relativamente incapazes os pais, tutores ou curadores devem assentir, 
seja no mesmo ato ou posteriormente, segundo dispõe o art. 176.Por isso, 
pode ocorrer de o relativamente incapaz praticar o ato, o responsável se negar a 
assentir e o incapaz requerer suprimento judicial do assentimento, caso a 
negativa seja por razão injusta. 
Por isso, pode ocorrer de o relativamente incapaz praticar o ato, o responsável 
se negar a assentir e o incapaz requerer suprimento judicial do assentimento, 
caso a negativa seja por razão injusta. 
Exceção à regra de que o ato praticado por incapaz sem assistência é 
anulável está no art. 180: 
O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, 
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no 
ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
Igualmente, se eu provo que o pagamento feito ao incapaz reverteu em benefício 
dele, o ato é válido, segundo o art. 181 do CC/2002: 
Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não 
provar que reverteu em proveito dele a importância paga. 
ii. Perfeição da manifestação (vícios de vontade) 
A vontade tem de ser exteriorizada. Se for interna, 
não se fala em vício, considerando-se o caso de 
reserva mental, conforme estabelece o art. 110). Se, 
porém, a vontade é exteriorizada defeituosamente, será 
inválida, segundo o art. 171, inc. II do CC/2002. São os seguintes casos: 
 
 
 
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a. erro 
2� HUUR� QDGD� PDLV� p� GR� TXH� ³D� IDOVD� UHSUHVHQWDomR� SVLFROyJLFD� GD�
UHDOLGDGH´� 
O erro pode se dar quando não há paralelismo nas manifestações (empresto a 
caneta de ouro para o sujeito assinar um documento e ele acha que eu a doei), 
TXDQGR� � HX� XWLOL]R� XPD� SDODYUD� SOXUtYRFD� RX� HTXtYRFD� �FDUUR� $� ³FRPSOHWmR´���
quando minha vontade não é transmitida corretamente (pelo representante ou 
num anúncio incorreto), quando o objeto não corresponde ao que se negociou, 
qualitativa ou quantitativamente (brinco de ouro e folheado, obra de arte falsa), 
quando a pessoa não é ou não tem as qualidades imaginadas (só para os negócios 
intuitu personae: contratação de um pianista para um recital de órgão) ou mesmo 
quando acabo negociando algo errado (dito uma coisa a pessoa escreve errado e 
eu assinado sem ler). 
Quando se verificará o erro? Seus requisitos estão nos arts. 138 a 140 do 
CC/2002: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração 
de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou 
principal do negócio jurídico. 
IV - não puder ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias 
do negócio; 
V - for razão determinante do negócio. 
Por isso, o erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a 
declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e 
pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Igualmente, 
o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. 
Sempre que constatado o erro, o outro deverá indenizar. Pode-se, em qualquer 
caso, afastar a anulação se o outro consentir em cumprir de acordo com o que 
se pensara, conforme estabelece o art. 144 do CC/2002. 
 
Questão 36 ± IV Exame da OAB 
O negócio jurídico depende da regular manifestação de vontade do agente 
HQYROYLGR�� 1HVVH� VHQWLGR�� R� DUW�� ���� GR� &yGLJR� &LYLO� GLVS}H� TXH� ³VmR�
anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem 
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência 
QRUPDO��HP�IDFH�GDV�FLUFXQVWkQFLDV�GR�QHJyFLR´��5HODWLYDPHQWH�DRV�GHIHLWRV�
dos negócios jurídicos, assinale a alternativa correta. 
 
 
 
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(A) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a declaração de vontade em 
todas as situações e, por consequência, gerará a anulação do negócio 
jurídico. 
(B) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a 
quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante. 
(C) O erro é substancial quando concerne à identidade ou à qualidade 
essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, ainda que 
tenha influído nesta de modo superficial. 
(D) O erro de cálculo gera a anulação do negócio jurídico, uma vez que 
restou viciada a declaração de vontade nele baseada. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois, como vimos antes, o motivo só gerará 
nulidade do negócio no qual for ele determinante. Se não for motivo 
determinante, não interessa o motivo, como ocorre na maioria das vezes (o 
vendedor de roupa não pergunta e nem quer saber a razão pela qual você está 
comprando uma camiseta). 
A alternativa B está correta, pois se a parte que se aproveita do erro concordar 
em executar o negócio de acordo com aquilo que a contraparte se manifestara 
DQWHULRUPHQWH��p�SRVVtYHO�³VDOYDU´�R�QHJyFLR (art. 144). 
A alternativa C está incorreta, já que o erro tem de ser substancial quanto à 
pessoa de maneira razoável, não meramente superficial. Ora, não posso imaginar 
que a pessoa contratou um pianista em erro ao imaginar que o sujeito, tocando 
num barzinho, fosse um dos melhor do mundo. 
A alternativa D está incorreta, pois, segundo o art. 143�� ³O erro de cálculo 
apenas autoriza a retificação da declaração de vontade´. 
b. dolo 
Dolo significa engano, embuste, traição,trapaça. É a ação ou omissão em induzir, 
fortalecer ou manter o outro na falsa representação da realidade para beneficiar 
a si ou a outrem, de modo que o negócio não se realizaria de outra maneira. Ou 
seja, o GROR�QDGD�PDLV�p�GR�TXH�³LQGX]LU�DOJXpP�HP�HUUR´� 
1R�GROR��SRUWDQWR��QmR�VH�H[LJH�TXDOTXHU�VRILVWLFDomR��EDVWD�³DMXGDU´�R�HUUR�DOKHLR�
que é dolo. Há linha tênue entre a propaganda enganosa e a exaltação das 
qualidades do produto. A doutrina e a jurisprudência entendem que o espalhafato 
e o exagero não são dolo. Porém, o silêncio, a depender do caso, pode ser 
considerado igualmente dolo, conforme estipula o art. 147 do CC/2002. 
E precisa o dolo ser praticado diretamente? Não, se 
terceiro colabora no dolo, desde que o outro 
negociante saiba ou devesse saber que aquilo não 
correspondia à realidade, é dolo, na dicção do art. 148. 
Por exemplo, enquanto estou comprando um produto pirata uma pessoa qualquer 
ROKD�R�SURGXWR�H�GL]��³DK��HVVH�Dt�p�PXLWR�ERP��Mi�TXH�p�fabricado na Suíça, na 
 
 
 
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ORQJD�WUDGLomR�UHORMRHLUD�GH�OD´��H�R�YHQGHGRU�QDGD�GL]��VH�DSURYHLWDQGR�GD�PLQKD�
crença de que comprarei um relógio verdadeiramente suíço. 
Por isso, se o negócio se realizaria mesmo que eu soubesse 
que o produto era falso, mas não por aquele preço, há dolo 
incidental/acidental. Nesse caso, não se anula o 
negócio, apenas se indeniza o negociante prejudicado pelas perdas e danos, 
consoante regra do art. 146 do CC/2002. 
Por fim, o dolo deve ser a causa eficiente do negócio, conforme estabelece o art. 
145 do CC/2002. 
Assim, se ambos sabiam do defeito, não é dolo 
invalidante, mas se caracteriza o dolo recíproco, 
conforme o art. 150, pelo que ninguém pode reclamar 
do negócio. Por exemplo, se eu compro um produto pirata, 
sabendo que era pirata, para me aproveitar do preço baixo, não posso alegar 
dolo da contraparte para receber meu dinheiro de volta. 
c. coação 
A vontade, aqui é viciada pelo medo de dano a si, à família, a outrem ou 
aos bens, segundo o art. 151 do CC/2002. 
O parágrafo único desse artigo diz que se a coação for contra terceiro, 
não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas 
circunstâncias, decidirá se houve coação. 
O dano tem de ser considerável, mas isso depende da análise judicial. O medo é 
igualmente relativo, pois varia de pessoa a pessoa, já que há mais fracos e mais 
fortes para suportar tortura psicológica, conforme estabelece o art. 152 do 
CC/2002. Assim, a ameaça com arma de brinquedo é coação, ainda que não seja 
suficiente para o aumento/qualificadora de pena do roubo. 
Há algumas situações que não caracterizam coação, ainda que pareçam, 
conforme estabelece o art. 153 do CC/2002: a ameaça do exercício 
normal de um direito e o simples temor reverencial. 
Tal qual no dolo, o coator pode ser terceiro, mas a parte beneficiada, para 
indenizar, deveria saber ou teria o dever de saber do temor. Se não soubesse, o 
terceiro coator é quem indeniza, mas o negócio continua válido, ou seja, há dever 
de indenizar independentemente da validade do negócio, conforme estabelecem 
os arts. 154 e 155 do CC/2002. 
 
Questão 43 ± XIV Exame da OAB 
Maria Clara, então com dezoito anos, animada com a conquista da carteira 
de habilitação, decide retirar suas economias da poupança para adquirir um 
automóvel. Por saber que estava no início da sua carreira de motorista, 
resolveu comprar um carro usado e pesquisou nos jornais até encontrar um 
 
 
 
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modelo adequado. Durante a visita de Maria Clara para verificar o estado de 
conservação do carro, o proprietário, ao perceber que Maria Clara não era 
conhecedora de automóveis, informou que o preço que constava no jornal 
não era o que ele estava pedindo, pois o carro havia sofrido manutenção 
recentemente, além de melhorias que faziam com que o preço fosse 
aumentado em setenta por cento. Com esse aumento, o valor do carro 
passou a ser maior do que um modelo novo, zero quilômetro. Contudo, após 
as explicações do proprietário, Maria Clara fechou o negócio. Sobre a 
situação apresentada no enunciado, assinale a opção correta. 
A) Maria Clara sofreu coação para fechar o negócio, diante da insistência do 
antigo proprietário e, por isso, pode ser proposta a anulação do negócio 
jurídico no prazo máximo de três anos. 
C) O pai de Maria Clara, inconformado com a situação, pretende anular o 
negócio efetuado pela filha, porém, como já se passaram três anos, isso não 
será mais possível, pois já decaiu seu direito. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, já que o exercício não menciona em momento 
DOJXP�TXH�HOD�IRL�DPHDoDGD��DSHQDV�TXH�R�YHQGHGRU�³SDVVRX�D�FRQYHUVD´�QHOD��
Enganar alguém não é o suficiente para configurar coação. Igualmente, prazo 
para a anulação de um negócio oriundo de coação é de 4 anos (Art. 178, inc. I: 
³e�de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico, contado, no caso de cRDomR��GR�GLD�HP�TXH�HOD�FHVVDU´�� 
A alternativa C está incorreta, porque o prazo para a anulação do negócio 
RULXQGR�GH�GROR��Mi�TXH�R�YHQGHGRU�³LQGX]LX�HP�HUUR´�/~FLD��p�GH���DQRV��DUW��
178, inc. II). 
d. estado de perigo 
Previsto no art. 156 do CC/2002: 
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou 
a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação 
excessivamente onerosa. 
É o caso do pai que, vendo o filho ser atingido por um tiro em confronto policial 
na rua, leva-o ao hospital, que exige soma excessiva para realizar a cirurgia. 
Tal qual na coação, o parágrafo único estendeu a verificação do estado de perigo 
a qualquer relação afetiva: 
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as 
circunstâncias. 
Para que o estado de perigo se verifique devo analisar 5 pressupostos: 
1. Dano: deve ser pessoal, não patrimonial, por mais importante que seja, ao contrário da 
coação; 
2. Urgência e gravidade do dano/risco: que gera fundado temor, numa avaliação subjetiva, 
já que a ignorância e o desespero geralmente ocasionam temor exagerado, como, p.ex., a 
mãe que vê o filho com muito sangue no rosto, mas são apenas machucados na região do 
supercílio, que habitualmente sangra bastante; 
 
 
 
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3. Relação de causa e efeito entre o perigo e o negócio: fiz o negócio para evitar o perigo; 
4. Dolo da contraparte: o outro tem que saber que eu farei o negócio a qualquer custo; 
5. Excessiva onerosidade: avaliada pelo negócio em si, e não em relação ao patrimônio do 
sujeito. 
 
Questão 40 ± XIX Exame da OAB 
Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um terrível acidente de carro 
em uma cidade com poucos recursos no interior do Ceará e que ele está 
correndo risco de morte devido a um grave traumatismo craniano. Diante 
dessa notícia, Juliana celebra um contrato de prestação de serviços médicos 
em valores exorbitantes, muito superiores aos praticados habitualmente, 
para que a única equipe de médicos especializados da cidade assuma o 
tratamento de seu filho. 
Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
A) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento 
denominado estado de perigo, no prazo prescricional de quatroanos, a 
contar da data da celebração do contrato. 
B) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de 
dolo, tendo em vista o fato de que a equipe médica tinha ciência da situação 
de Marcos e se valeu de tal condição para fixar honorários em valores 
excessivos. 
C) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício 
resultante de estado de perigo, no prazo decadencial de quatro anos, 
contados da data da celebração do contrato. 
D) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de lesão, e 
por tal razão não será suscetível de confirmação e nem convalescerá pelo 
decurso do tempo. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois, o prazo para a anulação de um negócio 
GHFRUUHQWH�GH�HVWDGR�GH�SHULJR�p�'(&$'(1&,$/��H�QmR�SUHVFULFLRQDO��³Art. 178. 
É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico´�� 
A alternativa B está incorreta, Mi�TXH�R�GROR�p�³LQGX]LU�DOJXpP�HP�HUUR´�H�D�
equipe médica não induziu a mãe em erro, mas se aproveitou de sua situação 
periclitante para obter mais dinheiro. 
A alternativa C está correta, FRQIRUPH�UHJUD�GR�DUW�������LQF��,,��³É de quatro 
anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, 
contado, no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do 
dia em que VH�UHDOL]RX�R�QHJyFLR�MXUtGLFR´�� 
 
 
 
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A alternativa D está incorreta. Na realidade, trataremos da lesão logo adiante. 
Veremos que essa é uma das situações mais comuns de confusão. No entanto, 
como a equipe médica sabia da necessidade da mãe, que gerou um estado de 
perigo, não se fala em lesão. 
e. lesão 
A lesão, prevista no art. 157 do CC/2002, tem dois pressupostos: 
1. Prestação manifestamente desproporcional: valorada pelo juiz. Por exemplo, vende a 
casa de 1 milhão por 100mil; 
2. O negócio se deu por estado de necessidade ou inexperiência. 
A lesão é instituto controvertido, especialmente 
porque facilmente confundida com o estado de perigo. 
A lesão independe de o ³OHVDGRU´�VDEHU�GR�HVWDGR�GH�
necessidade ou inexperiência da contraparte; no 
estado de perigo, a desproporção da obrigação se origina exatamente 
porque eu sei que o outro precisa, sob risco de perder bem jurídico mais 
importante a ela. Na lesão ocorrida poU� LQH[SHULrQFLD�� R� ³OHVDGR´� jV�
vezes sequer sabe que está sendo lesado. Pode ainda o beneficiário manter 
o negócio, reduzindo a onerosidade a patamar justo, segundo o art. 157, § 2º do 
CC/2002. De qualquer forma, o juiz deve incitar as partes a evitar a anulação do 
negócio, na esteira do Enunciado nº. 149 da III Jornada de Direito Civil do CJF. 
 
Questão 39 ± XIII Exame da OAB 
Lúcia, pessoa doente, idosa, com baixo grau de escolaridade, foi obrigada a 
celebrar contrato particular de assunção de dívida com o Banco FDC S.A., 
reconhecendo e confessando dívidas firmadas pelo seu marido, esse já 
falecido, e que não deixara bens ou patrimônio a inventariar. O gerente do 
banco ameaçou Lúcia de não efetuar o pagamento da pensão deixada pelo 
seu falecido marido, caso não fosse assinado o contrato de assunção de 
dívida. Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale 
a afirmativa correta. 
A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por Lúcia é anulável 
por erro substancial, pois Lúcia manifestou sua vontade de forma distorcida 
da realidade, por entendimento equivocado do negócio praticado. 
B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável por 
vício de consentimento, em razão de conduta dolosa praticada pelo banco, 
que ardilosamente falseou a realidade e forjou uma situação inexistente, 
induzindo Lúcia à prática do ato. 
C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. pode ser 
anulado sob fundamento de lesão, uma vez que Lúcia assumiu obrigação 
excessiva sobre premente necessidade. 
 
 
 
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D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável 
pelo vício da coação, uma vez que a ameaça praticada pelo banco foi 
iminente e atual, grave, séria e determinante para a celebração da avença. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, já que a situação não se enquadra na situação 
de erro. Isso porque R�HUUR�Dt�VHULD�GH�GLUHLWR�H�QmR�GH�IDWR��Mi�TXH�R�³HUUR´�GHOD�
seria não saber que não era necessário assumir a dívida para receber a herança), 
o que não se admite. 
A alternativa B está incorreta, GDGR�TXH�R�GROR�p� ³LQGX]LU�DOJXpP�HP�HUUR´��
Como não se podH�IDODU�HP�³HUUR´��QmR�VH�SRGH�IDODU�WDPEpP�HP�³LQGX]LU�HP�
HUUR´� 
A alternativa C está incorreta, porque Lúcia não assumiu obrigação excessiva 
(apenas uma obrigação indevida) e nem estava sob premente necessidade (o 
exercício não fala nada sobre isso). 
A alternativa D está correta. De fato, trata-se de coação. O próprio exercício 
GHL[D�LVVR�FODUR��³IRL�REULJDGD�D�FHOHEUDU´� 
2. Objeto 
a. fraude contra credores 
Marcos Bernardes de Mello assim conceitua a fraude contra credores: 
Constitui fraude contra credores todo o ato de disposição e oneração de bens, créditos e 
direitos, a título gratuito ou oneroso, praticado por devedor insolvente, ou por ele tornado 
insolvente, que acarrete redução de seu patrimônio, em prejuízo de credor preexistente. 
São quatro os pressupostos de sua constituição: 
1. ato de disposição: redução do patrimônio apto a saldar dívidas, por meio de quaisquer 
negócios: doação, venda, dação em pagamento, pagamento de credor quirografário 
antecipadamente, perdão de dívida, dar garantias a dívida e renúncia a direitos hereditários, 
segundo os arts. 158 e 159 do CC/2002; 
2. Insolvência: mesmo grande redução patrimonial não leva à insolvência, pois o objetivo é 
assegurar os credores. A análise aqui é puramente matemática, na dicção do art. 158 do 
CC/2002; 
3. Anterioridade do crédito: a dívida tem de ser anterior ao ato de disposição que leve à 
insolvência, segundo o §2º desse artigo); 
4. Eventum damni: o evento deve trazer prejuízo, dano, ao credor. 
As ações em relação à fraude contra credores vão variar, conforme sejam dívidas 
civis (feitas por não-empresários ou por empresários em dívidas que não sejam 
próprias da atividade empresarial) ou empresariais (feitas por empresários na 
atividade empresarial. Quanto à dívida civil é importante mencionar a Ação 
Anulatória, também chamada de Ação Pauliana (sim, eu tenho uma ação 
processual com o MEU NOME!) 
 
 
 
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A Ação Pauliana independe de instauração de procedimento falimentar. 
Assim, a prova da fraude ocorre na própria ação. Essa 
ação não atinge terceiros adquirentes de boa-fé, 
segundo norma do art. 161 do CC/2002. Porém, a ação 
pode ser manejada contra o devedor insolvente, quem com 
ele celebrou a estipulação e terceiros de má-fé: 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor 
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou 
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. 
Se o credor quirografário receber do devedor insolvente o pagamento da 
dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo 
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu, nos 
termos do art. 162do CC/2002. 
Além disso, segundo o art. 163, presumem-se 
fraudatórias dos direitos dos outros credores as 
garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver 
dado a algum credor. 
Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à 
manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência 
do devedor e de sua família, segundo o art. 164 do CC/2002. 
 
Questão 38 ± VIII Exame da OAB 
Em relação aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a afirmativa 
incorreta. 
A) A emissão de vontade livre e consciente, que corresponda efetivamente 
ao que almeja o agente, é requisito de validade dos negócios jurídicos. 
B) O erro acidental é o que recai sobre características secundárias do objeto, 
não sendo passível de levar à anulação do negócio. 
C) A simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá ocorrer se a 
parte prejudicada demonstrar cabalmente ter sido prejudicada por essa 
prática. 
D) O objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em fraude contra 
credores. 
 (C) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e, 
salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os 
prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento. 
(D) se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se 
constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o 
negócio jurídico. 
Comentários 
 
 
 
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A alternativa A está correta, pois a vontade é elemento de existência do 
negócio, mas a liberdade e consciência dela são elementos de validade. 
A alternativa B está correta, pois somente o erro substancial pode levar à 
anulação do negócio, conforme estabelecem os arts. 138 e 139. 
A alternativa C está incorreta, já que a simulação é causa de NULIDADE do 
negócio jurídico, conforme o art. 167. 
A alternativa D está correta, já que, conforme vimos acima, a ação pauliana é 
voltada para as situações de fraude contra credores. 
Como eu disse, a Ação Pauliana é um tema quente de Direito Civil. Em outra 
oportunidade, nova questão sobre o tema apareceu: 
 
Questão 42 ± X Exame da OAB 
João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação 
Pauliana, com a finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu 
à insolvência. João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, 
por contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. 
Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta. 
 A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado 
o contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, 
cabendo aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação 
individual própria. 
B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito 
no negócio jurídico por vício de consentimento. 
C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da 
dívida ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do 
acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que 
recebeu. 
D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do 
negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da 
doação feita por Marcos. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois a anulação do negócio aproveita a todos os 
demais. Nesse sentido, o art. 165: Anulados os negócios fraudulentos, a 
vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de 
efetuar o concurso de credores. 
A alternativa B está incorreta, já que não há vício de consentimento na fraude 
contra credores, mas um vício na perfeição da manifestação, conforme vimos 
acima. 
 
 
 
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A alternativa C está correta, já que a simulação é causa de NULIDADE do 
negócio jurídico, conforme o art. 167. 
A alternativa D está incorreta, pois o prazo prescricional para a anulação é de 
GRLV� DQRV�� FRQWDGRV� GR� DWR� �³Art. 178, inc. II: É de quatro anos o prazo de 
decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no de erro, 
dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou 
R�QHJyFLR�MXUtGLFR´�� 
Há ainda um rol bastante extenso de anulabilidades 
específicas tratadas em lei. Como, porém, falaremos de todo o 
Direito Civil nas próximas aulas, tratarei dessas anulabilidades 
no momento adequado a cada situação, para evitar um 
decoreba, agora. 
 
 
3.5 ± Eficacização: condição, termo e encargo 
Eventualmente, há a subordinação de um negócio jurídico a um elemento 
eficacial. De modo sucinto, o CC/2002, introdutoriamente, estabelece três 
elementos eficaciais que nos interessam: a condição, o termo e o encargo. Mas, 
como distingui-los? Primeiro, a condição está claramente disposta no Código: 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das 
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
No entanto, não é qualquer condição que pode ser estipulada pelas partes. Ao 
contrário, o art. 122 estabelece que a condição não pode violar a lei, a ordem 
Anulabilidades
1. Sujeito
i. Capacidade de 
agir
a. falta de 
assentimento
ii. Perfeição da 
manifestação 
(vícios de vontade)
a. erro
b. dolo
c. coação
d. estado de perigo
e. lesão
2. Objeto
a. fraude contra 
credores
3. Anulabilidades 
específicas
 
 
 
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pública e os bons costumes. Ainda, são proibidas as condições que privem 
de todo efeito o negócio jurídico, ou que o sujeitem ao puro arbítrio de 
uma das partes. 
O art. 123, por sua vez, estabelece que invalidam os negócios jurídicos que lhes 
são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
No caso do inc. I, se a condição for impossível, o negócio não será atingido em 
sua validade. A condição, se for resolutiva, será tida simplesmente como 
inexistente (art. 124). 
A condição será resolutiva quando por fim ao negócio, extingui-lo. Assim, por 
exemplo, doarei mensalmente a você uma quantia em dinheiro enquanto você 
estiver na faculdade. No momento em que você sai da faculdade, resolve-se o 
negócio. A condição suspensiva, por sua vez subordina a eficácia do negócio. 
Assim, por exemplo, doarei uma quantia em dinheiro a você se você passar na 
OAB. 
Se a condição for suspensiva, ainda não se adquire o 
direito, conforme regra do art. 125. Se for resolutiva, 
o direito já foi adquirido, vigorando até sua resolução, 
de acordo com o art. 127. Por isso, segundo o art. 128: 
Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se 
opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, 
salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que 
compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. 
No entanto, mesmo que pendente condição suspensiva ou resolutiva, permite-
se que o titular desse direito ainda eventual pratique os atos destinados 
a conservar tal direito (art. 130).Do contrário, se o titular do direito individual 
não pudesse fazê-lo, poderia vir a perder esse direito sem que pudesse sequer 
defende-lo. 
Por fim, se aquele que estipulou a condição manipule de má-fé a situação, de 
modo que a condição não se implemente, presume-se o implemento dessa 
condição, em favor do outro. Ao contrário, se aquele a quem aproveita a condição 
age de má-fé para que ela se implemente, perderá o direito, por força do art. 
129 do CC/2002. 
O WHUPR��SRU�VXD�YH]��p�DTXLOR�TXH�FKDPDPRV�GH�³SUD]R´ (na verdade, o prazo é 
o espaço de tempo entre o termo inicial e o termo final). É, portanto, um evento 
IXWXUR�H�FHUWR��3RGH�R�WHUPR�VHU�LQLFLDO��³LQtFLR�GR�SUD]R´��RX�ILQDO��³ILP�GR�SUD]R´���
Como se trata de evento certo, o termo inicial 
suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. 
Aqui há uma semelhança e uma diferença importantes entre a condição e o 
termo. Por isso, segundo o art. 135, ao termo inicial e final aplicam-se, no que 
couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva. 
 
 
 
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Isso porque a condição suspensiva se assemelha ao 
termo inicial e a condição resolutiva ao termo final. 
Qual a diferença? A CERTEZA! O termo é certo; a 
condição, incerta. É por isso que na condição suspensiva suspende-se a 
aquisição do direito e no termo inicial não; porque na condição eu não sei se a 
condição vai se implementar, no termo eu sei que ele vai ocorrer. Não há como 
VH�³IXJLU´�GR�WHUPR��� 
O CC/2002, além de regular o termo, também regula os prazos. Segundo o art. 
132, salvo disposição em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do 
começo, e incluído o do vencimento: 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, 
se faltar exata correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
Caso não esteja previsto prazo, os negócios jurídicos entre vivos devem ser 
executados logo, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo (art. 134). 
O encargo, ou modo, por sua vez, impõe ao beneficiário de uma 
liberalidade uma dada obrigação. Por exemplo, eu doarei meu apartamento 
a você, desde que você cuide do cachorro da família até sua morte; ou eu doarei 
um terreno para você para que seja edificado um museu; ou eu doarei meu 
patrimônio a você com a obrigação de que você não derrube a casa de meus pais. 
Por isso, o encargo não suspende a aquisição nem o 
exercício do direito, por força do art. 136 do CC/2002. No 
entanto, há exceção: quando expressamente imposto no 
negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Aí, na realidade, a 
situação mais parecerá uma condição do que um encargo propriamente dito. 
Caso se estabeleça encargo ilícito ou impossível, ele será simplesmente 
considerado não escrito. A exceção fica para o caso de o encargo ilícito ou 
impossível constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se 
invalida o negócio jurídico (art. 137). 
Por isso, se estabeleço que doarei um carro a você 
SE você por aprovado na OAB, sua aprovação é 
uma condição para o negócio. Se estabeleço que 
doarei meu carro a você QUANDO você fizer 18 
anos, seu aniversário é um termo para o negócio. Se esbeleço que doarei 
o casso a você DESDE QUE você o mantenha original, a manutenção da 
originalidade consittui um encargo do negócio. 
 
Questão 34 ± VI Exame da OAB 
 
 
 
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A condição, o termo e o encargo são considerados elementos acidentais, 
facultativos ou acessórios do negócio jurídico, e têm o condão de modificar 
as consequências naturais deles esperadas. A esse respeito, é correto 
afirmar que 
(A) se considera condição a cláusula que, derivando da vontade das partes 
ou de terceiros, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e 
incerto. 
(B) se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, não vigorará 
o negócio jurídico, não se podendo exercer desde a conclusão deste o direito 
por ele estabelecido. 
(C) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e, 
salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os 
prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento. 
(D) se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se 
constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o 
negócio jurídico. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois a condição só pode derivar de vontade das 
partes (art. 121), nunca de terceiros. 
A alternativa B está incorreta. Essa assertiva inverteu o raciocínio. Não se 
adquire o direito na condição SUSPENSIVA; na condição resolutiva já se o adquire 
(art. 127). 
A alternativa C está incorreta, novamente por inversão. Segundo o art. 132, 
salvo disposição em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, 
e incluído o do vencimento. 
A alternativa D está correta, por cópia literal do art. 137. 
 
4. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
4.1 ± Distinção 
O que vai diferenciar prescrição de decadência? 
Segundo Pontes de Miranda, a prescrição encobre os 
efeitos potenciais da pretensão, ao passo que a 
decadência extingue a própria pretensão. 
O Código Civil, por sua vez, define a prescrição, apenas: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição (...). 
Vamos tratar do tema a partir da noção de prescrição, de modo a diferenciá-la 
da decadência. A prescrição tem três elementos no suporte fático: 
transcurso do tempo, titularidade de uma situação jurídica ativa e inação 
do titular. 
 
 
 
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Quanto ao transcurso do tempo e a inação do titular, é relativamente fácil 
FRPSUHHQGHU�� 2� HOHPHQWR� ³WLWXODULGDGH´� p� R� TXH� FRPSOLFD�� WUD]HQGR� G~YLGDV�
quanto a prescrição e decadência. Como distinguir? 
Faremos essa distinção a partir de uma noção 
processual. Por isso, eu dependo de seu 
conhecimento obtido junto ao Professor do nosso 
Curso relativamente ao Processo Civil. Como não posso perder tempo 
com a teoria, vou direto para o que nos interessa aqui: a aplicação! 
Porém, se você quiser ir além, eu indico a leitura de um 
artigo do Agnelo Amorim Filho, publicado na Revista de 
Direito Processual Civil, em sua edição de 1961. Esse artigo 
é sensacional, mas demandará mais tempo e reflexão, algo 
que talvez você não tenha muito às vésperas da prova da OAB, eu imagino... 
Como resolver isso? Preste MUITA atenção na aula de 
Processo sobre a distinção das ações e das sentenças 
(teorias trinária e quinaria) e DECORE o que eu vou 
te passar aqui! É importantíssimo! 
Vamos dividir os direitos subjetivos, segundo Chiovenda, assim: 
 
A divisão das ações depende do autor. Os mais tradicionais dividem em três 
(como o Chiovenda: condenatórias, constitutivas e declaratórias). Outros dividem 
em quatro. Parte da Pontes de Miranda divide as ações em cinco, acrescendo as 
mandamentais e as executórias. Como resolver esse problema? 
Não importa a classificação que você usa, seu professor usa, ou que você 
aprendeu na faculdade. É possível

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