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Aula 13 Memória e Educação parte 1

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Memória e Educação
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27AULA
M t d lMeta da aula 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de:
• Estabelecer a relação entre memória e cultura.
• Distinguir a memória como processo contextualizado e memória 
como processo “mecanizado”.
Discutir o papel da memória no processo 
ensino-aprendizagem.
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Fundamentos da Educação 4 | Memória e Educação
INTRODUÇÃO Você se lembra das cantigas de roda que costumava cantar com outras crianças 
no pátio da escola ou durante as brincadeiras nas calçadas perto de casa? Você 
se lembra das regras para jogar amarelinha ou pique-esconde? Provavelmente, 
a resposta é sim. Você se lembra de ter feito algum esforço para memorizar as 
letras e regras dessas brincadeiras? Provavelmente, a resposta é não. A que fatores 
podemos atribuir tais respostas? A facilidade com que podemos recordar fatos 
de nossa infância pode estar associada ao fato de estarmos mergulhados em 
uma situação na qual o prazer e a interação com os amigos eram importantes, 
talvez os melhores momentos que podemos recordar. Os adultos não estavam 
presentes para interferir, e a brincadeira criava situações nas quais as novidades 
consistiam em curiosidade e desafi o. Aprender e lembrar novas regras e atividades 
não exigia que tivéssemos de recorrer a anotações para que as decorássemos. 
Nem havia o risco de esquecer. Caso isso acontecesse, era só perguntar, pois 
sempre haveria alguém pronto a dizer o que era necessário. O erro, portanto, 
não se constituía em objeto de punição ou de reprovação. 
Por que podemos, enfi m, nos lembrar, já adultos, de letras e canções de nossa 
infância, depois de tanto tempo? Por que esquecemos tantas coisas aprendidas
na escola?
RECORDAR E ESQUECER: PROCESSOS QUE NOS AJUDAM A 
VIVER
Para melhor discutir tal proposição, vamos levar em consideração
o trabalho da Antropologia, que nos oferece conhecimentos muito
interessantes sobre o lembrar e o esquecer. 
Marc Augé é um antropólogo francês contemporâneo que se dedica
a estudar a sociedade ocidental e suas características particulares. Ele 
agrega a tal discussão seus conhecimentos adquiridos como pesquisador
na África, onde permaneceu por anos. Dentre outros livros que escreveu,
existe um particularmente dedicado à refl exão sobre a memória e o
esquecimento: Les formes de l’oubli (As formas do esquecimento). Nele 
encontramos o seguinte comentário:
(...) os relatos são sempre o fruto da memória e do esquecimento, 
de um trabalho de composição e de recomposição que traduz a 
tensão exercida pela expectativa do futuro sobre a interpretação 
do passado” (1998, p. 55). 
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A palavra tensão nos faz pensar em algo que pode se romper. A
tensão tem a ver com um esforço intelectual – a concentração – ou a 
tensão do espírito – a atenção. Sendo assim, a memória e o esquecimento, 
tanto quanto o passado e o futuro, podem ser pensados como elementos 
elásticos que requerem concentração e atenção. Eles estão sempre juntos, 
em frágil equilíbrio. No entanto, a memória tem um caráter mágico, 
quase inexplicável, que é a presença do passado no presente. Além disso,
o esquecimento é, também, enigmático. Todos os humanos lembram 
e esquecem. Lembramo-nos, num instante, o que há pouco parecia
impossível de ser recuperado. Esquecemo-nos do que parecia de imensa 
importância. Ao mesmo tempo, não é possível dizer “esqueça”, já que 
tal ordem impossibilita o que ela mesma determina. 
MEMÓRIA E CULTURA
A contribuição que a Antropologia tem nos oferecido é 
a de podermos reconhecer a memória e o esquecimento como 
processos não apenas individuais mas, também, relativos àquilo
que se refere às vivências coletivas que compõem os ritos de 
uma determinada cultura. Marc Augé nos aponta três formas de
esquecimento que se manifestam em práticas culturais.
1) O retorno: seu propósito é o de “...recuperar um
passado perdido esquecendo o presente e o passado recente – que
confundimos facilmente – para restabelecer uma continuidade 
com o passado mais antigo...” (p. 76). O candomblé, no
Brasil, nos faz reconhecer essa forma de esquecimento. Em seus ritos, 
as entidades míticas dominam as pessoas por meio da música, que
adquire um ritmo que se intensifi ca gradualmente, durante um período 
de tempo. As pessoas presentes no terreiro dançam até uma 
tensão máxima, transformando-se nas entidades africanas 
trazidas pelos escravos durante a colonização. Todos sabemos 
da importância política e social das mães-de-santo. 
2) A suspensão: refere-se à suspensão do passado e do 
futuro. É uma experiência que permite um jogo de inversão, 
como por exemplo, mulheres que imitam homens; homens 
que se vestem de mulheres ou escravos que se proclamam 
reis. O carnaval é uma festa na qual podemos verifi car essa 
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Fundamentos da Educação 4 | Memória e Educação
forma de esquecimento. As primeiras e as mais autênticas manifestações 
do carnaval foram criadas e desenvolvidas pelos negros descendentes de 
escravos nas escolas de samba. Nos desfi les, vemos toda a criatividade 
popular que se revela nas fantasias e nos temas de suas músicas. A porta-
bandeira e o mestre-sala vestem-se com as mais belas roupas, tais como 
um príncipe e uma princesa. As baianas mostram seus maravilhosos 
vestidos rendados, demonstrando possuir uma riqueza que só os nobres 
teriam. Na realidade, eles são todos pessoas humildes que, naqueles
instantes, tornam-se o objeto do olhar de toda uma população e passam 
a ser reis, rainhas, príncipes e princesas. 
3) O começo ou o recomeço: esse termo
designa o contrário da repetição. Ele signifi ca uma
“inauguração radical”. Seu propósito é encontrar o 
futuro, esquecendo-se do passado, e criar condições 
de um novo nascimento que abre portas para
diferentes possibilidades, sem que haja o privilégio 
de apenas um. O recomeço anuncia uma nova
consciência do tempo. A Bíblia nos dá um exemplo 
da necessidade do esquecimento: a história de Ló e 
de sua mulher. Para que eles pudessem fugir vivos de
Sodoma, Deus ordenou que não olhassem para trás, 
caso contrário seriam transformados em estátuas de 
sal. O esquecimento os salvaria, o que não aconteceu
com a mulher, que, nostálgica e apegada ao passado,
olhou para trás. Nesse caso, o vínculo com o passado representou não 
apenas a perda de tudo o que Ló e sua mulher possuíam, mas a morte.
Podemos, então, nos dar conta de que há mecanismos sociais
para o esquecimento, o que indica sua importância para que ocorram 
transformações, como o caso do recomeço. Compreendemos, assim,
que as sociedades desenvolveram uma capacidade sensível através de 
seus ritos, a fi m de que o indivíduo e o grupo estabeleçam relações
não-cristalizadas, podendo ter mobilidade e autorizados socialmente à 
transformação. 
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MEMÓRIA E COTIDIANO
Podemos considerar que o esquecimento é, também, um processo 
que nos permite dormir e acordar todos os dias. Para que possamos 
adormecer a cada noite, é necessário “passar uma borracha” nos
acontecimentos nos quais estamos mergulhados cotidianamente para, 
no dia seguinte, recomeçarmos. Muitas vezes, o recomeçar quer dizer que
revemos e repensamos os fatos, podendo perceber melhor seu signifi cado
e, então, tomar decisões.
É necessário enfatizar que o esquecimento radical não nos
permite dar continuidade à vida. Para ser e existir é preciso lembrar,
mas – você se lembra do Memorioso, de Jorge Luis Borges? – a tensão 
entre lembrança e esquecimento é uma companheira diária. A ruptura 
e a continuidade, a desordeme a ordem são fatores que permitem que 
se possa olhar para o futuro. 
Um exemplo interessante extraído da literatura clássica é a história
do conde de Monte Cristo. O romance, escrito por Alexandre Dumas no
século XIX, relata a trajetória de um homem que fi cou preso injustamente
durante muitos anos, conseguiu fugir, descobriu um tesouro e dedicou 
outros tantos anos de sua vida à vingança. O conde de Monte Cristo não
conseguiu esquecer o mal que lhe fi zeram e tratou de destruir, planejada
e minuciosamente, a vida de todos aqueles que considerou seus algozes. 
No entanto, nosso herói não se deu conta de que o mundo para onde 
voltou havia mudado. A experiência de ter sido prisioneiro durante
uma parte de sua vida o havia ferido de tal forma que a dor da traição 
era insuportável. Ele tornou-se um juiz terrível e, também, um algoz. 
Sua vida era apenas a vingança. Monte Cristo conseguiu realizar o que 
desejava sem perceber que Mercedes, seu grande amor, ainda o amava. 
Ele a rejeitou e a afastou, julgando-a culpada porque ela havia se casado 
com um dos homens que odiava. Monte Cristo alcançou seus objetivos, 
e o livro termina quando ele decide viajar para a América, solitário
para, então, tudo recomeçar. Esse recomeço signifi ca que Monte Cristo 
compreendeu a necessidade de esquecer, de deixar para trás o passado 
para poder olhar para o futuro.
O esquecimento não se refere apenas ao desaparecimento de
lembranças desagradáveis, mas ao fato de deixarmos para trás aquilo 
que não é mais possível recuperar. No caso em questão, o perdão.
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Fundamentos da Educação 4 | Memória e Educação
1. Conte um pouco de sua história para mim. Quero saber mais de você! 
Feche os olhos e pense num fato, numa experiência em sua vida quando, 
para continuar, você precisou esquecer, como o fez o conde de Monte
Cristo. Trata-se, aqui, de um esquecimento relacionado a deixar lembranças
uins para trás, perdoar e continuar vivendo.
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RESPOSTA COMENTADA
Repare que, para dar seguimento a sua vida, o conde de Monte Cristo teve 
que deixar no passado lembranças dolorosas e perdoar para, assim, poder ser 
capaz de enxergar novas possibilidades. Pois então, espero que você possa 
fazer o mesmo e perceber que o esquecimento, a lembrança são processos 
dinâmicos e indissociáveis.
ATIVIDADE 
EXERCITANDO A MEMÓRIA
Até agora, esta aula tem tratado a memória como um fenômeno
de caráter social. Apontou-se a importância de seu papel como elemento
possibilitador de socialização e seu valor no viver social. O objetivo a 
ser alcançado é o de chamar a atenção para uma visão antropológica 
que permite que se tenha uma compreensão mais ampla do que a de 
simplesmente ver a memória como um arquivo ou um músculo que
deve ser exercitado. Freqüentemente encontramos tal concepção sendo 
aplicada nas escolas, o que faz com que os alunos entendam o ato de 
estudar como sendo o mesmo que memorizar, ou seja, decorar. 
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O verbo decorar signifi ca “aprender de memória”, mas também 
“adornar, enfeitar, embelezar”. Pode-se encontrar os dois signifi cados
no dicionário (AURÉLIO, p. 524), e verifi ca-se que usamos a expressão 
“de cor” para aquilo que foi memorizado. É interessante pensar que, em 
francês, diz-se par coeur, o que equivale a “de cor”. A expressão francesa,
se traduzida, signifi ca “de coração” ou “pelo coração”. Por outro lado, 
quando decoramos no sentido de embelezar fazemos alguma coisa que 
nos dá prazer ou para tornar um ambiente agradável, ou mesmo, para 
receber amigos ou pessoas a quem damos valor. Então, decorar, nos dois
sentidos, tem relação com ações que envolvem os afetos, a experiência do
prazer, o que tem a ver com os nossos desejos. Pode-se pensar que o ato 
de decorar não se refere a uma ação mecânica e desprovida de sentido. 
O ato de decorar (memorizar) deve, antes de tudo, estar relacionado ao 
desejo de aprender alguma coisa que nos diz algo, que nos faz melhores 
e mais valorizados, ou seja, mais belos.
Por que temos, então, de decorar datas, tabuada, nomes, lugares 
e assim por diante? Tal prática tem valor educativo? A resposta é sim 
e não.
Memorizar não tem valor educativo quando tal prática é desprovida
de qualquer signifi cado para o aluno. Decorar os nomes dos afl uentes
do rio Amazonas, das serras do estado do Ceará, das capitais dos países 
asiáticos ou os nomes dos bandeirantes torna-se, por exemplo, apenas um
ato de repetição mecânica para se fazer uma prova. Se o rio Amazonas 
ou os acidentes geográfi cos citados como exemplo forem apresentados 
como coisas, dizer ou escrever seus nomes numa prova torna-se um ato 
meramente reprodutivo e sem sentido para quem o faz. Além disso, a 
facilidade em memorizar pode dar uma falsa impressão de inteligência. 
Há pessoas que são capazes de decorar um catálogo telefônico inteiro,
sem que isso queira dizer que sejam capazes de, por exemplo, resolver 
problemas, analisar situações, interpretar fatos, compreender textos,
interagir positivamente com os pares ou criar algo de novo. 
Memorizar adquire um valor afi rmativo se o que se memoriza 
estiver situado dentro de um contexto e fi zer sentido. Exemplifi cando:
imagine que uma festa está sendo organizada. Muitas crianças estarão 
presentes, e vários grupos serão organizados para que cada um deles 
apresente poemas recitados, pequenas peças de teatro ou um espetáculo 
de dança. Cada uma dessas atividades sugere que textos e movimentos 
sejam memorizados. No entanto, as crianças trabalham com afi nco e
decoram com facilidade. Todos estão envolvidos e muito animados com a
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Fundamentos da Educação 4 | Memória e Educação
ATIVIDADE 
festa. Adultos e crianças interagem com satisfação, já que todos têm um 
objetivo a alcançar, juntos. Numa festa, há congraçamento, diversão e, 
ao mesmo tempo, muita seriedade. Pense no quanto se aprende e como 
uma festa se torna inesquecível!
2. Responda oralmente, em aproximadamente cinco segundos, a cada 
pergunta:
a. Que país foi campeão da Copa do Mundo de futebol em 1970?
b. Qual o coletivo de lobo e de camelo, respectivamente?
c. Qual a capital do Piauí?
d. Quando, onde e como foi o seu primeiro beijo?
e. Qual o nome de sua primeira escola?
f. Qual o nome de sua primeira professora?
g. Qual era o presidente do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial?
h. Quantos anos têm seus pais?
i. Qual o nome de seu(sua) primeiro(a) namorado(a)?
j. Quais os afl uentes do lado esquerdo do rio Amazonas?
RESPOSTA COMENTADA
Você deve ter percebido que os itens a, b, c, g e j pedem uma resposta exata e exigem 
uma memorização ligada ao ato de decorar. As demais questões falam de experiências 
pessoais e podem remetera lembranças boas ou ruins. Quando você tem lembranças 
de fatos pessoais, está em contato com conteúdos que fazem sentido para você, o 
que lhe permite respondê-las mais rapidamente. Logo, elas são mais signifi cativas, 
estão ligadas a fatores emocionais. Concluindo, tudo o que nos remete a experiências 
vividas com intensidade e emoção é mais fácil de lembrar.
CONCLUSÃO 
A discussão em torno da memória nos leva sempre a pensar sobre 
nossas histórias pessoais, mas também sobre o que vivemos em conjunto com
nossos amigos, parentes e colegas. Muitas das práticas que realizamos em 
nosso cotidiano são constituídas por processos que se tornaram naturalizados
e, por vezes, desconhecemos que eles se constituíram ao longo de muitos 
anos e que são o resultado de práticas antigas. 
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Freqüentemente, tornamo-nos instrumentos de situações e não 
nos damos conta de como esses instrumentos são histórica e socialmente
elaborados, e por isso perdemos a noção de seu valor social. Um exemplo
disso é a valorização excessiva, nos dias de hoje, do corpo magro, em 
detrimento de se reconhecer e respeitar as diferenças. Ao recuperarmos 
memórias históricas, entramos em contato com modelos ligados a outras
formas de viver. Por vezes, vemo-nos assumindo atitudes e práticas que 
não deixam de ser meras repetições sem que façamos o exercício crítico 
delas, como a possibilidade de aceitarmos, sem discussão nem crítica, a 
forma como as notícias são dadas na televisão. Pensar sobre a memória 
é pensar sobre histórias, as muitas que habitam nosso dia-a-dia e que 
nos pressionam a uma submissão a modelos preestabelecidos. 
O trabalho do educador, seja em que âmbito for, exige desse
profi ssional uma postura de pesquisador, ou seja, uma postura que
demanda que estejamos sempre prontos a nos fazer perguntas. Há um
pensador que diz que a resposta mata a pergunta. O que isso quer dizer? 
Talvez, o silêncio, isto é, ao se responder a uma pergunta, inviabilizamos
outras descobertas, outras idéias, outras soluções. Esquecemos de
continuar a perguntar, esquecemos de lembrar.
ATIVIDADE FINAL
Em sua cidade existem, provavelmente, datas que são celebradas com festas abertas
a todos. Pense na festa mais importante. Como ela se confi gura? Quem a organiza?
As pessoas mais velhas de sua cidade a comparam com as festas de antigamente?
Como e quando ela se iniciou? Entreviste dois ou três habitantes mais idosos e
reconstrua a história da festa escolhida por você. Em seguida, elabore um texto
de no máximo 20 linhas, contando a história dessa festa. Leve sua resposta ao
pólo para apresentação e discussão como os colegas e o tutor.
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O fenômeno do esquecimento pode se dar, principalmente, como processo social e
coletivo de grande importância. A memória é vista como processo que deve estar
incorporado a um contexto, e que funciona bem quando associado a situações
que têm um signifi cado.
R E S U M O

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