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Construção da Parentalidade e Guarda Compartilhada

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1 
 
 
Universidade Estácio de Sá – Campus Resende 
Disciplina: Psicologia Aplicada ao Direito 
Prof.: Ciro Ferreira dos Santos 
 
 
AULA 07 - A CONSTRUÇÃO DA PARENTALIDADE: RELAÇÕES AFETIVAS. 
 
Dois conceitos: 
 
Conjugalidade - Dois sujeitos, com suas diferentes histórias de vida, se unem e 
estabelecem uma relação. 
 
Parentalidade - é a relação estabelecida entre pais e filhos e não se estabelece 
automaticamente a partir da chegada de um filho, mas é um complexo e lento processo. 
 
Mito do amor materno (Badinter) - o amor materno enquanto instinto (universal e natural), é 
um mito construído sóciohistoricamente. O amor materno, portanto, não é inato nem inscrito 
desde sempre na natureza feminina. 
 
A mulher era feita para ser mãe, e uma boa mãe. As exceções eram consideradas 
patológicas. 
 
O amor materno, portanto, não é uma norma, mas é adquirido ao longo dos dias passados 
ao lado do filho, e por ocasião dos cuidados que lhe são dispensados. 
 
Não se pode falar de uma essência masculina ou feminina, de caráter abstrato e universal, 
mas, sim, de pessoas, situadas temporal e relacionalmente. 
 
Masculino e Feminino são categorias inscritas no social que ganham significados diversos em 
função do contexto. 
 
Tornar-se pai ou mãe é investir afetivamente na criança, reconhecendo-a como 
filho. 
 
A filiação não está apoiada apenas na realidade genética, mas deve ser fundada no desejo e 
na disponibilidade de assumir a função parental. 
 
Filiação socioafetiva - aqueles que se intitulam pais que irão inscrever o sujeito em uma 
família. É necessário também que tenha sido tratado, educado e mantido por aqueles como 
filho e, portanto, reconhecido como tal pela sociedade e pela família. 
 
A filiação afetiva ganha cada vez mais espaço e diferentes adultos podem assumir funções 
parentais, mesmo não sendo os pais legais nem os genitores. 
 
Conjugalidade X Parentalidade: separações e recasamentos 
 
O fracasso conjugal dos pais não impede que se continue a assegurar conjuntamente as 
funções parentais. 
 
 
2 
 
Os laços conjugais se rompem, mas há necessidade de cuidar dos laços parentais. 
 
Mesmo que o laço conjugal se desfaça, espera-se que o laço parental se fortaleça e, 
idealmente, os ex-cônjuges devem permanecer pais em conjunto e de comum acordo. 
 
Um aspecto importante ainda a ser considerado é o justo desejo de ambos ex-cônjuges de 
terem suas vidas afetivas refeitas. 
 
A criança irá se defrontar com a multiplicação dos papéis parentais e a 
distribuição da função de pai e mãe para outros homens e mulheres, na medida 
em que padrastos e madrastas passam a conviver com ela. 
 
O sucesso dessas construções dependerá do tipo de relação estabelecida entre os pais, entre 
estes e os novos cônjuges e do lugar que a criança ocupará em cada uma das suas novas 
famílias. 
 
Princípio do Melhor Interesse da Criança, previsto na Constituição em seu artigo 227, 
mas também no Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 4º e 5º - a 
convivência familiar foi entendida como um direito fundamental da infância, e a filiação 
sócioafetiva foi valorizada. 
 
 
Guarda Compartilhada 
 
No processo de dissolução do vínculo conjugal por separação judicial ou pelo divórcio 
consensual, espera-se que os pais possam entrar em acordo sobre a guarda dos filhos. 
 
Até recentemente, o mais comum era a adoção do modelo de guarda unilateral, geralmente 
concedida à mãe, por se acreditar que ela teria melhores condições para exercê-la. 
 
As mulheres foram conquistando, em nossa sociedade, igualdade de direitos e 
oportunidades, mas também os homens têm buscado ocupar um maior espaço no cotidiano 
familiar e igualdade de direitos na participação da educação dos filhos. 
 
A lei nº 11.698/2008 representou uma nova compreensão do modelo de família e 
estabeleceu como preferencial o modelo de guarda compartilhada, que permitiu repensar a 
concepção vigente até então quanto aos papéis de pai e de mãe na formação de um filho. 
 
 
3 
 
 
Atualmente temos a Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014 que surgiu para estabelecer 
o significado da expressão “guarda compartilhada” e dispor sobre sua aplicação. Com a 
guarda compartilhada, pretende-se atenuar o impacto negativo da ruptura conjugal, 
mantendo ambos os pais envolvidos na criação dos filhos. Sua proposta é 
corresponsabilizar ambos os genitores em todas as decisões e nas atividades 
referentes aos filhos, de modo que possam participar em igualdade de condições. 
O que se compartilha é a guarda jurídica, seus deveres e direitos legais em 
relação à assistência prestada aos filhos e não, necessariamente, à guarda física. 
 
 
 
Alienação Parental - lei nº 12.318/2010 
 
A Alienação Parental fere o melhor interesse da criança, pois o interesse dos pais prevalece 
sobre os interesses dos filhos, provocando danos em seu desenvolvimento. 
 
O termo alienação parental foi utilizado em meados dos anos 1980 por Richard Gardner. 
 
O autor denominou de Síndrome de Alienação Parental (SAP) o que seria um 
distúrbio infantil provocado em menores de idade expostos às disputas judiciais 
entre seus pais. 
 
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) 
 
A criança demonstraria uma intensa rejeição a um dos genitores (o genitor 
alienado) como resultado de manipulação psicológica realizada pelo outro genitor 
(o genitor alienador), sem que houvesse uma justificativa para isso. 
 
Questiona-se a classificação de tal comportamento como uma síndrome, pois se entende que 
existem muitos fatores que podem contribuir para sua ocorrência e não apenas a patologia 
dos genitores. 
 
Na lei nº 12.318/2010, que dispõe sobre a alienação parental, ela é descrita como sendo 
a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida 
ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o 
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que 
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com ele. 
 
 
 
4 
 
Existem 7 itens elencados, no parágrafo único do Art. 2, da referida lei, em que são 
exemplificadas formas de alienação parental: 
 
• Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade 
ou maternidade; 
• Dificultar o exercício da autoridade parental; 
• Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
• Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
• Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou 
adolescente, 
• Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para 
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
• Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da 
criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. 
 
O fato de deter uma guarda unilateral acaba conferindo ao guardião um poder que pode ser 
utilizado para dominar a situação e provocar inúmeros constrangimentos ao outro genitor. 
 
A menos que um dos pais seja física ou psicologicamente nocivo para o filho, nada justifica a 
privação do exercício da função parental, sendo a convivência com ambos os pais um direito 
inalienável atribuído à criança. A criança tem o direito de continuar ligada às duas famílias e 
ser impregnada por suas histórias. 
 
 
 
Questões objetivas 
 
1. Vimos como a lei nº 11.698/2008 representa uma nova compreensão do modelo de 
família. Com base no que foi apresentado neste capítulo, analise as afirmações abaixo: 
I - Por ocasião de um divórcio, quando não houver acordo, a guarda deverá ser atribuída à 
mãe. 
II - A guarda compartilhada implica na responsabilização conjunta e no exercíciode direitos 
e deveres por parte de ambos os genitores. 
III - Caso se verifique que os pais não apresentam condições de exercer a guarda do filho, o 
juiz poderá deferi-la a uma outra pessoa, considerados, de preferência, o grau de parentesco 
e as relações de afinidade e afetividade. 
IV- A manutenção da presença contínua de ambos os genitores não é importante para a 
criança. 
V- Diferenças quanto à forma de educar podem justificar que um dos genitores perca o 
direito de participar da educação dos filhos. 
 
 
 
5 
 
Estão corretas as afirmativas: 
a. I e II 
b. II e III 
c. III e IV 
d. IV e V 
e. I e V 
Gabarito: Letra “B” 
2. Considerando os princípios norteadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, analise 
as afirmações abaixo: 
I - O princípio do Melhor Interesse da Criança indica que é obrigação dos operadores do 
Direito verificar as medidas mais adequadas para favorecer o desenvolvimento da criança em 
questão. 
II - A convivência familiar é entendida como um direito fundamental da infância, mas a 
filiação socioafetiva é menos valorizada do que a filiação biológica. 
III - Crianças e adolescentes são sujeitos de direitos. 
IV - Crianças e adolescentes são objetos de intervenção e de tutela. 
V - Os pais têm o direito de cometer atos violentos em relação à criança e ao adolescente, se 
sua intenção é educá-la. 
Estão corretas as afirmativas: 
a. I e II 
b. II e III 
c. I e III 
d. I e V 
e. II e V 
Gabarito: Letra “C” 
 
 
 
6 
 
3. Disputa de guarda de filho - O casal está em processo de divórcio, o pai objetiva a guarda 
compartilhada da filha de seis anos, a mãe não aceita a proposta, não perdoa o ex-cônjuge 
por ter sido trocada por outra mulher. A filha passou a ser o alvo da disputa e o conflito é 
intenso, o personagem mais prejudicado na disputa do ex-casal é sem dúvida a filha. 
Questiona-se: 
A- No caso em questão não havendo consenso entre os pais pode o Poder Judiciário obrigá-
los a compartilhar a guarda da filha? 
B- O casal buscou auxílio terapêutico e assim pôde mudar a antiga orientação aceitaram a 
mediação, e como resultado, construíram um Acordo que foi levado à homologação judicial. 
Pacificado o convívio entre os pais, a guarda está sendo exercida por ambos. Quais os 
ganhos decorrentes desse Acordo? 
Gabarito: 
 
A - A guarda compartilhada é obrigatória, mas comporta exceções e não deve ser fruto de 
imposição do juízo, mas uma decorrência de acordo entre as partes. Logo, se a genitora não 
concorda com a guarda compartilhada, não se deve alterar a situação atual, pois, tal 
situação iria de encontro ao princípio do melhor interesse da criança. Se a guarda 
compartilhada for imposta, certamente servirá para acirrar velhas disputas, repercutindo este 
ambiente de brigas e desentendimentos de modo negativo, causando enormes danos à 
saúde psicológica do filho, comprometendo seriamente a estrutura emocional da infante, em 
total contrariedade à lei . 
 
B - O amadurecimento dos pais indica que a qualidade de vida da criança é o que importa, 
os pais é quem têm que garantir uma vida saudável, livre de conflitos para que a filha se 
desenvolva emocional e psicologicamente e possa conviver com ambos e consiga estabelecer 
vínculos afetivos sólidos com outras pessoas. A obrigação dos pais é dividir a 
responsabilidade passando valores e conceitos e dando toda base que uma criança necessita 
para crescer.

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