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MpMagEst Ambiental Luiz Antônio Data: 24/04/2013 Aula 05 ANUAL ESPECIAL DIURNO – 2011 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Responsabilidade civil 2. Tutela do patrimônio cultural 1. RESPONSABILIDADE CIVIL 1.1. Introdução e evolução do direito de propriedade: inicialmente era absoluto (função exclusivamente econômica), evoluiu para a função social da propriedade (sofreu limitações de uso) e atualmente deve-se considerar, também, a função ambiental da sociedade. Atr. 170, II, III e VI da CF: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: II - propriedade privada; III - função social da propriedade; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; O código civil, no artigo 1.228, §1º também menciona expressamente sobre a função sócia econômica e ambiental da propriedade: “§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.” 1.2. Responsabilidade civil ambiental art. 225, §3º: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” 2 de 5 A lei de politica nacional do meio ambiente 6.938/81 prevê as diretrizes da responsabilidade civil ambiental: Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;” “Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade.” 1.3. Elementos: (i) Conduta / atividade (ii) Dano ambiental (iii) Nexo (no dano ambiental é extremamente ampliado) 1.3.1. Empreendedor: a) Pessoa física – ex.: área rural b) Pessoa jurídica c) Estado ou município 1.3.2. Poder público pode ser responsabilizado como: a) Empreendedor; b) Prestador de serviços públicos; c) Na função de fiscalizador – ex.: na forma omissiva. 1.4. Causador indireto – não causou diretamente o dano e alega ausência do nexo causal, contudo, com a ampliação do nexo causal, o causador indireto também responderá pelos danos. Veja-se que a 3 de 5 responsabilização do dano ambiental é propter rem. Ex.: João causa dano ambiental (que é permanente) em sua propriedade, posteriormente vende para José, que se omite e não realiza a reparação. José também será responsabilizado. Princípio de tolerância – na hipótese da ação ser ajuizada (obrigação de fazer) em face de João para que repare o dano, ele poderá “intervir” na propriedade de José para que seja realizado o dano ambiental. 1.5. Responsabilidade civil ambiental é solidária e tem litisconsórcio facultativo. Como regra, denunciação e chamamento não são admitidos. Art. 88 do CDC: “Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.” Como exceção art. 101, II do CDC: “II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.” Obs.: quando o empreendedor recebe uma licença indevida, continua sendo responsável (a responsabilidade é objetiva), o Estado licenciante será responsabilizado conjuntamente com o poluidor. Contudo, reserva-se o direito de reparação de dano do empreendedor em face do Estado. Obs.: o Estado responde por ação ou por omissão. 1.6. Desconsideração da personalidade jurídica art.4º da Lei 9.605/98 (teoria menor) “Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.” 1.7. Dano: a) Ambientais; b) Individuais; Em sede ação civil pública: o primeiro pedido será o de obrigação de não fazer, consistente em não mais poluir. O segundo pedido consiste em reparar o dano – específica ou in natura – restituindo a área nas mesmas condições anteriores. O terceiro pedido, caso não seja possível reparar o dano especificamente, a condenação em compensação ambiental ou indenização destinada ao fundo de 4 de 5 proteção ao meio ambiente. É possível pedido de indenização por dano moral destinado ao fundo. Por fim, há pedido de reparação dos danos individuais (individuais homogêneos). Portanto, os danos ambientais são reparável moral e materialmente. 1.8. Nexo Causal: decorre da própria lei, que define que o causador direto e o indireto respondem pelos danos. Lei 12.651/12 – Código Florestal art. 2º, §2º: “Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. § 2º As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquernatureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. Teoria do risco da atividade – proteção integral: não cabe alegação de fato de terceiro. Obs.: quando o direito é sancionador (penalidade) não é possível responsabilização por fato de terceiro, contudo, quando o direito é reparador, cabe responsabilização. Obs.: a ação civil pública é imprescritível, mas os danos individuais não. Logo, ação individual para reparação dos danos segue a prescrição do código civil. Obs.: na Ação civil pública ambiental cabe inversão do ônus da prova CDC 6º, VIII por analogia: “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Obs.: quando o MP representar pessoas em situação de hipossuficiência ou em situações de verossimilhança das alegações é possível inversão do ônus da prova. STJ Min. Hermam Benjamim. 2. TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL 2.1. Componentes Art. 216 da CF.: “Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;” 5 de 5 V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” 2.2. Instrumentos Art. 216, §1º da CF (rol exemplificativo): (i) Inventários; (ii) Registro; (iii) Vigilância; (iv) Tombamento; (v) Desapropriação. “§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.” 2.2.1. Tombamento constitucional – tudo o que diz respeito aos quilombos art.216, §5º: “§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.” Os municípios têm que promover a proteção do patrimônio local art. 30, IX da CF: “IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.” 2.3. Tombamento Decreto nº 25/37 (i) De ofício (quando os bens são públicos); (ii) Voluntário (quando o proprietário concorda); (iii) Compulsório (quando a restrição do proprietário Art. 5º e 6º). Próxima aula: o município pode tombar um bem de propriedade do estado?
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