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CIÊNCIA POLÍTICA – 2017.2 PROFESSOR Me. LUIZ FELIPE PINHEIRO NETO Ponto I. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA CIÊNCIA POLÍTICA Ponto II. POLÍTICA: ENTRE CIÊNCIA E DISCURSO 1. Ciência política: Conceito (teoria tridimensional), indagação: por que estudar ciência política no curso de direito?, a ciência política e outras ciências; 2. Política: conceito; 3. Política e poder: Conceito, formas e manifestações do poder – poder ideológico, econômico e político; 4. O discurso político: conceito e finalidade e espécies do discurso político; 5. Legitimidade do discurso político; 6. Procedimentos (ou estratégias) do discurso político; 1. CIÊNCIA POLÍTICA 1.1. CONCEITO DE CIÊNCIA POLÍTICA– TEORIA TRIDIMENSIONAL A Ciência política é o estudo dos acontecimentos, das instituições e das idéias políticas, em sentido teórico e prática. Pode ainda ser definida como a ciência que estuda os fenômenos políticos que possibilitam o funcionamento de grupos sociais diversos, de comunidades a instituições formais. Paulo Bonavides busca entender a ciência política em três prismas: Filosófico: discussões a respeito da origem, essência, justificação e fins do Estado e demais instituições sociais – objeto de estudo de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, na Antiguidade Clássica, e posteriormente por nomes que vão de Bertrand Russel a Carl Schmitt. Sociológico: estudo do Estado enquanto um fenômeno político, sobre a racionalização do poder e sua legitimidade, regimes políticos e a essência dos partidos, dentre outros elementos (Max Weber) – inclui nomes como Oppenheimer, Vierkandt, Jellinek e Herman Heller Jurídico: estudo do corpo de normas que forma o fenômeno político – estudo do Estado por Hans Kelsen. TEORIA TRIDIMENSIONAL DA CIÊNCIA JURÍDICA: junção dos aspectos filosófico, sociológico e jurídico. Noberto Bobbio afirma que, enquanto a filosofia política investiga a melhor forma de governo, o fundamento do Estado ou do poder político e a essência da categoria do político ou da politicidade como a prevalecente disputa sobre a distinção entre ética e política, devemos entender por ciência política uma investigação no campo da vida política. Alessandro Groppali: "É a ciência geral que integra em sua síntese os princípios fundamentais das diversas ciências sociais, jurídicas e políticas que têm por objetos o Estado considerado em relação a determinados momentos históricos, e estuda o Estado de um ponto de vista unitário, em sua evolução, organização, funções e mais típicas formas, com o intuito de determinar-lhe as leis de formação, o fundamento e a finalidade".. 1.2. POR QUE ESTUDAR CIÊNCIA POLÍTICA NO CURSO DE DIREITO? A norma jurídica está submetida à política, já que são criadas e aplicadas pelo poder vigente, sendo necessário o estudo deste poder, sua origem, legitimidade e finalidade. Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.” Francis Wolff : "o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia" Marcus Cláudio Acquaviva: “Quando um juiz comina pena de prisão, um fiscal de rendas impõe multa ao contribuinte faltoso, uma autoridade judicial intima alguém para depor em processo ou para atuar como mesário ou apurador de votos em uma eleição ou, ainda, proíbe o fumo em bares, restaurantes e condomínios e o álcool nas rodovias, é o Estado, entidade imaterial, mediante seus órgãos concretos, como magistrados, fiscais e servidores públicos, que faz vale a vontade da lei, à qual todos devem submeter-se em prol do interesse público. Estado e direito são, portanto, idéias inseparáveis, sendo a lei a formalização da vontade estatal. Ora, se o instrumento de trabalho do bacharel em Direito é a lei, como sonegar ao estudante uma sólida formação ética a respeito dos fundamentos do Estado, do Direito e da própria sociedade? (...)” 1.3. A CIÊNCIA POLÍTICA E OUTRAS CIÊNCIAS Ciência política e o Direito Constitucional: O Direito Constitucional, através de um sistema de normas (ordem jurídica) faz do sistema institucional o ponto de apoio mais firme para o ambiente político, conferindo-lhe estabilidade. Ciência política e economia: o fato econômico é o fato fundamental de politização da sociedade (Burdeau). Embora haja maior destaque neste relacionamento no marxismo (com a idéia de uma superestrututa formada pelas instituições sociais e políticas, que teriam por base a estrutura econômica), não se limita a ele. Há outros teólogos que estudam a relação entre política e economia, alguns inclusive refutando Marx. Ciência política e história: necessária análise crítica da origem e desdobramento dos sistemas, das idéias e das doutrinas políticas. Para Noberto Bobbio, a ciência política é uma ciência histórica Lênio Streck: “A Ciência Política será, assim, essa disciplina que, mediante um processo de compreensão interdisciplinar, possibilitará interpretar a complexidade que envolve o Estado, o poder, a política, a democracia e o direito (e as suas consequências para a sociedade).” 2. POLÍTICA - CONCEITO Na Grécia antiga, política era o estudo da polis (a cidade-Estado), seus governos (em análise da prática, inclusive comparativamente) e em teoria (com prescrições para um bom governo). Aristóteles: A política tem por objeto não apenas possibilitar um modo de vida, com trocas econômicas e segurança, mas promover a vida em uma perspectiva específica (“Vida Boa”), na qual a polis (cidade) seria não somente uma associação de residentes de um mesmo lugar para garantir segurança mútua e comércio, mas um grupo com o objetivo de viabilizar a vida boa, uma vida harmoniosa, sendo as instituições sociais um meio para este fim. Platão: política é a virtude do bom senso, a capacidade de tomar a decisão justa em questões privadas ou públicas (questão da Polis) Weber (Ciência e Política: duas vocações): “Que entendemos por política? O conceito é extraordinariamente amplo e abrange todas as espécies de atividade diretiva autônoma. Fala-se da política de divisas de um banco, da política de descontos do Reichsbank, da política adotada por um sindicato durante uma greve; e é também cabível falar da política escolar de uma comunidade urbana ou rural, da política da diretoria que está à testa de uma associação e, até, da política da esposa hábil, que procura governar seu marido. Não darei, evidentemente, significação tão larga ao conceito que servirá de base às reflexões a que nos entregaremos esta noite. Entenderemos por política apenas a direção do agrupamento político hoje denominado Estado ou a influência que se exerce em tal sentido.” Hannah Arendt (O que é política?): “A política trata da convivência entre diferentes. Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum, essenciais num caos absoluto, ou a partir do caos absoluto das diferenças.” Arendt: “A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo como da sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo. Ela possibilita ao indivíduo buscar seus objetivos, em paz e tranquilidade, ou seja, sem ser molestado pela política – sendo, antes de mais nada, indiferente em quais esferas da vida se situam esses objetivos garantidospela política, quer se trate, no sentido da Antiguidade, de possibilitar a poucos a ocupação com a filosofia, quer se trate, no sentido moderno, se assegurar a muitos a vida, o ganha-pão e um mínimo de felicidade.” Arendt: “(...) o sentido da política é a liberdade.” Modernamente, política se relaciona à organização das funções do Estado, à conquista e à manutenção do poder político. Não confunda Política e politicagem, sendo esta uma forma de agir (corrompida) que tem por propósito último atender a interesses pessoais ou trocar favores particulares em benefício próprio. Por esta razão, é importante realçar que as expressões “política” e “politicagem” possuem em comum somente o radical, mas em nada se aproximam no que se refere aos conceitos que expressam. 3. POLÍTICA E PODER 3.1. CONCEITO DE PODER Em um sentido social, é a capacidade ou possibilidade de ação e produção de efeitos em relação a indivíduos e grupos humanos, dependendo de um indivíduo ou grupo a exercê-lo e outro para submeter-se (dominante e dominado), para poder existir. Anthony Giddens (sociólogo): o poder consiste na habilidade de os indivíduos ou grupos fazerem valer os próprios interesses ou as próprias preocupações, mesmo diante da resistência de outras pessoas. Diogo Moreira Neto: “O poder é um fenômeno social no qual uma vontade, individual ou coletiva, se manifesta com capacidade de estabelecer uma relação da qual resulta a produção de efeitos desejados, sob direção da sociedade, que de outra maneira não ocorreriam espontaneamente.” Bobbio: “O fogo tem o poder de fundir metais (...) do mesmo modo que o soberano tem o poder de fazer as leis e, fazendo as leis, de influir sobre as condutas dos súditos.” A política, como forma de atividade ou de praxe humana, está estreitamente ligada ao poder. O poder político é o poder do homem sobre outro homem, descartados outros exercícios de poder, sobre a natureza ou os animais, por exemplo 3.2. MEIOS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER Força: Violência física. Coação: violência psicológica, ameaça do uso da força. Influência: persuasão. Manipulação. Autoridade: estabelecimento de regra pré-constituída (humana ou “divina”) que legitime o poder e o faça ser aceito. 3.3. FORMAS DE PODER Poder ideológico: Influência no campo das idéias. Bobbio: “O poder ideológico vale-se da posse de certas formas de saber, doutrinas, conhecimentos, às vezes apenas de informações, ou de códigos de conduta, para exercer influência no comportamento alheio e induzir os membros do grupo a realizar ou não uma ação. Desse tipo de condicionamento deriva a importância social daqueles que sabem, sejam eles os sacerdotes nas sociedades tradicionais ou os literatos, os cientistas, os técnicos, os assim chamados intelectuais, nas sociedades secularizadas, porque mediante os conhecimentos por eles difundidos ou os valores por eles firmados e inculcados realiza-se o processo de socialização do qual todo grupo social necessita para poder estar junto.” Poder econômico: Posse de bens necessários (realmente ou assim considerados) e escassos. Bobbio: “O poder econômico vale-se da posse de certos bens necessários ou percebidos como tais, numa situação de escassez, para induzir os que não possuem a adotar certa conduta, consistente principalmente na execução de um trabalho útil. Na posse dos meios de produção, reside enorme fonte de poder por parte daqueles que os possuem contra os que não os possuem, exatamente no sentido específico da capacidade de determinar o comportamento alheio. Em qualquer sociedade em que existam proprietários e não-proprietários, o poder deriva da possibilidade que a disposição exclusiva de um bem lhe dá de obter que o não-proprietário (ou proprietário apenas de sua força de trabalho) trabalhe para ele e apenas nas condições por ele estabelecidas.” Poder político: Noberto Bobbio: “Poder político é em qualquer sociedade de desiguais o poder supremo, isto é, o poder ao qual todos os outros estão de algum modo subordinados.” Bobbio: “O caminho mais usual para diferenciar o poder político das outras formas de poder é quanto ao uso da força física. Em outras palavras, o detentor do poder político é aquele que tem exclusividade do direito de uso da força física sobre um determinado território. Quem tem o direito exclusivo de usar a força sobre um determinado território é o soberano. O sociólogo alemão Max Weber foi quem definiu essa especificidade do poder político.” Para Max Weber, o poder político liga-se à dominação e à violência, ao Estado que impõe sua autoridade sob a aparência de legalidade ao utilizar a força. Weber (Ciência e política: duas vocações): “’Todo Estado se funda na força’, disse um dia Trotsky a Brest-Litovsk. E isso é verdade. Se só existissem estruturas sociais de que a violência estivesse ausente, o conceito de Estado teria também desaparecido e apenas subsistiria o que, no sentido próprio da palavra, se denomina ‘anarquia’. A violência não é, evidentemente, o único instrumento de que se vale o Estado (...), mas é seu instrumento específico.” Weber: “(...) devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território (...) reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.” Segundo Hannah Arendt, o poder político advém de um consentimento, de uma vontade dos homens, afirmando que “quem está no poder, recebeu de certo número de pessoas o poder de agir em seu nome”. Arendt: “O poder resulta da capacidade humana, não somente de agir ou de fazer algo, como de unir-se a outros e atuar em concordância com eles, sendo os participantes orientados pelo entendimento recíproco e não para o seu próprio sucesso, tendo como fim o entendimento mútuo.” Arendt: “(...) enquanto a força é a qualidade natural de um indivíduo isolado, o poder passa a existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece no instante em que eles se dispersam.” Assim, Arendt entende que o poder somente é legítimo quando advém de um consenso, o que é criticado por Habermas, que entende que ela aderiu a um conceito aristotélico do político, que seria inadequado à sociedade moderna. Para Habermas, é possível a compatibilidade entre os dois tipos de poderes políticos, onde há um “poder comunicativo” – ausente de dominação e que fomenta a discussão no espaço público – e um “poder administrativo” – que implica relação de dominação, regulando a vida social através de leis e sanções. Habermas: “Max Weber definiu o poder como a possibilidade de impor a própria vontade ao comportamento alheio. Hannah Arendt, ao contrário, concebe o poder como a faculdade de alcançar um acordo quanto à ação comum, no contexto da comunicação livre de violência. Ambos vêem no poder um potencial que se atualiza em ações, mas cada um se baseia num modelo de ação distinto.” Assim, teríamos um poder fundado no monopólio da coação e da força, que concedem a capacidade de tomar decisões e comandar questões e instituições públicas e utilização do discurso político. Assim, o poder político resulta assim de dois componentes da atividade humana: do debate de ideais no espaço público, lugar onde se trocam opiniões; e do fazer político, no campo político, onde se tomam decisões e se instituem atos. A política se concretiza mediante várias atividades de regulamentação social: regular as relações de força com vistas a manter ou aplainar certas situações de dominação ou de conflito; legislar, mediante a promulgação de lei e de sanções,orientando os comportamentos dos indivíduos para preservar o bem comum; distribuir e repartir as tarefas, os papéis e as responsabilidades de uns e de outros, mediante um sistema de delegação e de representação mais ou menos hierarquizado (por nomeação ou eleição). Percebe-se, então, que a política é um espaço de ação que depende dos espaços de discussão e de persuasão que, para serem válidos, devem ser dividos em domínios, pois toda a sociedade tem necessidade de reconhecer e de classificar as trocas realizadas. 4. O DISCURSO POLÍTICO 4.1. CONCEITO E FINALIDADE DE DISCURSO POLÍTICO: Resultado de uma atividade discursiva que procura fundar um ideal político em função de certos princípios que devem servir de referência para a construção das opiniões e dos posicionamentos. Enquanto o discurso é uma atividade de comunicação em que atores buscam influenciar outros, para que obtenham adesões, rejeições ou consensos, o discurso político busca adesão do maior número de pessoas. O discurso político tem por característica expressar ideias de forma argumentativa e persuasiva. O discurso Político tem por FINALIDADE construir imagens de atores e a usar estratégias de persuasão e sedução empregando diversos procedimentos retóricos. O discurso político também busca legitimar o sistema de pensamento construído ideologicamente, para que os comandos ditados por este sistema sejam reconhecidos e dotados de autoridade. Ou seja, o discurso político visa a construção de uma relação de poder, onde se coloca o sujeito-alvo em uma posição de submissão e o sujeito de autoridade em uma posição dominante. O político encontra-se em uma dupla posição, pois, de um lado, deve convencer todas da pertinência de seu projeto político e, por outro, deve fazer o maior número de cidadãos aderir a este projeto. Hannah Arendt (em The human condition/A condição humana) tinha uma visão crítica e afirmava que o discurso político tem por finalidade persuadir o outro, de maneira a fazer com que a opinião de quem discursa se imponha, mesmo que o propósito buscado seja tão somente o de obter a aprovação e admiração da plateia. 4.2. ESPÉCIES DE DISCURSO POLÍTICO Discurso de ideias: baseado em verdades pessoais, dogmas, convicções. Discurso de poder: baseado em critérios que podem ser falsos ou verdadeiros. É dito o que é possível para atrair o público e não o que é verdadeiramente pensado ou sentido. Outra classificação possível separa o discurso político entre público (exercido no espaço público), midiático e o dominante e autorizado (a ação política, embate entre forças, como direita e esquerda). Isto porque os discursos políticos são produzidos em três espaços distintos: um lugar de governança (espaço político), um lugar de opinião (espaço público) e um lugar de mediação (espaço midiático) 5. LEGITIMIDADE DO DISCURSO POLÍTICO Weber: “Tal como todos os agrupamentos políticos que historicamente o precederam, o Estado consiste em uma relação de dominação do homem sobre o homem, fundada no instrumento da violência legítima (isto é, da violência considerada como legítima). O Estado só pode existir, portanto, sob condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores.” Legitimidade e Legalidade do discurso político: Legitimidade não é legalidade. O discurso político que tem legitimidade é aquele que não é arbitrário, mas consentido pela sociedade. “Em suma, a existência daquilo que chamo legitimidade cultural consiste em que todo indivíduo, queira ele ou não, admita ou não, está colocado no campo de aplicação de um sistema de regras que permitem qualificar e hierarquizar seu comportamento do ponto de vista da cultura.” BOURDIEU, Pierre. Poder legítimo: consentido pela sociedade Poder legal: poder da lei Poder ilegítimo: imposto, arbitrário. A legitimidade da instância política depende, no domínio político, da forma como tal legitimidade é atribuída – assim, a legitimidade é conferida por um sujeito coletivo que pode aceitar uma legitimidade imposta por um tradição institucional ou que constrói as condições de uma determinada legitimidade e do exercício de uma autoridade. Weber: “Existem, em princípio (...) três razões internas que justifiquem a dominação, existindo, consequentemente, três fundamentos da legitimidade.” Portanto, para Max Weber, o poder legítimo é classificado em: Tradicional (monarquias): crença da santidade das tradições e na legitimidade daqueles que foram autorizados por estas tradições a exercer a dominação. Carismático (Lula, Getúlio, etc): veneração da santidade, poder heroico ou caráter exemplar da pessoa. Racional ou legal (obediência às normas – pacto social): legitimidade das ordens estabelecidas e do Direito de mando daqueles que, em virtude destas ordens, estão legitimados para exercer a dominação. 6. PROCEDIMENTOS (OU ESTRATÉGIAS) DO DISCURSO POLÍTICO Faz-se necessário a utilização de estratégias discursivas para atrair a simpatia/obediência do público-alvo. A encenação do discurso político oscila entre a ordem da razão e a ordem da paixão. Para o político, é uma questão de estratégia a ser adotada na construção de sua imagem, para fins de credibilidade e de sedução, da dramatização do ato de tomar a palavra para fins de persuasão, da escolha e apresentação dos valores para fins de fundamento do projeto politico. A retórica é uma arte ou técnica do bem falar (do latim rhetorica, originado no grego [rhêtorikê]), introduzida em Atenas pelos Sofistas. Aristóteles, na obra “Retórica”, lançou as bases para sistematizar o seu estudo, identificando-a como um dos elementos chave da filosofia, junto com a lógica e a dialética (oposição de ideias). O método da retórica opera a partir da dialética, ou seja, a partir da existência de várias opiniões conflitantes e contraditórias. A retórica está ligada à persuasão, uma estratégia de comunicação que consiste em utilizar recursos lógico-racionais ou simbólicos de forma a induzir alguém a aceitar uma ideia, uma atitude, ou mesmo realizar uma ação. A persuasão ocorre mediante a chamada “transformação retórica”, resultante da habilidade dos “retores” – agentes da retórica – em confrontar esses argumentos contraditórios. Consiste na arte de convencer qualquer um a respeito de qualquer coisa. Cada um tem a sua verdade e somente a retórica permite que alguém possa impor a sua opinião. A retórica não seria mera persuasão mas distinção e escolha dos meios adequados para persuadir. Segundo Aristóteles, a retórica depende de uma base formada por três meios de persuasão: ethos, pathos e logos (que comporiam, assim, o discurso político) ETHOS: O orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, utilizando o seu caráter ou autoridade para influenciar a audiência, fundamenta-se na credibilidade do orador, construída perante os valores culturais e sociais do público. PATHOS: Utilização de apelos emocionais para alterar o julgamento do público, com a utilização de metáforas e outras figuras de linguagem para evocar sentimentos e emoções. LOGOS: Uso da razão e do raciocínio puros, apelando-se à objetividade, ao raciocínio indutivo ou ao dedutivo, procurando-se o estabelecimento de “verdades” A capacidade do discurso político de atingir seus objetivos depende da habilidade do sujeito em equilibrar com maior destreza as três formas de argumentos (logos, ethos e pathos). Próximos Pontos:III e IV – A ORIGEM DO ESTADO: PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo ministrado em sala de aula. O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação. Referências principais (não se excluindo a utilização de outros doutrinadores, inclusive externos ao direito): ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Teoria Geral do Estado; BOBBIO, Noberto. Teoria Geral da Política; BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado; KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado; MALUF, Saihd. Teoria geral do Estado; REALE, Miguel. Teoria Geral do Direito e do Estado. STRECK, Lênio Luiz e MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. WOLKMER, dentre outros. Também é utilizado o livro didático da Estácio.
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