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As condições de produção de texto argumentativo

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As condições de produção de texto argumentativo 
 
Compor conflitos de interesse por meio judicial é uma das funções primordiais do direito. Tais conflitos advêm 
de divergentes formas de se interpretar um determinado fato jurídico. É nessa instância que se legitima o 
texto argumentativo. 
Elementos constitutivos da Argumentação jurídica 
 Ao pretender expor os elementos que constituem o texto argumentativo jurídico é necessário defini-lo e 
exemplificá-lo mediante o estudo do caso concreto. 
1. Situação de conflito 
 Registrar uma situação de conflito é fundamental para delimitar a questão sobre a qual se 
argumentará. Isso porque serão fornecidos os elementos indispensáveis para compor o caso concreto e inseri-
lo no contexto jurídico. Nesta, o orador definirá a centralidade da questão jurídica que estará sob apreciação, 
isto é, o fato jurídico. Em seguida identificará as partes envolvidas na lide, devidamente qualificadas, 
determinando aquele que, em tese, representa o sujeito e o que será considerado sujeito ativo. Importante 
saber que sobre uma recairá o direito subjetivo e sobre a outra o dever. 
Com relação à caracterização das partes, quando couber, importa que sejam esclarecidas suas características 
físicas, psicológicas, sociais e econômicas, uma vez que estas podem servir de argumento a fim de influenciar 
uma decisão. Por estarmos lidando com a valoração de certos atributos particulares de cada parte. 
 Por exemplo: Digamos que um líder comunitário de 35 anos, enfermeiro, tenha atraído até a sua casa uma 
jovem de 13 anos, moradora da mesma comunidade, e ali a estupra. Seu ato assume uma proporção de maior 
culpa do que se igualmente fosse protagonizado por um rapaz de 18 anos, colega de 7ª série da menina. 
 Dimensionando os atributos de ambos os acusados, imputaríamos ao primeiro maior discernimento para 
o ato praticado. Também era uma pessoa que inspirava confiança dos moradores da comunidade que liderava. 
Usou portanto da confiança para atrair a jovem a alcançar seu intento. 
Com relação à área cível, na importância em definir o nível socioeconômico das partes: 
 
 O juiz, ao decidir o valor que irá arbitrar em uma ação de indenização por dano material, cujo 
requerente teve seu nome incluído indevidamente no cadastro de inadimplentes , dentre outros critérios, 
baseia-se na posição social que o ofendido ocupa. Assim, ao avaliar os prejuízos causados estimará o valor a 
ser pago com base na sua necessidade de acesso ao crédito. Segundo esse critério, um dentista receberia um 
valor indenizatório superior ao de uma empregada doméstica, porquanto a profissão daquele demanda gastos 
com materiais odontológicos, reconhecidamente onerosos, superiores aos desembolsados pela doméstica. 
2. Elaboração da tese 
 Entendemos como tese uma interpretação que se extrai de um contexto a fim de se alcançar um 
determinado fim, que se espera ver agasalhado pelo direito e que será submetida a um julgamento. A tese é 
aquilo que se precisa provar, objetivando persuadir o meu auditório acerca de sua verossimilhança. Não há 
expectativa de que ela assuma o status de verdade, já que, nas ciências humanas, a tese é subjetiva, adstrita a 
valores, sendo portanto, discutível. 
Considerando que o orador deseja persuadir um auditório, é importante que a sua tese não contrarie as 
presunções desse auditório particular e muito menos do auditório universal. Isso porque só haverá adesão aos 
argumentos anunciados se estes estiverem em conformidade com os valores desse auditório. A tese triunfará 
se houver interação entre orador e auditório e se for empreendida uma argumentação com base em 
argumentos lógicos e razoáveis. 
Consideram-se lógicos os argumentos que têm como elemento gerador uma tese coerente com o ponto de 
referência a que esta se associou, isto é, uma premissa maior legitimada pelo direito. Quando se deseja 
defender alguém que se arroga senhor de um direito subjetivo, é necessário verificar o que a norma, de fato, 
lhe confere e, com base nessa aferição, construir a tese que se pretende defender. 
 
Exemplo: O caso concreto publicado pelo jornal O Globo, em janeiro de 2004, de um cidadão de 27 anos, 
desempregado, com fome, que invadiu o Campo de Santana, Rio de Janeiro, na madrugada e estrangulou um 
pavão branco de 3,9 quilos. A ave vivia no parque há 14 anos. Esse cidadão foi perseguido por travestis da 
Praça da República, que o agrediram com socos e pontapés. Ao fugir, tentou pular de volta para o Campo de 
Santana e ficou preso nas grades de ferro do Campo. Foi resgatado por bombeiros, encaminhado ao hospital e 
em seguida, preso. Sabe-se que a norma condena o ato praticado pelo cidadão, prescrevendo pena de prisão, 
já que o animal é protegido pelo Ibama. 
O orador, caso esteja na situação de defensor do réu. Deve estar ciente de que a norma dispõe tal ato como 
ilícito. Entretanto, caso assuma a tese de estado de necessidade – hipótese prevista pela norma – e tendo 
sucesso em comprová-la, estará extinta a licitude do ato cometido pelo seu cliente. A questão então será 
provar que, segundo as circunstâncias que envolvem o caso específico, é possível admitir tal tese. 
 Para tal, adotando como premissa maior a norma, dever-se-á reunir os fatos, as provas e os indícios, 
estabelecer uma interseção entre eles de forma a extrair um ponto comum de que se possa inferir o estado de 
necessidade. Nesse processo estaremos também aplicando o raciocínio dedutivo, já que reunimos premissas 
menores, dimensionamos tais premissas – prática subjetiva, em que a emoção ocupa preponderante função – 
e aplicamos o critério da razoabilidade, a fim de persuadir acerca, a fim de persuadir a cerca da mais forma 
.justa de solucionar o conflito 
3. Contextualização do real 
A argumentação jurídica é diferente das demais por algumas razões: 
a) Está limitada por um sistema normativo; 
b) Admite o princípio da razoabilidade; 
c) Baseia-se em provas, fatos e indícios 
Na busca pela verdade pode-se recorrer à prova testemunhal, pericial e documental. 
 Prova testemunhal: formulada mediante depoimentos ou declarações de pessoas que tiveram 
conhecimento direto ou indireto dos fatos em causa. Importa destacar que sua eficácia se restringe a 
dois aspectos: 
1. Grau de idoneidade da testemunha; 
2. O número de testemunhas: via de regra, uma testemunha é insuficiente para a produção de um 
aprova perfeita e plena. Acrescenta-se que esse tipo de prova somente é admitido quando for 
produzida diante do juiz e com conhecimento da parte contrária, representando a reconstituição do 
fato, tal qual no passado. 
 
 Prova Documental: é representada por documento. O CPC considera como prova documental 
qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográfica, ou de outra espécie, 
faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida lhe admitir 
conformidade. Tal prova visa a representar o fato e surtirá o efeito desejado de acordo com a sua 
autenticidade, da sua legitimidade e de seu conteúdo. Destaca-se também o valor permanente que a 
prova documental possui, diferente da prova testemunhal, que é transeunte. 
 Prova pericial: concretiza-se mediante o trabalho de um perito, ou por meio de exames, vistorias, 
arbitramentos. Ela descreve a forma atual dos fatos. Exige a presença de pessoal de incontestável 
idoneidade e com formação técnica referente à especialidade de cada caso, contemplando os 
seguintes objetivos: 
1. Cumprir uma inspeção determinada judicialmente para verificação de qualquer circunstância ou fato 
alegado por uma das partes, cuja veracidade não pode ser comprovada ser queseja por esse meio. 
2. Apreciar o valor de determinados fatos ou coisas de que não têm elementos certos de avaliação 
 As provas periciais representam importante instrumento persuasivo, é um expediente eficaz e deve, 
sempre que possível, utilizá-lo. 
 Indícios: têm caráter essencialmente relativo, é um sinal, um vestígio, um rastro, extraído de um fato, 
que proporciona a criação de provas circunstanciais, conciliáveis ou conexas para que se torne 
evidente o fato que se quer demonstrar. Essa operação depende da experiência de quem executa o 
processo e da sua habilidade em dimensionar o fato e em estabelecer relações. 
 Exemplo: um assalto a uma mansão, onde somente o quarto da dona da casa estava revirado e de lá 
foi levado uma caixa de joias valiosas. Digamos que se deseja provar que o assalto foi realizado por 
uma pessoa que conhecia a intimidade da casa. Destaca-se o fato de a atenção do assaltante ter-se 
fixado somente no quarto da dona da casa e de ter levado somente no porta-joias serviria como indício 
de que o assaltante sabia exatamente o que deveria ser levado. Admitidas tais circunstâncias, é 
possível presumir que o assalto foi praticado por um empregado ou até um morador da residência. O 
procedimento executado leva-nos a conceber um fato de presunção que serve para a dedução do fato 
a provar. 
 
4. Formulação das hipóteses: segundo o dicionário, hipótese significa proposição que se admite, 
independente do fato de ser verdadeira ou falsa, mas unicamente a título de um princípio a partir do qual se 
pode deduzir um determinado conjunto de consequências. 
 Na argumentação jurídica, as hipóteses são proposições formuladas com base nos fatos, provas e indícios, 
elencados na contextualização do real, que fornecem as suposições necessárias para que se possa presumir a 
verossimilhança da tese com o fato a provar 
Voltemos ao exemplo da casa assaltada. A tese é provar que houve participação de alguém da família ou 
empregado da casa. Digamos que foram destacados do real os seguintes elementos: 
a) Fato: somente o quarto da dona da casa foi vasculhado. 
b) Prova testemunhal: (depoimento de Suely, a dona da casa assaltada). “No mês passado trouxe todas 
as minhas joias que guardava no cofre do banco, a fim de dividi-las com as minhas três filhas”. 
c) Indício: O assaltante sabia o que desejava furtar 
Hipóteses: 
1. Utilizando-se do fato: 
 Já que somente o quarto da dona teria sido vasculhado, o assalto teria sido planejado. 
2. Utilizando-se da prova testemunhal: 
 Uma vez que Suely afirmou que trouxera as joias para casa, a fim de dividi-las com as filhas, o assaltante 
teria conhecimento da atual localização das joias. 
3. Utilizando-se do indício: 
 Tendo em vista que o assaltante sabia o que furtar, seria alguém íntimo da família 
Com base nessas hipóteses o texto será estruturado. As suposições se transformarão em afirmações, isto é, 
em inferências das quais não se têm dúvidas. Tais afirmações ainda estarão acompanhadas de justificativas 
apresentando conexão como fato, a prova ou o indício e a conclusão que se extraiu a partir dessa conexão. 
Aplicação prática 
 
 A teoria desenvolvida formou alicerce para estruturar o texto argumentativo jurídico. Foi apresentado 
um caso concreto, desenvolvendo um raciocínio coerente.

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