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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI DIAMANTINA – MINAS GERAIS FACULDADE DE ZOOTECNIA EQUOTERAPIA SOLIDARIEDADE QUE VEM A CAVALO Acadêmico: Eglerson Duarte Diamantina- MG 2009 ÍNDICE 1- INTRODUÇÃO 1 2- PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA EQUOTERAPIA 1 3- EQUIPE MULTIPROFISSIONAL 2 4- INDICAÇÕES PARA EQUOTERAPIA 3 4.1- INDICAÇÕES 3 4.2- CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS 3 4.3- CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS 4 5- PROGRAMAS DE EQUOTERAPIA 4 5.1- HIPOTERAPIA 5 5.2- EQUITAÇÃO TERAPEUTICA 5 5.3- PRÉ-ESPORTIVO 5 6- A ESCOLHA DO CAVALO PARA A PRÁTICA DE EQUOTERAPIA 6 7- ESTRUTURA PARA A REALIZAÇÃO DA EQUOTERAPIA 7 8- CONSIDERAÇÕES FINAIS 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 1- INTRODUÇÃO A história da humanidade está estreitamente ligada ao dorso de um cavalo. Todas as grandes conquistas do século XX foram conseguidas graças à parceria com esse animal. A domesticação do cavalo pelo homem permitiu-lhe avançar mais que o limite físico humano jamais conseguiu. Aumentou sua capacidade de carga, sua velocidade e diminuíram as distâncias. O grego HIPÓCRATES (458 a 377 a.C.), em seu livro "DAS DIETAS" aconselhava a prática equestre para regenerar a saúde, preservar o corpo humano de muitas doenças e no tratamento de insônia e mencionava que a prática equestre, ao ar livre, faz com que os cavaleiros melhorem seu tônus. Essa prática passou a ser conhecido posteriormente como zooterapia, recurso que utiliza o animal como instrumento para promover o bem estar do homem e do animal. A palavra equoterapia foi criada pela ANDE-BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia) em 1989. para caracterizar todas as práticas que utilizem o cavalo com técnicas de equitação e atividades equestres, objetivando a reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. O siguinificado etimológico da palavra EQUOTERAPIA é “terapia com equinos” (do Latim EQUUS e do grego THERAPEIA). A palavra foi registroda no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com o Certificado de Registro de Marca n.º 819392529, de 26 de julho de 1999. A equoterapia foi reconhecida como método terapêutico em 1997, pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitacional e pelo Conselho Federal de Medicina, mas nos últimos seis anos é que se pode notar o verdadeiro crescimento dessa modalidade terapêutica, haja vista o número crescente de centros de equoterapia em todo o território nacional. 2- PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA EQUOTERAPIA A equoterapia emprega as técnicas de equitação e atividades eqüestres para proporcionar ao praticante, benefícios físicos, psicológicos, educacionais e sociais.Para isto é necessário uma participação global do corpo, contribuindo assim, para o desenvolvimento do tônus e da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo, equilíbrio, aperfeiçoamento da coordenação motora, atenção, autoconfiança e auto-estima (BOULCH, 1996). Para Beaunont (1972), a equitação desenvolve a confiança do praticante em si mesmo, a força muscular, a noção de espaço, o senso tátil e proprioceptivo, não só dos membros superiores, mas de todo corpo. Seu movimento com ritmo e balanço fortalece a musculatura e melhora a coordenação do praticante. O tratamento com a equoterapia facilita o aprendizado pela atenção, concentração, disciplina e responsabilidade, a despeito das limitações intelectuais, psicológicas e físicas dos mais diversos tipos de comprometimentos motores, como paralisia cerebral, problemas neurológicos, ortopédicos e posturais (SANTOS, 2003).Como salienta Bertoti (1988), alguns defensores da equitação terapêutica listam como metas principais a mobilização de cintura pélvica, coluna lombar e articulação do quadril; a normalização do tônus muscular; o desenvolvimento do controle de cabeça e de tronco; e desenvolver reações de equilíbrio no tronco. Independente do tipo de meta utilizada, o objetivo é sempre que o praticante atinja a autonomia e se possível à capacidade de conduzir o cavalo e possa até ser inserido nas fases de pré-esporte. 3- EQUIPE MULTIPROFISSIONAL A realização de programa de equoterapia depende de uma equipe de pessoas devidamente capacitadas e preparadas a trabalhar com pessoas com necessidades especiais tanto como cavalos. O tratamento com a equoterapia é precedido de diagnóstico, indicação médica e avaliação dos profissionais da saúde, educação e equitação a fim de planejar o atendimento equoterápico individualizado. A equipe multiprofissional, atua de forma interdisciplinar. Entre estes profissionais estão: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social, médico, zootecnista e outros (BOULCH,1996). A composição da equipe interdisciplinar deve levar em consideração o programa de equoterapia a ser executado, a finalidade do programa e os objetivos a serem alcançados. Sua composição mínima deve ser de três profissionais, um de cada área: saúde, educação e equitação (BOULCH, 1996). 4- INDICAÇÕES PARA EQUOTERAPIA Como todo método terapêutico, a equoterapia não consiste apenas em colocar uma criança ou um adulto no dorso do cavalo. É indispensável e relevante que se conheça a patologia em causa, o cavalo, as técnicas específicas a serem adotadas nas áreas de saúde, educação e equitação e, igualmente, a necessidade do praticante. Para tanto, faz-se necessário estabelecer, antes de iniciar a primeira sessão, as indicações, contra-indicações e as precauções a serem tomadas para cada praticante. 4.1- INDICAÇÕES - Lesões cerebrais tais como paralisia cerebral, acidente vascular cerebral e traumatismo crânio encefálico; - Seqüelas de lesões medulares como mielomeningocele; - Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; - Distúrbios comportamentais como autismo; - Distúrbios visuais; - Distúrbios auditivos; - Seqüelas de patologias ortopédicas; - Psicoses infantis; - Síndromes genéticas como a Síndrome de Down. 4.2- CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS - Crianças com menos de 2 anos de idade, pelo excesso de estímulo que o sistema nervoso pode não absorver; - Praticante com capacidade cognitiva baixa; - Praticante com muito medo; - Excesso de ansiedade, que pode alterar o tônus, diminuindo a atenção e coordenação; - Fibromialgia, labirintite, escoliose estrutural ou grave; - Convulsões, excesso de movimentos involuntários; - Pós-operatório com fixação; - Hemofilia, subluxações de quadril e ombros e osteoporose. 4.3- CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS - Crianças com síndrome de Down abaixo de 3 anos de idade, pela lassidão ligamentar e instabilidade atlanto axial; - Espinha bífida com sintomas neurológicos; - Escoliose maior que 30º, cifose grave; - Rigidez total de articulação coxofemoral; - Tumores ósseos; - Osteoporose severa; - Artrose de quadril; - Distrofia muscular; - Ferimento aberto; - Hipertensão não controlada; - Hidrocefalia; - Artrite aguda; - Ataxia grave; - Luxação de quadril 5- PROGRAMAS DE EQUOTERAPIA Cada indivíduo, portador de deficiência e/ou de necessidades especiais, é único, é diferente e possui o seu próprio perfil. Enfatiza-se com isso a necessidade de formular “programas personalizados”, levando em consideração as exigências para aquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo evolutivo (CIRILLO, 2001). A equoterapia é aplicada, com duas ênfases, através de programas específicos organizados conforme as necessidades e potencialidades do praticante, da finalidade do programa e dos objetivos a serem alcançados: - a primeira,com intenções médicas e técnicas terapêuticas, visando à reabilitação; - a segunda, com fins educacionais e/ou sociais como a aplicação de técnicas psicopedagógicas, visando à integração e a reintegração (BOULCH, 1996). O programa de equoterapia utiliza o termo montaria terapêutica para descrever 4 métodos de promover tratamento para pessoas com incapacidades.Esses métodos são: hipoterapia, equitação terapêutica, pré-esportivo e esportivo. 5.1- HIPOTERAPIA É um programa essencialmente de reabilitação, voltado para as pessoas portadoras de deficiência física e/ou mental. Geralmente o praticante não tem condições físicas e/ou mental para se manter sozinho a cavalo. Necessita de uma auxiliar-guia para conduzir o cavalo e de um auxiliar-lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança (CIRILLO, 2001). O movimento do cavalo dá um movimento para a pélvis do cavaleiro que é muito semelhante ao movimento induzido pela marcha humana. Estes movimentos podem ser usados para estimular os sistemas nervoso e muscular do cavaleiro 5.2- EQUITAÇÃO TERAPEUTICA Este programa pode ser reabilitativo ou educativo. O praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e conduzi-lo, a dependência do auxiliar guia e do auxiliar-lateral é em menor grau (BOULCH, 1996). Os esportes proporcionam ao praticante atividade física, destreza, robustez e qualidades morais. A equitação desenvolve com mais harmonia estas qualidades e ainda o equilíbrio, a coordenação motora, a agilidade, a destreza, dá um sentimento de força física aumentando a autoconfiança. 5.3- PRÉ-ESPORTIVO A montaria pré-esportiva é usada para desenvolver a habilidade social e para promover a terapia recreacional para pessoas com incapacidades. Incluem atividades tais como montaria em trilha e Olimpíadas Especiais. Também pode ser reabilitativo ou educativo. O praticante deverá ter boas condições para conduzir o cavalo, podendo participar de exercícios específicos de hipismo. 5.4- ESPORTIVO Na equitação esportiva é dada ênfase ao desenvolvimento de saltos, que é usado para melhorar a percepção e habilidade motora, permite ao cavaleiro explorar vários tipos de movimentos em cima do cavalo. 6- A ESCOLHA DO CAVALO PARA A PRÁTICA DE EQUOTERAPIA Não existe uma raça própria para este trabalho, e muito menos um cavalo perfeitamente ideal. Apenas algumas características básicas devem ser levadas em consideração quando for feita a escolha. O cavalo “ideal” deverá apresentar as três andaduras regulares, que são o passo, o trote e o galope e ser equilibrado, tendo o seu centro de gravidade abaixo do garrote (CIRILLO, 2001). O tamanho ideal é de mais ou menos 1,55 metros de altura, medindo-se da cernelha até o chão (Fig. 1). FIGURA 1 – MEDIDAS DO CAVALO A – Comprimento, medido da articulação escapulo umeral a ponta da nádega B – Altura De preferência que a cernelha esteja na mesma altura que a anca do cavalo. O cavalo para a equoterapia também deve apresentar um bom engajamento, ou seja, é necessário que seus membros inferiores se posicionem embaixo de sua massa corporal, sendo que, para ter um bom engajamento o cavalo necessita ter o comprimento, medido da articulação escapulo umeral até a ponta da nádega, igual a sua altura (RODRIGUES, 2003). O comprimento do dorso deve ser mais ou menos do comprimento da caixa torácica, pois um dorso muito longo pode afundar, isto causa dor, e um dorso muito curto não permite a montaria dupla. O cavalo não pode ser assustado, ter cócegas, apresentar hipersensibilidade olfativa e auditiva, pois isto dificultaria a terapia e poderia causar acidentes, caso o cavalo se assuste, por exemplo (RODRIGUES,2003). Deve apresentar resistência e rusticidade, idade acima de 10 anos, machos castrados, facilidade de adaptação ao ambiente e grande peso corporal, para poder atender pacientes obesos. 7- ESTRUTURA PARA A REALIZAÇÃO DA EQUOTERAPIA A equoterapia deve ser realizada em um local onde haja intenso contato com a natureza, transmitindo ao paciente sensação de calma e tranqüilidade, proporcionando-lhe um relaxamento maior a cada sessão. O terreno precisa ser plano, sem irregularidades e de mesma superfície. É importante que o terreno possua um solo macio ou seja, um solo com areia, serragem, grama ou terra fofa, suavizando as batidas da pata do cavalo no solo, com exceção das fases pré-esportivas e esportivas. Isto diminuirá o impacto causado no paciente, facilitando o relaxamento. Também faz-se necessário a construção de uma coberta para que o tratamento não pare, mesmo nos dias de frio intenso ou chuvosos. 8- CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância dos animais na sociedade não tem limites. A interação homem – animal desde o começo dos tempos sempre nos trouxeram benefícios, neste contexto a equoterapia é muito mais do que se utilizar do movimento do animal como uma técnica de reabilitação. É um instrumento terapêutico global, que atua em diversas dimensões, biopsicossociais e até mesmo afetiva, podendo trazer um novo animo para a vida de muitas pessoas. Outras áreas tais como: a zootecnia, a psicologia, a educação física, a assistência social, a pedagogia, etc, podem se beneficiar do uso da Equoterapia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOULCH, J. L. Rumo a uma ciência de movimento humano. ANDE-BRASIL, apostila de equoterapia: Brasília, 1996. BEAUNONT, P. La rieducazione degli handicappati fisici attraverso l’equitazione. Paris, 1972. 72 f. Tese (Doutorado em Medicina) – Faculdade de medicina de Creteil, Universidade de Paris – Val de Marie. BERTOTI, BERTOTI, D. B.; Effect of therapeutic horseback riding on posture in children with cerebral palsy. Physical therapy magazine, v. 68, n. 10, oct. 1988. CIRILLO, L. de C. Equoterapia. ANDE-BRASIL, apostila de equoterapia: Brasília, 2001. Equoterapia. Disponível em:<http://www.equoterapia.org.br> Acesso em: 20 mar. 2009. Equoterapia. Disponível em:<http://www.equoterapiauberaba.org.br> Acesso em: 20 mar. 2009. Equoterapia. Disponível em:<http://www.uberaba.apaebrasil.org.br> Acesso em: 20 mar. 2009. Noticiário Tortuga edição especial Equídeos do Brasil. Ano 53. Nov/Dês 2007. pág. 58 a 60. RODRIGUES, C. S. Curso de Equoterapia na reabilitação. Curitiba, 2003. 27f. Curso de aperfeiçoamento (Fisioterapia) – Curso de equoterapia, Setor de Ciências da Saúde – Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos. SANTOS, T. M. F. No galope da equoterapia. Disponível em: <http://www.wmulher.com.br > Acesso em: 26 jul. 2003. �PAGE � �PAGE �- 1 -�
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