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TCC Pedagogia As contribuições da Psicanalise na Educação Infantil

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ALESSANDRA FERNANDES DA SILVA
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
São Paulo
2017
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ALESSANDRA FERNANDES DA SILVA
A CONTRUIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho de Conclusão de Curso
para obtenção do título de 
Graduação em Pedagogia
Apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.
Orientação – Celina U. F. Nascimento
São Paulo
2017
	Fernandes da Silva, Alessandra.
.... A Contribuição da Psicanálise na Educação Infantil / Alessandra Fernandes da Silva. - 2017.
....45 f.
.... Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Paulista, SÃO PAULO, 2017.
.... Orientadora: Prof.ª Celina U. F. Nascimento.
....1. PSICANÁLISE. 2. EDUCAÇÃO INFANTIL. I. U. F. Nascimento, Celina (orientadora). II. Título.
 Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a). 
		
ALESSANDRA FERNANDES DA SILVA
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho de Conclusão de Curso
para obtenção do título de 
Graduação em Pedagogia
Apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
_____________________________/__/___
Prof.
Universidade Paulista – UNIP.
_____________________________/__/___
Prof.
Universidade Paulista – UNIP.
_____________________________/__/___
Prof.
Universidade Paulista – UNIP.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela e hoje vislumbro um horizonte superior, pela confiança no mérito e ética aqui presentes.
A minha orientadora Celina U. F. Nascimento, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
A minha família e amigos pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
“Tudo compreender não é tudo perdoar. A psicanálise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que devemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância para com o mal não é de maneira alguma um corolário do conhecimento.”
Sigmund Freud
RESUMO
Entre psicanálise e educação, procuramos retraçar o histórico dessa relação através da obra de Freud, e as possíveis aplicações da teoria psicanalítica à prática educativa, particularmente no campo da educação infantil, levando em conta suas peculiaridades próprias. Faremos incialmente um breve apanhado da história dessa conexão, vista do ângulo da psicanálise, em particular como se apresentou no pensamento freudiano, e como se concretizaram algumas aplicações da psicanálise na educação.
Palavras-Chave: Psicanálise, Educação Infantil, Sigmund Freud, Pedagogia.
ABSTRACT
Between psychoanalysis and education, we seek to retrace the history of that relationship through the work of Freud, and the possible applications of psychoanalytic theory to educational practice, particularly in the field of early childhood education, considering their own peculiarities. Do we do initially a brief history of this connection, caught sight of the angle of the psychoanalysis, particularly as performed at the Freudian thought, and how to materialize some applications of psychoanalysis in education.
Keywords: Psychoanalysis, Sigmund Freud, Early Childhood Education, Pedagogy.
1. Introdução
Para muitos psicanalistas, a Psicanálise só poderia ser aplicada no contexto próprio da clínica dos distúrbios psíquicos. Mas quando Freud desenvolveu a Psicanálise, seu desejo era que ela fosse aplicada na educação. Na qual, Freud menciona-se inúmeras vezes, ao longo de seus escritos. Fazendo uma análise, a aplicação da Psicologia na Educação já se faz corretamente, principalmente através de duas áreas do saber, quais sejam a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem.
Freud mostrou-se esperançoso no início, que as descobertas da Psicanálise influenciariam positivamente a criação e a educação das crianças, de tal modo que essas mesmas cresceriam e tornariam adultos mais saudáveis e mais felizes, pois estariam mais protegidas dos conflitos neuróticos. Assim, o ato de educar está intimamente relacionado com o desenvolvimento humano, especialmente do aparelho psíquico. Através dessas reflexões, podemos entender melhor o desenvolvimento emocional e mental, pois o ser humano constitui como um todo, razão e emoção. 
As contribuições da Psicanálise para a Educação foi o estudo do aparelho psíquico e de como é o seu funcionamento, como ocorre a aprendizagem através dos processos de identificação e de transferência que ocorrem na relação aluno-professor e vice-versa.
O objetivo da Educação é levar a criança a controlar seus desejos primitivos, através de inibições, proibições, ou mesmo, extinção dos impulsos. Neste momento, tentando evitar que o risco de doença neurótica, por essa razão que Freud buscou um ponto de equilíbrio que possibilitasse, o mínimo de danos, na busca de um ponto ideal para Educação.
Os estudos devem direcionar-se em ajudar o educador na difícil tarefa de educar, missão essa quase impossível de ser realizada completamente, pois o ser humano vive em incessante luta entre suas forças internas, guiadas pelo princípio do prazer que possui um conteúdo inconsciente, e as forças externas que colocam juízo de valores de certo e errado sobre esses desejos que atuam de fora para dentro. O educador busca incentiva o educando ao máximo para que a construção do eu encontre o equilíbrio de forma eficaz.
Sabemos que estabelecer um relacionamento próximo a uma criança é constituído por um sentimento de posse, de propriedade, seja tratando-se de pais ou educadores. Trata-se do conjunto de desejos que cada adulto projeta na criança que ama, assim cada um projeta sobre a suas crianças os desejos que não pode realizar por conta própria. 
Em seus estudos e pensamentos inquietantes, Freud fez a seguinte constatação, que educar crianças e adultos, governar uma cidade, um Estado ou um País e fazer psicanálise são três profissões impossíveis. E tomando como ponto principal de tal sentença Freudiana, analisaremos uma destas profissões impossíveis, que é a de educar, falaremos no presente trabalho como se deram tais perturbações do autor e como o mesmo chegou a tal constatação.
É interessante que as questões principais que permeiam este estudo são a relação de Freud com a Educação; quais as contribuições de seu estudo para o campo teórico; que conceitos de sua ampla teoria auxiliaram na educação e na aprendizagem e outros assuntos que podem acompanhar este processo.
Segundo estudos, Freud descobriu que o homem é comandado por forças que passam despercebidas de sua consciência. Mostrou que o homem não tem domínio de si mesmo; algo que é tão valorizado por esta espécie: "A razão". Acreditando ser um sujeito totalmente racional, diferenciando-se assim dos animais "irracionais". Podemos partir deste princípio para relacionar está revelação com todas as outras que fará ao longo de sua existência, mostrando de que forma essa ação se aplica no dia-a-dia e na sobrevivência dos sujeitos. Focando, claro, para o que nos interessa neste estudo, que é a relação destas teorias com a aprendizagem e com a Educação. Educação Infantil é a fase que envolve crianças de 0 a 6 anos de idade, considerada a primeira etapa da Educação Básica. Seu objetivo é o desenvolvimento integral das crianças, ou seja, não apenas o cognitivo, mas também o físico e o socioemocional.
Esta fase está dividida em dois segmentos: creche (criançasde 0 a 3 anos) e pré-escola (crianças de 4 a 5 anos e 11 meses). A primeira infância é um período na vida das crianças, é nesta fase que elas adquirem capacidades fundamentais para o desenvolvimento de habilidades que irão impactar na sua vida adulta, por isso, cuidar da Educação Infantil é cuidar do futuro das nossas crianças.
Todas estas questões serão refletidas ao longo deste estudo, levando em consideração a relação de Freud com a Educação. A Educação não consiste apenas de receitas já formuladas. Existem valores, moral, proibições, além de saberes já planejados que devem ser trabalhados durante todo o processo de educacional. Os educadores são responsáveis por desenvolver em seus educandos, conhecimentos sobre as relações sociais cotidianos. Aspectos da relação professor-aluno, como os citados acima, nos leva a pensar que a Psicanálise tem um papel fundamental no processo educativo.
Muitas vezes os cursos de formação de pedagogos se preocupam demais em na parte teórica, mas esquecem de preparar esse profissional para alguns aspectos da vida dentro da escola, com isso é preciso perceber que o pedagogo tem a função de atuar em relação ao processo de aprendizagem de uma criança. Para isso é necessário que o professor mude de seu lugar de autoridade, e ocupe o lugar de um ser que também comete erros, para poder evoluir juntos com as crianças. Justamente nesse ponto que precisamos da Psicanálise como uma forma de elaborar o pensamento do educador, para que esse possa estar em uma permanente indagação da sua prática escolar, a cada dia e a cada experiência da criança. A Psicanálise também é assim. Ela nunca cessa suas interrogações sobre sua adequação, precisando ser renovada a cada vez, a cada vivência. 
A Educação, dentro de um segmento psicanalítico, pode ser em si mesma repressiva e violenta, visando adaptar a criança ao que é aceito socialmente (Millot, 2001). Contudo, esse processo educativo, que muitas das vezes é de encargo do pedagogo, não precisa ser abusiva nesse processo de adaptação e o educador preparado, para uma socialização saudável para a criança. A relação professor-aluno pode ser um aspecto fundamental dento do processo de aprendizagem. Segundo Freud (1914), o professor só será ouvido se estiver revestido, por seu aluno, com uma importância. Assim, a aprendizagem não está baseada nos conteúdos, mas sim na relação que estabelece entre o professor e seus alunos, logo isso pode favorecer ou não o processo de aprendizagem, independente dos conteúdos (Kupfer, 2007). Assim, a Psicanálise insinua que o professor tenha base das teorias psicanalíticas, apostando que o efeito da transmissão da falta, fornecer o efeito de formação no professor e que, assim, ele possa, por sua vez, seguir ensinando um saber vivo e não ensinando por ensinar e dando, condição para que os alunos possam passar o conhecimento adquirido aos que vierem ao mundo depois deles, quer filhos ou alunos.
É preciso que pedagogos procurem uma relação mútua as teorias psicanalíticas com a Educação. Isso significa, não quer dizer usar tais teorias como guia das fases do desenvolvimento sexual, ou elevar o complexo de Édipo como base das teorias de Freud. É preciso enxergar que a Psicanálise, enquanto uma ciência, que buscou, e está sempre na busca, para compreender a subjetividade humana.
A Psicanálise além de uma ferramenta pode servir como um tipo de olhar crítico para o educador, possibilitando que esse consiga enxergar de forma mais clara os diversos comportamentos dentro do processo de desenvolvimento da criança. No entanto, vale ressaltar que se o professor desejar "beber na fonte" da psicanálise como sugere Kupfer (1997) deverá rever seus conceitos e postura ética de como utilizará esses conhecimentos em sua prática educativa, por esse motivo é preciso prepara o mesmo para seu trabalho em sintonia com a Psicanálise. A união das duas áreas - Psicanálise e Educação - tem se ampliado consideravelmente nos últimos anos e que muitas experiências revelam que essa junção pode dar certo se o educador estiver devidamente preparado. Assim, a discussão da Psicanálise dentro dos cursos de Pedagogia, precisa ser melhor explorada, não para que o pedagogo se torne um analista, mas para que ele consiga refletir sua prática, pensando nas crianças como seres dotados de um enorme potencial, que se não foram bem trabalhados, se perdem durante a sua existência.
2. Sigmund Freud
Sigismund Schlomo Freud (1856-1939) foi neurologista e importante psicólogo austríaco. Foi considerado o pai da psicanálise, que influiu muito para a Psicologia Social contemporânea.
Sigismund Schlomo Freud nasceu em Freiberg, na Morávia, que pertencia a Áustria, no dia 6 de maio de 1856. Filho de Jacob Freud, comerciante e de Amalie Nathanson de origem judia, foi o primogênito de sete irmãos. Aos quatro anos, sua família muda-se para Viena, onde os judeus tinham melhores condições de vida social e econômica.
Sempre se mostrou brilhante aluno. Aos 17 anos, ingressou na Universidade de Viena, no curso de Medicina. Durante a faculdade, interessou-se pelas pesquisas realizadas no laboratório fisiológico administrado pelo Dr. E. W. von Brucke. De 1876 a 1882, chegando a trabalharem juntos, e depois no Instituto de Anatomia sob a orientação de H. Maynert. Formou-se em 1881, especializou na área da neurologia.
Durante vários anos trabalhou em uma clínica neurológica para crianças, onde se destacou por ter descoberto um tipo de paralisia cerebral. Em 1884 procurou o médico Josef Breuer que havia curado sintomas de histeria através do sono hipnótico, onde o paciente conseguia se recordar das circunstâncias que deram origem à sua moléstia. Chamado de “método catártico” onde foi o ponto de partida da psicanálise.
Em 1885, Freud foi nomeado professor assistente de neurologia na Universidade de Viena. Nesse mesmo ano, foi para Paris para fazer um curso com o neurologista J. M. Charcot, mas desiludiu-se por não receber o apoio. De volta a Viena, continuou suas pesquisas com Breuer. Publicou “Estudos sobre a Histeria” (1895).
Em pouco tempo, Freud conseguiu dar um passo decisivo e original que abriu perspectivas para o desenvolvimento da psicanálise ao abandonar a hipnose, substituindo-a por método das livres associações, passando então a penetrar nas regiões mais obscuras do inconsciente, sendo o primeiro a descobrir o instrumento capaz de atingi-lo e explorá-lo em sua essência.
Durante dez anos, Freud trabalhou sozinho no desenvolvimento da psicanálise. Em 1906, a ele juntou-se Adler, Jung, Jones e Stekel, que em 1908 foi realizado o primeiro Congresso Internacional de Psicanálise. Dois anos depois, fundaram a Associação Internacional Psicanalítica, com sucursais em vários países.
Freud foi vítima de hostilidades, principalmente dos próprios cientistas, que, frustrados com as novas ideias, fizeram tudo para que ele fosse desacreditado. O primeiro sinal de aceitação da Psicanálise no meio acadêmico surgiu em 1909, quando participou de conferências nos EUA.
Em 1923, doente, passou pela primeira cirurgia para retirar um tumor no palato. Passou a ter dificuldades para falar, sentia dores e desconforto. Seus últimos anos de vida coincidiram com a expansão do nazismo na Europa. Em 1938, quando os nazistas tomaram Viena, Freud, de origem judia, teve seus bens confiscados e queimaram sua biblioteca. Refugiou-se em Londres. 
Freud morre de cancro no palato aos 83 anos de idade (passou por trinta e três cirurgias) em 23 de Setembro de 1939. Supõe-se que tenha morrido de uma dose excessiva de morfina. Freud sentia muita dor, e segundo a história contada, ele teria dito ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva de morfina para terminar com o sofrimento, o que seria eutanásia.
Encontra-se sepultado no crematório de Golders Green, no bairro de Golders Green, em Londres, na Inglaterra.
3. Freud e a Educação
Sigmund Freud, foi um grande estudioso do desenvolvimento humano ao qual instituiu umadas principais teorias do psiquismo. 
Fazendo uma análise da vida de Freud, vemos uma longa jornada, até chegar ao ponto para perpetuar a psicanálise. Formado em Medicina pela Universidade de Viena, desde dos tempos da faculdade, já era um grande pesquisador no laboratório de neurofisiologia. Ao se formar na universidade passou a trabalhar no Hospital Geral de Viena, e foi a partir do trabalho com Jean Martin Charcot que ele conheceu a hipnose, e a partir daí desenvolveu vários experimentos que se concluiu com a criação da psicanálise.
Segundo Bacha (2003), desde os primórdios de Freud foram feitas várias tentativas no sentido de explorar o que a Psicanálise teria a oferecer para Educação. O interesse dos psicanalistas pela Educação, ficou por um longo tempo, nas tentativas de construir uma Educação psicanalítica, por Freud no Prefácio à Juventude Desorientada, de Aichhorn (1925), a criança passou a ter mais importância para averiguação psicanalítica desde que descobriu que ela continua a viver depois, no adulto. Isto torna a criança mais importante do que os casos de neuróticos existentes na época para pesquisa. 
Para entendermos melhor a respeito sobre a polêmica entre Psicanálise e Educação, vamos conhecer a teoria do desenvolvimento psicossexual proposta por Sigmund Freud, além dos estudos da personalidade. Freud, no que diz respeito à da personalidade, afirma que esta é composta por três grandes sistemas: Id, Ego e Superego. Embora cada uma destas partes da personalidade tenha suas próprias funções, propriedades componentes e vitalidade, elas fazem uma estreita relação e trazem muitas colaborações para entender o comportamento humano. De acordo com Hall (2000), o Id é um sistema original de nossa personalidade, é a matriz de onde se origina o ego e o superego. O Id é tudo que é herdado, que se faz presente em nós desde o nascimento, incluindo nossos instintos. Podemos dizer que ele é o reservatório de toda nossa energia psíquica e divide essa energia com os outros dois sistemas. Está ligado com os processos corporais, o Id é a “verdadeira realidade psíquica”, pois representa nosso mundo interno, basicamente é composto por nossos impulsos.
Assim, o ego passa a existir porque nosso organismo precisa exigir transações apropriadas com a nossa realidade, que é o consciente.
O Ego, segundo Freud, diz ser nossa noção da realidade, o mecanismo que nos mantem conscientes e em contato com a realidade que nos cerca. Hall (2000) afirma que o ego é o executivo da personalidade, pois controla o acesso à ação, selecionando características do ambiente às quais irá responder, e resolve então que impulsos serão satisfeitos, e de que maneira. Ao realizar estas funções executivas muito importantes, o ego precisa tentar integrar as demandas conflitantes advindas do id, do superego e do mundo externo. O ego não existe separadamente do id. Seu papel principal é de mediar as exigências instintuais do organismo e as condições do meio que o cerca, suas finalidades são manter a vida do indivíduo e garantir sua reprodução. 
O terceiro e último é o superego. São as características dos valores tradicionais impostos pela sociedade conforme é passado pelos pais para a criança, e um sistema de recompensas e punições. Podemos dizer que o superego é a força moral de nossa personalidade, ele é o mundo real, e busca pela perfeição mais do que o prazer pessoal. Seu papel principal é decidir se uma posição, conduta ou julgamento é certa ou errada e se está de acordo com o que é apresentado pela sociedade.
O Superego desenvolve como árbitro da nossa moral e condutas internas, e desenvolve-se de acordo com as regras, limites e recompensas estabelecidas por nossos pais. Para entendermos melhor, diríamos que tudo aquilo que os pais dizem ser errado e por isso castigam a criança, é assimilado por ela e trazido à sua consciência. A criança assimila os valores morais dos pais, com a formação do superego o autocontrole passa a fazer suas próprias escolhas, dispensando o controle dos pais. 
Analisando as questões que envolvem o superego, podemos dizer o quanto ele é importante para a formação de nossa personalidade, e o quanto a família é importante de forma positiva ou negativa nesta formação. Muitas das questões que as condutas, os comportamentos, as regras e limites tem sua origem na formação do superego, ou seja, se a família não passa bons exemplos para estes princípios às crianças, isso irá se refletir na criança ao passar a conviver em outros meios sociais. O superego nos ajuda a controlar os impulsos.
Seguindo a Psicanálise, veremos agora como Freud divide as fases do desenvolvimento humano. Segundo Freud, a criança passa por vários estágios dinamicamente diferenciados durante seus primeiros anos de vida, aproximadamente até os cinco anos, após este período a dinâmica do desenvolvimento se torna estável no chamado período de latência. Com a entrada na adolescência a evolução inicia outra vez à medida que o adolescente se torna adulto. O estágio de desenvolvimento nestes primeiros anos é definido a partir do modo que o corpo reage. As primeiras experiências desempenham um grande papel no desenvolvimento da personalidade e continuam a influenciar o comportamento mais tarde na vida.
O desenvolvimento descrito na Psicanálise embasa-se na suposição da sexualidade infantil, chamados de desenvolvimento psicossexual. Quando essas etapas psicossexuais são concluídas com êxito, uma personalidade saudável é o resultado. Se certas questões não são resolvidas na fase adequada, fixações podem ocorrer. A fixação é um persistente em um estágio psicossexual. Até o conflito seja sanado, o indivíduo continua preso nesta fase. Agora veremos brevemente cada um destes estágios.
Estágio Oral: Na fase oral, a fonte de prazer é a boca, de modo que a fixação e reflexo de sucção é extremamente importante. A boca é vital para comer e a criança obtém prazer da estimulação oral por meio de atividades gratificantes, como degustar e chupar. Com o nascimento dos dentes, passa-se então a ter prazer na mastigação e no morder. É importante destacar que esta fase ocorre quando bebê, uma fase em que a criança é totalmente dependente da mãe para sobreviver, nasce aí um sentimento de dependência. Estes sentimentos podem permanecer pela vida toda, pois houve uma fixação no processo de desmame, pois, a criança deve-se tornar menos dependente de seus pais, e o sentimento de confiança e conforto foi tirado dele abruptamente. Com isso, acreditasse que o individuo teria problemas com dependência ou agressão, e resultar em uma compulsão por bebida, comida, tabagismo e roer as unhas.
Estágio Anal: Nesta fase, o foco principal e no controle da bexiga e evacuações. Com isso, ocorre o treinamento do banheiro, a criança precisar aprender a controlar suas necessidades. A expulsão das fezes produz um sentimento de conforto e alívio. Quando a criança está sendo treinada para deixar as fraldas ela tem sua primeira experiência de gratificação na fase anal através da regulação dos impulsos intestinais. O sucesso nesta etapa é dependente da maneira como os pais se aproximam no treinamento. Os pais elogiam e dão recompensas por ter usado o banheiro corretamente, pontuando assim, os resultados positivos e ajudando a criança a se sentir capaz e produtiva. O sucesso desta fase, pode-se criar adultos competentes, produtivos e criativos. Se caso, a resposta parental for inadequada ou evasiva, pode resultar em resultados negativos. Criando uma personalidade confusa e destrutiva. Caso os pais sejam rigorosos ou começam muito cedo o treinamento, a personalidade desenvolverá um indivíduo rigoroso, ordenado, rígido e obsessivo.
Estágio Fálico: Durante o desenvolvimento da personalidade, a criança começa a descobrir as diferenças entre meninos e meninas. Surgem a partir daí o prazer da masturbação e o autoerotismo apontando para o aparecimento do Complexo de Édipo. É nesta fase que a criança passa a desejar o genitor do sexo oposto nutri um sentimento de rivalidade para com ogenitor do mesmo sexo. O medo da castração e o impedimento do incesto por parte do genitor do sexo oposto são fundamentais para a formação dos valores morais da criança no que compreende seu superego. 
Período de Latência: Após o Complexo de Édipo, a criança entra no período que não configura uma fase em si, mais preocupa-se com a relação que tem com seus colegas, hobbies e outros interesses. O que compreende um intervalo no desenvolvimento psicossexual, onde iniciam-se as atividades escolares por volta dos seis anos de idade até o início da adolescência. 
O período de latência é um tempo de exploração em que a energia sexual ainda está presente, mas criança passa a canalizar todas as suas energias para as atividades acadêmicas e interações sociais. Esta etapa é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação e autoconfiança.
Estágio Genital: Durante estágio o indivíduo desenvolve um forte interesse sexual no sexo oposto. Esta fase ocorre na puberdade, onde ocorrem as descobertas corporais através da masturbação e o auto amor narcisista, mas passa por todo o resto da vida de uma pessoa. O foco é exclusivamente nas necessidades individuais, porém o interesse pelo bem-estar dos outros cresce durante esta fase. Se as etapas anteriores foram concluídas com sucesso, o individuo deve agora se bem equilibrado, terno e carinhoso. Esta fase tem o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre as diversas áreas da vida.
O desenvolvimento psicossexual é bastante complexo, porém compreender os aspectos pertinentes do desenvolvimento e do psiquismo humano é um direcionador para o ambiente escolar e principalmente os educadores, que com certeza será capaz de identificar conflitos que podem estar influenciando no processo de desenvolvimento escolar da criança. Entender a mente humana, possibilita entender a natureza do ser humano e de seu espirito. 
De acordo com Kupfer (1989) Freud pensava que a educação era uma incumbência quase que improvável de realizar, pois para ele para bem educar é imprescindível que o educador entre em contato com a própria infância, porém para os psicanalistas, está infância não está mais disponível, pois foram todos reprimidos e aperfeiçoados. Estes dois mecanismos de defesa por sua vez têm a função de proteger o ego de possíveis ameaças e angústias que existem junto destas lembranças. 
Deste modo, Freud indica que todos educadores sejam orientados psicanaliticamente, de modo que busque em seu educando, o ideal equilíbrio entre o prazer próprio, o prazer inerente e a convivência em sociedade, a censura e a sublimação destas pulsões. A Educação necessita de educadores com estas características, que não usassem e não abusassem do seu poder na sala de aula para, para poder identificar os casos dentro da sala de aula, e ajudasse ao aluno a passar por esta fase tão delicada que é a do processo de desenvolvimento.
4. A Sexualidade Infantil
Freud, em 1905, publicou o artigo, “Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, no qual pela primeira vez explicou a sua hipótese de que a sexualidade não aparece no ser humano no início da adolescência, como se acreditava. Está presente desde o nascimento da criança, orientando e influenciando todo o seu desenvolvimento e a sua forma de se relacionar com o mundo. Esta revelação até hoje é considerada controversa por muitas pessoas, pois crerem acreditar numa infância pura e ingênua, bem diferente da que Freud descreveu. No entanto, uma ressalva muito significativa se faz imprescindível: para a Psicanálise, a sexualidade é um conceito que não se restringe a busca da união sexual com um parceiro, está relacionado muito mais às sensações de satisfação tiradas do próprio corpo, que se registram a partir da nossa relação com o outro e que podem ser justamente considerados como pioneiros de toda evolução posterior da sexualidade. Assim, compreende-se a sexualidade infantil, com determinadas partes do corpo podem proporcionar, as quais são descobertas na convivência com aqueles adultos que são responsáveis por nos constituir como sujeitos. Freud rompeu com a imagem da criança inocente, que não possui sexualidade. Ele mapeou o desenvolvimento em diferentes fases, cada uma dando ênfase ao prazer em uma região do corpo. A primeira delas é a fase oral, que vai até os 2 anos e em que os pequenos concentram na boca a maior estimulo e onde o prazer está em mamar no seio ou na mamadeira, chupar chupeta etc. Em seguida, passa-se à fase anal (em torno dos 3 e 4 anos), quando a criança ganha controle sobre os esfíncteres e passa pelo processo de largar as fraldas. Nesse momento, o prazer está em ir ao banheiro sozinho, fazendo do ânus uma região de prazer. Depois os pequenos descobrem o prazer genital e investem no autoconhecimento do próprio órgão sexual. Esta fase ocorre entre os 3 e os 5 anos e, depois dele, dá início ao período de latência, onde as questões referentes a sexualidade e ficam em segundo plano nas agitações da infância até a puberdade. Embora não tenha sido superada, essa divisão em etapas é hoje relativizada pelos especialistas. 
É também durante a Educação Infantil que os pequenos começam a se perguntar sobre a origem dos bebês, como eles chegam a barriga? Se a cegonha trouxe? Ou o papai colocou a sementinha pelo umbigo da mamãe? Os caminhos para resolver essas questões costumam ser perguntar a um adulto ou elaborar teorias próprias com as informações que coletam das mais variadas fontes - conversas, filmes e livros, por exemplo. A fala de Emerson, que parece se contentar com a ideia de que os bebês vêm do hospital. Se uma criança questiona como os bebês nascem, falar que eles moram no hospital e que os pais foram buscá-lo, embora não esteja errado, não resolve a questão, pois podem imaginar que eles foram comprados ou pegos no local. Uma possibilidade é dizer que eles vêm da barriga da mãe, sem informar como eles chegaram lá, ou como saem de lá, somente se quiserem mais informações.
Além de explicações sobre anatomia e concepção, os pequenos vão aos poucos vão criando as próprias teorias. Aos dois anos, a criança percebe se é do sexo feminino ou masculino e, no contato com os adultos do seu convívio e pela mídia, aprende o que é ser menino ou menina em sua sociedade e, claro, tem contato com as diferenças expostas sobre eles. Os pequenos logo percebem que se espera que o homem seja alto e forte, e que a mulher seja frágil e delicada. Nesse momento, a escola tem papel fundamental. A maneira como a instituição lida com as essas diferenças entre homens e mulheres e que todos tem as mesmas oportunidades são maneiras de mostrar a respeito sobre diversidade, como o fato de a menina ser passiva e dona de casa, e o menino, destemido, o provedor da família ou mesmo autoritário. Da mesma forma, a equipe escolar tem responsabilidade em explicitar as regras da cultura em que os pequenos estão introduzidos. É preciso ter atenção, sobretudo, à distinção do que se pode fazer em público, ou quando estamos sozinhos.
Se a criança brinca sozinha com suas partes intimas em momentos pontuais e a brincadeira não causa incômodo a outras pessoas, nem a exclui de determinadas situações, não tem por que interrompê-la. No entanto, é importante pontuar para a criança que a masturbação não pode ocorrer em qualquer lugar e nem com a participação de outras pessoas, que isso é algo que tem que fazer sozinho e privado, como ir ao banheiro urinar ou defecar. Com isso, ensinando as elas o que se pode fazer em publico e o que fazemos quando estamos sozinhos.
No contexto da pesquisa sexual infantil, vale a pena ressaltar que, assim como brincar com o próprio corpo e algo que os pequenos gostam muito, a maioria das crianças manifesta o desejo de também conhecer e explorar as partes intimas de outras pessoas, querem olhar, saber como é e até mesmo tocar corpo dos mais próximos. Por este motivo, é importante que o adulto possa reconhecer nas atitudes da criança a diferença entre a curiosidade infantil que pode estar por trás do desejo de vere tocar outros corpos e a tentativa de obtenção de prazer a partir do corpo do outro.
No primeiro caso, poder das espaço e suporte para que as investigações sexuais da criança aconteçam não só é desejável, como também é essencial para seu desenvolvimento. Já quando o toque é uma tentativa de obtenção de prazer a partir do corpo de uma outra pessoa, especialmente se esta não tiver a mesma idade dela, a curiosidade extrapola o limiar do que a própria criança é capaz de lidar tanto do ponto de vista da maturidade corporal quanto do ponto de vista emocional. Nestas situações, é fundamental que o adulto intervenha evitando tal contato. Deixar a criança roçar os genitais na perna de um adulto, ou algo semelhante, por exemplo, é, mesmo que sutilmente, autorizá-la a ter prazer sexual com um adulto.
As conversas sobre sexualidade devem ocorrer naturalmente como qualquer outra que temos com as crianças, o que nem sempre é fácil. Porém, se conseguirmos nos despir dos sentidos eróticos que damos para muitas situações poderemos escutar as crianças mais tranquilamente, e assim conversar sobre suas investigações e descobertas sem tanta dificuldade.
Julgamentos e preconceitos, sempre que possível, devem ser deixados de lado para que a sexualidade não seja vista como tabu.
Cuidar do corpo é proteção e não garantia de higiene. Para isso, é preciso ensinar a criança noções de intimidade, publico e privado, até onde ela pode ir com seu próprio corpo, com o corpo do outro e o outro pode ir com o corpo dela.
É fundamental respeitar a privacidade da criança quando ela sinaliza vergonha ou outro desconforto diante de assuntos relacionados à sexualidade.
Crianças não devem ser expostas a sexualidade vivida pelo adulto, no banho, no quarto como os pais ou de irmãos mais velhos, na televisão, nas músicas e danças sensuais, dentre outros ambientes e situações. Estes estímulos geram precocidade e deixam-nas vulneráveis.
Existem limites, entre o que é espontâneo e natural para cada fase da sexualidade infantil e o que vai além, como se masturbar com muita frequência, querer ter seus genitais acariciados por outra pessoa, se interessar excessivamente por questões ligadas à sexualidade, repetir cenas sexuais de conteúdo adulto, não ter interesse nenhum pela sexualidade humana, entre outras. Estas situações merecem atenção especial.
Entre inibir as manifestações sexuais das crianças e estimular aquilo que não pertence as etapas de seu desenvolvimento um espaço gigantesco, no qual a atenção e orientação com afeto se fazem necessários, permitindo a manifestação das descobertas, da exploração, do prazer e dos sentimentos envolvidos nestes momentos de intimidade da criança para com ela mesma.
 O desafio para o professor é bastante complicado, ao mesmo tempo em que preserva a intimidade das crianças e não as culpar por manifestações de sexualidade, ele é responsável por um processo educativo que aborde valores, diferenças individuais e grupais, de costumes e de crenças. Isso é fundamental tanto na infância como na adolescência, quando a questão ressurge a todo vapor. 
Deste modo, Freud esboçou aquelas experiências inerente à história de vida de qualquer indivíduo com seus pais que poderiam ser fundamentais para registrar na mente da criança a sua relação com o corpo e com o prazer. Surge assim a sistematização das fases oral, anal, fálica e genital, isto é, as fases psicossexuais da infância. Apesar de ter uma certa organização, no decorrer do processo há uma sobreposição, uma interpenetração dessas fases. Outra consideração importante é que, como o pensamento, os órgãos dos sentidos, as sensações fisiológicas e inclusive a própria dor. No entanto, para que a compreensão dessa teoria fique mais fácil assimilar do que de fato é, seguirei uma ordem de descrição mais fluída desses estágios da sexualidade tal como geralmente se conhece. Antes, porém, considero importante apresentar um conceito essencial da psicanálise: a pulsão.
5. Pulsão
Em Psicanálise designa a tendência instintiva mais ou menos consciente que empurra e motiva as atividades de todos indivíduos. É um transtorno do equilíbrio no qual o indivíduo tende a ir adiante e a retroceder como se algo conduzisse. A Pulsão para Freud, é a força constante que atua durante todo o tempo, distingue-se do instinto, por este ser ligado a determinadas categorias de comportamentos preestabelecidos e realizados de maneira estereotípica, enquanto aquela refere-se a uma fonte de energia psíquica não peculiar, que pode conduzir a comportamentos diversos. Na obra de Freud muitos autores, interpretavam como um termo da palavra instinto. No entanto, na Biologia, instinto diz respeito a um resultado da natureza que orienta os animais a terem comportamentos invariáveis para defender a sobrevivência das espécies. Então a palavra pulsão surge para atender a essa diferença, e pode ser compreendida como a força que move o ser humano. As nossas necessidades rapidamente dão lugar ao desejo, fundado por meio da linguagem, na inter-relação com os outros. 
A pulsão, mais especificamente, é um quantum de energia interna que brota em uma parte do corpo e é representada através de uma idéia na mente do indivíduo, por isso é entendida como o limite entre o psíquico e o somático. Ela produz uma tensão constante e crescente que nos pressiona a atender essa força nos alivia do desprazer que ela provoca e assim obter alívio. A fome, o sexo, a agressividade, a sede, a curiosidade são exemplos de pulsões. É em razão disso que Dunker (2008, p.17) afirma que “o processo de constituição psíquica passa necessariamente pelo corpo”. Freud, explica que, as Pulsões se compõem de uma fonte que é a zona do corpo, boca e anus, de onde aparece ou brota a Pulsão. Com isso, Freud fala que a Pulsão é a magnitude da excitação colocada em jogo pelo movimento de pulsão ou de carga. O autor usava como base para essas pulsões a de atração e repulsão, também presente na matéria. Todas as outras pulsões desejos, sonhos, enfim, todos os diferentes tipos de impulsos interiores que guiam a ação do indivíduo, são vistas como frutos da combinação daquelas duas pulsões. Pois a finalidade da Pulsão, declara que se constitui pela satisfação, que sempre se realiza e que acontece na própria fonte. As pulsões são energia psíquica que se acumula no interior do indivíduo, gerando uma tensão que exige ser descarregada. O objetivo do indivíduo seria, assim, atingir um baixo nível de tensão interna. Com esse processo de descarga de tensões psíquicas, as três estruturas da mente id, ego e superego desempenham um papel essencial, determinando em que área essa descarga se manifestará. Todos os processos desenvolvem-se inconscientemente.
A probabilidade do comportamento humano ser guiado apenas pela necessidade de reduzir a tensão gerada pelas pulsões é considerada antiquada pela pesquisa vividas, uma vez que a falta de estímulos leva o indivíduo a buscá-los assiduamente, aumentando assim a tensão interna. A teoria de Freud, nesse meio tempo, deixou um prestigio duradouro sobre a pesquisa da motivação sobretudo sob dois aspectos, o conceito de projeção sobre que os desejos inconscientes são capazes de modificar a percepção consciente e a ideia de que os objetivos perseguidos pelo comportamento humano não são necessariamente conscientes.
Já é possível imaginar, que as formas que os seres humanos encontram para atender às pulsões são as mais variadas possíveis bem diferente da característica do instinto, que conduz os animais a buscarem sempre as mesmas formas de satisfações. Isto é, podemos liberar uma energia agressiva tanto xingando, batendo em uma pessoa, destruindo um objeto ou praticando uma atividade física. Tudo depende de qual é a pulsão em questão, da quantidade de energia que ela está empregando sobre o psiquismo e do grau de maturidade do indivíduo, que vai permiti-lo conciliar a realização dos seus desejos com adequação à realidade externa.
Logo, as pulsões sexuais, por não ser imprescindíveis para amanutenção da vida que não influência na ordem do desejo, permitem meios de gratificação mais flexíveis do que as pulsões de auto conservação (como a fome e a sede). Essa compreensão é imprescindível para entender como se expressa a sexualidade infantil.
A criança não está ainda preparada para gerar outro ser humano, isto só irá acontecer na adolescência. Portanto, não faz sentido pensar em sexo e procriação quando falamos em satisfazer as pulsões sexuais durante a infância. O que acontece é que essas pulsões estão presentes desde o início da vida, e cada uma delas são como fitas que a criança vai trançando durante o seu desenvolvimento através da relação com os outros. Posteriormente, a forma como foram conectadas, essas fitas irão resolver o jeito como ela vai viver sua sexualidade na fase adulta. Exibir-se, ver os outros em situações íntimas, dominar pessoas e objetos, manipular os órgãos genitais, mover-se com ritmo são algumas expressões das pulsões sexuais.
Cabe evidenciar que, além de serem variáveis na maneira que o indivíduo encontra para satisfazê-las, na infância essa flexibilidade é ainda maior, e está fortemente pautada pela vida de imaginação. Assim, as pulsões sexuais são auto eróticas, ou seja, a criança obtém prazer em sim mesma.
6. As fases pré-edípicas
Na primeira fase do desenvolvimento sexual, a fase oral, o vínculo da criança com a sua mãe está organizado fundamentalmente por intermédio do seio ou, mais precisamente, da alimentação. Logo, os lábios, através do ato de sugar, e mais adiante lamber, morder, gritar, balbuciar serão as zonas do corpo que ficaram mais em evidência nesta fase, por isso falamos aqui de pulsões orais. Assim, nesta fase, é na verdade um simbolismo do que representa a satisfação e a saciedade que se estende, portanto para todos os órgãos que possibilitam ao bebê introduzir para dentro de si o mundo externo: os olhos, os ouvidos, o nariz, a pele. Podemos dizer que, nesta fase inicial, a criança digere tudo que está a sua volta, o qual se restringe essencialmente à mãe a fim de alimentar e preencher seu psiquismo.
Este é um momento de total dependência do neném pelos seus cuidadores, na qual tudo o que ele percebe são sensações. Essas sensações físicas são, desconhecidas e inomináveis, e por isso mesmo ameaçadoras, uma vez que o bebê ainda não é capaz de discriminar o que é um estímulo interno ou externo, pois os limites do seu corpo estão indefinidos. A mãe terá como função alimentar, acalmar, brincar, sustentar e estruturar esse novo indivíduo, mapeando suas partes através dos cuidados, decodificando e traduzindo para seu filho todos os sinais que ele dá a ela, para que possa satisfazer suas necessidades do dia-a-dia, até que ele tenha condições de reconhecer por si esses sinais e seja independente o suficiente para buscar aquilo que precisa, o que no ser humano demore alguns anos para conseguir essa independência.
Mas o momento da mamada, em especial, é acompanho geralmente de grande segurança, aconchego, calor humano, produz uma enorme proteção ao bebê. Todo aquele que teve a oportunidade de observar a rosto de uma criança após saciar-se com uma mamada. O desejo de repetir esta experiência prazerosa dá origem aos atos de chupar o dedo ou chupeta na infância. Na vida adulta, esse prazer é reencontrado no beijo, na bebida, no cigarro e/ou na apreciação dos sabores.
Logo nos meses iniciais, a vida afetiva do recém-nascido é rodeada pela satisfação e insatisfação, mas não ainda do conflito amor e ódio, pois não teve ainda o reconhecimento consciente das pessoas que o cercam e por isso não se fundamentou em um determinado momento, um sentimento dito sobre a realidade externa. Contudo, por volta dos 6 meses, quando nascem geralmente os primeiros dentes, o neném já é capaz de focar a atenção, memorizar rostos e ações que ocorrem a sua volta, e por isso espera que os cuidadores correspondam aos seus desejos. Assim, a criança experimenta sentimentos de gratificação quando é atendida, e de frustração quando não o é. As mordidas aparecem neste período, pois dão vazão às pulsões de agressividade e de amor experimentadas pelo bebê, que são acompanhadas de imaginações fantasiosas, respectivamente, de destruição e de incorporação dos objetos. Observa-se, portanto, que a boca é a forma que a criança encontra para se relacionar com o mundo em seus vários aspectos, uma vez que esta é a parte do corpo de maior domínio nesta etapa. É através da boca, que a criança faz o contato inicial e conhece os objetos, sendo por isso denominado esse período de fase oral. A partir de dois ou três anos, a criança tem uma noção clara de que ele e sua mãe são pessoas diferentes e com desejos mais diferentes ainda. E o que favorece essa compreensão não é somente a maturação neurológica, mas a capacidade de locomoção da criança, que a permite exercitar a aproximação e o distanciamento da mãe. Também descobrem que gesto de negação, que a necessidade de experimentar alguma autonomia nas coisas que quer fazer. Começa a ter uma maior consciência de seu corpo e de suas necessidades fisiológicas, ingressando a criança, em decorrência desses avanços, na fase anal. Deste modo, essa etapa caracteriza-se pelos primeiros movimentos de independência do bebê. Até então, ele era bastante passivo aos cuidados dos pais, agora, no entanto, começa a tornar-se muito mais ativo nesta relação e isso é motivo de grande deleite. Além disso, a higiene dos genitais gera prazer em função da estimulação das mucosas, ocorrida durante este ato, o que mobiliza o investimento da zona anal. Contudo, esta fase não foi estruturada por Freud só em função deste gozo concreto. O controle dos esfíncteres traz enorme satisfação pelo domínio adquirido sobre o próprio corpo, domínio esse que a criança procura estender para o mundo externo, pois ela percebe que os adultos se preocupam fortemente com o conteúdo de seu intestino. Logo, o infante descobre que pode controlar e mobilizar o ambiente experimentando uma postura ativa, o que lhe causa grande excitação. Compreende-se assim que as fezes são simbolizadas pelo infante como o seu primeiro objeto de posse, não só porque é algo de seu comando exclusivo. Mas também porque ele. A retenção e expulsão das fezes também são investidas pela sensação de alívio subjacente ao desconforto causado ao prender o intestino.
Isso é visivelmente buscado por algumas crianças, principalmente quando evitam a defecação até que a “acumulação produza contrações musculares violentas, de modo a provocar uma forte excitação da mucosa, ao passar pelo ânus” (FREUD, 1905, p.175). Essas características da fase anal produzem formas de relacionamento muito
particulares sobretudo com os pais que irão permear a dinâmica de todos os relacionamentos posteriores. É a afamada fase da pirraça, na qual as crianças testam fortemente seus limites. Observamos presentes nesta etapa, principalmente, as seguintes pulsões ambivalentes: de domínio; referentes ao sadismo prazer no sofrimento alheio; e de passividade; relacionada ao masoquismo satisfação com o próprio desprazer. Deste modo, a capacidade de controlar os esfíncteres insere o infante na experiência da antítese atividade x passividade.
Com efeito, existem outros pares opostos que se organizam em derredor do ativo-passivo, por exemplo, bom-mau, lindo-feio, e, sobretudo, grande-pequeno. Deste último, procede um conjunto de fantasias subjacentes à estrutura dos jogos infantis neste período: médico-paciente, herói que supera perigos na selva, chefe de um exército imaginário. Assim, a forma como são administradas essas pulsões inscreve nas pessoas estilos de personalidades mais introvertidas ou extrovertidas, egoístas ou solidárias, contidas ou “explosivas”, econômicas ou esbanjadoras, controladoras ou relaxadas. O caráter erótico dessas pulsões aparece também em maior ou menor grau na vida sexual dos adultos através do sadismo ou masoquismo, seja moral ou físico.
O estágio fálico, por sua vez, andaem paralelo com o Complexo de Édipo e surge quando o conflito da fase anal deixa de ser foco de investimento e prioridade na vida do infante, sendo as pulsões das fases antecedentes integradas às novas que se impõem. Assim, o prazer proveniente do controle uretral, da micção e da higiene íntima ganha uma nova dimensão, pois na tentativa de reativar essas sensações, a criança descobre a masturbação. Os órgãos genitais constituem-se então na principal zona erógena desta etapa.
Por ser mais uma satisfação auto erótica que pode ser extraída do próprio corpo, a masturbação é adotada como uma prática comum tanto para os meninos como para as meninas nesta fase. Mais uma vez, isto tudo não acontece só pelo caráter concreto do prazer adjacente à estimulação das mucosas das zonas erógenas.
Assim sendo, o investimento nos genitais, ao lado da curiosidade sexual característica desta fase, leva os infantes a uma angustiante descoberta: nem todas as pessoas são iguais, existem diferenças entre os meninos e as meninas e esta diferença está pautada sobre algo que falta a um desses sexos: o pênis, ou melhor, o falo.
O falo seria o símbolo que confere potência e unidade ao sujeito. O pênis é, portanto, um falo porque representa culturalmente a força e a virilidade própria dos homens. Assim, no imaginário infantil, ter um pênis significa ser completo. Deste modo, a vida psíquica do infante será agora permeada pelas teorias formuladas para dar conta da enorme decepção causada por essa percepção. Obviamente as crianças sabe distinguir desde cedo homens e mulheres, mas esta identificação esta pautada em elementos perceptuais e culturais facilmente enganadores, tais como vestimenta, adereços, cumprimento do cabelo e comportamentos de gênero. Porém, a compreensão de um órgão sexual masculino e outro feminino inerente à natureza ainda não foi conquistada. Com a constatação da diferença entre os sexos, o menino passa a temer a perda do seu pênis e a menina a buscar explicações para àquilo que lhe falta, originando o sentimento que Freud denominou de angústia de castração. Este registro psíquico representa na realidade um insight da criança sobre seus próprios limites como ser humano, sendo outro significado à luz de todas as perdas anteriores sofridas em decorrência do seu desenvolvimento.
Para suportar essa angústia, o primeiro movimento das crianças é o de recusa da realidade, de negação das diferenças. Assim, os meninos acreditarão que as mulheres na verdade têm pênis, mas algumas foram castradas; e as meninas esperarão pelo momento em que seu pênis, ainda minúsculo, irá crescer. Isso dá às crianças a segurança anterior proporcionada pela ilusão criada pelos pais de serem perfeitas, onipotentes e completas, ou seja, o próprio falo. Somente tempos depois, através da tentativa de solucionar os enigmas da gravidez e do nascimento, temas sobre os quais as crianças assumem o papel de verdadeiros pesquisadores, será possível a elas entender que sua própria origem está diretamente relacionada com a função desta diferença entre os sexos.
Antes de chegar a esta conclusão, porém, teorias sobre a gestação e o parto são elaboradas, e algumas são bastante comuns à maioria dos infantes. Por exemplo: a de que os bebês são fundados a partir da ingestão de algum alimento, ou do beijo, ou após a exibição dos genitais e até mesmo através do ato de um parceiro urinar ou defecar no outro. O comum a todas as fantasias é que elas desconsideram a necessidade de haver duas pessoas de sexos opostos. Com relação ao nascimento, comumente escutamos os pequenos imaginarem que ele ocorra através do ânus ou da abertura do umbigo. Percebe-se que todas estas teorias são fortemente influenciadas pelos resquícios das fases oral e anal. Por este motivo, esclarecimentos científicos por parte dos adultos não serão suficientes para as crianças abandonares suas hipóteses. Para encontrarem respostas a suas perguntas filosóficas, os pequenos investigam estátuas, animais, objetos, plantas, tudo o que possa contribuir para uma classificação das coisas na tentativa de reinstalar o equilíbrio anterior à constatação das diferenças. É a famosa “fase dos porquês”, em que procuram responder na verdade a duas questões fundamentais nesta etapa: De onde viemos e para onde vamos? Ou: Porque nascemos e porque morremos?
Tendo em vista, entende que toda atenção da criança em torno da sexualidade humana é na verdade um questionamento sobre a própria identidade do infante e sua posição no mundo (KUPFER, 1989).
6. 1. Complexo de Édipo
O Complexo de Édipo é de extrema importância para a formação da personalidade da criança. De acordo com Gomes (1998) Freud foi a primeira pessoa a dar seriedade ao mito do Édipo, que havia sido descoberto há 2400 anos atrás pelos gregos. Édipo é um personagem da mitologia grega, famosos por matar o pai e casa-se com a própria mãe. Segundo a lenda, Laio, o reio de Tebas havia sido alertado pelo Oraculo de Delfos que uma maldição iria se concretizar: seu próprio filho o mataria e que este filho se casaria com a própria mãe. Por esse motivo, ao nascer Édipo, Laio abandonou-o no monte Citerão pregando um prego em cada pé para tentar mata-lo. O menino foi recolhido mais tarde por um pastor e batizou-o como Edipodos, o de pés-furados, que foi adotado depois pelo rei de Corinto e voltou a Delfos. 
Édipo consulta o Oraculo que lhe dá a mesma previsão dada a Laio, que mataria seu pai e desposaria sua mãe. Achando se tratar de seus pais adotivos, ele foge de Corinto.
No caminho, Édipo encontrou um homem e sem saber que era seu pai o matou, pois Laio o mandou sair de sua frente. Depois de derrotar o homem casa-se com a sua mulher, não sabendo que era também a sua mãe biológica.
Após derrotar a Esfinge que aterrorizava Tebas, que lançará um desafio “Qual é o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?”. Édipo conseguiu desvendar. “O amanhecer é a criança engatinhando, entardecer é a fase adulta, que usamos ambas as pernas, e o anoitecer e a velhice que usa a bengala”.
Conseguindo derrotar o monstro, ele seguiu a sua cidade natal e casou-se, “por acaso”, (já que ele pensava que aqueles que o haviam criado eram seus pais biológicos) e com sua mãe, com quem teve quatro filhos. Quando da consulta do oraculo, por ocasião de uma peste, Jocasta e Édipo descobrem que são mãe e filho, ela comete suicídio e ele fura os próprios olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a própria mãe.
A primeira definição feita por Freud era o fato de o filho sentir ciúmes da mãe com o pai, conferindo ao Complexo de Édipo um caráter de universalidade. 
É durante a fase fálica, no período da vida de cerca de dois anos e meio a seis anos, que segundo Brenner (1987) se constitui a fase edipiana. As relações de objeto que abrangem o complexo edipiano são importantes tanto para o desenvolvimento mental normal quanto para o patológico. Freud em seus estudos clínicos descobriu que no inconsciente dos pacientes neuróticos se manifestavam fantasias de incesto com o genitor do sexo oposto, ligadas ao ciúme e à raiva homicida contra o genitor do mesmo sexo. Ele fez então uma analogia com a lenda grega de Édipo, denominando assim está constelação também em pessoas normais.
A criança aprende a pensar na vida sexual dos pais, e se pergunta porque o pai e a mãe se fecham no quarto, porque ele não dorme mais com os pais. Enquanto sua mente ainda muito infantil fica fantasiando sobre o que acontece. A criança pode não conhecer o relacionamento sexual, mas em sua fantasia acredita que alguma coisa boa acontece com a mãe, que lhe é proibido, e está sendo realizada pelo pai. Para Brenner (1987) no início do período edipiano a criança, menino ou menina, mantém com a mãe sua relação mais forte de objeto. Com isso, desenvolve-se o desejo de ser o único centro do seu amor e admiração, o que se estabelece ao desejo de ser como o pai. Esta fase é igualmente para ambos. Paralelamente aos desejos sexuais pela mãe e ao desejo de ser o único objeto de seu amor, surgemos desejos de morte ou desaparecimento de quaisquer rivais, ou seja, o pai e os irmãos, pois desejam exclusividade com genitor. A partir daí começa então a se diferenciar o complexo edipiano no menino e na menina.
O menino teme que em consequência de seus desejos pela mãe, perca seu pênis. O que segundo Brenner (1987) de acordo com os psicanalistas é chamado de castração. A criança passa a observar pessoas reais que não possuem pênis, isto é, meninas e mulheres, e acaba convencendo-se de que a castração é a verdadeira possibilidade. A postura mais agressiva e viril do menino também é uma tentativa de se igualar ao seu pai, já que ele é o modelo de homem por quem sua mãe se sente atraída. Esses conflitos farão com que a criança reprima seus desejos edipianos no inconsciente. O menino passa a ter uma raiva ciumenta contra a mãe, por ter se sentido rejeitado por ela, assim desperta um desejo de livrar-se dela e de ser amado pelo pai, em seu lugar. Provocando assim, o medo da castração, depois que descobre que ser mulher é não ter pênis, reprimindo então seus desejos.
Outro aspecto importante nesta fase que precisa ser mencionado é a questão da masturbação genital, que constitui a atividade sexual da criança. Segundo Brenner (1987 p.124) “tanto a atividade masturbatória quanto as fantasias que a acompanham substituem em grande parte a expressão direta dos impulsos sexuais e agressivos em relação aos pais.” Ao terminar a fase edipiana a masturbação é abandonada, ou bastante diminuída, e só volta a aparecer na puberdade. As fantasias edipianas são reprimidas, mas alguns aspectos disfarçados da mesma subsistem na consciência, como os devaneios familiares da infância, e passam a exercem uma influência em quase todos os aspectos da vida mental: sobre a atividade criadora, artística, vocacional, entre outras que são sublimadas; sobre a formação do caráter e sobre quaisquer sintomas neuróticos que se possam manifestar no indivíduo.
Além de todas estas influências que o Complexo de Édipo exerce sobre a vida futura do indivíduo, Brenner (1987) fala sobre a formação superego, a terceira do grupo de funções mentais que Freud denominou como hipótese estrutural do aparelho psíquico. O superego é responsável pelas funções morais da personalidade, ou seja, a consciência incluindo a aprovação e desaprovação de ações e desejos baseados na retidão, auto-observação crítica, a autopunição, exigência de reparação e arrependimento por haver agido mal, autoelogio como recompensa por ações virtuosas. O núcleo verdadeiro das proibições do superego é constituído pela exigência de que a criança repudie os desejos e sentimentos incestuosos que acompanharam o Complexo de Édipo. Surgem a partir daí as identificações com os pais onde os desejos e os medos da punição são transformados quando a criança percebe que para ser amada precisa ser igual a eles. 
Essa identificação tão útil para um desenvolvimento adequado só resolve um primeiro momento da angústia. Torna-se indispensável renunciar o elemento motor do conflito, a atração pela mãe. Reprimir o amor pela mãe significa reprimir a sexualidade. A energia presente na atração sexual pela mãe fica com a repressão, fica sem forças para se realizar. Assim o amor sexual pela mãe é sublimado para outros tipos de atividades. Essa repressão possui duas consequências evolutivas: propicia a sublimação e a entrada no período de latência e cristaliza a constituição do superego.
A qualidade dos vínculos criados no convívio familiar na infância estabelece um padrão de relacionamento na mente do indivíduo proporcionando-o a repetir e recriar, ao longo de sua vida, em diversas circunstâncias. Este modelo infantil de relação culmina por ocasião do casamento quando melhor do que em qualquer outro momento, a pessoa, tem a oportunidade de se tornar protagonista da admirada, invejada e excludente relação dos pais. Portanto, a boa resolução da situação edípica é de extrema importância para que os relacionamentos da infância sejam substituídos por escolhas adequadas na vida adulta.
6. 2. Complexo de Electra
O Complexo de Electra é uma fase do desenvolvimento psicossexual das crianças do sexo feminino, de acordo com a psicanálise. Consiste na etapa em que a filha passa a se sentir atraída pelo próprio pai, disputando com a mãe a atenção deste homem. O termo complexo de Electra é usado na psicanálise como a contrapartida feminina do complexo de Édipo, para designar o desejo da filha pelo pai. O termo foi proposto por Jung - contudo, Freud, por sua vez, prefere usar o termo complexo de Édipo em ambos os casos, sem fazer distinção.
Electra, na mitologia grega, era filha de Agamêmnon e Clitemnestra, irmã de Orestes, Crisotemi e Ifigênia. É a personagem principal de uma peça homónima de Sófocles e de outra por Eurípides, além da paródia de Esquilo.
Amargurada e impulsiva, Electra, levada mais pela fúria do que pela maldade, induziu seu irmão Orestes a assassinar sua mãe, vingando a morte de seu pai, arquitetada por Clitemnestra. Esse seria um ato do qual ambos se arrependeriam, pois, antes de sua morte, a rainha havia dito que amava os filhos, e que tratava-a mal para que Egisto, seu amante e também inimigo e assassino de Agamêmnon, não desconfiasse de seus sentimentos pela filha, e, assim, não fizesse mal a esta. A princesa não se deixando levar pela compaixão, a mata sangrentamente. Mais tarde, Electra desposa Pílades, amigo de Orestes e seu primo, o filho primogênito do rei Estrófio. No menino a angústia de castração é um forte motivo que o leva a abandonar os investimentos eróticos com relação a sua mãe, resolvendo assim o drama edípico e entrando na latência. Na menina, ao contrário, a angústia frente à constatação de que não possui um pênis é que a faz entrar no Complexo de Édipo. Isto decorre de uma diferença fundamental entre o Édipo dos meninos e das meninas, que o torna virtualmente mais complexo. O garoto, desde o nascimento, teve a mãe como seu primeiro objeto amoroso, portanto esteve sempre direcionado para a triangulação edípica clássica. A menina, quando se dá conta de que não será capaz de possuir aquilo que deseja, isto é, um pênis, sente-se inferiorizada e injustiçada, como se a tivessem privado de ser uma pessoa completa. E perceber que lhe falta algo é justamente o que a faz repelir a mãe e investir no pai. Assim, a garota volta-se para a sedução do pai, o possuidor deste falo. Ela passa também a imitar a mãe com o objetivo de conquistar o amor e a admiração do pai na expectativa de que ele possa gratificá-la e lhe dar o que a mãe não pôde: um falo. É interessante sublinhar que um dos aspectos fálicos do pai é representado inclusive pelo poder de seduzir sua mãe e dar lhe bebês. Assim, frente à constatação de que o pênis é mais uma das diversas renúncias que a menina precisará fazer para seguir em seu desenvolvimento (visto que ela já perdeu o direito sobre o seio materno, suas fezes, o colo...). Como no menino, o temor de ser castrada se dissolve no momento em que ela percebe que não há mais o que ser perdido, a angústia de castração na menina não se constitui como uma ameaça que possa dissuadi-la das manobras de sedução com relação ao seu pai. Assim, a saída do Édipo é mais lenta na garota.
7. Considerações Finais
A obra de Sigmund Freud, é centrada inicialmente na terapia de doenças como, histeria e neurose, também veio contribuir em muito na área pedagógica, pois o ato de educar está intimamente relacionado com o desenvolvimento humano, a observação do comportamento dentro da sala de aula, para poder ajudar as crianças no seu desenvolvimento pleno, especialmente do aparelho psíquico.
Através das reflexões alcançadas pela teoria freudiana, podemos entender melhor o desenvolvimento emocional e mental, pois o ser humano constitui-se como um todo, razão e emoção.
As maiores contribuições da Psicanálise com a Educação em geral se dão através do estudo do funcionamentodo aparelho psíquico e dos processos mentais, onde ocorre a aprendizagem, do estudo dos vários tipos de pensamento, da aprendizagem através dos processos de identificação e dos processos de transferência que ocorrem na relação professor- aluno. Segundo Freud, os estudos psicanalíticos devem direcionar-se mais a auxiliar o educador na difícil tarefa de educar, missão quase impossível de ser realizada plenamente, pois o ser humano vive numa constante luta entre suas forças internas, regidas pelo princípio do prazer (id) e as forças externas que impõem juízos de valor (superego) sobre esses desejos. O educador precisa ajudar o educando a buscar esse equilíbrio na construção do eu (ego) para que a aprendizagem possa ocorrer de forma eficaz. O educador estando preparado e tendo conhecimento psicanalítico para avaliar essas situação dentro da sala de aula, pode revelando com isso possuir no ser humano, vários tipos de pensamento (prático, cogitativo e crítico), a teoria freudiana lembra ainda a importância que a escola poder proporcionar o desenvolvimento de todas as suas dimensões, alargando assim a capacidade de o sujeito buscar alternativas por si próprias e desenvolva o prazer de aprender. Uma grande contribuição diz respeito à aprendizagem por identificação, pois mostra que através de modelos de pessoas que lhes foram significativas o ser humano motiva-se no sentido de equiparar a elas sua autoimagem. Destacando também a importância da relação professor-aluno.
Tornando necessário ao professor saber sintonizar-se emocionalmente com seus alunos, pois depende muito desse relacionamento, dessa empatia, estabelecer um clima favorável à aprendizagem. Os estudos psicanalíticos revelam que o ser humano transfere situações vivenciadas anteriormente, bem como demonstra resistências a experiências uma vez reprimidas.
As teorias freudianas podem ser aplicadas ainda em nossos dias na Educação. Cada vez mais é preciso revê-las para entender como se processa o desenvolvimento do aluno tanto emocional quanto mental. Ainda temos uma educação que infelizmente trata os alunos como iguais, usando metodologias ultrapassadas, que ignoram as diferenças e o professor muitas vezes não conseguem analisar mais profundamente os porquês de determinados fracassos escolares, que certamente estão ligados a problemas emocionais ou a metodologias equivocadas que não respeitam a forma de construção do pensamento e as etapas evolutivas do educando. Compreender os comportamentos e as reações dos alunos nos momentos que requer sensibilidade e atenção, determina postura de observação e interferência continua do educando.
Conhecer as fases do desenvolvimento psicossocial, ajuda ao educador a identificar em que fase o aluno se encontra e como podemos trabalhar como o aluno, diante de tamanha angustia que se encontra. Ensinando limites, sem censurar as atitudes do mesmo, podemos ajudar no seu desenvolvimento, ensinando sobre diversidade, respeito com o próximo e consciência do próprio corpo. Seus limites e os limites dos outros.
Nesta fase, também podemos observar que essas mudanças podem atrapalhar em seu desenvolvimento escolar, e com isso, tentar avaliar melhor a situação do aluno. Muitas vezes, essa dificuldade do aluno em concentrar-se na escola, estão ligadas, mesmo que superficialmente, como o desenvolvimento psicossexual, dividido em fases, Oral, Anal, Fálica, Latência e Genital. Cada, uma delas, agi de modo diferente. Fase Oral, o foco e na boca, morder, chupar dedo, mamar, esses são os conflitos que encontramos com criança que foram tiradas abruptamente dos seios. Onde elas sentiam-se acolhidas e amadas. Fase Anal, quando a criança esta na fase de sair das fraldas, e são envergonhadas por fazerem na cama ainda, crescem agressivos e ordenados. Fase Fálica, quando a criança descobre os órgãos genitais, onde são desenvolvidos o Complexo de Édipo e Electra, onde começam a se masturbarem. Essa fase, temos que ficar atentos, pois a masturbação nessa fase pode ser natural, ou pede para outra pessoa a tocar. Ensinamos limites, com o corpo e com as pessoas, que para se masturbarem precisam estar sozinhos e não em público. Fase Latência e a época que a criança ingressa na escola e um tempo de exploração do novo. E a energia sexual ainda está lá, mas é canalizada para atividades intelectuais e interação social. O desenvolvimento nesta fase é muito importante, pois criasse habilidades sociais e de comunicação e autoconfiança. Fase Genital, e fase que o individuo tem um forte interesse sexual, fase que começa na puberdade e vai até o resto da vida.
O Complexo de Édipo é um fenômeno que pode ocorrer de três formas diferentes: na infância, na adolescência e na idade adulta. Em cada um desses períodos o Complexo de Édipo se apresenta de uma determinada forma. O complexo começa a se manifestar quando o menino começa a manifestar de forma exagerada a preferência pela mãe. O menino passa a desejar que a mãe exista somente para ele, torna-se ciumento em relação ao pai e faz tudo para eliminá-lo de sua convivência com a mãe. Ao mesmo tempo, ou posteriormente, sente-se culpado de uma falta grave, experimenta remorsos em relação ao pai. A mesma coisa acontece com a menina: ela passa a desejar o pai e a repelir a mãe. Nesse caso o nome que se dá ao complexo é o de Complexo de Electra.
O fato de que as crianças sejam capazes de ter sentimentos amorosos em relação a seus pais não constitui motivo de espanto para nós, pois já sabemos que as crianças têm vida sexual e o seu sexo não se manifesta de forma genital. Freud afirma, além disso, que o Complexo de Édipo não só é normal, como inclusive ele aparece e depois desaparece normalmente durante a infância. Com o simples passar do tempo o complexo vai se dissolvendo e surge em seu lugar um perfeito equilíbrio nas relações entre pais e filhos. Quando a evolução é normal, as coisas se passam mais ou menos da seguinte forma:
*O menino se liga a sua mãe por meio dos cuidados, as atenções e os carinhos maternais. Com o tempo ele passa a querer sua mãe só para si: deseja possuí-la totalmente.
*Depois ele descobre a importância do pai. Percebe que não é só ele que ama sua mãe. O pai também a ama e por isso torna-se seu rival. 
*O menino deseja casar com sua mãe, deseja possuí-la completamente só para si, sem interferência do pai.
*Como ela já tem um marido, o menino deseja eliminar aquele rival importuno. Luta para conseguir isso, mas evidentemente não pode vencer o pai, pois esse é muito mais poderoso do que ele. O jeito que encontra para se vingar é o de tornar-se agressivo, cínico, desobediente entre outros.
*Com o tempo, o menino muda sua maneira de amar. Em vez de querer a mãe só para si, ele passa daqui por diante a uma nova tendência: deseja proteger a mãe, tenta envolvê-la com o manto protetor contra o que possa vir contra ela. Não permite que ninguém a magoe.
*Nessa fase, continua em competição com o pai, mas já agora admirando as qualidades do pai. Passa a imitá-lo, deseja igualar-se a ele e tornar-se mais importante
do que ele. A essa altura, o menino já está “bancando o homenzinho”.
*Ao se tornando adulto, o menino vai se tornando independente, vai se desligando pouco a pouco da mãe. Na medida em que sua personalidade viril vai se firmando, ele
deixa de competir com o pai e começa a tratá-lo normalmente.
*Como um adulto normal, ele passa a se interessar pelas outras mulheres. Um belo dia se casa normalmente, sem que o Complexo de Édipo tivesse deixado qualquer marca mais profunda em sua personalidade.
Às vezes pode ocorrer, por algum motivo determinados fatores que impedem esse desenvolvimento normal, aí as consequências podem ser bastante dolorosas. Dependendo do caso, o Complexo pode estragar completamente a vida do adulto, como: Os homens que não conseguem vencê-lo tornam-se frequentemente afeminados, acovardados e medrosos; as mulheres adquirem uma virilidade excessiva e prejudicial. Homens e mulheres tornam-se impotentes e frios, demonstrando grande timidez sexual. Experimentamsentimentos de inferioridade e o medo permanente de não serem aprovados nas coisas que fazem. Sentem-se culpados por atos que não realizaram sem que haja motivo algum para isso. Tornam-se excessivamente agressivos ou, ao contrário, sentem-se desarmados diante da vida.
Quando o Complexo de Édipo não é eliminado normalmente durante a infância é de esperar que ele continue a atuar nas idades posteriores e venha a se manifestar sob a forma de vários sintomas durante a vida adulta.
Por que educar, seria então uma das três impossíveis profissões? Porque, como nos mostrou Kupfer, ao longo deste estudo, o educador deveria, supostamente, "promover" a sublimação no aluno, só que esta não se promove, pois é inconsciente e deverá explanar/ilustrar/esclarecer sobre a sexualidade, o único, "porém" é que a criança não dará ouvidos a esta "ladainha" do educador.
Outro aspecto importante, que merece destaque novamente, é ter a noção que para o Dr. Freud, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual.
Não há aprendizagem sem relação. O que isso nos diz? Que o ato de aprender, presumi sempre uma relação com o Outro, não há ensino sem professor. Mesmo aqueles que não vão à sala de aula e aprendem através de livros (autodidatas), ainda sim estão aprendendo com o Outro, pois o livro representa a figura de alguém que possui o saber e o transmiti. Então, Kupfer resume que aprender é aprender com alguém.
Desejamos que através deste estudo, possa ter ficado claro a importância de Freud para a educação e aprendizagem e como seus conceitos vieram a auxiliar esta relação. Que educar, e mais difícil que se imagina, e que se cada educador deixar que querer ser melhor que seus educandos, ele igualará e conseguirá passar o conteúdo com mais facilidade, leveza em sem estresse. A contribuição da Psicanálise, cujas origens como teoria encontram-se na prática clínica, certamente não é a de uma aplicabilidade direta às situações educativas. No entanto, sua contribuição está na possibilidade de trazer ao consciente, a partir da análise das práticas educativas, conteúdo do inconsciente do professor de forma a elucidar o porquê de algumas ações em sala de aula. Portanto, a importância da Psicanálise na formação dos educadores não está no sentido de lhes proporcionar mais uma técnica pedagógica, desenvolvida a partir de uma teoria desvinculada da prática, mas, sim, de remeter-lhes a um constante questionamento sobre sua prática pedagógica e sua relação com o educando. Se concebermos a aprendizagem acontecendo numa relação com o outro, é necessário cultivar nessa relação o respeito mútuo, o reconhecimento das necessidades, buscando a expressão dos desejos e encontrando prazer no processo ensino-aprendizagem. Não nos cabe, simplesmente, dizer ao professor como deve fazer sua prática. É necessário propiciar-lhe as condições para que ele desenvolva uma sensibilidade que lhe permita assumir, diante das situações educativas, todas as suas contradições, buscando a construção do novo. O professor não deve se anular como sujeito desejável ou impedir que o aluno deseje. O reconhecimento mútuo é que permitirá, ao professor, ensinar verdadeiramente e, ao aluno, desejar aprender e construir o saber.
 
 Por último, deixaremos aqui as seguintes posições que a Maria Cristina Kupfer (2005) propõe à educadores e alunos: 
“Ao professor, guiado por seu desejo, cabe o esforço imenso de organizar, articular, tornar lógico seu campo de conhecimento e transmiti-lo a seus alunos. A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles elementos transmitidos pelo professor, que se engancham em seu desejo, que fazem sentido para ele, que, pela via de transmissão única aberta entre ele e o professor – a via da transferência – encontram eco nas profundezas de sua existência de sujeito do inconsciente.”
 
Referência Bibliográfica:
Aragão, R. O. de. Como lidar com o sofrimento da criança? Pulsional: Revista de psicanálise, São Paulo, v. 12 n. 124, ago. 1999
Brenner, Charles. Noções Básicas de Psicanálise: Introdução à Psicologia Psicanalítica, São Paulo: Imago, 1987.
Regina. Fiori, W.R. Psicologia do Desenvolvimento: A Idade Pré-Escolar, São Paulo: E.P.U, 1981.
Kupfer, Maria Cristina Machado, Freud e a Educação – O Mestre do Impossível, São Paulo, 2007
Psicanálise na Creche: Necessidade ou utopia? Pulsional: Revista de psicanálise, São Paulo, v. 9 n. 89, set. 1996.
Voltolini, Rinaldo, Educação e Psicanálise, Editora Zahar, 2011 (Coleção Passo à Passo).
Wikipédia – A enciclopédia Livre.

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