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MpMagEst Administrativo Celso Spitzcovisky Data: 28/05/2013 Aula 14 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Meios de intervenção na propriedade 1. MEIOS DE INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE 1.1. Fases de uma desapropriação (continuação): a) Fase declaratória Retrocessão disciplinada de forma conflitante pelo art. 519 do CC e Art. 35 do decreto 3365/41 – esta ultima disposição estabelece que: incorporado o bem ao patrimônio público, ele não poderá mais ser objeto de reivindicação, ainda que a desapropriação tenha sido ilegal. Qualquer ação julgada procedente se resolverá em indenização em perdas e danos. Tal dispositivo dá a possibilidade arbitrariedade pelo administrador público. Obs.: antes da entrada em vigor do código de 2002, havia uma disposição pela qual a norma posterior afasta a incidência de norma anterior, bem como, norma especial prevalece em face da norma geral. Logo, o artigo 519 do código de 2002 deveria prevalecer em face do decreto, mas de acordo com o entendimento predominante do STJ, pedidos de retrocessão se resolve em perdas e danos, prevalecendo o art. 35 do decreto. A partir da publicação do decreto, há possibilidade da administração pública em realizar medições no imóvel, mas não se trata de posse. Também com a publicação do decreto, inicia-se o prazo de caducidade, que é de 05 anos se a desapropriação for de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social cujo prazo será de 02 anos. Obs.: caducado o decreto, outro no mesmo sentido só poderá ser publicado após 01 ano. b) Fase executiva (ou executória) (i) Objeto único: discussão do valor a ser pago a título de indenização. Pode ser desenvolvida na esfera administrativa, quando as partes chegarem ao consenso do valor a ser pago a título de indenização. Não havendo consenso na esfera administrativa, a o valor da indenização será desenvolvida na esfera judicial. A inicial da ação de desapropriação, além das exigências do CPC deverá vir instruída obrigatoriamente com os seguintes documentos: Cópia do decreto de desapropriação; 2 de 4 Valor da oferta de indenização que foi recusada pelo expropriado; Com a inicial poderá haver o pedido de imissão provisória na posse, mediante duas exigências: na hipótese de urgência e mediante depósito a favor do expropriado. O objetivo do depósito é compensar o expropriado pela perda prematura da posse. O expropriado poderá levantar o depósito realizado em seu favor, mas continuará discutindo o valor da indenização pela perda da propriedade. Obs.: como se trata de uma decisão interlocutória é possível reforma por agravo de instrumento, bem como, eventual liminar o juiz poderá conceder sem ouvir a outra parte. A contestação só poderá versar sobre o valor da indenização e eventuais vícios de natureza processual. Obs.: na ação de desapropriação, na eventualidade de ilegalidade no decreto expropriatório, não poderá ser discutido na contestação, mas tão apenas por via de ação própria. (ii) Fase de instrução: produção de provas, em especial a prova pericial, que irá aferir o valor de mercado do imóvel. O perito avaliará o estado de conservação do bem, bem como, as benfeitorias necessárias. As benfeitorias úteis somente com a concordância da administração, mas não serão consideradas as benfeitorias voluptuárias. (iii) Sentença: terá objeto único, qual seja, a fixação do valor a ser pago a título de indenização. O juiz terá que considerar o valor de mercado do bem, considerar juros compensatórios, moratórios bem como o valor do fundo de comércio, correção monetária e honorários advocatícios. (iv) Execução: através da expedição de precatórios, na forma do art. 100 da Constituição Federal. Após o trânsito em julgado, os precatórios serão pagos na ordem cronológica da sua apresentação – reflete o princípio da impessoalidade. Para os precatórios expedidos no primeiro semestre de cada ano, deve estar previsto o valor para pagá-los no orçamento do ano seguinte. Súmula 785 do STF – a exceção prevista no início do art. 100 da CF também atinge os créditos de natureza alimentar e dependerão de ordem cronológica. 1.1.1. Modalidades de desapropriação; a) Desapropriação por zona: é aquela em que o poder público desapropria uma área maior do que aquela necessária para a realização da obra. b) Desapropriação indireta: é sinônimo de desapropriação ilegal, ou seja, é aquela que for realizada sem a publicação do decreto expropriatório; ou quando o decreto não traz as informações mínimas necessárias para a desapropriação; ou quando na prática o poder público desapropria uma área maior do que a deveria. Tais ilegalidades são discutidas em ação própria de anulação de ato administrativo. 1.2. Confisco: 3 de 4 É meio de intervenção na propriedade em que ela é transferida compulsoriamente para o patrimônio público na hipótese única prevista no artigo 243 da Constituição Federal, qual seja: quando encontrarem na propriedade uma plantação ilegal de psicotrópicos. Sem pagamento de indenização e sujeitando o proprietário na incidência das sanções penais. Desapropriação Confisco Fundamento Int. público ou inconstitucionalidade Plantação de psicotrópicos Indenização Tem a indenização Não tem indenização Sanções Penais Não gera sanções penais Gera sanções penais 1.3. Requisição É meio de intervenção na propriedade em que se transfere compulsória e temporariamente a posse mediante indenização, por razões de iminente perigo público. Art. 5º, XXV da CF: 1.4. Ocupação É meio de intervenção na propriedade em que se transfere compulsória e temporariamente a posse mediante indenização, por razões de interesse público. 1.5. Limitação: É meio de intervenção na propriedade que restringe o uso de forma geral e gratuita. Geral significa dizer que atingirá todos os bens naquele local ex.: proprietário de um determinado terreno deverá obrigatoriamente respeitar o zoneamento local para eventual edificação – não cabe indenização alegando que não lhe é permitido construir como pretende. Bem como, todos os imóveis daquele zoneamento são limitados pelo zoneamento. 1.6. Servidão: É meio de intervenção na propriedade que restringe o uso de forma específica e onerosa. Não atinge todos os bens, apenas um ou alguns e, portanto dá direito a indenização (onerosa). Na servidão alguns bens terão que sofrer limitações para benefício de todos ex.: passagem da rede elétrica em uma propriedade. Ainda que passe pelo subsolo (oleoduto) restringirá o uso e portanto passível de indenização. Obs.: colocação compulsória de placas de rua em paredes externas de imóveis de esquina, não acarreta indenização. 1.7. Tombamento: É meio de intervenção na propriedade que restringe o uso de forma específica e onerosa, por razões históricas, artísticas, culturais ou ambientais. Fundamento art. 216, §1º da CF. O proprietário do imóvel tombado tem direito a indenização, inclusive se tiver despesas para a manutenção das características que geraram o tombamento. Também poderá alienar o bem, desde que as características que geraram o tombamento sejam mantidas. 4 de 4 O tombamento gera restrições ao uso não apenas para aquele determinado imóvel, mas também para os proprietários dos imóveis vizinhos, que não poderão construir nada que tire ou diminua a visibilidade do bem tombado. Cada município estabelecerá as distancias específicas que restringirão os imóveis vizinhos. Obs.: o tombamento pode recair sobre bens móveis ou bens móveis.
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