Buscar

Ciência política planos 01 e 02 2017.2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CIÊNCIA POLÍTICA – 2017.2 
PROFESSOR Me. LUIZ FELIPE PINHEIRO NETO 
 
Ponto I. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA CIÊNCIA POLÍTICA 
Ponto II. POLÍTICA: ENTRE CIÊNCIA E DISCURSO 
 
1. Ciência política: Conceito (teoria tridimensional), indagação: por que estudar ciência 
política no curso de direito?, a ciência política e outras ciências; 
2. Política: conceito; 
3. Política e poder: Conceito, formas e manifestações do poder – poder ideológico, 
econômico e político; 
4. O discurso político: conceito e finalidade e espécies do discurso político; 
5. Legitimidade do discurso político; 
6. Procedimentos (ou estratégias) do discurso político; 
 
 
1. CIÊNCIA POLÍTICA 
1.1. CONCEITO DE CIÊNCIA POLÍTICA– TEORIA TRIDIMENSIONAL 
 A Ciência política é o estudo dos acontecimentos, das instituições e das idéias 
políticas, em sentido teórico e prática. 
 Pode ainda ser definida como a ciência que estuda os fenômenos políticos que 
possibilitam o funcionamento de grupos sociais diversos, de comunidades a instituições 
formais. 
 
Paulo Bonavides busca entender a ciência política em três prismas: 
 Filosófico: discussões a respeito da origem, essência, justificação e fins do 
Estado e demais instituições sociais – objeto de estudo de filósofos como 
Sócrates, Platão e Aristóteles, na Antiguidade Clássica, e posteriormente por 
nomes que vão de Bertrand Russel a Carl Schmitt. 
 Sociológico: estudo do Estado enquanto um fenômeno político, sobre a 
racionalização do poder e sua legitimidade, regimes políticos e a essência dos 
partidos, dentre outros elementos (Max Weber) – inclui nomes como 
Oppenheimer, Vierkandt, Jellinek e Herman Heller 
 Jurídico: estudo do corpo de normas que forma o fenômeno político – estudo do 
Estado por Hans Kelsen. 
TEORIA TRIDIMENSIONAL DA CIÊNCIA JURÍDICA: junção dos aspectos 
filosófico, sociológico e jurídico. 
 
Noberto Bobbio afirma que, enquanto a filosofia política investiga a melhor forma 
de governo, o fundamento do Estado ou do poder político e a essência da categoria do 
político ou da politicidade como a prevalecente disputa sobre a distinção entre ética e 
política, devemos entender por ciência política uma investigação no campo da vida 
política. 
 
Alessandro Groppali: "É a ciência geral que integra em sua síntese os princípios 
fundamentais das diversas ciências sociais, jurídicas e políticas que têm por objetos o 
Estado considerado em relação a determinados momentos históricos, e estuda o Estado 
de um ponto de vista unitário, em sua evolução, organização, funções e mais típicas 
formas, com o intuito de determinar-lhe as leis de formação, o fundamento e a 
finalidade".. 
 
1.2. POR QUE ESTUDAR CIÊNCIA POLÍTICA NO CURSO DE DIREITO? 
 A norma jurídica está submetida à política, já que são criadas e aplicadas pelo 
poder vigente, sendo necessário o estudo deste poder, sua origem, legitimidade e 
finalidade. 
 
 Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. 
Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.” 
Francis Wolff : "o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a 
democracia" 
 
Marcus Cláudio Acquaviva: “Quando um juiz comina pena de prisão, um 
fiscal de rendas impõe multa ao contribuinte faltoso, uma autoridade judicial intima 
alguém para depor em processo ou para atuar como mesário ou apurador de votos em 
uma eleição ou, ainda, proíbe o fumo em bares, restaurantes e condomínios e o álcool 
nas rodovias, é o Estado, entidade imaterial, mediante seus órgãos concretos, como 
magistrados, fiscais e servidores públicos, que faz vale a vontade da lei, à qual todos 
devem submeter-se em prol do interesse público. 
Estado e direito são, portanto, idéias inseparáveis, sendo a lei a formalização da 
vontade estatal. Ora, se o instrumento de trabalho do bacharel em Direito é a lei, como 
sonegar ao estudante uma sólida formação ética a respeito dos fundamentos do Estado, 
do Direito e da própria sociedade? (...)” 
 
 
1.3. A CIÊNCIA POLÍTICA E OUTRAS CIÊNCIAS 
 Ciência política e o Direito Constitucional: O Direito Constitucional, através 
de um sistema de normas (ordem jurídica) faz do sistema institucional o ponto 
de apoio mais firme para o ambiente político, conferindo-lhe estabilidade. 
 
 Ciência política e economia: o fato econômico é o fato fundamental de 
politização da sociedade (Burdeau). 
 Embora haja maior destaque neste relacionamento no marxismo (com a idéia de 
uma superestrututa formada pelas instituições sociais e políticas, que teriam por 
base a estrutura econômica), não se limita a ele. 
 Há outros teólogos que estudam a relação entre política e economia, alguns 
inclusive refutando Marx. 
 
 Ciência política e história: necessária análise crítica da origem e 
desdobramento dos sistemas, das idéias e das doutrinas políticas. 
 Para Noberto Bobbio, a ciência política é uma ciência histórica 
 
Lênio Streck: “A Ciência Política será, assim, essa disciplina que, mediante um 
processo de compreensão interdisciplinar, possibilitará interpretar a complexidade que 
envolve o Estado, o poder, a política, a democracia e o direito (e as suas consequências 
para a sociedade).” 
 
 
2. POLÍTICA - CONCEITO 
 Na Grécia antiga, política era o estudo da polis (a cidade-Estado), seus governos 
(em análise da prática, inclusive comparativamente) e em teoria (com 
prescrições para um bom governo). 
 Aristóteles: A política tem por objeto não apenas possibilitar um modo de vida, 
com trocas econômicas e segurança, mas promover a vida em uma perspectiva 
específica (“Vida Boa”), na qual a polis (cidade) seria não somente uma 
associação de residentes de um mesmo lugar para garantir segurança mútua e 
comércio, mas um grupo com o objetivo de viabilizar a vida boa, uma vida 
harmoniosa, sendo as instituições sociais um meio para este fim. 
 Platão: política é a virtude do bom senso, a capacidade de tomar a decisão justa 
em questões privadas ou públicas (questão da Polis) 
 
 Weber (Ciência e Política: duas vocações): “Que entendemos por política? O 
conceito é extraordinariamente amplo e abrange todas as espécies de atividade 
diretiva autônoma. Fala-se da política de divisas de um banco, da política de 
descontos do Reichsbank, da política adotada por um sindicato durante uma 
greve; e é também cabível falar da política escolar de uma comunidade urbana 
ou rural, da política da diretoria que está à testa de uma associação e, até, da 
política da esposa hábil, que procura governar seu marido. Não darei, 
evidentemente, significação tão larga ao conceito que servirá de base às 
reflexões a que nos entregaremos esta noite. Entenderemos por política apenas a 
direção do agrupamento político hoje denominado Estado ou a influência que se 
exerce em tal sentido.” 
 
 Hannah Arendt (O que é política?): “A política trata da convivência entre 
diferentes. Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum, 
essenciais num caos absoluto, ou a partir do caos absoluto das diferenças.” 
 Arendt: “A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade 
imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo 
como da sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros 
em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o 
qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objetivo da política é a 
garantia da vida no sentido mais amplo. Ela possibilita ao indivíduo buscar seus 
objetivos, em paz e tranquilidade, ou seja, sem ser molestado pela política – 
sendo, antes de mais nada, indiferente em quais esferas da vida se situam esses 
objetivos garantidospela política, quer se trate, no sentido da Antiguidade, de 
possibilitar a poucos a ocupação com a filosofia, quer se trate, no sentido 
moderno, se assegurar a muitos a vida, o ganha-pão e um mínimo de felicidade.” 
 Arendt: “(...) o sentido da política é a liberdade.” 
 
 Modernamente, política se relaciona à organização das funções do Estado, à 
conquista e à manutenção do poder político. 
 
Não confunda Política e politicagem, sendo esta uma forma de agir (corrompida) 
que tem por propósito último atender a interesses pessoais ou trocar favores particulares 
em benefício próprio. Por esta razão, é importante realçar que as expressões “política” e 
“politicagem” possuem em comum somente o radical, mas em nada se aproximam no 
que se refere aos conceitos que expressam. 
 
 
3. POLÍTICA E PODER 
3.1. CONCEITO DE PODER 
Em um sentido social, é a capacidade ou possibilidade de ação e produção de 
efeitos em relação a indivíduos e grupos humanos, dependendo de um indivíduo ou 
grupo a exercê-lo e outro para submeter-se (dominante e dominado), para poder existir. 
Anthony Giddens (sociólogo): o poder consiste na habilidade de os indivíduos 
ou grupos fazerem valer os próprios interesses ou as próprias preocupações, mesmo 
diante da resistência de outras pessoas. 
Diogo Moreira Neto: “O poder é um fenômeno social no qual uma vontade, 
individual ou coletiva, se manifesta com capacidade de estabelecer uma relação da qual 
resulta a produção de efeitos desejados, sob direção da sociedade, que de outra maneira 
não ocorreriam espontaneamente.” 
Bobbio: “O fogo tem o poder de fundir metais (...) do mesmo modo que o 
soberano tem o poder de fazer as leis e, fazendo as leis, de influir sobre as condutas dos 
súditos.” 
 
 A política, como forma de atividade ou de praxe humana, está estreitamente ligada 
ao poder. O poder político é o poder do homem sobre outro homem, descartados outros 
exercícios de poder, sobre a natureza ou os animais, por exemplo 
 
3.2. MEIOS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER 
 Força: Violência física. 
 Coação: violência psicológica, ameaça do uso da força. 
 Influência: persuasão. 
 Manipulação. 
 Autoridade: estabelecimento de regra pré-constituída (humana ou “divina”) que 
legitime o poder e o faça ser aceito. 
 
3.3. FORMAS DE PODER 
Poder ideológico: 
 Influência no campo das idéias. 
 Bobbio: “O poder ideológico vale-se da posse de certas formas de saber, 
doutrinas, conhecimentos, às vezes apenas de informações, ou de códigos de 
conduta, para exercer influência no comportamento alheio e induzir os membros 
do grupo a realizar ou não uma ação. Desse tipo de condicionamento deriva a 
importância social daqueles que sabem, sejam eles os sacerdotes nas sociedades 
tradicionais ou os literatos, os cientistas, os técnicos, os assim chamados 
intelectuais, nas sociedades secularizadas, porque mediante os conhecimentos 
por eles difundidos ou os valores por eles firmados e inculcados realiza-se o 
processo de socialização do qual todo grupo social necessita para poder estar 
junto.” 
 
Poder econômico: 
 Posse de bens necessários (realmente ou assim considerados) e escassos. 
 Bobbio: “O poder econômico vale-se da posse de certos bens necessários ou 
percebidos como tais, numa situação de escassez, para induzir os que não 
possuem a adotar certa conduta, consistente principalmente na execução de um 
trabalho útil. Na posse dos meios de produção, reside enorme fonte de poder por 
parte daqueles que os possuem contra os que não os possuem, exatamente no 
sentido específico da capacidade de determinar o comportamento alheio. Em 
qualquer sociedade em que existam proprietários e não-proprietários, o poder 
deriva da possibilidade que a disposição exclusiva de um bem lhe dá de obter 
que o não-proprietário (ou proprietário apenas de sua força de trabalho) trabalhe 
para ele e apenas nas condições por ele estabelecidas.” 
 
Poder político: 
 Noberto Bobbio: “Poder político é em qualquer sociedade de desiguais o poder 
supremo, isto é, o poder ao qual todos os outros estão de algum modo 
subordinados.” 
 Bobbio: “O caminho mais usual para diferenciar o poder político das outras 
formas de poder é quanto ao uso da força física. Em outras palavras, o detentor 
do poder político é aquele que tem exclusividade do direito de uso da força física 
sobre um determinado território. Quem tem o direito exclusivo de usar a força 
sobre um determinado território é o soberano. O sociólogo alemão Max Weber 
foi quem definiu essa especificidade do poder político.” 
 
 Para Max Weber, o poder político liga-se à dominação e à violência, ao Estado 
que impõe sua autoridade sob a aparência de legalidade ao utilizar a força. 
 Weber (Ciência e política: duas vocações): “’Todo Estado se funda na força’, 
disse um dia Trotsky a Brest-Litovsk. E isso é verdade. Se só existissem 
estruturas sociais de que a violência estivesse ausente, o conceito de Estado teria 
também desaparecido e apenas subsistiria o que, no sentido próprio da palavra, 
se denomina ‘anarquia’. A violência não é, evidentemente, o único instrumento 
de que se vale o Estado (...), mas é seu instrumento específico.” 
 Weber: “(...) devemos conceber o Estado contemporâneo como uma 
comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território (...) 
reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.” 
 
 Segundo Hannah Arendt, o poder político advém de um consentimento, de 
uma vontade dos homens, afirmando que “quem está no poder, recebeu de certo 
número de pessoas o poder de agir em seu nome”. 
 Arendt: “O poder resulta da capacidade humana, não somente de agir ou de 
fazer algo, como de unir-se a outros e atuar em concordância com eles, sendo os 
participantes orientados pelo entendimento recíproco e não para o seu próprio 
sucesso, tendo como fim o entendimento mútuo.” 
 Arendt: “(...) enquanto a força é a qualidade natural de um indivíduo isolado, o 
poder passa a existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece no 
instante em que eles se dispersam.” 
 Assim, Arendt entende que o poder somente é legítimo quando advém de um 
consenso, o que é criticado por Habermas, que entende que ela aderiu a um 
conceito aristotélico do político, que seria inadequado à sociedade moderna. 
 
 Para Habermas, é possível a compatibilidade entre os dois tipos de poderes 
políticos, onde há um “poder comunicativo” – ausente de dominação e que 
fomenta a discussão no espaço público – e um “poder administrativo” – que 
implica relação de dominação, regulando a vida social através de leis e sanções. 
 Habermas: “Max Weber definiu o poder como a possibilidade de impor a 
própria vontade ao comportamento alheio. Hannah Arendt, ao contrário, concebe 
o poder como a faculdade de alcançar um acordo quanto à ação comum, no 
contexto da comunicação livre de violência. Ambos vêem no poder um potencial 
que se atualiza em ações, mas cada um se baseia num modelo de ação distinto.” 
 Assim, teríamos um poder fundado no monopólio da coação e da força, que 
concedem a capacidade de tomar decisões e comandar questões e instituições 
públicas e utilização do discurso político. 
 
Assim, o poder político resulta assim de dois componentes da atividade humana: do 
debate de ideais no espaço público, lugar onde se trocam opiniões; e do fazer político, 
no campo político, onde se tomam decisões e se instituem atos. 
 A política se concretiza mediante várias atividades de regulamentação social: 
regular as relações de força com vistas a manter ou aplainar certas situações de 
dominação ou de conflito; legislar, mediante a promulgação de lei e de sanções,orientando os comportamentos dos indivíduos para preservar o bem comum; 
distribuir e repartir as tarefas, os papéis e as responsabilidades de uns e de 
outros, mediante um sistema de delegação e de representação mais ou menos 
hierarquizado (por nomeação ou eleição). 
 Percebe-se, então, que a política é um espaço de ação que depende dos espaços 
de discussão e de persuasão que, para serem válidos, devem ser dividos em 
domínios, pois toda a sociedade tem necessidade de reconhecer e de classificar 
as trocas realizadas. 
 
 
4. O DISCURSO POLÍTICO 
4.1. CONCEITO E FINALIDADE DE DISCURSO POLÍTICO: 
 Resultado de uma atividade discursiva que procura fundar um ideal político em 
função de certos princípios que devem servir de referência para a construção das 
opiniões e dos posicionamentos. 
 Enquanto o discurso é uma atividade de comunicação em que atores buscam 
influenciar outros, para que obtenham adesões, rejeições ou consensos, o 
discurso político busca adesão do maior número de pessoas. 
 O discurso político tem por característica expressar ideias de forma 
argumentativa e persuasiva. 
 
 O discurso Político tem por FINALIDADE construir imagens de atores e a usar 
estratégias de persuasão e sedução empregando diversos procedimentos 
retóricos. 
 O discurso político também busca legitimar o sistema de pensamento construído 
ideologicamente, para que os comandos ditados por este sistema sejam 
reconhecidos e dotados de autoridade. 
 Ou seja, o discurso político visa a construção de uma relação de poder, onde se 
coloca o sujeito-alvo em uma posição de submissão e o sujeito de autoridade em 
uma posição dominante. 
 O político encontra-se em uma dupla posição, pois, de um lado, deve convencer 
todas da pertinência de seu projeto político e, por outro, deve fazer o maior 
número de cidadãos aderir a este projeto. 
 
 Hannah Arendt (em The human condition/A condição humana) tinha uma 
visão crítica e afirmava que o discurso político tem por finalidade persuadir o 
outro, de maneira a fazer com que a opinião de quem discursa se imponha, 
mesmo que o propósito buscado seja tão somente o de obter a aprovação e 
admiração da plateia. 
 
 
4.2. ESPÉCIES DE DISCURSO POLÍTICO 
 Discurso de ideias: baseado em verdades pessoais, dogmas, convicções. 
 Discurso de poder: baseado em critérios que podem ser falsos ou verdadeiros. 
É dito o que é possível para atrair o público e não o que é verdadeiramente pensado ou 
sentido. 
 
 Outra classificação possível separa o discurso político entre público (exercido 
no espaço público), midiático e o dominante e autorizado (a ação política, embate 
entre forças, como direita e esquerda). 
 Isto porque os discursos políticos são produzidos em três espaços distintos: um 
lugar de governança (espaço político), um lugar de opinião (espaço público) e um lugar 
de mediação (espaço midiático) 
 
 
 
5. LEGITIMIDADE DO DISCURSO POLÍTICO 
 Weber: “Tal como todos os agrupamentos políticos que historicamente o 
precederam, o Estado consiste em uma relação de dominação do homem sobre o 
homem, fundada no instrumento da violência legítima (isto é, da violência considerada 
como legítima). O Estado só pode existir, portanto, sob condição de que os homens 
dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores.” 
 
Legitimidade e Legalidade do discurso político: 
 Legitimidade não é legalidade. 
 O discurso político que tem legitimidade é aquele que não é arbitrário, mas 
consentido pela sociedade. 
 “Em suma, a existência daquilo que chamo legitimidade cultural consiste em 
que todo indivíduo, queira ele ou não, admita ou não, está colocado no campo de 
aplicação de um sistema de regras que permitem qualificar e hierarquizar seu 
comportamento do ponto de vista da cultura.” BOURDIEU, Pierre. 
 
 Poder legítimo: consentido pela sociedade 
 Poder legal: poder da lei 
 Poder ilegítimo: imposto, arbitrário. 
 
 A legitimidade da instância política depende, no domínio político, da forma 
como tal legitimidade é atribuída – assim, a legitimidade é conferida por um sujeito 
coletivo que pode aceitar uma legitimidade imposta por um tradição institucional ou que 
constrói as condições de uma determinada legitimidade e do exercício de uma 
autoridade. 
 
Weber: “Existem, em princípio (...) três razões internas que justifiquem a dominação, 
existindo, consequentemente, três fundamentos da legitimidade.” 
Portanto, para Max Weber, o poder legítimo é classificado em: 
 Tradicional (monarquias): crença da santidade das tradições e na legitimidade 
daqueles que foram autorizados por estas tradições a exercer a dominação. 
 Carismático (Lula, Getúlio, etc): veneração da santidade, poder heroico ou 
caráter exemplar da pessoa. 
 Racional ou legal (obediência às normas – pacto social): legitimidade das 
ordens estabelecidas e do Direito de mando daqueles que, em virtude destas 
ordens, estão legitimados para exercer a dominação. 
 
 
6. PROCEDIMENTOS (OU ESTRATÉGIAS) DO DISCURSO POLÍTICO 
 Faz-se necessário a utilização de estratégias discursivas para atrair a 
simpatia/obediência do público-alvo. 
 A encenação do discurso político oscila entre a ordem da razão e a ordem da 
paixão. Para o político, é uma questão de estratégia a ser adotada na construção de sua 
imagem, para fins de credibilidade e de sedução, da dramatização do ato de tomar a 
palavra para fins de persuasão, da escolha e apresentação dos valores para fins de 
fundamento do projeto politico. 
 
 A retórica é uma arte ou técnica do bem falar (do latim rhetorica, originado no 
grego [rhêtorikê]), introduzida em Atenas pelos Sofistas. 
Aristóteles, na obra “Retórica”, lançou as bases para sistematizar o seu estudo, 
identificando-a como um dos elementos chave da filosofia, junto com a lógica e a 
dialética (oposição de ideias). 
O método da retórica opera a partir da dialética, ou seja, a partir da existência de 
várias opiniões conflitantes e contraditórias. 
A retórica está ligada à persuasão, uma estratégia de comunicação que consiste 
em utilizar recursos lógico-racionais ou simbólicos de forma a induzir alguém a aceitar 
uma ideia, uma atitude, ou mesmo realizar uma ação. 
A persuasão ocorre mediante a chamada “transformação retórica”, resultante da 
habilidade dos “retores” – agentes da retórica – em confrontar esses argumentos 
contraditórios. Consiste na arte de convencer qualquer um a respeito de qualquer coisa. 
Cada um tem a sua verdade e somente a retórica permite que alguém possa impor a sua 
opinião. A retórica não seria mera persuasão mas distinção e escolha dos meios 
adequados para persuadir. 
 
Segundo Aristóteles, a retórica depende de uma base formada por três meios de 
persuasão: ethos, pathos e logos (que comporiam, assim, o discurso político) 
 ETHOS: O orador convence o público de que está qualificado para falar sobre 
o assunto, utilizando o seu caráter ou autoridade para influenciar a audiência, 
fundamenta-se na credibilidade do orador, construída perante os valores 
culturais e sociais do público. 
 PATHOS: Utilização de apelos emocionais para alterar o julgamento do 
público, com a utilização de metáforas e outras figuras de linguagem para evocar 
sentimentos e emoções. 
 LOGOS: Uso da razão e do raciocínio puros, apelando-se à objetividade, ao 
raciocínio indutivo ou ao dedutivo, procurando-se o estabelecimento de 
“verdades” 
 
A capacidade do discurso político de atingir seus objetivos depende da habilidade 
do sujeito em equilibrar com maior destreza as três formas de argumentos (logos, ethos 
e pathos). 
 
 
 
Próximos Pontos:III e IV – A ORIGEM DO ESTADO: PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS 
Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo 
ministrado em sala de aula. 
O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação. 
Referências principais (não se excluindo a utilização de outros doutrinadores, inclusive 
externos ao direito): 
 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Teoria Geral do Estado; 
 BOBBIO, Noberto. Teoria Geral da Política; 
 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 
 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado; 
 KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado; 
 MALUF, Saihd. Teoria geral do Estado; 
 REALE, Miguel. Teoria Geral do Direito e do Estado. 
 STRECK, Lênio Luiz e MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e 
Teoria Geral do Estado. 
 WOLKMER, dentre outros. 
Também é utilizado o livro didático da Estácio.

Outros materiais