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Direito Processual Penal II Matéria Completa (1)

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1 
 
Direito Processual Penal II 
Voz 003 – 14/02/2017 
Semana 1: 
Teoria Geral da Prova 
A prova é a alma do processo. É a fase em que se define o resultado. 
Um processo bem instruído é a garantia de uma decisão justa. 
• Conceito: 
A prova é o instrumento por meio do qual as partes pretendem formar 
a convicção do julgador em um determinado processo. 
• Finalidade: 
Tem por finalidade a reconstrução dos fatos investigados no 
processo, buscando a maior aproximação possível com a realidade dos fatos. 
 
Princípios ligados a prova: 
1. Princípio da presunção de inocência – A função deste princípio em 
relação a produção de provas é de que o réu não está obrigado a produzir 
nenhuma prova, no entanto, se o réu alegar algo em sua defesa, este 
possui o ônus de demonstrar aquilo que alegou. O réu também não é 
obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
“O ônus da prova incumbe a quem alega. ” 
2. Princípio do “in dubio pro reo” – Tal princípio importa em dizer que, na 
dúvida, o Juiz deve sempre decidir em favor do réu. O referido princípio 
decorre da presunção de inocência abordada no tópico anterior. 
3. Princípio do contraditório e da ampla defesa – De acordo com este 
princípio todas as provas produzidas devem ser submetidas ao 
contraditório e a ampla defesa. O contraditório e a ampla defesa 
caminham juntos, pois é o direito ao contraditório que garante a ampla 
defesa. O contraditório se aplica a ambas as partes no processo. Para 
que a prova seja válida o contraditório é realizado perante o juiz. As 
provas produzidas no inquérito policial para que sejam válidas devem ser 
submetidas ao contraditório e ampla defesa na fase judicial. 
4. Princípio da publicidade dos atos processuais – Para que haja o 
princípio do contraditório e da ampla defesa é necessário que haja a 
publicidade de todos os atos processuais, pois se o processo corre de 
forma sigilosa para o réu, este ficará impossibilitado de fazer uso do 
princípio abordado no tópico anterior. 
5. Princípio da comunhão ou aquisição da prova – As provas, a partir do 
momento que são produzidas, passam a pertencer ao processo e não 
individualmente às partes. 
2 
 
Obs.: A partir do momento em que as testemunhas foram arroladas, elas se 
tornam testemunhas do processo, por este motivo se uma das partes quiser 
desistir da oitiva de uma testemunha é necessário que haja a concordância, 
autorização da outra parte. 
6. Princípio do “livre” convencimento motivado ou da persuasão 
racional – Na realidade há um convencimento motivado, no entanto, este 
não é livre, vez que é de extrema importância que o juiz fundamente sua 
decisão, indicando o motivo que o levou a tal decisão. O juiz não pode 
decidir aleatoriamente, mas sim com base no que foi produzido no 
processo. 
7. Princípio da liberdade probatória – A atividade probatória é ampla e 
livre, com restrição das provas que se referem ao estado das pessoas 
(Art. 155, parágrafo único do CPP). 
Art. 155, CPP - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas 
as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil. 
8. Princípio da limitação (da prova ilícita) – Não é possível a 
admissibilidade da prova ilícita no processo. Qualquer prova é válida, 
desde que produzida de forma lícita. 
 
Inadmissibilidade das Provas Ilícitas 
(Art. 5º, inciso LVI, CF e Art. 157, CPP) 
Art. 5º, inciso LVI, CF - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos; 
Art. 157, CPP - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
 
Prova ilícita X Prova ilegítima 
• Conceito de prova ilícita: 
De acordo com o artigo 157 do CPP, segundo entendimento 
doutrinário, as provas ilícitas são aquelas obtidas com violação as normas 
constitucionais ou legais, no momento de sua obtenção. Assim a prova é 
considerada ilícita de acordo com a forma e o momento de sua obtenção e não 
com o momento de sua produção no processo. Ou seja, a prova ilícita, dado o 
momento de sua obtenção é extraprocessual. 
Exemplo: Confissão mediante tortura é uma prova ilícita. 
3 
 
• Conceito de prova ilegítima: 
Por outro lado, prova ilegítima é aquela que viola normas de direito 
processual, no momento de sua produção no processo. 
Exemplo: Interrogatório sem a presença do advogado é uma prova ilegítima. 
 
Prova ilícita por derivação 
Art. 157, § 1º, CPP - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas... 
Não só a prova diretamente ilícita é vedada pela Constituição, mas 
tudo que derivar da ilicitude será considerado imprestável no processo, de 
acordo com a teoria norte americana conhecida como teoria dos frutos da árvore 
envenenada (“Fruits of the poisonous tree”). 
“A prova ilícita por derivação encontra conexão com o chamado 
princípio da contaminação, ou seja, um ato nulo (ou ilícito) acaba contaminando 
outro ato que dele dependa diretamente ou que lhe seja consequência. ” 
(FERNANDES, Antônio Scarance. Processo Penal Constitucional. 3ª Ed. São 
Paulo: RT, 2002, p. 90.) 
 
Voz 007 – 20/02/2017 
Continuação... 
Exatamente por causa da teoria dos frutos da árvore envenenada é 
que a prova ilícita por derivação não é admitida. 
 
Prova Ilícita por Derivação 
Não só a prova originariamente obtida de forma ilícita é inadmissível, 
como também tudo o que dela derivar. 
Art. 157, CPP - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites 
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto da prova. 
 
• Fontes Independentes: 
Trata-se da hipótese de investigação prévia ou concomitante que 
conduz a aquisição da mesma prova que fora obtida de forma ilícita. A prova 
4 
 
totalmente independente não se sujeita as regras da prova ilícita por derivação, 
pois se a segunda prova foi obtida independentemente da primeira (ilícita) não 
há que se falar em contaminação. 
Exemplo: O delegado de polícia realiza uma escuta de forma clandestina e 
descobre que, em determinado dia, em certo lugar, haverá um carregamento de 
armas. Dirigindo-se ao local, prende os agentes em flagrante e realiza a busca 
e apreensão do material. Porém, o Ministério Público havia requerido ao juiz a 
quebra do sigilo telefônico e em decorrência da gravação a busca e a apreensão 
dos objetos, ao mesmo tempo em que ocorria a escuta clandestina. Nesse caso, 
a busca e apreensão realizada de forma ilícita pelo delegado será admitida pois 
houve uma fonte totalmente independente que levou a esta prova. 
 
• Descoberta Inevitável: 
A prova obtida por meio ilícito pode ser valorada desde que, 
hipoteticamente, fosse possível chegar de forma lícita a prova. 
Exemplo: João, por exemplo, mata sua esposa e coloca o cadáver em um 
terreno baldio próximo a sua residência. Por ser suspeito da prática do crime foi 
conduzido à delegacia e lá torturado para dizer onde se encontravao corpo. 
Após a confissão obtida, de forma ilícita, os policiais se dirigem até o local 
indicado. Lá chegando, depararam-se com várias pessoas que, atraídos pelo 
odor, encontraram o corpo. Neste caso, a prova poderá ser valorada. 
Obs.: O legislador, no artigo 157, § 2º do CPP, chamou de fonte independente 
o que, na realidade, é a descoberta inevitável. 
Art. 157, § 2º, CPP - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo 
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria 
capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
Obs.: Parte da doutrina entende ser inadmissível a prova ilícita por derivação já 
que o art. 5º, inciso LVI da Constituição a proíbe. 
Art. 5º, inciso LVI, CF - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos; 
 
Exceção a Inadmissibilidade da Prova Ilícita 
Art. 157, § 1º, CPP – (...) salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre 
umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. 
O conflito entre os bens jurídicos tutelados pelo ordenamento jurídico 
leva o interprete, por força do princípio da proporcionalidade, a dar prevalência 
ao de maior relevância em uma situação concreta. Se de um lado temos o 
direito/dever de punir do Estado e a inadmissibilidade das provas ilícitas, de outro 
lado temos o direito à liberdade do acusado, sendo certo que o segundo deve 
5 
 
prevalecer por ser de maior importância. Assim, se a prova obtida de forma ilícita 
for o único meio do réu provar a sua inocência, deve ser admitida. 
 
Escuta Clandestina 
• Posição do STF: 
No julgamento do R.E. Nº 583.937/RJ, o Supremo reconheceu a 
repercussão geral da escuta clandestina, afirmando a validade nas hipóteses 
em que o interlocutor esteja defendendo interesse juridicamente relevante e 
legitimo, bem como em casos em que não haja sigilo na comunicação. 
• Posição do STJ: 
O STJ tem aceitado a gravação de conversa feita por um dos 
interlocutores sem o consentimento do outro, com base na aplicação do 
princípio da proporcionalidade. 
 
Ônus da prova 
Em regra, quem possui a obrigação de demonstrar que o acusado 
praticou o crime, comprovando a autoria e a materialidade é quem acusa (M.P. 
nas ações públicas e o querelante nas ações privadas). 
Porém, embora o réu não tenha que provar a sua inocência, se alegar 
algo em sua defesa deverá produzir a prova, pois o ônus de provar algo incumbe 
a quem alega (Art. 156 do CPP). 
Art. 156, CPP - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado 
ao juiz de ofício: 
I. Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida; 
II. Determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização 
de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Obs.: A parte final e os incisos I e II do artigo 156 do CPP são passíveis de 
inconstitucionalidade, pois no sistema acusatório o juiz não é parte, e não pode 
produzir provas, pois haveria uma ofensa ao princípio da imparcialidade prevista 
na Constituição. 
 
Correção dos exercícios da semana 1 (antigo): 
1- (Magistratura Federal / 2 Região). Para provar a sua inocência, o réu subtraiu uma 
carta de terceira pessoa, juntando-a ao processo. O juiz está convencido da veracidade 
do que está narrado na mencionada carta. Pergunta-se: como deve proceder o 
magistrado em face da regra do artigo 5, LVI da Constituição Federal? Justifique a sua 
resposta. 
6 
 
Resposta: Se a carta, mesmo obtida de forma ilícita, for o único meio do réu demonstrar 
a sua inocência, esta deve ser admitida e valorada pelo juiz usando o princípio da 
proporcionalidade. 
Objetiva: 
2 - Exercício Suplementar (OAB FGV 2010.2). Em uma briga de bar, Joaquim feriu 
Pedro com uma faca, causando-lhe sérias lesões no ombro direito. O promotor de justiça 
ofereceu denúncia contra Joaquim, imputando-lhe a prática do crime de lesão corporal 
grave contra Pedro, e arrolou duas testemunhas que presenciaram o fato. A defesa, por 
sua vez, arrolou outras duas testemunhas que também presenciaram o fato. Na 
audiência de instrução, as testemunhas de defesa afirmaram que Pedro tinha apontado 
uma arma de fogo para Joaquim, que, por sua vez, agrediu Pedro com a faca apenas 
para desarmá-lo. Já as testemunhas de acusação disseram que não viram nenhuma 
arma de fogo em poder de Pedro. Nas alegações orais, o Ministério Público pediu a 
condenação do réu, sustentando que a legítima defesa não havia ficado provada. A 
Defesa pediu a absolvição do réu, alegando que o mesmo agira em legítima defesa. No 
momento de prolatar a sentença, o juiz constatou que remanescia fundada dúvida sobre 
se Joaquim agrediu Pedro em situação de legítima defesa. 
Considerando tal narrativa, assinale a afirmativa correta. 
Resposta: Letra “C” - O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. 
No caso, como o juiz ficou em dúvida sobre a ocorrência de legítima defesa, deve 
absolver o réu. 
 
Semana 2: 
Provas em Espécie 
 
• Interrogatório: 
Quanto a natureza jurídica do interrogatório há 3 posicionamentos: 
1. Primeira corrente: Meio de prova - É meio de prova, pois o juiz poderá 
ponderar o depoimento prestado pelo réu com as demais provas. Além 
disso, topograficamente o interrogatório situa-se no CPP no título das 
provas. 
2. Segunda corrente: Meio de defesa - É meio de defesa, pois é o 
momento em que o réu pode oferecer sua versão dos fatos ou se preferir 
fazer uso do direito ao silêncio. 
3. Terceira corrente: Mista ou híbrida - O interrogatório é tanto meio de 
defesa como meio de prova. (Corrente adotada por Izimar.) 
 
 
 
 
7 
 
Voz 010 – 21/02/2017 
Continuação... 
Provas em Espécie 
 
• Interrogatório: 
Características do interrogatório: 
1. Ato personalíssimo – Somente o acusado é que pode ser interrogado; 
2. Ato judicial – Todo interrogatório é feito na presença do juiz; 
3. Ato público – Todo processo é público, logo, o interrogatório, que ocorre 
na AIJ, também é um ato público; 
4. Em regra oral – Em regra, as perguntas são feitas oralmente e o réu as 
responde oralmente. Sendo certo que, posteriormente, todas as 
perguntas e respostas serão reduzidas a termo; 
5. Admite intérprete compromissado – Se o réu for surdo/mudo será 
necessário um interprete para traduzir o que ele está falando, o mesmo 
ocorre se o réu for estrangeiro. O interprete compromissado é chamado 
dessa forma, pois ele tem que ser fiel ao que está sendo falado; 
6. É repetível - O interrogatório é o último ato da AIJ, mas surgindo novas 
testemunhas/provas, o réu poderá ser novamente interrogado para que 
possa exercer sua ampla defesa. 
Conceito de Interrogatório: É o ato processual que permite ao réu se dirigir 
diretamente ao juiz para se defender, apresentando a sua versão sobre os fatos 
que lhe são imputados podendo fazer uso do direito ao silêncio e até mesmo 
mentir em sua defesa. 
Obs.: O único efeito da revelia no processo penal será a não intimação do réu 
para os atos processuais subsequentes. 
 
Procedimento do Interrogatório 
Art. 185, CPP – O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso 
do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, 
constituído ou nomeado. 
 § 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento 
em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro 
do Ministério Público e dos auxiliaresbem como a presença do defensor e a publicidade 
do ato. 
§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de 
entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, 
fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação 
entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do 
Fórum, e entre este e o preso. 
8 
 
O interrogatório é dividido em duas partes, sendo certo que a primeira 
parte é chamada de interrogatório de individualização e a segunda parte, que 
é a que se refere ao fato que está sendo julgado, é chamada de interrogatório 
de mérito. 
Art. 187, CPP - O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do 
acusado e sobre os fatos. 
§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida 
ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, 
notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo 
do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se 
a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
§ 2º Na segunda parte será perguntado sobre: 
I. Ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II. Não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-
la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do 
crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois 
dela; 
III. Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV. As provas já apuradas; 
V. Se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde 
quando, e se tem o que alegar contra elas; 
VI. Se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto 
que com esta se relacione e tenha sido apreendido; 
VII. Todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos 
antecedentes e circunstâncias da infração; 
VIII. Se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
Há divergência doutrinária a respeito do cabimento ou não do direito 
ao silêncio por parte do réu na parte referente a qualificação, a individualização. 
O interrogatório de acordo com o artigo 187 é dividido em duas partes. 
A primeira, conforme disposto no parágrafo 1º refere-se à qualificação do 
acusado. É chamado de interrogatório de individualização. 
Na segunda parte (parágrafo 2º) as perguntas serão referentes aos 
fatos narrados na inicial. É chamado interrogatório de mérito. 
Em relação a segunda parte não há nenhuma divergência quanto ao 
direito ao silêncio. 
Quanto ao interrogatório de individualização a doutrina diverge. Uma 
parte entende que o direito ao silêncio não é ilimitado e nem pode ser exercido 
abusivamente, assim esta parte não estaria abrangida pelo direito ao silêncio, 
estando o réu obrigado a responder as perguntas. Por outro lado, há quem 
entenda que os elementos que caracterizam a qualificação podem vincular o 
interrogando a outras infrações ou militar em seu desfavor durante o processo. 
Como ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, não há a 
obrigatoriedade de responder as perguntas. 
9 
 
Art. 198, CPP - O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir 
elemento para a formação do convencimento do juiz. 
O referido artigo em sua parte final é, por óbvio, inconstitucional, uma 
vez que o juiz não pode valorar o silêncio para formar o seu convencimento. 
 
• Procedimento: 
No interrogatório, em um primeiro momento, haverá ciência por parte 
do acusado dos fatos que lhe são imputados, em um segundo momento o juiz 
assegurará ao réu o direito ao silêncio, após o acusado ficar ciente do seu direito 
ao silêncio, o juiz dará ao réu, caso queira, o direito de se entrevistar em 
particular com seu defensor, após este momento começará, de fato, o 
interrogatório. 
No rito ordinário (comum), o juiz faz as perguntas, sendo certo que as 
partes também podem fazer questionamentos, no entanto, as perguntas feitas 
pelas partes ao réu não são diretamente feitas a este último, mas sim ao juiz 
que, se estiver de acordo, permitirá que o acusado responda. 
No Tribunal do Júri, a acusação e o Ministério Público, fazem as 
perguntas diretamente ao acusado, não havendo necessidade de intervenção do 
juiz. No rito do Júri só quem faz perguntas por intermédio do juiz são os jurados, 
pois as perguntas devem ser objetivas, assim como também não podem ser 
formuladas de forma que induza o réu/acusado a dar um determinado tipo de 
resposta. 
1. O juiz dará ao réu/ acusado a ciência dos fatos que lhe são imputados; 
2. O juiz assegurará ao réu o direito ao silêncio; 
3. O juiz dará ao réu, caso queira, o direito de entrevistar-se em particular 
com o seu defensor; 
4. Após o terceiro passo, haverá o interrogatório propriamente dito; 
No rito comum, o juiz inicia o interrogatório cabendo às partes 
complementá-lo. Não há previsão de inquirição ou de perguntas diretas pelas 
partes. No rito do júri, na sessão plenária, cabe às partes interrogar diretamente 
o acusado. Os jurados podem fazer perguntas por intermédio do juiz presidente. 
Obs.: A condução coercitiva, para fins de interrogatório, não é mais admitida, já 
que o acusado não está obrigado a comparecer ao ato processual. 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Voz 012 – 06/03/2017 
Continuação... 
Provas em Espécie 
• Interrogatório: 
Confissão 
A confissão do acusado não configura, por si só, prova plena da 
culpabilidade do réu. Deve ser analisada dentro do contexto probatório e não de 
forma isolada, tendo o mesmo valor das demais provas produzidas. 
Interrogatório do corréu 
Em relação ao outro corréu, o réu que está sendo interrogado não 
possui o direito ao silêncio, pois estaria como testemunha. O direito ao silêncio 
só poderá ser usado pelo réu em relação as perguntas feitas a ele que dizem 
respeito a sua pessoa. 
Havendo dois ou mais acusados serão ouvidos ou interrogados 
separadamente (art. 191 do CPP). O advogado do outro corréu poderá fazer 
perguntas ao réu que está sendo interrogado para a garantia da ampla defesa e 
do contraditório, pois a palavra de um réu em relação aos demais é valorada 
como prova testemunhal. 
Art. 191, CPP - Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. 
Delação Premiada (Colaboração premiada) 
Ocorre quando alguém, além de confessar a prática de um crime, 
revela que outro ou outros também o praticaram na qualidade de coautores ou 
partícipes. 
A colaboração premiada possui como requisitos que a delação seja 
espontânea e que efetivamente ajude a desvendar e provar a prática criminosa. 
A Lei 12.850/2013 (Lei de Colaboração Premiada) traz em seu artigo 5º, inciso 
V, que a identidade do colaborador deve ser preservada. 
Art. 5º da Lei 12.850/2013 - São direitos do colaborador: 
Inciso V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser 
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; 
O corréu delator na qualidade de réu poderá fazer uso do direito ao 
silêncio, não respondendo às perguntas que possam lhe prejudicar. Porém, em 
relação aos demais corréus, como está na qualidade de testemunha, possui a 
obrigação de responder a todas as perguntas, como qualquer testemunha. 
 
 
 
11 
 
• Depoimento do ofendido: 
A vítima não é considerada testemunha e, por isso, não presta o 
compromisso de dizer a verdade não respondendo pelo delito de falso 
testemunho. 
A vítima não pode negar-se a comparecer para deporsob pena de 
condução coercitiva (art. 201, § 1º do CPP). 
Art. 201, CPP - Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre 
as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que 
possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. 
§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido 
poderá ser conduzido à presença da autoridade. 
§ 2º O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída 
do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos 
acórdãos que a mantenham ou modifiquem. 
De acordo com o parágrafo 2º do artigo 201 do CPP, a vítima será 
comunicada de vários atos processuais. 
Quanto ao valor probatório da palavra da vítima, este é o ponto mais 
problemático, pois no plano material a vítima está contaminada, ou seja, faz parte 
do fato criminoso; no plano processual não presta compromisso com a verdade, 
podendo mentir. Por isso, a palavra da vítima somente não poderá justificar uma 
sentença condenatória, devendo ser avaliada junto com as demais provas. 
Podemos fazer uma ressalva em relação aos crimes sexuais ou crimes contra o 
patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça. Nesse caso a palavra da 
vítima deve ser coerente e harmônica, bem como não deve existir motivos que 
indiquem uma falsa imputação. 
 
• Prova pericial: 
É uma prova técnica, na medida em que pretende demonstrar a 
existência de fatos cuja certeza somente seria possível a partir de 
conhecimentos específicos. 
Exame de corpo de delito 
Discute-se na doutrina se o exame de corpo de delito é meio de prova. 
Há os que entendem que o exame de corpo de delito não é prova, sustentando 
que o exame é o estudo que se faz sobre o corpo de delito, que é efetivamente 
a prova. 
Exemplo: Cadáver (corpo de delito)  prova; 
Laudo de exame cadavérico (exame)  valoração da prova. 
Nos crimes que deixam vestígios é indispensável o exame de corpo 
de delito (art. 158 do CPP). 
12 
 
Art. 158, CPP - Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de 
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
O artigo 167 do CPP estabelece que não sendo possível o exame do 
corpo de delito por terem desaparecidos os vestígios, a prova testemunhal 
poderá supri-lo. 
Art. 167, CPP - Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Art. 159, CPP - O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito 
oficial, portador de diploma de curso superior. 
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre 
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
Antes da reforma processual havia a exigência de dois peritos oficiais, 
que são aqueles que ingressam nesta carreira por meio de concurso público. 
Antes de junho de 2008, se a assinatura fosse feita por um só perito o laudo era 
considerado nulo, não possuía validade no processo. Se o crime ocorreu antes 
da reforma e estiver com a assinatura de um só perito será nulo, devendo essa 
regra ser observada até os dias atuais. 
 
Voz 015 – 07/03/2017 
Provas Periciais em Espécie 
 
• Necropsia (Art. 162, CPP) 
Obs.: O termo correto não é autópsia, mas sim necropsia, pois, segundo Izimar, 
autópsia é o exame feito pela pessoa em si mesma. 
Art. 162, CPP - A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se 
os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes 
daquele prazo, o que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do 
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas 
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para 
a verificação de alguma circunstância relevante. 
Por meio desse exame procura-se identificar a causa da morte com 
todas as circunstâncias que a provocaram. No parágrafo único do artigo 162 o 
Código de Processo Penal traz as possibilidades da não necessidade de 
realização de exame interno. 
 
 
 
13 
 
• Exumação (Art. 163, CPP) 
Art. 163, CPP - Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade 
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da 
qual se lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da 
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique 
a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a 
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. 
É o desenterramento do cadáver. É necessária uma ordem da 
autoridade policial (delegado de polícia) ou judicial (juiz) para que possa ocorrer, 
sendo especificado o local, a data e hora de realização. A exumação ocorre 
quando há a necessidade de se proceder novo exame. 
Na fase processual o delegado não precisa de uma ordem judicial, ele 
mesmo pode, para que o exame seja realizado, determinar que seja feita a 
exumação. Em caso de ordem judicial as partes têm que requerer ao juiz que 
determine a exumação, uma vez que o juiz não pode, de ofício, produzir provas. 
Com a ordem judicial o administrador do cemitério estará obrigado a tomar as 
providências para que a exumação seja realizada sob pena de cometer o crime 
de desobediência. 
Art. 164, CPP - Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem 
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios 
deixados no local do crime. 
Art. 165, CPP - Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando 
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, 
devidamente rubricados. 
Art. 166, CPP - Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-
á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere 
ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, 
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os 
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
 
Exame Pericial nos Crimes de Lesão 
Lesão leve – Competência do JECRIM; 
Lesão grave ou gravíssima – Competência da vara criminal. 
• Corporal – Tratando-se de lesão corporal é necessário o exame de corpo 
de delito para detectar os vestígios que configuram a lesão a integridade 
física. Nem sempre, no primeiro exame é possível indicar se a natureza 
da lesão é leve ou grave, devendo ser realizado exame complementar 30 
(trinta) dias após a data do crime (Art. 168 e seus parágrafos, CPP). 
14 
 
Art. 168, CPP - Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido 
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade 
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou 
do acusado, ou de seu defensor. 
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim 
de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do 
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do 
crime. 
§ 3º A falta de exame complementar poderáser suprida pela prova testemunhal. 
• Exames Laboratoriais (sangue/DNA) – São as pericias realizadas por 
profissionais das áreas química, biomédica e física. A lei exige que seja 
guardado material suficiente para a realização de novos exames caso 
seja necessário (Art. 170, CPP). 
Art. 170, CPP - Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente 
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão 
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
Tratando-se de procedimento invasivo para a coleta de material há 
certas limitações já que o acusado não está obrigado a produzir provas contra si 
mesmo; porém, o exame pode ser realizado com as partes desprendidas do 
corpo ou se livremente houver consentimento. 
Art. 171, CPP - Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a 
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, 
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o 
fato praticado. 
Art. 172, CPP - Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, 
deterioradas ou que constituam produto do crime. 
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação 
por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 
Art. 173, CPP - No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que 
houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio 
alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem 
à elucidação do fato. 
Art. 182, CPP - O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no 
todo ou em parte. 
Pelo artigo 182 do CPP, pode-se entender que o juiz não fica 
vinculado ao laudo do exame pericial. 
 
Prova Pericial e o Contraditório 
A regra é de que toda prova deve ser submetida ao contraditório, 
perante o juiz, na fase instrutória do processo. 
15 
 
A prova pericial, dada a urgência, é feita na fase da investigação. Por 
sua natureza cautelar não há previsão de participação da defesa. Como essas 
provas nem sempre podem ser repetidas, o contraditório será exercido 
posteriormente e limitado ao laudo do exame realizado. Trata-se de um 
contraditório diferido. 
 
Prova Testemunhal 
Conceito: Testemunhas são as pessoas estranhas à relação jurídico-processual 
que narram fatos de que tenham conhecimento, acerca do objeto da causa (Art. 
202, CPP). 
• Quem pode testemunhar? 
Art. 202, CPP - Toda pessoa poderá ser testemunha. 
Art. 203, CPP - A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade 
do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado 
e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em 
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar 
o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas 
quais possa avaliar-se de sua credibilidade. 
Art. 204, CPP - O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à 
testemunha trazê-lo por escrito. 
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a 
apontamentos. 
 
• Da obrigatoriedade de depor: 
Art. 206, CPP - A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, 
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o 
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, 
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato 
e de suas circunstâncias. 
 
• Não podem depor: 
Art. 207, CPP - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, 
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte 
interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
Obs.: As testemunhas possuem uma classificação. 
 
Número de testemunhas 
O número de testemunhas é determinado de acordo com o 
procedimento adotado. Assim: 
16 
 
a) Rito Ordinário: Até 8 (oito) testemunhas (Art. 401, CPP). 
Art. 401, CPP - Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas 
pela acusação e 8 (oito) pela defesa. 
§ 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as 
referidas. 
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, 
ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. 
 
b) Rito Sumário: Até 5 (cinco) testemunhas (Art. 532, CPP). 
Art. 532, CPP - Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas 
arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. 
 
c) Rito Sumaríssimo: Até 3 (três) testemunhas (Art. 34 da Lei 9.099/95) 
Art. 34 da Lei 9.099/95 - As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, 
comparecerão à audiência de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha 
arrolado, independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido. 
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no 
mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento. 
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata 
condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública. 
 
Obs.: No rito júri, na primeira fase, poderão ser ouvidas até 8 (oito) testemunhas 
(Art. 406, parágrafo 2º, CPP); na segunda fase, poderão ser indicadas até 5 
(cinco) testemunhas (Art. 422, CPP). 
Art. 406, CPP - O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do 
acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou 
na queixa. 
Art. 422, CPP - Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a 
intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do 
defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão 
depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar 
documentos e requerer diligência. 
 
 
 
 
 
17 
 
Voz 020 – 13/03/2017 
Continuação... 
Classificação das Testemunhas 
 
• Presencial – É aquela que efetivamente viu o fato ocorrer presenciou a 
situação. 
• Indireta – É aquela que possui conhecimento do fato, mas não o 
presenciou. 
• Informantes – São as testemunhas que, mesmo que tenham presenciado 
o fato, não prestam compromisso. (Menores, deficientes mentais, 
descendentes, ascendentes ou colaterais podem ser ouvidas, mas não 
prestam compromisso de dizer a verdade por serem inimputáveis.) 
• Abonatórias – São aquelas que comparecem para falar a respeito do réu, 
sobre sua conduta. Essas testemunhas não sabem nada a respeito do 
fato. 
• Referidas (Art. 209, § 1º, CPP) – São aquelas que não presenciaram 
diretamente o fato, mas menciona outro indivíduo (terceiro) que não foi 
arrolada como testemunha, que não está participando do processo. 
Art. 209, CPP - O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além 
das indicadas pelas partes. 
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas 
se referirem. 
 
Desistência da Testemunha (Art. 401, § 2º, CPP) 
A desistência da oitiva da testemunha é permitida, no entanto, por ser 
um ato bilateral, depende da concordância da outra parte, pois a partir do 
momento em que são arroladas passam a ser testemunhas do juízo. 
Art. 401, CPP - Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas 
pelaacusação e 8 (oito) pela defesa. 
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, 
ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. 
 
Substituição das Testemunhas (Art. 451, inciso III, CPC) 
Art. 451, CPC - Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4º e 5º do art. 357, a 
parte só pode substituir a testemunha: 
III. Que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada. 
Na hipótese prevista no artigo 451, inciso III do CPC é possível aplicar 
subsidiariamente esse dispositivo e pedir a substituição da testemunha no 
processo penal. 
18 
 
Obs.: A testemunha é intimada por oficial de justiça, sendo certo que 
regularmente intimada a testemunha possui a obrigação de comparecer sob 
pena de ser conduzida coercitivamente. 
 
Acareação 
Acareação é quando se coloca um indivíduo frente a outro, sendo 
certo que só pode ocorrer quando os fatos já tiverem sido declarados pelas 
partes que serão acareadas, tem que haver divergência no depoimento destas 
partes e a divergência tem que ser relevante ao processo. 
Obs.: A acareação pode ser realizada entre qualquer pessoa. 
Obs.: Pode o réu fazer uso do silêncio na acareação. Pode também o réu e a 
vítima mentirem na acareação. 
Acareação é um procedimento de índole intimidatória que pode ser 
realizada tanto na fase judicial como na fase policial sempre que as declarações 
prestadas divergirem sobre fatos ou circunstâncias relevantes para a solução do 
caso, respeitando-se o direito do acusado de não participar do ato ou de manter-
se em silêncio. Tem previsão no artigo 229 do CPP. 
Art. 229, CPP - A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e 
testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e 
entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos 
ou circunstâncias relevantes. 
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos 
de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
A doutrina critica a acareação feita entre acusado e testemunha ou 
entre testemunha e vítima, já que as testemunhas prestam o compromisso de 
dizer a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso testemunho 
enquanto os outros não. 
 
Prova Documental 
São quaisquer documentos escritos, públicos ou privados, como, por 
exemplo, fotografias, manchetes de jornal. As cópias (fotocópias/xerox) dos 
documentos públicos possuem o mesmo valor que o original. 
Obs.: A cópia não precisa ser autenticada. 
Os documentos podem ser juntados ao processo até o término da 
instrução (AIJ). 
Exceção: 
No rito do tribunal do júri os documentos devem ser juntados, de 
acordo com o artigo 479, CPP, com pelo menos 3 (três) dias de antecedência, 
19 
 
da data da sessão plenária, ou seja, pelo julgamento feito pelo Tribunal do Júri, 
afim de que seja estabelecido o contraditório. 
Art. 479, CPP - Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a 
exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 
3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. 
Obs.: O artigo 234 do CPP não deve ser aplicado porque fere o sistema 
acusatório ao permitir que o juiz, que não é parte, produza provas. 
Art. 234, CPP - Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto 
relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de 
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível. 
 
Reconhecimento de Pessoas e Coisas: 
É o ato por meio do qual alguém é levado a analisar alguma pessoa 
ou coisa, e recordando o que havia percebido em determinada situação, 
comparar as experiências. 
Reconhecimento por Fotografia: 
Parte da doutrina entende que só deve ser utilizado excepcionalmente 
e, nesse caso, não possui o mesmo valor probatório do reconhecimento pessoal. 
Outra parte entende que não deve ser utilizado de nenhuma forma. Não pode 
ser utilizado como substituição do reconhecimento pessoal quando o suspeito 
se recusa a participar do ato. A jurisprudência entende que o reconhecimento 
por fotografia é precário e não pode por si só levar a uma condenação. O 
procedimento está previsto no artigo 226 do CPP. 
Art. 226, CPP - Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, 
proceder-se-á pela seguinte forma: 
 
Da Busca e Apreensão 
Busca é uma medida instrumental que tem por objetivo encontrar 
pessoas ou coisas (é um ato meio). A apreensão é uma medida cautelar 
destinada a garantir a prova (é um ato fim). Por ser uma medida cautelar, é 
necessário que haja uma ordem judicial para a busca domiciliar, a não ser que 
esteja configurado o estado de flagrante. O mandado de busca e apreensão só 
poderá ser cumprido durante o dia, a não ser que haja autorização do morador 
para a realização do ato. 
Obs.: O artigo 243, § 2º, CPP, veda a apreensão de documento em poder do 
defensor do acusado, salvo se constituir elemento do corpo de delito. 
Art. 243, CPP - O mandado de busca deverá: 
I. Indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a 
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de 
20 
 
busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem; 
II. Mencionar o motivo e os fins da diligência; 
III. Ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, 
salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
A busca pessoal independe de mandado, no caso de prisão ou 
quando houver fundada suspeita na atitude da pessoa (Art. 244, CPP). 
Art. 244, CPP - A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de 
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada 
no curso de busca domiciliar. 
 
Voz 023 – 14/03/2017 
 
Caso Concreto 1 (atual): 
1. Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em 
residências agrupadas em região de veraneio, a polícia detém um 
suspeito, que perambulava pelas redondezas. Após alguns solavancos e 
tortura físicopsicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por 
admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de um roubo praticado 
mediante sevícia consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da 
pessoa moradora. Além de admitir a autoria, Alfredinho delatou um 
comparsa, alcunhado Chumbinho, que foi logo localizado e indiciado no 
inquérito policial instaurado. A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu 
os meliantes, notadamente Chumbinho como aquele que mais a agrediu, 
apesar de ter ele mudado o corte de cabelo e raspado um ralo 
cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o advogado dos imputados 
impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar a persecução 
criminal, ao argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione a 
questão, fundamentadamente, com referência necessária aos princípios 
constitucionais pertinentes. 
Resposta: Parte da doutrina entende que, o reconhecimento dos 
indiciados pela vítima não possui nexo de causalidade com a confissão 
obtida mediante coação, outra parte entende que apesar do 
reconhecimento pela vítima ser uma prova derivada da ilícita, ela poderia 
ser obtida de forma lícita assim deve ser admitida. A terceira corrente, 
inclusive a do STF, não admite de forma alguma a prova ilícita nem a 
derivada. 
 
 
 
21 
 
Questão Objetiva: 
 
2. (OAB FGV 2010.2). Em uma briga de bar, Joaquim feriuPedro com uma 
faca, causando-lhe sérias lesões no ombro direito. O promotor de justiça 
ofereceu denúncia contra Joaquim, imputando-lhe a prática do crime de 
lesão corporal grave contra Pedro, e arrolou duas testemunhas que 
presenciaram o fato. A defesa, por sua vez, arrolou outras duas 
testemunhas que também presenciaram o fato. Na audiência de 
instrução, as testemunhas de defesa afirmaram que Pedro tinha apontado 
uma arma de fogo para Joaquim, que, por sua vez, agrediu Pedro com a 
faca apenas para desarmá-lo. Já as testemunhas de acusação disseram 
que não viram nenhuma arma de fogo em poder de Pedro. Nas alegações 
orais, o Ministério Público pediu a condenação do réu, sustentando que a 
legítima defesa não havia ficado provada. A Defesa pediu a absolvição do 
réu, alegando que o mesmo agira em legítima defesa. No momento de 
prolatar a sentença, o juiz constatou que remanescia fundada dúvida 
sobre se Joaquim agrediu Pedro em situação de legítima defesa. 
Considerando tal narrativa, assinale a afirmativa correta. 
 
a) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. Assim, 
como o juiz não se convenceu completamente da ocorrência de 
legítima defesa, deve condenar o réu. 
b) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da acusação. 
Assim, como o juiz não se convenceu completamente da ocorrência 
de legítima defesa, deve condenar o réu. 
c) O ônus de provar a situação de legítima defesa era da defesa. No 
caso, como o juiz ficou em dúvida sobre a ocorrência de legítima 
defesa, deve absolver o réu.  
d) Permanecendo qualquer dúvida no espírito do juiz, ele está impedido 
de proferir a sentença. A lei obriga o juiz a esgotar todas as diligências 
que estiverem a seu alcance para dirimir dúvidas, sob pena de 
nulidade da sentença que vier a ser prolatada. 
 
Caso Concreto 2: 
1. O Padre José Roberto ouviu, em confissão, Maria admitir que mantém por 
conta própria estabelecimento onde ocorre exploração sexual, com intuito 
de lucro. No local, admitiu Maria ao Vigário que garotas de programa 
atendem clientes para satisfazer seus diversos desejos sexuais mediante 
o pagamento de entrada no valor de R$100,00 no estabelecimento, e o 
valor de R$500,00 para a atendente. Maria, efetivamente, responde a 
processo crime onde lhe foi imputada a conduta descrita no art. 229 do 
CP. O Ministério Público arrolou o Padre José Roberto como testemunha 
da acusação e pretende ouvi-lo na AIJ, já que se trata de testemunha com 
alto grau de idoneidade. 
22 
 
Art. 229, CP - Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou 
gerente: 
Pergunta-se: Pode o magistrado obrigar o Padre a depor em juízo, sob 
pena de cometer o crime do art. 342 do CP? A prova produzida em juízo 
nesse caso seria considerada válida? 
Art. 342, CP - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, 
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito 
policial, ou em juízo arbitral: 
Resposta: No referido caso, por ser Padre, mesmo tendo sido arrolado 
como testemunha, não possui a obrigatoriedade de depor. De acordo com 
o artigo 207 do CPP são proibidas de depor as pessoas que em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão devam guardar segredo, salvo 
quando admitida, no caso, por Maria. O Padre não cometerá, nesse caso, 
crime de desobediência. 
Caso o padre preste depoimento sem o consentimento de Maria, 
como ele está proibido de depor, a oitiva do padre não possuirá validade. 
O depoimento do padre só será válido se Maria o autorizar. 
Art. 207, CPP - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, 
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte 
interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 
Questão Objetiva: 
2. (Ministério Público BA/2010). À luz do Código de Processo Penal, deve-
se afirmar que: 
 
a) A prova testemunhal não pode suprir a falta do exame de corpo de 
delito, ainda que tenham desaparecidos os vestígios do crime; 
b) A confissão será indivisível e retratável, sem prejuízo do livre 
convencimento do Juiz de Direito, fundado no exame das provas em 
conjunto; 
c) O ofendido não deve ser comunicado da sentença e respectivos 
acórdãos que a mantenham ou modifiquem; 
d) As pessoas proibidas de depor em razão da profissão, poderão fazê-lo 
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu 
testemunho; neste caso, porém, não deverão prestar compromisso 
legal; 
e) Todas as afirmativas estão incorretas. 
 
 
 
23 
 
Semana 3: 
Dos atos Jurisdicionais 
São os atos praticados pelo juiz, sendo certo que ele pratica 3 (três) 
tipos de atos, sendo eles: 
1. Despachos: São aqueles que não possuem cunho decisório, mas sim 
visam impulsionar o processo. 
São atos que não possuem carga decisória e servem apenas para dar 
andamento a marcha processual. 
 
2. Sentenças: É o ato do juiz pelo qual ele encerra o processo. As sentenças 
podem ser definitivas ou terminativas de mérito. Nas definitivas o juiz 
analisa e julga o mérito, já nas terminativas de mérito o juiz não decide se 
o acusado é culpado ou inocente, ele apenas profere uma decisão 
reconhecendo a causa extintiva da punibilidade (Ex.: Decadência, 
prescrição, perempção [Art. 107, CP]). É chamada de terminativa de 
mérito, pois possui força de mérito, ou seja, a sentença transitará em 
julgado materialmente e formalmente, portanto, o indivíduo não poderá 
ser novamente denunciado. As sentenças definitivas se subdividem em 
absolutórias e condenatórias. As absolutórias se dão quando o juiz 
reconhece que o indivíduo não praticou o crime, sendo certo que as 
sentenças absolutórias se subdividem em própria e imprópria. Na própria 
não é imposta nenhuma sanção ao acusado, já na imprópria o juiz 
reconhece o acontecimento do crime, no entanto, o agente é inimputável. 
As sentenças condenatórias são aquelas que o juiz reconhece a 
pretensão punitiva no todo ou em parte, pois o acusado pode ser parte 
em mais de um processo. 
É o ato por meio do qual o juiz esgota a sua atividade jurisdicional no 
processo, decidindo ou não o mérito da causa. As sentenças classificam-
se em: 
a) Sentenças Definitivas – São as que solucionam o mérito da 
causa. Podem ser: 
• Sentenças Definitivas Absolutórias: Aquelas em que não 
é acolhida a pretensão punitiva do Estado, com base no 
artigo 386 do CPP. As sentenças absolutórias podem ser: 
o Sentenças Definitivas Absolutórias Próprias - 
Quando não é imposta nenhuma sanção ao réu; 
o Sentenças Definitivas Absolutórias Impróprias – 
Quando é aplicada uma medida de internação 
(segurança), embora a pretensão punitiva não tenha 
sido acolhida. 
• Sentenças Definitivas Condenatórias: São aquelas em 
que o juiz acolhe no todo ou em parte a pretensão punitiva 
do Estado. 
b) Sentenças Terminativas de Mérito - São as que enceram o 
processo com força de resolução do mérito, sem, contudo, 
24 
 
apreciar a veracidade ou não da acusação, declarando extinta a 
punibilidade do agente com base no artigo 107 do CP. 
 
Art. 386, CPP - O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde 
que reconheça: 
I. Estar provada a inexistência do fato; 
II. Não haver prova da existência do fato; 
III. Não constituir o fato infração penal; 
IV. Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
V. Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
VI. Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentemo réu de pena (arts. 
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se 
houver fundada dúvida sobre sua existência; 
VII. Não existir prova suficiente para a condenação. 
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: 
I. Mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; 
II. Ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; 
III. Aplicará medida de segurança, se cabível. 
 
Art. 107, CPP - Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do 
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
 
 
3. Decisões Interlocutórias: 
 
Outras Classificações da Sentença 
A doutrina italiana classifica as sentenças em: 
a) Sentenças Suicidas – São aquelas em que a parte dispositiva está 
completamente contraditória a fundamentação. 
b) Sentenças Vazias – São aquelas que não possuem fundamentação. No 
nosso direito essas sentenças são nulas por força do artigo 93, inciso IX 
da CF. 
Art. 93, inciso IX, CF - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
 
 
25 
 
Quanto ao órgão prolator: 
a) Subjetivamente Simples – São aquelas proferidas pelo juiz singular 
(primeiro grau). 
b) Subjetivamente Plúrimas – São aquelas decisões proferidas pelos 
colegiados, cujos integrantes analisam os mesmos aspectos (são os 
acórdãos). 
c) Subjetivamente Complexas – São as proferidas por órgãos colegiados, 
cujos integrantes analisam aspectos distintos (sentenças proferidas pelo 
Tribunal do Júri). 
 
Quanto aos Efeitos: 
a) Executáveis – São as sentenças absolutórias ou condenatórias e que 
houve o trânsito em jugado. 
b) Não executáveis – Sentenças condenatórias submetidas a recurso com 
efeito suspensivo (597, CPP). 
Art. 597, CPP - A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o 
disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de 
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena. 
c) Condicionadas – São aquelas que dependem de evento futuro e incerto. 
(Ex.: Suspensão condicional da pena). 
 
Requisitos da Sentença (Art. 381, CPP): 
Art. 381, CPP - A sentença conterá: 
I. Os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias 
para identificá-las; 
II. A exposição sucinta da acusação e da defesa; 
III. A indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
IV. A indicação dos artigos de lei aplicados; 
V. O dispositivo; 
VI. A data e a assinatura do juiz. 
 
Voz 028 – 20/03/2017 
Continuação... 
Requisitos da Sentença 
▪ Relatório (Art. 381, incisos I e II, CPP): 
É a parte que contem a identificação das partes e o resumo da 
acusação e da defesa, ou seja, é um histórico do processo com as partes mais 
relevantes. Em regra, o relatório é obrigatório e, nesses casos, quando faltar 
26 
 
gera uma nulidade relativa, devendo a parte demonstrar o prejuízo para que a 
sentença seja anulada. 
Exceção: As sentenças proferidas nos juizados especiais (no nosso caso, 
criminais) (Art. 81, § 3º da Lei 9.099/95). 
Art. 81 da Lei 9.099/95 - Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para 
responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; 
havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, 
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos 
debates orais e à prolação da sentença. 
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. 
 
▪ Fundamentação (Art. 381, incisos III e IV): 
É a alma da sentença, decorre do artigo 93, inciso IX da Constituição 
Federal e é a maior e mais importante forma de controle do judiciário. Deve ser 
clara, lógica e objetiva. É na fundamentação que o juiz justifica as razões de sua 
decisão. A falta de fundamentação (sentença vazia) gera nulidade absoluta. 
Exceção: As sentenças proferidas no rito do Tribunal do Júri, pois os jurados 
decidem de acordo com a sua íntima convicção. 
Art. 93, inciso IX, CF - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
▪ Dispositivo: 
É a decisão propriamente dita, em que o juiz dá a solução ao caso, 
absolvendo ou condenando o acusado, ou ainda declarando extinta a 
punibilidade. 
Nas sentenças absolutórias a parte dispositiva é simples, bastando 
que o juiz esclareça que o direito à liberdade deve prevalecer em detrimento do 
direito de punir. 
 
o Dosimetria da Pena: 
Nas sentenças condenatórias o juiz deve observar o critério trifásico 
previsto no artigo 59 do Código Penal para aplicação da pena, sendo ele: 
Art. 59, CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
27 
 
I. As penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II. A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III. O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV. A substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de 
pena, se cabível. 
 
1. Fixação da pena base – O juiz deve-se ater entre o mínimo e o máximo 
de quantidade de pena prevista em abstrato para o crime, observando a 
culpabilidade, a conduta social e a personalidade do agente, as 
circunstancias do crime, bem como o comportamento da vítima. 
2. Fixação da pena intermediária – Considerando a pena base e 
obedecendo ainda aos limites mínimos e máximos, deve-se avaliar a 
presença das circunstâncias atenuantes (Arts. 65 até 67 do CP) e as 
circunstâncias agravantes (Arts. 61 até 64 do CP) aumentando ou 
diminuído a pena base. 
3. Fixação da pena definitiva – Considerando a pena intermediária o juiz 
deve observar as causas de diminuição ou de aumento da pena. Nessa 
fase não precisa se ater aos limites mínimos e máximos da pena em 
abstrato. 
De acordo com a pena imposta o juiz fixará o regime inicial de 
cumprimento da pena. 
 
Obs.: Todo aumento ou diminuição de pena deve ser fundamentada pelo 
magistrado. 
 
▪ Autenticação: É a data e assinatura do juiz. A importância da 
autenticação é que a partir da data em que a sentença foi proferida e 
havendo a intimação é que começará a correr o prazo do recurso (prazo 
para contagem do provável recurso e competência do juízo para proferir 
a sentença, consecutivamente. O prazo começa a contar a partir da 
intimação.) 
Obs.: A regra é de que as sentenças sejam proferidas em audiência (a audiência 
no processo penal é una). 
Caso a sentença não seja proferida oralmente em audiência una 
haverá algumas formas de intimação: 
Intimação da Sentença: 
▪ MP – Vista pessoal; 
▪ Defensoria – Vista pessoal; 
▪ Advogado – Publicação no Diário Oficial (D.O.); 
▪ Réu – Intimação pessoal por mandado. 
Obs.: A vítima também será intimada da decisão. 
28Princípio da Correlação ou Congruência 
É o princípio garantidor do direito de defesa do acusado, cuja a 
inobservância acarreta na nulidade absoluta da decisão. Pelo princípio da 
congruência pode-se entender que deve haver uma correlação entre o fato 
descrito na denúncia ou queixa e o fato pelo qual o réu é condenado. 
“Emendatio Libelli” – Consiste em uma simples operação de emenda ou 
correção da acusação no aspecto da qualificação, tipificação jurídica do fato 
sem, contudo, alterar a situação fática. (Emendar o tipo penal, caso tenha 
fundamentado com o artigo errado.) (Art. 383, CPP). 
Art. 383, CPP - O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de 
aplicar pena mais grave. 
“Mutatio Libelli” - Consiste na possibilidade, em razão das provas produzidas, 
de se verificar que o acusado pode ter praticado fato diverso do que aquele 
narrado na inicial. Como há uma alteração dos fatos somente o Ministério 
Público pode aditar a denúncia alterando a descrição dos fatos. (Serve para a 
ação penal privada também.) (Art. 384, CPP). 
Art. 384, CPP - Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição 
(descrição) jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento 
ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá 
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido 
instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, 
quando feito oralmente. 
 
Caso Concreto 3: 
1. O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído 
o aparelho de telefone celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do 
nº 23, pugnando pela condenação do acusado nas penas do art. 155, 
inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da 
instrução probatória, nas declarações prestadas pela vítima e pelo 
depoimento de uma testemunha arrolada pela acusação, constatou-se 
que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um forte tapa no rosto da vítima 
no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante 
das provas colhidas na instrução probatória, o magistrado prolatou 
sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, 
a ser cumprida em regime semiaberto, diante da primariedade e da 
ausência de antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 
do CP. 
Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta 
todos os fundamentos cabíveis ao caso. 
Resposta: No referido caso houve uma alteração de fato, ou seja, 
“Mutatio Libelli”, logo não agiu corretamente o magistrado, tendo em vista 
que não poderia o juiz ter condenado sem o aditamento da denúncia de 
29 
 
roubo, pois se está diante de uma alteração fática, devendo o promotor 
de justiça ter aditado a denúncia. Ao condenar o acusado por um fato não 
narrado na denúncia, o juiz violou o princípio da congruência, além da 
ampla defesa e do contraditório, pois sem o aditamento o réu não poderá 
se defender da acusação de roubo. 
 
Voz 031 – 21/03/2017 
Decisão Interlocutória 
Obs.: Nas decisões interlocutórias não há resolução do mérito. 
São as que ocorrem no decorrer do processo, incidentalmente ou 
decidindo questões periféricas ou finais e subdividem-se em: 
▪ Simples: São as que resolvem questões processuais no curso do 
processo, sem extingui-los. 
Exemplo: Decretação da prisão preventiva; recebimento da denúncia. 
 
▪ Mistas: São aquelas que não apenas extinguem questões incidentais, 
mas o próprio processo ou etapa dele, sem, contudo, decidir o mérito. 
Podem ser: 
 
o Não terminativas: Aquelas que encerram uma etapa do processo. 
Exemplo: Decisão de pronúncia. Com essa decisão o juiz encerra 
a primeira fase. (É a decisão interlocutória clássica.). 
 
o Terminativas: São aquelas que, embora não julguem o mérito, 
encerram a relação processual. 
Exemplo: A decisão de impronuncia e a que rejeita a denúncia. 
 
Caso Concreto 3: 
Questões Objetivas: 
2. (Magistratura/PR-2008). Quanto aos atos jurisdicionais penais, assinale a 
alternativa correta: 
 
a) As decisões interlocutórias simples são aquelas que encerram a 
relação processual sem julgamento do mérito ou, então, põem termo 
a uma etapa do procedimento. São exemplos desse tipo de decisão a 
que recebe a denúncia ou queixa ou rejeita pedido de prisão 
preventiva; 
b) As decisões interlocutórias mistas não se equiparam as decisões 
interlocutórias simples, pois as primeiras servem para solucionar 
questões controvertidas e que digam respeito ao modus procedendi, 
sem, contudo, trancar a relação processual. Enquanto que as decisões 
30 
 
interlocutórias simples trancam a relação processual sem julgar o 
meritum causae; 
c) A decisão que não recebe a denúncia é terminativa de mérito, por isso 
não pode ser considerada decisão interlocutória mista; 
d) As decisões interlocutórias simples servem para solucionar 
questão controvertida e que diz respeito ao modus procedendi, 
sem, contudo, trancar a relação processual; as interlocutórias 
mistas, por sua vez, apresentam um plus em relação àquelas: elas 
trancam a relação processual sem julgar o meritum causae.  
 
3. “A” foi denunciado pela prática de furto, tendo a denúncia narrado que ele 
abordou a vítima e, após deferir-lhe um empurrão, subtraiu para si a bolsa 
que ela carregava. Nesse caso: 
 
a) O juiz não poderá condenar o réu pelo roubo, por ser a pena desse 
crime mais grave que a do furto; 
b) Como o fato foi classificado erroneamente, o juiz poderá condenar o 
réu por roubo, devendo, antes, proceder ao seu interrogatório; 
c) O juiz poderá dar aos fatos classificação jurídica diversa, 
condenando o réu pela praticado do roubo;  
d) O juiz poderá dar ao fato classificação jurídica diversa da que constou 
da denúncia, dando ao Ministério Público e à Defesa oportunidade 
para se manifestarem e arrolarem testemunhas. 
 
Comunicação dos Atos Processuais 
Há dois tipos de comunicação dos atos processuais, sendo elas: 
▪ Citação; 
▪ Intimação. 
 
Citação: 
Obs.: Só ocorre uma única vez. 
É o ato por meio do qual o acusado toma ciência da acusação e se 
forma a relação processual. 
Regra: A citação deverá ser feita por mandado (Art. 351, CPP). A citação por 
mandado é a regra e ocorre sempre que o réu estiver na jurisdição do juiz que 
expedir a ordem. 
Art. 351, CPP - A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território 
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. 
 
31 
 
A citação possui dois tipos de requisitos, sendo eles: 
o Requisitos Intrínsecos do Mandado (Art. 352, CPP): 
Art. 352, CPP - O mandado de citação indicará: 
I. O nome do juiz; 
II. O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; 
III. O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; 
IV. Na residência do réu, se for conhecida; 
V. O fim para que é feita a citação; 
VI. O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; 
VII. A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. 
 
O inciso VI do referido artigo não possui aplicabilidade, pois o 
acusado não é citado para comparecer em juízo, mas sim para apresentar 
resposta escrita no prazo de 10 dias, na forma do artigo 396 do CPP. 
Art. 396, CPP - Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, 
o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para 
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
oRequisitos Extrínsecos do Mandado (Art. 357, CPP): 
Art. 357, CPP - São requisitos da citação por mandado: 
I. Leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se 
mencionarão dia e hora da citação; 
II. Declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou 
recusa. 
No processo penal o prazo para a apresentação de resposta é de 10 
dias corridos contados a partir da citação. 
Obs.: No processo penal a data em que a citação é realizada é o marco inicial 
para a contagem do prazo. 
O réu preso deve ser citado por mandado no local onde se encontra 
acautelado (Art. 360, CPP). 
Art. 360, CPP - Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. 
 
o Citação por Carta Precatória (Art. 353 e 354, CPP) 
Ocorre toda vez que o réu se encontrar fora do território do juízo 
processante. A citação por precatória segue as mesmas normas da citação por 
mandado. 
Art. 353, CPP - Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, 
será citado mediante precatória. 
32 
 
Art. 354, CPP - A precatória indicará: 
I. O juiz deprecado e o juiz deprecante; 
II. Na sede da jurisdição de um e de outro; 
III. O fim para que é feita a citação, com todas as especificações; 
IV. O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. 
Carta Rogatória: É um pedido do governo brasileiro para que o governo 
estrangeiro execute o ato. 
Carta de Ordem: É feita de um Tribunal Superior para um Tribunal Inferior (Não 
é um favor é uma ordem) (Possui jurisdição federal). 
 
o Citação por Edital 
Art. 361, CPP – Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 
(quinze) dias. 
Quando o réu se encontra em local incerto e não sabido a citação será 
feita por edital. Trata-se de uma citação ficta. 
Art. 366, CPP - Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o 
juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
A citação por edital é feita quando o réu não comparece ou não 
constitui advogado, tendo como consequência a suspensão do processo e do 
prazo prescricional. 
 
Voz 037 – 27/03/2017 
Continuação... 
o Citação por Edital 
Art. 366, CPP - Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o 
juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
 
Suspensão do Processo e Prazo Prescricional 
▪ Corrente STF 
A suspensão do prazo prescricional está condicionada a um evento 
futuro e incerto, não se confundindo com imprescritibilidade do crime e, além 
disso, a Constituição não vedou que o legislador estabelecesse outros casos de 
imprescritibilidade. Concluiu assim que não há limite temporal para suspensão 
do prazo prescricional do artigo 366 do CPP, podendo a suspensão se perpetuar. 
33 
 
Evento Futuro e Incerto – É o sujeito ou comparecer ou contratar um advogado 
e este último apresentar defesa, pois não há como saber se vai acontecer. 
 
▪ Corrente STJ 
A suspensão do prazo prescricional do artigo 366 do CPP, deve 
orientar-se pelo mesmo prazo da prescrição de cada delito, na forma do artigo 
109 do CP, tendo por base a pena máxima em abstrato cominada ao delito 
(Súmula 415, STJ). 
Art. 109, CP - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o 
disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de 
liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I. Em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II. Em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede 
a doze; 
III. Em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a 
oito; 
IV. Em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a 
quatro; 
V. Em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não 
excede a dois; 
VI. Em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada 
pela Lei nº 12.234, de 2010). 
Prescrição das penas restritivas de direito 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos 
previstos para as privativas de liberdade. 
 
Súmula 415, STJ - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada. 
Obs.: Em todo crime a prescrição começa a contar a partir do momento em que 
o delito foi praticado. 
 
o Citação por Hora Certa 
No processo penal a citação por hora certa passou a existir a partir da 
reforma de 2008, com previsão no artigo 362 do CPP. 
Parte da doutrina entende ser, este tipo de citação, ficta, pois não há 
certeza se a pessoa que recebeu o aviso de citação por hora certa pelo oficial 
vai informar ao indivíduo que deveria ser citado que caso ele não apareça será 
citado por hora certa. 
Os efeitos da citação por hora certa não são os mesmos da citação 
por edital, pois nesta última o processo ficará suspenso, assim como o prazo 
34 
 
prescricional. Já na citação por edital, caso o réu não apresente resposta no 
prazo de 10 (dez) dias os autos serão remetidos para a defensoria pública e o 
processo irá correr normalmente sem a presença do acusado, sendo este 
declarado revel. Vale ressaltar que o único efeito da revelia no processo penal é 
a não intimação do réu para atos posteriores, embora parte da doutrina entenda 
ser inconstitucional por também se tratar de uma citação ficta. 
Art. 362, CPP - Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça 
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos 
arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
• COLOCAR DISPOSITIVO CORRESPONDENTE DO CPC DE 2015 
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, 
ser-lhe-á nomeado defensor dativo. 
 
Intimação: 
Art. 370, CPP - Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que 
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o 
disposto no Capítulo anterior. 
Citação é o ato inicial que irá inaugurar o processo estabelecendo a 
relação processual, a partir do momento em que a citação é realizada os atos 
posteriores serão de intimação. Sendo certo que para o réu no processo penal a 
intimação é sempre pessoal. 
Obs.: No processo penal há sempre duas intimações, sendo uma para o patrono 
do réu e outra para este último. 
Obs.: DP e MP possuem vista pessoal dos autos. Para advogado constituído a 
intimação é feita por D.O. 
Na citação o prazo para apresentar resposta é de 10 (dez) dias 
corridos, sendo certo que diferente do processo civil o prazo começa a contar no 
dia em que o ato é realizado (excluindo-se o dia do início e incluindo o dia do 
fim) e não da juntada do mandado aos autos. 
 
Caso Concreto 4: 
1. Huguinho, Zezinho e Luizinho praticaram um roubo na Agência do Banco 
do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Os três comparsas, ao se evadirem 
do local, seguiram em direções diferentes. Luizinho foi alcançado pela 
polícia e preso em flagrante e encontra-se preso no Complexo de Bangu, 
na cidade do Rio. Os outros dois conseguiram escapar. Huguinho, para 
não ser encontrado vive se ocultando e Zezinho encontra-se em local 
incerto e não sabido (LINS). Ao receber a denúncia, o juiz da 10ª vara 
Criminal

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