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A estabilização da tutela antecipada que não se equipara a coisa julgada

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
 ESCOLA DE DIREITO
 CURSO DE DIREITO
 
 
 JURANDY CARLOS SEYR PIRES
 VICTORIA DUARTE FORTES
A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA QUE NÃO SE EQUIPARA À COISA JULGADA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA
2017
JURANDY CARLOS SEYR PIRES
VICTORIA DUARTE FORTES
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA QUE NÃO SE EQUIPARA À COISA JULGADA
 
Artigo apresentado no Grupo de Pesquisa de Direito Civil e Processo Civil, vinculado ao Projeto de Pesquisa “A estabilização da tutela antecipada que não se equipara a coisa julgada”, e à linha de pesquisa “A tutela jurisdicional, efetividade e eficácia da prestação jurisdicional sob a ótica do Novo Código de Processo Civil”, da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial para aprovação na disciplina de TCC II, sob a orientação da Professora Maria de Lourdes Viegas Georg.
 
 
 
 
 
CURITIBA
2017
RESUMO:
O presente artigo versa sobre a disciplina jurídica da Tutela Provisória na sistemática do Código de Processo Civil de 2015 com objetivo de abordar a estabilização da tutela antecipada antecedente, as condições de sua verificação, bem como inevitáveis divergências doutrinárias sobre o tema decorrentes da recente novidade introduzida pelo ordenamento processual civil brasileiro. Busca-se, para tanto, analisar este novo instituto processual a partir da necessária contextualização da Tutela Provisória sob a ótica da efetividade da tutela jurisdicional.
 
Palavras-chave: Processo Civil, Tutela Provisória, Tutela de Urgência, Tutela Antecipada Antecedente, Estabilização, Coisa Julgada. 
ABSTRACT:
The present work deals with the innovations introduced by Code of Civil Procedure in its Chapter V, which establishes the provisional protection, in order to provide celerity and effectiveness to the demands of the claimants which are of an urgent nature. Thus, time is valued since there is no need of years of waiting for access to the good of life pleaded and it also enables the stabilization of decisions made in the early protection, when not challenged by the defendant. As well as the legal certainty provided by the stabilized decisions and their differences in relation to the res judicata.
Keywords: Civil Procedure, Provisional Tutelage, Injunctive Relief, Evidence Jurisdiction, Preceding Anticipated Supervisory, Res Judicata.
SUMÁRIO:
Introdução 
Tutela Provisória
 3.Tutela da Evidência
 4.Tutela de Urgência 
 4.1. Tutela Cautelar
 4.1.2. Fungibilidade entre as tutelas de urgência
 4.2. Tutela Antecipada
 5. Coisa julgada
 6. Estabilização da Tutela Antecipada Antecedente
 6.1. Recursos
 6..2. O Poder Público e a estabilização da tutela provisória
 6.3. Litisconsórcio
 6.4. Assistente Simples
 6.5. Distinção entre coisa julgada e a estabilização da tutela
 7. Razões Finais
 8. Referências bibliográficas
INTRODUÇÃO:
Com a promulgação da Lei nº 13.105/2015, já dotada de alterações promovidas pela Lei nº 13.256/2016, o Código de Processo Civil disciplinou a Tutela Provisória implementando diversas alterações, se equiparado tal instituto como disposto no Código anterior. 
Com efeito, Tutela Provisória é gênero do qual são espécies a Tutela de Evidência e a Tutela de Urgência, sendo que esta última se subdivide em Tutela Cautelar e Tutela Antecipada.
Dentre diversas melhorias no Código de Processo Civil, nota-se um método de proporcionar segurança jurídica à parte de uma forma contemporânea, ou seja, a possibilidade de estabilização da decisão que concedeu tutela provisória como uma novidade implantada no ordenamento jurídico brasileiro e como novidade diferenciadora das espécies do gênero tutela provisória, que foi unificada pelo CPC atual. Contudo, por estar em vigência há pouco tempo, não há até o presente momento uma ampla fonte de jurisprudência, assim como a discussão doutrinária acerca do tema é escassa, julgando uma série de polêmicas que o assunto traz consigo. 
	Justamente por desenvolver um tema novo no processo civil e pouco aprofundado pelos doutrinadores que o propósito deste artigo é apreciar algumas questões debatidas a respeito da tutela provisória antecedente e sua estabilização, sem a aspiração de exaurir os temas, tendo em vista o curto período em que está vigente a possibilidade dessa nova disciplina ser apreciada.
É possível alegar a inconstitucionalidade da decisão de tutela provisória estabilizada, posto que essa estabilização pode cercear o princípio da ampla defesa, o qual é previsto na Constituição Federal em seu art. 5º, inciso LV. Entretanto, é admissível afastar aquela alegação sustentando-se no princípio da razoável duração do processo, previsto também no art. 5º da Constituição Federal, em seu inciso LVIII, de forma que essa novidade auxilie à brevidade do processo, bem como com sua efetividade.
A atual disposição legal teve por escopo harmonizar a disciplina das tutelas fundadas em cognição sumária mediante a unificação em um único regime geral, inclusive prestigiando o instituto da fungibilidade entre as tutelas de urgência para que, na prática, suas diferenças e as semelhanças entre si não sejam obstáculo à efetividade da tutela jurisdicional.
No entanto, em que pese a aparente simplificação do regime jurídico das tutelas provisórias, o legislador disciplinou a possibilidade de que os efeitos da decisão proferida com base em cognição sumária e sem força de coisa julgada se mantenham -ainda que não haja o prosseguimento do processo de cognição plena- quando as partes se sentirem satisfeitas com a decisão.
Importante frisar que tal fenômeno, estabilização, é de aplicabilidade restrita a tutela provisória antecipada antecedente, ou seja, também não é a regra das decisões proferidas em pedidos tutela de urgência.
Logo, a tutela provisória antecipada antecedente estabilizada compreende uma ferramenta necessária que visa proporcionar maior efetividade ao direito processual civil, vez que com maior rapidez é concedida a prestação jurisdicional. O autor se beneficia com a possibilidade de usufruir desde logo do bem da vida perseguido e o réu, por sua vez, fica em desvantagem e é aí que reside o benefício da antecipação. Sem ela o ônus era do autor que ficava longos anos à espera da fruição. Ademais, não é conferido ao réu ônus pela decisão se tornar estabilizada, com extinção do processo sem coisa julgada, visto que são diversas as oportunidades que o réu tem para se opor a decisão que concede a tutela antecipada, só estabilizando a mesma quando a parte contrária se manter inerte. 
DA TUTELA PROVISÓRIA:
Existem possibilidades em que o pedido formulado pelo autor pode ser concedido pelo magistrado antes do término do processo, chamado pelo Código de Processo Civil de 2015 de tutela provisória.
A tutela provisória foi inovada pelo CPC atual e, portanto, ainda traz dúvidas e aspectos polêmicos, visto que não há uma vasta gama de jurisprudência a respeito, por essa razão será abordada no presente artigo.
Há autores que não concordam com a expressão “tutela provisória” e optam por definições como “pretensão à segurança é temporária, e não provisória”[1: ASSIS, Araken de; Processo civil brasileiro, vol. II: parte geral; institutos fundamentais: tomo 2. São Paulo: Ed. Rev. dos Tribunais, 2015. Pag; 357. ]
O gênero abordado neste artigo é subdividido em duas espécies, chamadas de Tutela de Urgência e Tutela de Evidência, as quais estão previstas no CPC nos livros II e III, respectivamente, podendo ser aplicados de forma antecipada ou incidental. Essas modalidades serão analisadas de forma breve e separada, com ênfase na estabilizaçãoda tutela provisória de urgência.
TUTELA DE EVIDÊNCIA:
A respeito da Tutela de Evidência, pensamos em um direito evidente à parte que o requer e que, diferentemente da Tutela de Urgência, não aborda uma tutela provisória que prescinda da urgência. Contudo, ambas as tutelas são caracterizadas como tutela jurisdicional sumária, podendo ser concedidas incidentalmente até o final do processo e, em alguns casos, necessita do contraditório.
Quando se diz que a tutela provisória incidental pode ser concedida até o final do processo, significa que ela pode ser concedida em sede de sentença a fim de satisfazer a urgência da pretensão do autor e, consequentemente, poderá o réu interpor agravo de instrumento e solicitar efeito suspensivo.[2: CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; (...)]
Dessa forma, a Tutela de Evidência não tem como pressuposto para sua concessão o risco ao resultado útil do processo ou o perigo de dano se for observado um dos quatro requisitos presentes no artigo 311 do CPC, quais sejam:
 I- A caracterização do abuso do direito de defesa ou o evidente propósito protelatório da parte;
II- Apenas puder ser comprovado através de documentos os fatos alegados, havendo tese firmada pelo julgamento de casos repetitivos ou pela existência de súmulas vinculantes, podendo ser julgada liminarmente;
III- Quando prova documental de um contrato de depósito puder incidir pedido reipersecutório, quando haverá ordem de entrega do objeto em custódia, sob pena de cominação em multa, também podendo haver decisão liminar;
IV- Houver prova documental de forma satisfatória em relação aos fatos constitutivos do direito do requerente. Não havendo refutação em relação ao réu quanto aos fatos supramencionados, não ocasionando incertezas plausíveis, a qual se traduz em fundada prova incontroversa.
Dessa forma fica claro que a tutela de evidência se funda com a comprovação satisfatória do direito material da parte em relação ao seu pedido e, por não estar presente o perigo da demora, fala-se apenas em tutela de evidência incidental, pedida concomitantemente ou após o pedido principal.
DA TUTELA DA URGÊNCIA:
Dentro da Tutela de Urgência há a divisão em duas outras subespécies: a Tutela Cautelar e a Tutela Antecipada.
Segundo Teory Zavaski, as tutelas cautelares têm caráter temporário, tendo em vista que não são capazes de ter em seu lugar a tutela definitiva, ao contrário da tutela antecipada que sim tem caráter provisório e, além de ser análoga à tutela definitiva, será sucedida por esta ao final do processo.[3: ZAVASKI, Teory Albino. Medidas cautelares e medidas antecipatórias técnicas diferentes, função constitucional semelhante. Revista de Processo; V. 82; Abril, 1996. Pag. 53.]
 
Para que haja Tutela de Urgência, o requerente deve apresentar fundamentos que corroborem a probabilidade do direito, o perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, conforme prevê o artigo 300 do CPC. Já os requisitos antes utilizados pelo Código de Processo Civil de 1973, como o periculum in mora (perigo da demora) e fumus bonis iuris (fumaça do bom direito) continuam a ser utilizados na prática devido à tradição e aos costumes, pois não há mais alusão àqueles requisitos de forma expressa pelo CPC, nem é mais significativo ao processo a diferenciação do ímpeto de cada antigo requisito.[4: Enunciado nº. 143 do Fórum permanente de Processualistas Civis. ][5: VASCONCELOS, Rita de Cássia Corrêa de. A fungibilidade entre as tutelas antecipada e cautelar na perspectiva do - adequado - tratamento do tema no CPC de 2015. São Paulo: Saraiva, 2016. Pag. 439-440.]
 	A Tutela de Urgência pode se dar por um decisão liminar, ou seja, poderá ser concedida logo no início do processo, antes da citação ou da oitiva da parte contrária, por isso importa uma tutela jurisdicional sumária. Também poderá ser concedida posteriormente à audiência de justificação prévia, momento em que o requerente fará prova dos requisitos exigidos para que a concessão possa ser feita, conforme entendimento do magistrado, segundo o §2º do artigo 300 do CPC. [6: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 592. ]
 
No CPC/73, se houvesse risco da decisão ser irreversível, a atual tutela de urgência de natureza antecipada (tutela antecipada) não poderia ser deferida pelo juiz. Dessa forma, entende-se que ambas as tutelas, cautelar e satisfativa, possam ser concedidas ao início do procedimento (chamada de decisão liminar), ou ao final do mesmo.[7: PINHO, Humberto Dalla Bernardina de: Direito Processual Civil Contemporâneo, Vol. I: Teoria Geral do Processo, 6ª ed; São Paulo: Saraiva, 2015. Pag 526.]
Ademais, o magistrado tem liberdade para requerer a prestação de caução, seja ele de forma fidejussória idônea ou real, com o intuito de que a parte que consiga o deferimento da tutela provisória de urgência repare os danos que a outra parte possa vir a sofrer. Desta forma, a parte poderá ser isenta da prestação de caução quando for economicamente hipossuficiente, conforme caracteriza o §1º do artigo 300 do CPC.
TUTELA CAUTELAR:
A subespécie tutela de urgência cautelar tem como objetivo salvaguardar o pedido principal, ou seja, tem finalidade de manter a existência do direito e não deixá-lo se extinguir ao decorrer do processo, por isso compreende-se como uma tutela conservativa.
O art. 301 do CPC estabelece que essa subespécie pode ser executada mediante arresto, arrolamento de bens, sequestro, registro de protesto em oposição à alienação de bem ou qualquer outra ação adequada para que o direito seja assegurado. A lei é ausente quando se trata do procedimento para tais medidas cautelares, assim, será função do magistrado pronunciar-se a respeito do procedimento e do mérito para que seja procedida a concessão dessa tutela em processo civil.
Existem duas formas de ser requerida a tutela cautelar: de forma antecedente (antes do pedido principal) ou de forma incidente (após ou concomitantemente ao pedido principal).
A tutela cautelar antecedente comportará em sua petição inicial, na fase preliminar, conforme art. 305 e 308 do CPC, a lide e a explicação para a mesma, de forma que proporcione a efetividade do fumus bonis iuris e o periculum in mora, bem como deve constar o valor da causa e o recolhimento de custas, tendo procedimento próprio.
Há, também, a possibilidade do pedido principal ser requerido de forma conjunta ao pedido cautelar, assim como pode ocorrer na tutela antecipada antecedente, ou após o pedido definitivo.
Embora o Código de Processo Civil, em seu artigo 294, parágrafo único, exteriorize que caiba o caráter antecedente somente em sede de tutela de urgência, alguns autores divergem a esse entendimento e elaboram o conceito de que a tutela de evidência também pode ter caráter antecedente.[8: MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno: Ed. Thomson Reuters. Revista dos Tribunais, 2015. Pag. 445.]
Segundo o artigo 306 do CPC, no caso de pedido cautelar, será o réu citado para contestar e indicar as provas que pretende produzir no prazo de 05 dias, se este não o fizer no prazo determinado tornar-se-á revel e sofrerá os efeitos da revelia. Por conseguinte, todas as afirmações feitas na Petição Inicial serão consideradas veementes. Haja vista a efetivação de contestação, o processo correrá pelo procedimento comum, conforme estabelece o parágrafo único do artigo 307 do CPC.
Adentrando a fase principal da tutela cautelar, realizado o pedido a fim de assegurar o direito e quando efetivado, será formulado o pedido principal nos mesmos autos, no prazo de 30 dias, sem que haja novas custas processuais. Diante disso pode ser feito o aditamento da petição inicial, conforme estabelece o art. 308 e seu §2º do CPC. 
Posteriormente, as partes serão intimadas em sentido decomparecer à audiência de conciliação e/ou mediação, sem necessidade de nova citação, onde o requerido restará ciente do prazo de 15 (quinze) dias para apresentar contestação na hipótese de a audiência resultar infrutífera (§3º e §4º do art. 308 do CPC).
A eficácia da tutela cautelar antecedente poderá ser cessada em três situações distintas, como especifica o artigo 309 do CPC:
I-	Não houver apresentação do pedido principal no prazo legal de 30 (trinta) dias, também chamado de aditamento da inicial;
II- 	Não houver efetivação da tutela cautelar no prazo de 30 (trinta) dias;
III-	Houver o julgamento em relação a improcedência do pedido principal ou houver a extinção, sem resolução de mérito, do processo principal.
Estando presente quaisquer das hipóteses acima mencionadas, somente poderá ser realizado novo pedido caso haja nova justificação, ou seja, quando houver nova causa de pedir.
Quando vigente o Código de Processo Civil de 1973, o qual admitia a tutela cautelar concedida de ofício pelo Juiz, entendia-se que o mesmo estaria defendendo a função do processo e não protegendo o direito de alguma parte, de forma que se tornaria parcial ao caso concreto. No tocante ao Código de Processo Civil de 2015, a concessão da tutela cautelar de ofício é expressamente vedada, de forma que a parte que considerar o pedido de tutela provisória atrativa deve manifestar-se no processo a favor do mesmo.[9: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Tutelas dos direitos mediante procedimento comum. Ed Thomson Reuters. Revista dos Tribunais, 2015. Pag. 205.][10: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 589-590. ]
Em relação ao não deferimento do pedido cautelar, em regra, este não impedirá que o pedido principal possa ser formulado ou interferirá no julgamento do mesmo. Entretanto, se a razão pela qual o pedido seja indeferido for a decadência ou a prescrição da tutela cautelar, a coisa julgada desse processo será estendida para o processo principal (art. 310 do CPC), ou seja, haverá extinção do processo com resolução da coisa julgada, sem que pedido possa ser feito ao magistrado novamente.
FUNGIBILIDADE ENTRE AS TUTELAS DE URGÊNCIA:
Haverá fungibilidade nas tutelas de urgência, de forma que a tutela cautelar possa ser substituída pela tutela antecedente se o magistrado compreender que há pedido antecedente e esta medida for congruente à necessidade do caso prático, observando o parágrafo único do artigo 305 do CPC, embora não haja artigo estabelecendo que o Juiz possa recepcionar a tutela antecipada. 
Ainda, o doutrinador Humberto Dalla Bernardina de Pinho preleciona:[11: PINHO, Humberto Dalla Bernardina de: Direito Processual Civil Contemporâneo, Vol. I: Teoria Geral do Processo, 6ª ed; São Paulo: Saraiva, 2015. Pag 528.]
“... não pode haver dúvida de que a fungibilidade opera nas duas direções, sendo possível conceder tutela cautelar em lugar da antecipada. Isso porque, em direito, não há uma fungibilidade em uma só mão de direção. Se os bens são fungíveis, tanto se pode substituir um pelo outro, caracterizando o fenômeno denominado duplo sentido vetorial.”
Embora exista essa fungibilidade, o Juiz precisa se atentar aos limites da demanda, qual seja a intenção do autor, de forma que deve haver congruência em relação ao pedido inicial e sua decisão, consoante arts. 141, 490 e 492 do CPC.
TUTELA ANTECEDENTE:
No tocante a Tutela de Urgência Antecedente, prevista nos artigos 303 e seguintes do CPC, para casos de extrema urgência a ser pedido antes de abordar o pedido principal, com o objetivo de antever os efeitos de uma decisão de mérito que ainda está por vir, ou seja, tem caráter satisfativo para que o direito possa ser fruído de imediato e não ter que esperar uma sentença definitiva ou de uma medida assecuratória. Porém, a tutela antecedente só é concedida quando presentes os requisitos do artigo 300 do CPC, quais sejam risco de dano ou resultado útil do processo e a probabilidade do direito. [12: WAMBIER, Teresa Arruda; WAMBIER, Luiz Rodrigues. Novo Código de Processo Civil comparado - artigo por artigo. São Paulo: Ed. Rev. dos Tribunais, 2015. Pag;158-59.]
Da mesma maneira que a Tutela Cautelar, a Tutela Antecedente pode ser subdividida em caráter incidental e caráter antecipado, restando ao critério do Juiz definir como será aplicado, conforme atendidos os requisitos supra mencionados.
Tal como qualquer tutela provisória, a Tutela Provisória Antecipada pode ser modificada ou revogada a qualquer tempo, consoante artigo 296 do CPC. Independentemente disso, observa-se raras as vezes em que a tutela provisória antecipada admitirá retratação. Desta forma, a Tutela Antecipada Antecedente contém uma característica única, ela pode ser estabilizada. No entanto, por esse assunto se tratar do objeto do presente artigo, ele será tratado posteriormente, de forma mais abrangente.
A Tutela Antecedente engloba uma petição inicial imperfeita, eis que o requerente indica apenas o pedido principal, mas não necessariamente o formula, de forma que evidencie a lide, o direito perseguido e o valor da causa (aludindo a tradicional figura do “fumus boni juris” e “periculum in mora” do Código de Processo Civil de 1973).
Quando concedida a tutela antecedente antecipada, iniciará imediatamente a fase principal, onde terá o requerente prazo de 15 (quinze) dias (ou poderá o magistrado fixar prazo maior e distinto, a seu critério) para aditar a petição inicial (art. 303, §1º do CPC), ou seja, para ratificar o pedido principal e identificar a causa de pedir, além de juntar os documentos necessários.
Caso não seja aditada a inicial, o processo será extinto sem resolução do mérito, de forma que sua eficácia será desvanecida. Já, se houver o aditamento, o autor será intimado e o réu citado para comparecer à audiência de conciliação e/ou mediação. Segundo artigo 355 do CPC, havendo audiência infrutífera, o prazo para contestar será de 15 (quinze) dias e, caso o requerido não conteste, poderá sofrer os efeitos da revelia.
Não obstante, caso seja indeferido o pedido de tutela antecipada, o magistrado terá o prazo de até 5 (cinco) dias para determinar a emenda da inicial, também compreendida como aditamento da Petição Inicial e, não feita a emenda no prazo, o processo será extinto sem resolução do mérito e não haverá estabilização da tutela antecipada.[13: BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC - lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo: Saraiva, 2015. Pag; 231.]
COISA JULGADA:
 	A coisa julgada versa sobre a atividade jurisdicional que solucione o conflito de interesse das partes envolvidas no processo e essa qualidade da sentença se torne imutável. Essa imutabilidade e estabilidade da decisão tem origem do princípio constitucional chamado segurança jurídica, um direito fundamental (art. 5º XXXVI da CF) que serve como garantia às partes contra o poder arbitrário do Estado.
O fenômeno da Coisa Julgada, aduz a redação do art. 502 do CPC, que: 
“Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.” 
Eis que, ao fazer uso das palavras “imutável” e “indiscutível”, quis o legislador exprimir, respectivamente, a impossibilidade de a coisa julgada ser modificada ou desfeita nem mesmo pela lei e a não possibilidade de novamente tomar em pauta a decisão que materialmente transitou em julgado.
Quanto à coisa julgada formal, esta é situação jurídica resultante da preclusão máxima dentro do processo em que fora proferida, sendo, portanto, um pressuposto da coisa julgada material, ante a necessidade de primeiro se haver a estabilidade da decisão no próprio processo. Dessa forma, a matéria preterida, julgada em qualquer sentença, só poderá ser analisada novamente em outra relação processual, quando precluir o direitoda parte interessada impugnar tal decisão dentro do mesmo processo.[14: ABELHA, Marcelo. Manual de Direito Processual Civil - 6ª ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016. Pag. 687.]
Ao trazer de forma expressa pela redação do art. 502 do CPC que se trata de coisa julgada material, torna-se necessária a distinção entre as diferentes formas de “coisa julgada”:
A coisa julgada material versa, de forma exclusiva, quanto a decisões que produzem efeitos além do processo em que foram proferidas (endo/extraprocessuais), ou seja, não admite que qualquer das partes proponha nova ação fundada nos mesmos elementos (partes, causa de pedir ou pedido) da ação originária, transitada em julgado. Embora a coisa julgada material pressuponha a existência da coisa julgada formal, a imutabilidade discutida no presente artigo se caracteriza pela coisa julgada externa ao processo.[15: FILHO, Misael Montenegro. Curso de Direito Processual Civil: de acordo como o novo CPC: ed. 12. reform. e atual. - São Paulo: Atlas, 2016. Pag. 557.]
Ainda, há possibilidade da Coisa Julgada se dar de forma Total ou Parcial, quando a sentença versar sobre vários requerimentos, a parte que sucumbiu tem a faculdade de recorrer face a todos os pontos, de alguns ou de apenas um, conforme demonstra o art. 1002 do CPC.
Vê-se que o art. 503 do CPC estabelece os limites objetivos da coisa julgada, isto é, define “o que” se torna indiscutível pelo instituto da coisa julgada. Esta tem como premissa tornar indiscutível uma norma jurídica individualizada, que serviu de solução para um caso em determinado, após extensa análise do mesmo. Sendo assim, a finalidade é manter estabilizada pela coisa julgada a decisão que terá “força de lei”.[16: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 536.]
Assim, em que pese discorrer de maneira genérica o instituto da coisa julgada, visto que não é o intuito do presente artigo, é importante destacar brevemente que a coisa julgada significa tornar indiscutível a decisão que materialmente transitou em julgado.
ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE:
Não havendo interesse do réu em agravar de instrumento a decisão que concede a tutela antecipada ao autor, sucederá a extinção do processo sem resolução do mérito e, assim, a decisão adquirirá estabilidade. Ou seja, a tutela concedida de forma antecipada antecedente continuará produzindo seus efeitos, como antevê o artigo 304 do Código de Processo Civil, entretanto não conceberá o instituto da coisa julgada. A estabilização da tutela de urgência antecipada só ocorrerá em caráter antecedente e em nenhuma outra espécie de tutela provisória, além disso é importante salientar que a estabilização ocorrerá apenas na situação em que for concedida a tutela provisória antecipada de caráter antecedente.[17: BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC - lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo: Saraiva, 2015. Pag; 232.]
Desta maneira, é concebível que a tutela provisória requerida com objetivo de satisfazer a pretensão do autor imediatamente, requerida antes do pedido definitivo e não impugnada pelo réu, poderá ser estabilizada, segundo os termos do art. 303 do CPC. 
Também não ocorrerá a estabilização se, como já explicado anteriormente, o pedido da tutela provisória for feito em conjunto com o pedido principal, ou seja, em caráter incidental. No entanto, em sentido contrário há doutrinadores como Humberto Theodoro Júnior que acreditam ser possível aplicar a estabilização para concessão de tutelas antecipadas incidentais:
“não há diferença substancial entre a estabilização no curso do procedimento de cognição plena ou naquele prévio ou antecedente: em ambos os casos, a tutela sumária é deferida com base nos mesmos requisitos e cumpre o mesmo papel ou função…”[18: THEODORO JÚNIOR, Humberto; ANDRADE, Érico. A autonomização e a estabilização da tutela de urgência no projeto de CPC. Revista de Processo. V. 206, abril de 2012. Pag. 48-49.]
	Contudo, se o intuito da estabilização é dar força a uma tutela concedida com o intuito de satisfazer a parte autora, de forma que a beneficie, não seria inteligente conceder esse privilégio à uma tutela requerida concomitantemente ou após o pedido principal, visto que se essa tutela fosse satisfativa, o autor não faria mais pedidos e sim apenas o de extrema urgência, suficiente para sanar sua necessidade.[19: VASCONCELOS, Ana Paula e VASCONCELOS, Maria Teresa. Reflexões sobre a estabilização da tutela provisória no CPC de 2015. Revista de Processo. Vol 263. Ano 42. P.123-139. São Paulo: ed. RT; Jan de 2017. Pag 130.]
A tutela antecipada tem aptidão para a estabilização justamente em relação ao atendimento do pedido provisório feito pelo autor antes de realizar o pedido principal. Neste caso, sobrevindo a inércia do réu, estabilizam-se os efeitos apenas desse capítulo decisório, prosseguindo-se a discussão quanto ao restante.[20: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 621.]
Não há necessidade de que o autor peça expressamente na Petição Inicial que seu pedido de tutela provisória estabilize-se, mas deve constar que objetiva valer-se dos benefícios previstos no caput do art. 303 do CPC, conforme estabelece seu §5º.
O doutrinador Fredie Didier Júnior acrescenta que embora a estabilização da tutela seja muito positiva para o Poder Judiciário e para o autor, existe um pressuposto negativo a este, é necessário que, na inicial, ele não tenha manifestado sua intenção de dar prosseguimento ao feito após ser concedida a tutela antecipada. [21: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 619.]
Ana Paula Vasconcelos e Maria Teresa Vasconcelos ressaltam que uma das condições para que haja estabilização da tutela concedida, quando antecipada antecedente, é que esta verse sobre direitos disponíveis. Pois, mesmo que o réu tenha a oportunidade de impugnar aquela medida, de nada adiantará se ele à ele não for incumbido o direito de dispor a respeito do direito em discussão.[22: VASCONCELOS, Ana Paula e VASCONCELOS, Maria Teresa. Reflexões sobre a estabilização da tutela provisória no CPC de 2015. Revista de Processo. Vol 263. Ano 42. P.123-139. São Paulo: ed. RT; Jan de 2017. Pag 132.]
Ao réu é vantajosa a sua inércia em relação a tutela antecipada que permite a estabilização, pois o processo será menos custoso, por analogia é possível aplicar o caput e §1º do art. 701 do CPC. Tal estímulo à inércia do réu para que a tutela antecipada concedida ao autor seja estabilizada, não é necessariamente prejudicial àquele visto que o mesmo pode reformar, revisar ou invalidar a decisão por ação autônoma (art. 304, §2º, do CPC).
Aduz Cassio Scarpinella Bueno, seguindo a posição majoritária dos doutrinadores, que qualquer manifestação do réu deve ser direcionada a inviabilização da estabilização da tutela provisória prevista no art. 304, mesmo que seja seu mero comparecimento à audiência de mediação e/ou conciliação ou um recurso interposto e não conhecido. O mesmo vale para o litisconsórcio passivo ou o assistente litisconsorcial quando um deles refutar a tutela antecipada e seu fundamento aproveitar o réu que permanecer estático.[23: BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC - lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo: Saraiva, 2015. Pag; 233.]
Ainda, há que se considerar a possibilidade de inércia parcial do réu. Isso se dará quando, concedida a decisão antecipatória com mais de um capítulo, o réu só impugnar em sede de recurso, em contestação ou através de outra via de questionamento, a respeito de um dos capítulo decisórios, caso em que só os outros temas não impugnadosserão alcançados pela estabilização.[24: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016.Pag. 623]
É mister ressaltar que embora o autor tenha direito à estabilização da tutela antecipada, quando esta não houver sido impugnada pelo réu, pode o autor pedir ao magistrado para que a decisão não se torne estável. Isto porque o art. 190 do CPC traz a possibilidade de as partes realizarem negócio jurídico, onde decidirão o objeto de negociação dentro do próprio processo, dessa forma as partes podem acordar sobre mudanças no procedimento, deveres processuais e seu ônus. Como exemplo, existe a possibilidade das partes acordarem quanto aos prazos processuais quando a lei permitir, ou quando não for benéfico a ambas as partes a tutela antecipada estabilizar-se (embora não seja um evento comum).
O doutrinador Cassio Scarpinella Bueno observa: [25: BUENO, Cassio Scarpinella: Manual Direito Processual Civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC - lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo, Saraiva, 2015. Pag. 191.]
“... o disposto no parágrafo único do art. 190 permite ao magistrado, controlando sua validade, negar aplicação aos negócios processuais em 03 (três) hipóteses: quando entendê-los inválidos; quando inseridos de forma abusiva em contrato de adesão; ou, ainda, quando alguma parte se encontrar em manifesta situação de vulnerabilidade.” 
Dessa forma, compreende-se que conquanto as partes tenham liberdade em celebrar o negócio jurídico, cabe ao magistrado homologar a validade deste conforme previsão legal.
RECURSOS:
Em se tratando da estabilização de tutela antecipada, o aditamento da inicial não pode ser admitido após a efetivação daquele, pois seu prazo, de no mínimo 15 dias (há possibilidade do Juiz fixar prazo maior), pode coincidir ou superar o prazo do recurso do réu, de forma que prejudicaria o mesmo, o qual poderia deixar de recorrer consoante a possível estabilização da tutela. [26: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 620..]
Destaca-se que o prazo para aditamento inicia com a intimação da decisão do magistrado na pessoa do advogado, através do portal eletrônico ou do DJE e não será possível aditar a petição em prazo posterior a definida em lei.
A data do deferimento da tutela provisória antecipada, conta-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o requerido possa interpor agravo de instrumento, refutando a concessão da tutela (art. 1.015, I do CPC).
Mesmo que o réu não interponha agravo de instrumento, será ato contínuo a estabilização da tutela antecipada antecedente a inauguração do prazo decadencial de 2 (dois) anos para que qualquer uma das partes instaure a ação vista no §2º do art. 304 do CPC, com o intuito de reformar, cessar ou reexaminar a tutela antecipada estável, requerendo o desarquivamento dos autos que a originaram (art. 305, §5º do CPC). Isto posto, não há ofensa ao princípio constitucional do devido processo legal, eis que não é suprimido o direito do réu recorrer a fim de impedir a estabilização.
Vale salientar que mesmo após decorridos os 02 (dois) anos previstos no §5º, do art. 304 do CPC e, durante este período não havendo quaisquer formas de rever, reformar ou invalidar a decisão ela, ainda assim, não terá trânsito material em julgado. Em respeito ao princípio constitucional da segurança jurídica, por isso não há cabimento da ação rescisória prevista no art. 966, do CPC.[27: BUENO, Cássio Scarpinella: Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturado a luz do novo CPC - Lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo: Saraiva, 2015, pag. 234.]
No tocante a afirmativa anterior, não incidirá ação rescisória quando cessadas todas as formas do réu impugnar a decisão dentro do prazo legal, visto que não há coisa julgada formal ou material. Já alguns doutrinadores como Luiz Guilherme Marinoni e Teresa Arruda Alvim entendem que, embora não caiba ação rescisória, será possível interpor demanda diversa, mesmo após decorrido o prazo de 02 (dois) anos, com base no processo justo previsto pelo inc. LIV, art. 5º da CF, para arguir a respeito do mérito da estabilização da tutela antecipada. [28: MARIONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sergio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Tutelas dos direitos mediante procedimento comum. Ed Thonson Reuters. Revista dos Tribunais. 2015. Pag 217 e 218.]
Entretanto, com a demanda dessa ação, haverá novo processo e a competência será por prevenção para o mesmo juízo onde houve a estabilização da tutela antecipada antecedente, prevista no §4º do mesmo artigo.
Frisa-se que não cabe estabilização da tutela antecipada em ação rescisória (RPPC 421).
Além da fase inicial, também é possível que a estabilização seja concedida em fase recursal, quando o autor interpor agravo de instrumento se o magistrado não conceder o pedido de tutela antecipada feito anteriormente, em conjunto do aditamento da inicial e da inércia do réu. Distingue-se do momento de aditamento da inicial a possibilidade de impugnar em fase de recurso a decisão, pois o prazo para esta inicia-se após a publicação da decisão e com a juntada dos autos do comprovante de intimação ou citação, ou até mesmo ao fim do prazo para consulta ou no dia útil seguinte ao prazo do edital.[29: MENDONÇA SICA, Heitor Vitor. Doze problemas e onze soluções quanto à chamada “estabilização da tutela antecipada”. Revista do Ministério Público do Rio de Janeiro n.55. Janeiro/março de 2015. Pag 89.][30: REDONDO, Bruno Garcia. Estabilização, modificação e negociação da tutela de urgência antecipada antecedente: principais controvérsias. Revista de Processo, Sao Paulo: RT, a40; v. 244, junho de 2015. Pag. 11.]
A tutela provisória concedida em tribunal pode assumir duas feições: caso concedida por um membro do tribunal, restando o réu insatisfeito com a decisão do Relator, abrirá possibilidade de interpor agravo interno a fim de impugnar de forma específica os fundamentos da decisão agravada (art. 1.021 do CPC); ou, se concedida por acórdão, contra o qual não cabe recurso extraordinário por força do enunciado nº 735 da súmula da jurisprudência predominante do STF, caberá recurso especial da decisão colegiada, a discutir o preenchimento dos pressupostos da concessão da medida.[31: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 600]
O PODER PÚBLICO E A ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA:
Apesar da atualização do CPC em 2015, este manteve a possibilidade da tutela antecipada ser concedida à Fazenda Pública (art. 1.059 do CPC). Como já explanado anteriormente, a tutela provisória não tem característica de sentença e, por isso, não é submetida ao reexame necessário quando concedida ao Poder Público.[32: SICA, Heitor Vitor Mendonça. Doze problemas e onze soluções quanto à chamada “estabilização da tutela antecipada”. Vol. 4: procedimentos especiais, tutela provisória e direito transitório. Salvador: Juspodivm, 2015. Pag. 191.]
Nesse sentido entende-se que é possível, porém improvável, que a tutela antecipada antecedente concedida à Fazenda Pública seja estabilizada. O doutrinador Eduardo Talamini esclarece que isso pode acontecer pois a parte contrária em uma demanda em face do Poder Público visa uma decisão de declaração de existência ou não de relação jurídica, de forma que se faz necessária a coisa julgada para satisfação dessa pretensão.[33: TALAMINI, Eduardo. Tutela de urgência no projeto de novo Código de Processo Civil: a estabilização da medida urgente e a “monitorização” do processo civil brasileiro. Revista de Processo. Vol. 209, ano 37; Jul., 2012. Pag. 26-27.]
LITISCONSÓRCIO:
Tratando-se de litisconsórcio ele pode ser, quando necessário, unitário ou simples, quando a lei determinar sua formação ou quando não houver lei impondo sua formação (simples ou unitário),mas sim a unitariedade da lide quando esta se tratar de uma relação indivisível e una, mesmo que haja mais de um titular (unitário), sendo imprescindível que todos os titulares estejam em juízo.
Ademais, cabe salientar a existência do litisconsórcio facultativo, o qual divide-se em unitário ou simples da mesma maneira que o litisconsórcio necessário acima exposto. Entretanto, naquela o autor da demanda indica a formação do litisconsórcio, apesar do mesmo depender da vontade do réu.[34: GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios:Novo Curso de Direito Processual Civil, Vol. I: Teoria Geral e Processo de Conhecimento (1ª Parte) - 12. ed. de acordo com o Novo Código de Processo Civil - Lei n. 13.105, de 16-3-2015- São Paulo: Saraiva, 2015, pag. 210 a 214.]
Portanto, compreende-se que a estabilização recairá sobre ambos os litisconsortes passivos quando se tratar de caráter unitário (e nenhum deles se manifestar em relação a tutela antecedente concedida ao autor). Visto que, nessa modalidade, todas as decisões impostas a um serão automaticamente concedidas ao outro, bem como se apenas um deles ensejar movimentação processual, a mesma e seus efeitos recairão ao outro, independentemente deste estar inerte.
Já, quando versar sobre litisconsórcio simples, a estabilização recairá apenas àquele que não se opor, dado a autonomia dos litisconsortes nesta modalidade.
ASSISTENTE SIMPLES:
A figura do assistente simples dentro do processo civil funciona como auxiliar do assistido, conforme determina o art. 121 do CPC. Seu interesse jurídico decorre da existência de uma relação jurídica que possui com a parte, a qual é subordinada e dependente da relação jurídica discutida em juízo envolvendo o assistido e seu adversário, ou seja, o assistente poderá somente auxiliá-lo, não lhe é permitido praticar atos que prejudiquem ou que estejam em desconformidade com o desejo do assistido.[35: ABELHA, Marcelo. Manual de Direito Processual Civil - 6ª ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016. Pag.269-270.]
Entretanto, o assistente simples poderá protestar como substituto processual da decisão que deferiu a tutela antecipada antecedente quando o réu não se pronunciar, assim afirma o parágrafo único do artigo 121 do CPC, bem como, aduz o doutrinador Robson Godinho, pode requerer a tutela provisória. Mas, se o réu exprimir opinião favorável a estabilização da tutela, assim ela permanecerá.[36: GODINHO, Robson. “Da tutela provisória”. Comentários ao Novo Código de Processo Civil. Antonio de passo Cabral e Ronaldo Cramer (coordenador): Rio de Janeiro: Editora Forense, 2015. Pag. 469-470.]
O substituto processual poderá, ainda, requerer a tutela provisória incidental. Analogamente o Ministério Público detém, também, essa capacidade, somente nas hipóteses de ele ser parte no processo, ser substituto processual ou estiver assistindo pessoa incapaz. Caso o Ministério Público estiver atuando como fiscal da lei, Fredie Didier Jr. afirma que ele poderá apenas indicar a solicitação de tutela provisória e não a requerer diretamente.[37: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil. Editora Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 589.]
A forma de tutela em questão tem caráter satisfativo e, se concedida, ocorrerá antes do pedido principal, por isso o nome antecedente.
 DISTINÇÃO ENTRE COISA JULGADA E ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA:
Por não se tratar de cognição plena e sim sumária, ou seja, não houve o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa pela parte contrária, como já explanado anteriormente, a tutela estabilizada não equipara-se à coisa julgada material, mesmo quando se tornar imutável pelo decurso do prazo legal para discutir a tutela em foco (§6º, art. 304 do CPC).[38: CF/88, art. 5º, inc. LV - “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”;]
Conquanto, retrata um fenômeno processual coincidente, mas não idêntico, visto que haja em ambos a satisfação jurídica da aspiração do requerente e a estabilização desta, mas não a extinção do processo com resolução de mérito no caso da estabilização.
Assim, ratifica-se o entendimento de que a decisão judicial apta à coisa julgada deve ser pautada em cognição exauriente; ao passo que as decisões proferidas em âmbito de tutela provisória (art. 294 a 311 do CPC), perfazem uma cognição sumária, por não encerrarem a cognição sobre a questão, estabilizam-se apenas. [39: DIDIER JR. Fredie; SARNO BRAGA, Paula; ALEXANDRIA DE OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil. Ed. Juspodivm, 11º ed., 2016. Pag. 530.]
Dessa forma, assimila-se que cabe apenas ação modificativa no prazo de até 2 anos após concedida a tutela antecipada e, decorrido esse período, a decisão tornar-se-á imutável, sem possibilidade de ser arguida em demanda diversa, ou seja, se caracterizará como estável.
RAZÕES FINAIS:
A possibilidade de estabilização de uma decisão proferida em um processo, em caráter de tutela provisória antecipada antecedente, demonstra a notória capacidade que o Direito tem de se reinventar a fim de superar os anseios dos jurisdicionados. O decorrer tempo não é necessário para exaurir a análise de determinadas controvérsias, vez que seria ainda mais prejudicial ao proponente a conhecida vagareza dos processos judiciais frente a uma situação de emergência.
Ainda, embora o processo seja extinto sem resolução do mérito, resta mantida a decisão estabilizada, ou seja, proporciona segurança jurídica ao autor da demanda. E, por versar a respeito de uma tutela antecipada antecedente, como demonstrado no decorrer do presente artigo, a decisão tem caráter satisfativo ao autor, que já detém a esta altura o bem da vida pleiteado antes do pedido principal ser formulado.
Algumas questões tratadas brevemente por este artigo só serão respondidas com a prática no judiciário, como exemplo temos a decisão de caráter sumário que concede a tutela antecipada antecedente estabilizada, não fazendo coisa julgada material, mas possuindo uma força parecida, visto que tem imutabilidade particular. Por consequência, se passados 2 (dois) anos e o réu se manter inerte, a decisão estabilizada não poderá ser revisada.[40: VASCONCELOS, Ana Paula e VASCONCELOS, Maria Teresa. Reflexões sobre a estabilização da tutela provisória no CPC de 2015. Revista de Processo. Vol 263. Ano 42. P.123-139. São Paulo: ed. RT; Jan de 2017. Pag 137.]
De forma sucinta, visto o caráter de urgência das demandas aqui propostas, vê-se que a estabilização ocorre apenas em caráter antecipada antecedente, ou seja, o pedido é feito antes de realizado o pedido principal e concedido antes da resposta do réu, havendo então o aditamento da inicial para confirmar a pretensão e satisfação do autor com a tutela concedida.
Importante salientar que a estabilização é, também, uma sanção ao réu que permaneceu inerte no decorrer do procedimento processual, sem defender seus próprios interesses.
Desarte, torna-se desnecessária a proposição de nova demanda contendo a mesma finalidade do pedido anteriormente proposto no pedido de cautelar, a fim de ratificar por sentença com resolução de mérito a decisão já estabilizada.
Resta demonstrada, portanto, a proporcionalidade do instituto frente às consequências sujeitas aos que optam por utilizá-la.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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VASCONCELOS, Ana Paula e VASCONCELOS, Maria Teresa. Reflexões sobre a estabilização da tutela provisória no CPC de 2015. Revista de Processo. Vol 263. Ano 42. P.123-139. São Paulo: ed. RT; Jan de 2017.
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