Buscar

HISTÓRIA DA ESPANHA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História2
SUMÁRIO DO VOLUME
HISTÓRIA
A ERA DA COLONIZAÇÃO 5
1. A conquista e a exploração da América Espanhola 5
1.1 Os fundamentos da colonização: Mercantilismo e Absolutismo 5
1.2 A conquista espanhola da América 6
1.3 A colonização espanhola 11
1.4 A colonização inglesa 16
2. A conquista e a exploração da América Portuguesa 23
2.1 O período Pré-Colonial 24
2.2 A colonização 25
2.3 A presença estrangeira 34
3. A Expansão territorial e a mineração no Brasil Colonial 40
3.1 Expansão Territorial 40
3.2 Mineração 45
A ERA DAS REVOLUÇÕES 53
4. As Revoluções Inglesas e o Iluminismo 53
4.1 A Revolução Puritana de 1640 53
4.2 A Restauração e a Revolução Gloriosa 56
4.3 O Iluminismo 57
4.4 O Liberalismo econômico 63
5. A Revolução Industrial: O mundo do capital e do trabalho 67
5.1 Fases da Revolução Industrial 70
5.2 O cotidiano dos trabalhadores 72
5.3 As manifestações operárias 73
5.4 As mudanças promovidas pela industrialização 75
6. A Revolução Francesa 79
6.1 A França pré-revolucionária 79
6.2 Fases da Revolução 81
6.3 A Era Napoleônica e seus desdobramentos 85
6.4 O Congresso de Viena e a Santa Aliança 87
 
História 3
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
UNIDADE: A ERA DA COLONIZAÇÃO
1. A conquista e a exploração da América Espanhola
2. A conquista e a exploração da América Portuguesa
3. A expansão territorial e a mineração no Brasil Colonial
UNIDADE: A ERA DAS REVOLUÇÕES
4. As Revoluções Inglesas e o Iluminismo
5. A Revolução Industrial: O mundo do capital e do trabalho
6. A Revolução Francesa 
VOLUME 2
UNIDADE: OS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA NA AMÉRICA
7. As Independências da América Inglesa e da Espanhola
8. A Independência do Brasil
UNIDADE: A CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO
9. Brasil Independente: Primeiro Reinado
10. O Período Regencial
UNIDADE: O IDEÁRIO DO SÉCULO XIX
11. O pensamento fi losófi co e político do século XIX
VOLUME 3
UNIDADE: A AMÉRICA NO SÉCULO XIX
12. Os EUA no século XIX
13. Segundo Reinado: consolidação do Império
14. A crise do Segundo Reinado
UNIDADE: HEGEMONIA E DECLÍNIO EUROPEU
15. O Imperialismo e a Primeira Guerra Mundial
16. A Revolução Russa
 
História4
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 5
A ERA DA COLONIZAÇÃO
Dentre os séculos XV e XVI, alguns reinos europeus conquistaram diversas partes da América e 
colonizaram-nas, constituindo regiões fornecedoras de metais preciosos e/ou produtos geradores de 
grandes lucros na Europa, como o açúcar, o tabaco, o cacau, o algodão, entre outros. Atuaram nesse 
processo reinos como Portugal, Espanha, Inglaterra e, com menor relevância, França e Holanda. Esse 
processo esteve associado a projetos mercantilistas das Monarquias Absolutistas e aos anseios da Igreja 
Católica no intuito de expandir a fé cristã, unindo a “espada à cruz”.
 Nesse período de colonização da América pelos europeus, as sociedades coloniais foram formadas, a 
partir da dominação de elites de origem europeia, que exploraram uma grande massa de trabalhadores, 
cuja composição revelava forte presença de indígenas e de escravos de origem africana. É notável que, 
tanto as relações entre grupos populares e elites, quanto às relações entre as próprias lideranças políticas, 
foram marcadas por sucessivas tensões, disputas e con� itos, contribuindo para o processo de emancipação 
política dessas regiões coloniais entre os séculos XVIII e XIX.
1. A CONQUISTA E A EXPLORAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA
O continente americano, como foi dito, tornou-se palco da exploração de diferentes povos europeus. A 
seguir serão analisados mais detalhadamente os aspectos da conquista e da colonização da América pelos 
espanhóis. Para tal, é necessário compreendermos as bases do processo de exploração do continente.
1.1 Os fundamentos da colonização: Mercantilismo e Absolutismo
No âmbito da Idade Moderna (séculos XV a XVIII), a construção dos regimes monárquicos absolutistas 
foi acompanhada da aplicação de práticas mercantilistas na economia, cujas principais características 
eram forte intervenção estatal, protecionismo alfandegário, estabelecimento de monopólios comerciais e 
de colônias subordinadas às metrópoles, sobretudo no tocante ao cenário das Américas, con� gurando o 
que denominamos de pacto colonial.
 A montagem das estruturas do antigo sistema colonial na América foi fundamental para a consolidação 
político-econômica dos Estados Nacionais absolutistas europeus. O Colonialismo possibilitou aos regimes 
absolutistas a ampliação de seus poderes e de seus recursos, graças à cobrança de tributos e ao aumento 
do � uxo de produtos de alto valor comercial na Europa, sobretudo produtos tropicais e metais preciosos. 
Possibilitou também a ampliação do mercado consumidor para os artigos manufaturados das metrópoles, 
a busca pelo superavit comercial (saldo positivo obtido especialmente pelo aumento das exportações 
e diminuição das importações, resultando em maior entrada do que saídas de recursos � nanceiros), a 
a� rmação econômica da burguesia como classe e, em suma, a sobrevivência do Absolutismo por mais de 
300 anos.
 As metrópoles estabeleciam barreiras comerciais a � m de que suas colônias não fornecessem riquezas 
a outros países da Europa, nem consumissem suas mercadorias. Por isso, através da imposição do pacto 
colonial, proibiram-nas de comercializar livremente. Esse pacto impunha várias condições: cada colônia 
poderia vender seus produtos somente para sua metrópole e não poderia produzir manufaturados, tendo 
de comprá-los exclusivamente da metrópole, os negócios com comerciantes estrangeiros só eram possíveis 
quando autorizados pelo governo metropolitano. O pacto colonial constituía, dessa forma, uma garantia 
do monopólio comercial e do enriquecimento das metrópoles.
 Neste processo, é importante salientar que, apesar da imposição de restrições comerciais, as 
metrópoles não eram as únicas a lucrar diretamente com suas colônias, já que outros países se bene� ciaram 
� nanceiramente da exploração das riquezas americanas. Em função da dependência econômica de 
A conquista e a exploração da América Espanhola
História6
Portugal perante a Inglaterra, 
o ouro brasileiro, por 
exemplo, forneceu muito 
do capital necessário para o 
desencadeamento da Revolução 
Industrial inglesa. 
 Independente do 
reino europeu causador da 
colonização da América, 
percebe-se que houve a 
dominação ou a destruição 
das populações nativas por 
meio de diversos mecanismos, 
tais como: a escravidão (ou 
outras formas de trabalho 
compulsório), as guerras, a 
transmissão de doenças ou pela 
imposição da cultura europeia 
(aculturação).
 É necessário ressaltar que 
o Colonialismo não foi devastador apenas aos nativos americanos, pois, a necessidade cada vez maior de 
mão de obra, principalmente nas áreas agrário-exportadoras, levou à utilização do negro africano como 
escravo. Assim, ocorreu a transferência de milhões de cativos da África para a América. Além disso, o 
comércio de escravos era um negócio extremamente rentável para os países responsáveis por essa atividade.
1.2 A conquista espanhola da América
Durante parte signi� cativa do período medieval, a Península Ibérica (região onde atualmente se 
encontram Portugal e Espanha) esteve dominada pelos mouros (muçulmanos). Com a in� uência do 
movimento das Cruzadas, a luta dos reinos cristãos contra os chamados “in� éis”, a chamada Guerra de 
Reconquista, contribuiu decisivamente para a formação dos Estados português e espanhol.
 Com a consolidação da uni� cação política e territorial em � ns do século XV, a Espanha moderna 
buscou meios para impulsionar o 
enriquecimento estatal, ao mesmo 
tempo em que desejava se equiparar 
aos portugueses – cuja expansão 
marítima no litoral africano e na Ásia 
estava em estágio bastante avançado 
– em projetos de conquistas 
territoriais além-mar. Neste cenário, 
os monarcasespanhóis Fernando de 
Aragão e Isabel de Castela, apelidados 
de “reis católicos”, passaram a 
apoiar iniciativas de navegadores 
comprometidos com conquistas 
territoriais que propiciassem 
inúmeras riquezas materiais.
 Em 1492, a Espanha decidiu 
investir no projeto do genovês 
Cristóvão Colombo, que pretendia 
Obra de Claude Lorrain, representando um porto europeu no século XVII. O século 
XVII presenciou a consolidação das políticas mercantilistas praticadas pelos países 
europeus e a expansão dos domínios coloniais americanos. 
Gravura do século XVII, representando a chegada de Colombo à América.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 7
chegar à Ásia navegando pelo Oceano Atlântico, numa viagem de circunavegação. Em 12 de outubro 
de 1492, os navegadores liderados por Colombo avistaram terra � rme. Aportaram em um território, até 
então desconhecido do mundo europeu, mas que seria responsável, nos séculos seguintes, por destinar 
extraordinárias riquezas à Europa: trata-se da América, cujo nome é uma homenagem ao navegador 
Américo Vespúcio. Até 1502, Colombo realizou mais três viagens ao “novo” continente sob o patrocínio 
da Espanha, mas as riquezas tão desejadas – como o ouro – não foram encontradas em grande volume, 
desagradando os reis de Espanha. 
Você se lembra...Você se lembra...
 A expansão marítima espanhola gerou atritos devido às pretensões da Coroa portuguesa. As disputas 
marítimas e territoriais entre Espanha e Portugal foram mediadas pelo papa Alexandre VI, que publicou a bula 
Inter Coetera (1493), e relativamente solucionadas pela assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494), que 
dividiu o mundo não cristão entre os dois países com base em um meridiano traçado a 370 léguas a oeste das 
Ilhas de Cabo Verde. 
 No entanto, outros países, como Inglaterra, França e Holanda, discordavam deste tratado luso-espanhol, 
alegando falta de legitimidade para a divisão estabelecida no “Novo Mundo”. Deste modo, passaram a apoiar 
atos de corsários e diversas expedições contra as possessões americanas de Portugal e Espanha. 
Fatores que colaboraram para a conquista espanhola na América 
 Na primeira metade do século XVI, os espanhóis conquistaram duas grandiosas civilizações 
ameríndias: astecas, localizados na Mesoamérica (América Central), e os Incas, situados na América do 
Sul. Estruturadas em complexos sistemas político-administrativos, incluindo o subjugo de inúmeros 
povos indígenas, essas civilizações presenciaram um rápido desmoronamento de suas sociedades a partir 
da invasão espanhola.
 Esse cenário nos leva a uma indagação importante: como algumas centenas de conquistadores 
espanhóis puderam derrotar milhões de índios em um curto período? A pergunta pode ser simples, mas 
a resposta é bem mais complexa, devido às grandes variações de abordagens explicativas na historiogra� a 
contemporânea, que incluem a análise combinada de fatores internos e externos às sociedades ameríndias. 
Contudo, podemos a� rmar que, de modo geral, a conquista espanhola da América foi impulsionada pelos 
seguintes aspectos:
• Aliança dos espanhóis com tribos 
indígenas inimigas dos astecas e 
aproveitamento das disputas políticas 
internas do Império inca;
•Superioridade militar espanhola 
(espadas, armadura, canhões, arcabuzes, 
etc.) e emprego do cavalo;
• Impacto das doenças europeias (como a 
varíola) sobre os grupos ameríndios.
 Para as populações ameríndias, na 
época da chegada dos conquistadores, o 
processo de conquista teve características 
apocalípticas. Previsões dos sacerdotes 
astecas prenunciando o � m do mundo, 
na visão deles, con� rmaram-se de 
forma assustadora com a aparição dos 
desconhecidos invasores. 
 As grandes civilizações ameríndias 
tiveram suas riquezas saqueadas e sua 
Imagem de De Bry demonstrando a violência dos espanhóis contra os 
índios. Nem as crianças escapavam de tal situação.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História8
cultura arruinada. Na maior parte dos casos, a justi� cativa para toda a violência era a inferioridade dos 
indígenas ou outros defeitos “congênitos” que essa “raça” carregava. A busca pela conversão ao Cristianismo 
e pela transformação do índio em um � el súdito dos monarcas europeus justi� cavam as atrocidades e os 
crimes cometidos. Na visão dos europeus, os nativos estavam sendo bene� ciados, não interessava qual 
fosse o sofrimento imposto, pois eles estariam no caminho do “verdadeiro Deus” e poderiam ganhar o 
direito de irem ao paraíso após suas mortes. 
 O documento a seguir, elaborado por pensadores espanhóis no contexto da montagem do aparato 
colonial americano, ajuda a elucidar as visões etnocêntricas perante os povos indígenas:
 “O que podia acontecer a estes bárbaros mais conveniente ou mais saudável do que serem submetidos 
ao domínio daqueles cuja prudência, virtude e religião os converterão de bárbaros, tais que mal mereciam o 
nome de seres humanos, em homens civilizados o quanto podem ser, de facinorosos em probos, de ímpios 
e servos do demônio em cristãos e cultores da verdadeira religião? [...] E se recusarem o nosso domínio 
poderão ser coagidos pelas armas a aceitá-lo, e esta guerra será, como acima declaramos com autoridade 
de grandes fi lósofos e teólogos, justa pela lei da natureza, muito mais ainda do que a que fi zeram os romanos 
para submeter a seu império as demais nações, assim como é melhor e mais certa a religião cristã do que a 
antiga dos romanos, sendo maior o que em engenho, prudência, humanidade, fortaleza de alma e de corpo e 
toda virtude os espanhóis fazem a estes homúnculos do que os antigos romanos faziam às outras nações.”
 As justas causas de guerra contra os índios, segundo o tratado de Demócrates Alter e de Juan Ginés de Sepúlveda. In: SUESS, Paul (Coord.). 
A conquista espiritual da América Espanhola. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 534-535.
 Derrotados militarmente, os indígenas foram condenados à lógica colonial mercantilista, a qual 
desestruturou seus modos de vida, valores, práticas de trabalho e crenças. Porém, mesmo dominados 
pelos conquistadores europeus, os índios praticaram distintos métodos de resistências, disputando espaços 
e inserindo-se ativamente do processo de constituição da sociedade colonial. 
Compreendendo os
sentidos do texto
Compreendendo os
sentidos do texto
1 Leia o trecho a seguir.
 “... a espada, a cruz e a fome iam dizimando a família selvagem...”.
 Pablo Neruda
 Essa afi rmação do poeta chileno revela características fundamentais do processo de conquista da 
América. Comente o signifi cado histórico de suas palavras.
A conquista dos astecas
 Desde o � nal do século XV, os espanhóis já vinham explorando, sem grandes resultados, ilhas na 
região do Caribe, mantendo bases em Cuba, em São Domingos, em San Salvador e em Porto Rico. Dessas 
ilhas, com destaque para Cuba, os conquistadores enviaram várias expedições de reconhecimento para 
o continente. Em 1517, por exemplo, a expedição de Francisco Hernandes de Córdoba e Bernal Diaz 
de Castilho foi dizimada pelos habitantes de Iucatãn. O próprio Francisco de Córdoba foi morto. Essas 
expedições revelaram a existência de sociedades com rica organização social na Mesoamérica.
 Em 1519, o capitão do exército espanhol Hernán Cortez partiu de Cuba com 11 navios, 100 
marinheiros e 508 soldados, para dar início à conquista do território mexicano. Ao desembarcar no 
México, na atual cidade de Veracruz, os espanhóis � caram estarrecidos com o que encontraram.
 O Império Asteca (ou mexica) possuía vasta extensão territorial habitada por milhões de indígenas 
distribuídos em vários grupos étnicos. A rede de estradas que cortava o império, o rico comércio, a bela 
arquitetura, a tecnologia so� sticada, a estrati� cação social e a exuberância da capital asteca, Tenochtitlán, 
surpreenderamos espanhóis, que aguçaram sua cobiça diante dos artefatos, das esculturas e das joias feitas 
com metais preciosos, especialmente o ouro.
 No caminho rumo à Tenochtitlán, a expedição de Cortez entrou em contato com grupos indígenas 
descontentes com a dominação dos astecas, estabelecendo alianças militares - fundamentais para a posterior 
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 9
vitória espanhola diante dos astecas – 
com os totonacas e os tlaxcaltecas. A 
expedição liderada por Cortez ainda 
recebeu o auxílio de Malinche, uma 
índia que conhecia línguas como o 
nahualt e que sabia se comunicar com 
os astecas, os maias e com outros povos 
da região, servindo de mediadora e 
tradutora para os espanhóis quando 
estes chegaram ao Império asteca. A 
� gura de Malinche, com quem Cortez 
se relacionou intimamente, é motivo de 
controvérsia na história mexicana, pois 
muitos a veem como uma traidora dos 
povos indígenas mesoamericanos.
 Após avançar durante semanas, os 
espanhóis chegaram a Tenochtitlán, a capital do Império, construída sobre as ilhas do lago Texcoco. A 
capital tinha, segundo diversas fontes, cerca de trezentos mil habitantes, e seu esplendor impressionou os 
espanhóis. Cortez e seus homens entraram na cidade e foram recebidos com honrarias e respeito, sendo 
hospedados com luxo e regalias em um palácio.
 Consta que o imperador Montezuma encontrava-se martirizado pelas dúvidas: ele não podia entender 
as novidades técnicas que os espanhóis possuíam, mas também não conseguia acreditar que aquele 
bando de homens sujos e grosseiros fossem deuses. Cortez encontrou nas dúvidas de Montezuma grande 
oportunidade para agir: Ele aprisionou o imperador e passou a se apoderar de imensos tesouros da cidade 
usando o artifício de realizar constantes ameaças ao líder asteca.
 A situação favorável aos espanhóis foi alterada quando Cortez teve de se ausentar de Tenochtitlán 
para receber reforços recém-chegados de Cuba em sua base, no litoral, na cidadela de Veracruz. Em 
sua ausência, seu substituto Pedro Alvarado, durante uma comemoração religiosa dos astecas, cometeu 
atrocidades contra os índios, provocando uma enorme revolta. Cortez retornou nesse exato momento, 
mas não conseguiu acalmar os ânimos: os índios atacaram as posições espanholas e as de seus aliados. O 
próprio Montezuma foi morto durante esse processo.
 Os espanhóis tiveram que abandonar a cidade sob violentos ataques liderados pelo recém-empossado 
imperador Cuitlahuac, irmão de Montezuma. Durante sua retirada, Cortez perdeu boa parte dos soldados 
espanhóis, os seus canhões, o ouro arrecadado até então e inúmeros índios aliados. Esse episódio � cou 
conhecido como La Noche Triste.
    Quando tudo parecia perdido, reforços 
começaram a chegar das principais bases 
espanholas, pois Cortez já havia enviado 
grandes quantidades de ouro para a 
Espanha e contava agora com o apoio 
entusiasmado do rei. Além disso, Cortez 
contou com um devastador aliado: a 
varíola. Essa doença era mortal, além 
de extremamente contagiosa, pois os 
indígenas não tinham qualquer resistência 
orgânica contra esse mal, o que ocasionou 
morte em grande escala.
    Todos esses acontecimentos reforçaram 
a visão pessimista e apocalíptica entre os 
indígenas. A resistência asteca começava 
a ruir. Em meados de 1520, fortemente 
Em uma ilustração mexicana datada de 1901, sem pretensões realistas, 
vemos o encontro de Cortez e o imperador Montezuma.
Representação de uma batalha entre espanhóis e astecas; observe, 
nessa imagem, as armas, o cavalo e a armadura que colaboraram com a 
vitória dos europeus.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História10
reforçado, principalmente com artilharia, Cortez cercou a capital asteca. Contava com seiscentos soldados 
espanhóis e, segundo estimativas diversas, algo em torno de 20 a 70 mil índios aliados. 
 Após três meses de cerco, período em que animais mortos e cadáveres foram jogados no lago para 
envenenar a água e disseminar ainda mais doenças, Tenochtitlán, completamente devastada, rendeu-se.
Minhas ideias, nossas ideiasMinhas ideias, nossas ideias
2 O trecho a seguir é um “canto triste” ou icnocuícatl, através do qual os povos astecas narram a tragédia 
vivenciada por eles.
“Nos caminhos jazem dardos quebrados;
os cabelos estão espalhados.
Destelhadas estão as casas,
incandescentes estão seus muros.
Vermes abundam por ruas e praças,
e as paredes estão manchadas de miolos arrebentados.
Vermelhas estão as águas, como se alguém as tivesse tingido,
e se as bebíamos, eram água de salitre.
Golpeávamos os muros de adobe em nossa ansiedade
e nos restava por herança uma rede de buracos.
Nos escudos esteve nosso resguardo,
mas os escudos não detêm a desolação...”
 Leia também a resposta dada pelos sábios astecas a alguns franciscanos em 1524.
“Deixem-nos, pois, morrer,
deixem-nos perecer,
 pois nossos deuses já estão mortos!”
 As ações praticadas pelos europeus destruíram física e culturalmente muitas sociedades pré-
colombianas, como atestam os relatos anteriores. Essa destruição foi interpretada através de diferentes 
concepções.Releia as palavras dos sábios, citadas anteriormente, e discuta seus possíveis signifi cados.
A conquista dos incas
 Em 1519, os espanhóis fundaram, na América 
Central, a cidade do Panamá, que logo se tornaria 
uma de suas sedes administrativas. Em 1523, o 
governador da região entregou a Francisco Pizarro 
a che� a de uma expedição que deveria rumar para o 
sul, local onde notícias informavam sobre a existência 
de um estado rico e poderoso: o Império inca. 
 Pizarro encontrou esse império fragmentado 
por tensões e disputas internas. Com a morte do 
imperador Huayna Cápac, vítima da varíola, ocorreu 
uma crise sucessória entre seus � lhos, Huascar e 
Atahualpa. O conquistador e seus homens souberam 
aproveitar essas rivalidades. 
 Em 1532, os espanhóis seguiram para Cajamarca 
e aprisionaram Atahualpa, exigindo grande volume de riquezas para o resgate. Enquanto se encontrava 
encarcerado, Atahualpa ordenou que seus homens assassinassem seu irmão Huáscar, pois acreditava que 
ele fazia parte da conspiração que o levou à prisão. 
 Após o pagamento feito pelos incas, Atahualpa foi morto pelos espanhóis, que a� rmavam que a morte 
era a pena para o crime de assassinato do irmão. No ano seguinte, os espanhóis dominaram Cuzco, o 
núcleo do destroçado Império inca.
Gravura do século XVI, do artista Frederic De Bry, 
ilustrando a violência praticada pelos espanhóis contra os 
nativos americanos.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 11
 Durante cerca de 40 anos, aqueles que ainda restavam dos exércitos incas continuaram lutando, mas 
recuando cada vez mais para zonas inacessíveis dos Andes. A resistência armada cessou em 1572, com a 
morte de Tupac Amaru I, o último dos imperadores. Mais um império foi destruído pelos espanhóis.
1.3 A colonização espanhola
A Espanha iniciou o processo de colonização de seus territórios americanos com o objetivo de transformar 
a região em fonte de riquezas e impedir a invasão de outros povos. No entanto, esse processo ocorreu de 
forma gradativa e somente após a descoberta dos impérios indígenas – e, consequentemente, do ouro e da 
prata – é que veri� cou um avanço acelerado na montagem de suas estruturas.
 A princípio, a Coroa espanhola não estava disposta a � nanciar todos os custos advindos de um amplo 
sistema colonial nas Américas. Neste sentido, introduziu o sistema de capitulações, ou seja, o governo 
cedia áreas da colônia para pessoas interessadas, geralmente os próprios conquistadores, e estes arcavam 
com os custos da montagem do sistema de exploração, devendo pagar tributos à Coroa pelas riquezas 
exploradas. As capitulações permitiam, ainda, que os espanhóis distribuíssem entre si as terras, e que os 
nativos dominados criassemvilas e organizassem a administração em nome da Espanha. 
 Uma “obrigação” desses conquistadores, chamados de adelantados, era a de catequizar e de proteger os 
indígenas, algo que raramente ocorria na prática. A grande de� ciência desse sistema estava na di� culdade 
de � scalizar as ações dos adelantados que, em não raras ocasiões, sonegavam tributos e divergiam das ordens 
da Coroa. A frase a seguir nos permite analisar a situação de con� itos de interesses entre os adelantados e 
as autoridades metropolitanas:
 “Deus está no céu, o Rei está longe, e aqui mando eu”.
AQUINO, Rubim Santos Leão de. de LEMOS, Nivaldo Jesus Freitas de. LOPES, Oscar Guilherme Phal Campos.
História das sociedades americanas. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008, p. 118. (Afi rmativo de um adelantado).
 
 Nesse cenário, o governo espanhol buscou assumir diretamente – e com maior rigidez – o controle 
do processo de colonização, criando, para isso, órgãos administrativos e � scalizadores na América e na 
Espanha.
 Para impedir as disputas políticas internas e o controle político dos adelantados, a Coroa espanhola 
dividiu o território americano em vice-reinos e capitanias gerais, unidades administrativas cujos 
dirigentes eram escolhidos pelo 
Conselho Real e Supremo 
das Índias, órgão criado para 
centralizar a administração 
colonial nos aspectos jurídico, 
militar, religioso e legislativo. 
 Para controlar o comércio 
colonial, e a cobrança de 
tributos as autoridades 
espanholas criaram a Casa 
de Contratação, tanto essa 
instituição quanto o Conselho 
das Índias se localizavam na 
Espanha.
 As Audiências, órgãos 
responsáveis pelos assuntos 
jurídicos, e os Cabildos ou 
Ayuntamientos, responsáveis 
pela administração das cidades 
coloniais, também foram 
criados para aprimorar a 
administração colonial.
Disponível em: <http://salta.gov.ar>. Acesso em: 13 out. 2013.
Cabildo da cidade de Salta na Argentina.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História12
CONSELHO DAS ÍNDIAS
Controle dos assuntos legais, legislativos e militares
da área colonial.
CASA DE CONTRATAÇÃO
Controle do comércio entre a Espanha e sua área
colonial.
VICE-REINOS
CAPITANIAS GERAIS
AUDIÊNCIAS
CABILDOS
Divisão administrativa sobre o território americano, correspondendo às
áreas de maior expressão econômica dirigida pelos vice-reis.
Divisão administrativa para as outras áreas americanas.
Tribunais de justiça com funções administrativas.
Câmaras Municipais encarregadas da administração local. 
Na América
Na Espanha
 Como foi dito, a Coroa espanhola dividiu o território colonial em quatro vice-reinados ou vice-
reinos, grandes regiões cujos líderes estavam subordinados diretamente à metrópole, gozando, porém, 
de expressivas atribuições político-administrativas. Esse modelo de divisão política deu origem a regiões 
distintas e isoladas umas das outras, um dos motivos que explica a fragmentação posterior da América 
espanhola.
 Os vice-reinos eram:
• Nova Espanha: correspondente aos atuais territórios do México, de parte da América Central e do 
sudoeste dos Estados Unidos. Região rica em ouro e prata.
• Nova Granada: território onde 
atualmente estão Colômbia, Equador e 
parte da Venezuela. Dessas regiões, os 
espanhóis partiram para conquistar o sul 
do continente. Foi implantado o sistema de 
agricultura tropical.
• Peru: região que englobava o antigo 
núcleo do império inca, cujas riquezas mais 
atraentes encontravam-se na mineração, 
especialmente na exploração de prata.
• Rio da Prata: corresponde aos atuais 
Estados do Peru, da Bolívia, da Argentina, 
do Uruguai e do Paraguai. Essa região foi 
explorada pelos espanhóis vindos do Peru 
e pelos portugueses vindos da Colônia 
portuguesa. Região com fortes grupos 
mercantis, sua economia era baseada em 
atividades agropecuárias, cujos portos 
mais destacados eram Buenos Aires e 
Montevidéu.
 O restante do território foi dividido em 
capitanias gerais (Chile, Cuba, Guatemala e 
Venezuela), áreas de importância estratégica 
para os espanhóis organizarem expedições 
militares contra povos inimigos e piratas.
OCEANO
PACÍFICO OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Golfo
do
México
MAR DAS ANTILHAS
Trópico de Câncer
Equador
Trópico de Capricórnio
AMÉRICA
PORTUGUESA
CAPITANIA GERAL
DO CHILE
Santiago
Buenos Aires
VICE-REINO
DO RIO
DO PRATA
Cuzco
Lima
VICE-REINO
DO PERU
VICE-REINO
DA NOVA
GRANADA
CAPITANIA GERAL
DA VENEZUELA
Quito
Bogotá
GUIANAS
Guatemala
Caracas
México
CAPITANIA GERAL
DA GUATEMALA
VICE-REINO
DA NOVA
ESPANHA FLÓRIDA
CAPITANIA GERAL
DE CUBA
São DomingosHavanaVeracruz
0 940 km
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA AMÉRICA ESPANHOLA
Acervo Sistema
de Ensino
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 13
 Para controlar o comércio colonial, além da criação da Casa de Contratação, as autoridades 
espanholas estabeleceram o sistema de portos únicos, determinando que apenas os portos de Cádiz 
e Sevilha (Espanha), Havana (Cuba), Porto Delo (Panamá), Veracruz (México) e Cartagena (Colômbia) 
poderiam efetuar o transporte de mercadorias. Também foi criado o sistema de frotas anuais, que restringia 
o trânsito de ouro e prata entre metrópole e colônia em viagens realizadas em datas pré-determinadas, 
geralmente duas vezes por ano. No entanto, essas medidas não conseguiram impedir o ataque de piratas e 
a prática do contrabando de mercadorias.
 Em termos econômicos, o império colonial espanhol apresentou três áreas diferentes: as regiões 
mineradoras, responsáveis pela produção do ouro e da prata, localizadas no México, no Peru e na Bolívia; 
as haciendas, grandes fazendas produtoras de gêneros alimentícios e matérias-primas mais voltado para 
consumo interno e externo; e o plantation, grandes propriedades rurais exportadoras, cuja produção 
objetivava fornecer artigos lucrativos para a metrópole, como açúcar, tabaco, algodão e cacau. 
Sociedade Colonial
 A sociedade colonial da América hispânica apresentou 
forte hierarquia social e profunda desigualdade entre seus 
membros. Em termos gerais, podemos dividi-la em quatro 
grupos:
• Chapetones: também chamados de guachupines ou 
peninsulares, representavam espanhóis oriundos, em geral, 
de uma pequena nobreza empobrecida na metrópole, mas 
que possuía grande status nas colônias, ocupando altos cargos 
políticos e eclesiásticos.
• Criollos: descendentes de espanhóis nascidos na América, os 
quais não tinham acesso a cargos administrativos superiores, 
mas que podiam atuar nos cabildos (câmaras municipais). 
Eram mineradores, grandes comerciantes e proprietários de 
extensas terras.
• Mestiços: � lhos de espanhóis com indígenas, estavam abaixo 
dos europeus, sendo obrigados a desempenhar atividades 
menosprezadas pelos chapetones e pelos criollos. Muitos 
eram trabalhadores livres, funcionários públicos de menor 
graduação e pequenos proprietários.
• Índios e escravos de origem africana: os indígenas 
constituíram a mão de obra predominante em parte 
signi� cativa da América espanhola, sendo utilizados 
principalmente nas regiões dos antigos impérios asteca e inca. 
Nas áreas em que a população indígena foi exterminada precocemente, como, por exemplo, no Caribe, 
foram utilizados negros escravizados provenientes da África.
 É possível representar essa sociedade através da seguinte pirâmide:
 Vale ressaltar que, na América espanhola, 
além da divisão étnica, havia divisões no interior 
da própria população branca dominante, uma 
vez que a elite criolla não tinha acesso a cargos 
com grande poder de decisão, gerando gradativa 
insatisfação com as autoridades metropolitanas.
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org>.
Acesso em: 03 out. 2013.
Família mestiça hispano-americana do século 
XVIII. A mestiçagem não se limitou à etapa daconquista da América pelos espanhóis. 
CHAPETONES
CRIOLLOS
ÍNDIOS E NEGROS
MESTIÇOS
A conquista e a exploração da América Espanhola
História14
Organização do trabalho
 Tendo encontrado jazidas de ouro e prata em sua área 
colonial, a Coroa espanhola logo organizou a sua exploração. 
Embora seja difícil calcular o volume de metais explorados 
pelos espanhóis, estima-se que, até o � nal do século XVIII, a 
América espanhola forneceu 85% da prata utilizada em todo o 
mundo.
 Primeiramente, os espanhóis saquearam o ouro e a prata 
pertencentes aos astecas e aos incas. Logo após, iniciaram 
a exploração dos minerais que estavam no solo. Para realizar 
tal atividade, foi utilizada a mão de obra dos indígenas, os 
quais foram submetidos ao trabalho compulsório, isto é, 
forçados a trabalhar. Os espanhóis utilizaram-se do trabalho 
compulsório indígena através de alguns sistemas, destacando-se 
a encomienda e a mita.
 A encomienda consistia na exploração de um grupo de 
índios por um colono espanhol – o encomendero –, que recebia 
da Coroa espanhola o direito de agrupar nativos em suas terras, 
sob o pretexto de protegê-los e de cristianizá-los. Na prática, 
os grupos indígenas eram obrigados a prestar serviços e a pagar 
tributos ao encomendero.
 A mita, também chamada de repartimiento, anteriormente 
praticada pelos incas, foi apropriada e reformulada pelos 
colonizadores. As comunidades indígenas eram obrigadas a 
destinar – por sorteio – certo número de homens (mitayos) ao 
colono, em determinados períodos, para o trabalho em troca de um 
salário irrisório, sobretudo na área da mineração. A mita provocou 
a desestabilização das comunidades indígenas e o extermínio de 
milhares de nativos. No império asteca, o correspondente da mita 
era o cuatequil.
 Nas haciendas, os espanhóis utilizavam geralmente a 
servidão por dívidas. Por esse sistema, também conhecido por 
peonaje, o trabalhador era levado para a fazenda e recebia seu 
salário ao término de um período trabalhado. Suas despesas eram 
feitas pelo proprietário das terras e, em pouco tempo, sua dívida 
tornava-se maior que o salário a receber. Assim, o trabalhador era 
controlado pelo fazendeiro, o qual exigia o acerto da dívida para 
liberá-lo. Com o passar do tempo, a dívida crescia ainda mais, 
contribuindo para a � xação do trabalhador nas haciendas.
 
O papel da Igreja Católica
 No processo de dominação da América ibérica, foi importante o papel da Igreja Católica que 
buscava a conversão dos nativos ao Catolicismo por meio da difusão da cultura europeia. A catequese 
foi, provavelmente, o maior instrumento usado pelos padres, em especial pelos jesuítas – membros 
da Companhia de Jesus – para ampliar sua in� uência sobre os indígenas e promover a aculturação 
da população nativa. Reunindo, em muitos casos, grupos inteiros de nativos em missões, os jesuítas 
condicionavam os índios aos princípios religiosos e morais do cristianismo, tentando afastá-los de sua 
religiosidade, que a Igreja Católica considerava demoníaca ou herética. A Inquisição também estendeu 
suas ações à América, gerando, com sua presença, a imposição radical dos princípios religiosos cristãos 
e um terror generalizado, sobretudo nas classes dominadas. Agindo assim, os padres contribuíram de 
maneira decisiva para a manutenção da ordem imposta pelo branco europeu nas colônias. 
Nesta imagem, Guamam Poma de Ayala retrata 
um encomiendero, causador de grandes males 
às comunidades indígenas.
Imagem em que Guamam Poma de Ayala 
retrata a mita.
A conquista e a exploração da América Espanhola
História 15
 Apesar de o� cialmente condenar a escravização 
dos indígenas, as lideranças católicas trabalhavam 
no sentido de justi� car ideologicamente o processo 
colonizador nas Américas. Contudo, não devemos 
a� rmar que todos aqueles responsáveis pelo projeto 
catequizador dos grupos indígenas aceitassem 
os métodos empregados pelos colonizadores nas 
relações sociais e de trabalho.
 As atrocidades cometidas pelos espanhóis 
na América, como a violência, o uso do trabalho 
compulsório, a destruição da cultura ameríndia e o 
extermínio de comunidades indígenas provocaram 
diversas contestações às práticas colonizadoras. 
Um dos maiores críticos do massacre cometido 
pelos espanhóis contra os nativos americanos foi 
o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas 
(1474-1566), que contribuiu para a criação de 
uma legislação “protetora” dos índios e a difusão 
da chamada Leyenda Negra, ou seja, a ideia de 
que os colonizadores promoveram um verdadeiro “genocídio” para com os agrupamentos ameríndios. 
O trecho a seguir nos traz um relato de Las Casas sobre a crueldade das práticas espanholas contra as 
populações indígenas:
 “Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas: 
entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres 
grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e os faziam em pedaços como se estivessem golpeando 
cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria 
um homem pela metade ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe abriria a cabeça, 
ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe. Arrancavam os fi lhos do 
seio das mães e lhes esfregavam a cabeça contra os rochedos enquanto que outros os lançavam à água dos 
córregos rindo e caçoando (...).
Las casas, Frei Bartolomé de. O paraíso destruído. Porto Alegre: L&PM, 1984, p. 33.
Compreendendo os
sentidos do texto
Compreendendo os
sentidos do texto
 Leia o texto a seguir:
 [...] Aqueles que deixaram a Espanha para converter os índios viram-se incumbidos de uma missão 
de especial importância no esquema divino da História, pois a conversão do Novo Mundo era um prelúdio 
necessário para seu término e para a segunda vinda de Cristo. Acreditavam também que, entre esses 
povos inocentes da América, ainda não contaminados pelos vícios da Europa, poderiam construir uma 
Igreja que se aproximasse da de Cristo e dos primeiros apóstolos. Os primeiros estágios da missão 
americana, com o batismo em massa de centenas de milhares de índios, pareciam garantir o triunfo 
desse movimento em prol de um retorno ao Cristianismo primitivo que havia, tão repetidamente, sido 
frustrado na Europa. [...] No entanto, embora o índice de conversão fosse espetacular, sua qualidade 
deixava muito a desejar. Havia sinais alarmantes de que os índios que haviam adotado a fé com aparente 
entusiasmo ainda veneravam seus velhos ídolos em segredo. Os missionários também se chocaram 
contra muralhas de resistência nos pontos em que suas tentativas de incutir os ensinamentos morais do 
Cristianismo confl itavam com padrões de comportamento estabelecidos havia muito tempo. Não era fácil, 
por exemplo, inculcar as virtudes da monogamia a uma sociedade que via as mulheres como servas e o 
acúmulo de mulheres como fonte de riqueza.
 ELLIOT, J. H. A conquista espanhola e a colonização da América. In: BETHELL, L. (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial I. 
São Paulo: Universidade de São Paulo, 1998, v. 1, p. 185-186
3 Segundo o texto, por que os missionários que vieram para a América acreditavam poder construir uma 
Igreja Católica livre dos vícios existentes na Igreja europeia?
4 Quais as principais difi culdades enfrentadas pelos missionários na catequese dos ameríndios?
Catedral metropolitana localizada na capital do México. A igreja 
foi construída na década de 1520, em uma área onde existia 
um templo religioso dos astecas. Em 1534, foi convertida em 
catedral pelo rei Carlos V.
loja.cneceduca.com.br
Prezado leitor,
 
Agradecemos o interesse em nosso
material. Entretanto, essa é somente
uma amostra gratuita.
Caso haja interesse, todos os materiais
do Sistemade Ensino CNEC estão
disponíveis para aquisição através
de nossa loja virtual.

Outros materiais