Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 2, Número 2, 2013. 28 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS MÃOS DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE UMA UNIDADE PRODUTORA DE REFEIÇÃO (UPR) DA GRANDE FLORIANÓPOLIS EVALUACIÓN MICROBIOLÓGICA DE LAS MANOS DE MANIPULADORES DEL ALIMENTOS DE UNA UNIDAD PRODUCTORA DE REFECCIONES (UPR) LA GRANDE FLORIANÓPOLIS MICROBIOLOGICAL EVALUATION OF HANDS OF FOOD HANDLERS OF A UNIT PRODUCTION MEAL (UPR) THE AROUND FLORIANÓPOLIS JULIANA SILVEIRA1, ISAURA HAMMERSCHMITT CLEMENTE2, CLEIDE ROSANA WERNECK VIEIRA3, ROBERTA JULIANO RAMOS4 1. Acadêmica do Curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina, Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso. 2. Nutricionista. Especialista. Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina, Brasil. 3. Farmacêutica. Doutora. Docente do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. 4. Nutricionista. Doutora. Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina, Brasil. RESUMO Com a intensa urbanização, busca incessante por melhores condições de vida, a correria do dia a dia e a maior valorização do lazer em família, o hábito de ir em casa se alimentar e a falta de tempo no preparo de refeições aumentou significativamente o número de pessoas que passam a fazer suas refeições fora de casa, seja em restaurantes ou no próprio local de trabalho. Com esse crescente número vem também o aumento de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA’s), e muitas vezes o próprio manipulador do alimento é a principal fonte para uma contaminação alimentar. O Staphylococcus aureus por estar habitado nas mucosas e pele dos humanos, torna-se o principal micro-organismo responsável por surtos de intoxicação, provocando cólicas abdominais, vômitos, ânsia de vômitos e diarréias que aparecem de forma rápida e desaparecem em torno de 24 à 48h. O presente estudo teve como objetivo analisar a presença/ausência de S. aureus nas coletas de amostras das mãos de 18 manipuladores de alimento de uma Unidade Produtora de Refeição (UPR) da Grande Florianópolis, onde em uma primeira coleta resultou 44,44% de manipuladores portadores da bactéria e após uma higienização das mãos, com sabonete bactericida apenas 16,66% dos funcionários continuavam com a bactéria presente nas mãos, caracterizando uma lavagem ineficiente pelos mesmos. Concluindo que hábitos higiênicos adequados juntamente com o hábito de lavagem das mãos corretamente com um sabonete antisséptico durante o período de trabalho é uma maneira simples, rápida e eficiente na eliminação de S. aureus. RESUMEN Con la intensa urbanización, y la busca incesante por mejores condiciones de vida, la correria del dia a dia y la mayor valorización del lazer en familia, el habito de ir en casa para alimentarse y la falta de tiempo para el preparo de refecciones aumento significativamente el numero de personas que pasan a hacer sus refecciones a fuera de casa, sea en restaurantes o en el propio local de trabajo. Con este creciente numero vienen tambien el aumento de Enfermedades Transmitidas por Alimientos (ETA’s), y muchas veces el propio manipulador del alimiento es la principal fuente para una contaminación alimentar. El Staphylococcus aureus por estar habitado en las mucosas y piel de los humanos, transformase en el principal microorganismo responsable por surtos de intoxicación, provocando colicas abdominales, vomitos, nauseas y diarreas que aparecem de forma rapida y desaparecen en torno de 24 a 48h. El presente estudio tuvo como objetivo analisar la presencia/ausencia de S. aureus em las colectas de muestras de las manos de 18 manipuladores de alimientos de una Unidad Productora de Refecciones (UPR) de la Grande Florianópolis, donde en una primera colecta resulto 44,44% de manipuladores portadores de bacteria e después de una higienización de las manos, con jabón bactericida apenas 16,66% de los funcionarios REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) . 29 continuavan con la bacteria presente en las manos, caracterizando un lavaje ineficiente por los mismos. Concluindo que habitos higienicos adecuados juntamente con el habito de lavaje de las manos correctamente con un jabón antiseptico durante el periodo de trabajo es una manera simple, rapida y eficiente en la eliminacion del S. aureus. ABSTRACT With the intense urbanization, ceaseless search for better conditions of life, the rush of everyday life and greater appreciation of family leisure, the habit of going home to feed and lack of time to prepare meals significantly increased the number of people who come to dine outside the home, whether in restaurants or in the workplace. With this growing number is also increasing Foodborne Diseases (DTA's), and often the food handler itself is the main source for food contamination. Staphylococcus aureus to be inhabited in the skin and mucous of humans, becomes the main micro-organism responsible for poisoning outbreaks, causing abdominal cramps, vomiting, diarrhea and vomiting craving that appear quickly and disappear around 24 to 48h. The present study aimed to analyze the presence / absence of S. aureus in samples collected from the hands of 18 food handlers of a Unit Production Meal (UPR) around Florianópolis, which resulted in a 44.44% first collection of handlers carriers of the bacteria after hand washing with antibacterial soap only 16.66% of the employees remained with the bacteria present on the hands, featuring a wash inefficient for them. Concluding that proper hygienic habits along with the habit of washing hands properly with soap antiseptic during the work period is a simple, fast and efficient in eliminating S. aureus. DESCRITORES: Staphylococcus aureus Manipulação de alimentos. Intoxicação alimentar. Produção de alimentos. DESCRIPTORES: Staphylococcus aureus. Manipulación de alimentos. La intoxicación alimentaria. Producción de Alimento. DESCRIPTORS: Staphylococcus aureus. Food handling Food poisoning. Food Production. _____________________________________ INTRODUÇÃO Com a intensa urbanização e industrialização, crescente profissionalização das mulheres, elevação do nível de vida e de educação, generalização do uso do carro, maior acesso da população ao lazer e viagens, foi alterada a gestão de tempo aplicado à alimentação. Nesta busca pelo ganho de tempo, aumenta o número de refeições feitas fora de casa1-2. Com novos hábitos de vida, a preferência por refeições mais convenientes estimulou o mercado de alimentação coletiva, graça a exigência do consumidor, que tem como referência, a variedade de produtos e serviços que estão disponíveis quando consome as refeições fora de casa³. O termo Unidade Produtora de Refeição (UPR) é utilizado para caracterizar todos os estabelecimentos que fazem parte da alimentação fora de casa como restaurantes comerciais, serviços de motéis, buffets, lanchonetes, cozinhas industriais, fast food e cozinhas de hospitais4. Observa-se junto ao crescimento dos serviços de alimentação, o aumento da ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) frequentemente associado ao consumo de alimentos nesses locais, tornando a segurança do alimento a principal preocupação com relaçãoa este segmento5. As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele, fezes, lixos, alimentos REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 2, Número 2, 2013. 30 sujos, entre outros), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminadas. As lavagens das mãos devem ser feitas a fim de interromper a transmissão de infecções veiculadas ao contato5. Para a correta lavagem das mãos, utilize água corrente para molhá-las, esfregando a palma e o dorso das mãos com sabonete líquido bactericida, inclusive as unhas e os espaços entre os dedos. A retirada do sabonete deve ser feita em água corrente, após, secar com toalha de papel branca e descartável, o uso de álcool 70º pode ser usado, garantindo ainda mais a remoção de bactérias6. A identificação de manipuladores de alimentos portadores de agentes patogênicos que podem ser propagados para os alimentos é uma ferramenta útil na prevenção da contaminação dos mesmos7. As doenças veiculadas por alimentos representam um importante problema de saúde pública, pois se estima que milhões de pessoas em todo o mundo estejam acometidas por doenças transmitidas por alimentos8. Para efeito de inspeção sanitária de alimentos, é considerado manipulador qualquer pessoa que entre em contato direta ou indiretamente com os mesmos9. Segundo a Portaria CVS (Centro de Vigilância Sanitária) nº 18 de 9/9/200810, “O Ministério do Trabalho através da NR (Norma Regulamentadora) nº 7 determina a realização do PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, cujo objetivo é avaliar e prevenir as doenças adquiridas no exercício de cada profissão. O manipulador de alimentos não deve ser portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas ou parasitárias. A periodicidade dos exames médicos e laboratoriais deve ser anual. Dependendo das ocorrências endêmicas de certas doenças, a periodicidade deverá obedecer às exigências dos órgãos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica locais. A comprovação documental da saúde do manipulador de alimentos através de laudos médicos e laboratoriais estará de acordo com este Regulamento. Não devem manipular alimentos, os funcionários que apresentarem patologias ou lesões de pele, mucosas e unhas, feridas ou cortes nas mãos e braços, distúrbios gastrintestinais (diarréia ou disenteria) agudos ou crônicos, os que estiverem acometidos de infecções pulmonares ou orofaríngeas, com dentes destruídos por cáries e periodontites (inflamações que acometem gengivas e ossos de suporte dos dentes). Funcionários nessas situações serão afastados para outras atividades, sem prejuízo de qualquer natureza”. Em muitas pessoas, os Staphylococcus aureus tornam-se parte significativa da microbiota residente e, devido a patogenicidade de algumas cepas e capacidade de produzir enterotoxinas, é de grande interesse a sua eliminação nos procedimentos de lavagem das mãos11. Os estafilococos são considerados importantes, não só como patógeno, mas também como indicador de contaminação e de condutas inadequadas de manipulação, sendo os resultados válidos como monitoramento do processo de higiene6. As bactérias do gênero Staphylococcus são habitantes usuais da pele, REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) . 31 das membranas de mucosas, do trato respiratório superior e do intestino do homem, destacando-se entre elas o S. aureus, o de maior patogenicidade, responsável por considerável proporção de infecções humanas12. O período de incubação médio do Staphyloccocus aureus é de 2 a 4 horas. O início dos sintomas é rápido e agudo, dependendo da quantidade da toxina e do alimento consumido e da individualidade da saúde de cada pessoa. Os sintomas mais frequentes são náuseas, vômitos, ânsia de vômitos, cólicas abdominais e diarréia, em geral não há febre. A recuperação da maior parte dos casos é rápida e ocorre em 24 a 48 horas12. A alimentação dentro de padrões higiênicos satisfatórios é uma das condições essenciais para a promoção e a manutenção da saúde, sendo que a deficiência nesse controle é um dos fatores responsáveis pela ocorrência de surtos de DTAs13. Hábitos higiênicos inadequados, como a falta de regularidade na lavagem das mãos, permitem que micro-organismos causadores de doenças sejam disseminados14. Portanto, os manipuladores de alimentos desempenham uma função importante na preservação da higiene pessoal, pois representam uma importante fonte de transmissão de vários patógenos. Uma rápida detecção e correção das falhas na higienização das mãos, bem como a adoção de medidas preventivas, são hoje as principais estratégias para o controle de qualidade, garantindo a saúde do consumidor final. O seguinte estudo propõe identificar a possível ocorrência de Staphylococcus aureus nas mãos de manipuladores de alimentos, antes e depois de uma higienização correta dessas, em uma UPR, da Grande Florianópolis. METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido com base em artigos científicos acessados pelas bases de dados eletrônicos como SciELO Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed e Google Acadêmico, selecionados nos idiomas português, inglês e espanhol, bem como leituras de livros de nutrição e microbiologia. Para seleção dos artigos foram utilizados os seguintes descritores em português Staphylococcus aureus, manipulação de alimentos, intoxicação alimentar e produção de alimentos de forma isolada ou associada. Segundo a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 12 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual estabelece os padrões microbiológicos de alimentos, a determinação de estafilococos coagulase positivo tem por objetivo substituir a determinação de Staphylococcus aureus15. Para coletar o material das mãos dos manipuladores de alimentos foi realizado o Teste de presença/ausência que é caracterizado pela técnica de coleta através de swab, procedimento técnico aprovado pela OMS (Organização Mundial da Saúde)6. Este estudo foi desenvolvido no primeiro semestre de 2013 sendo que a coleta de amostras foi realizada no mês de maio do REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 2, Número 2, 2013. 32 mesmo ano, em um restaurante caracterizado como UPR, localizado na Grande Florianópolis. A coleta foi realizada com todos os funcionários do restaurante que se encontravam no momento do procedimento, totalizando 18 funcionários. Todas as coletas foram devidamente autorizadas por esses, mediante a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta foi realizada em dois momentos, caracterizando em primeira e segunda coleta. Na primeira coleta pegou-se a amostra da palma das mãos (direita e esquerda) e entre os dedosfriccionados pelo swab estéril, umedecidos em solução salina (NaCl 0,85%) no momento em que os manipuladores já estavam realizando sua funções diárias, como a preparação de saladas, manuseio de carnes, embalo de alimentos prontos para consumo, transporte de marmitas e transporte dos pratos prontos até a mesa do consumidor. Para segunda coleta foi utilizado o mesmo procedimento descrito, porém os manipuladores fizeram a higienização prévia das mãos com sabonete líquido bactericida Classic Assept ADPRÓ® e secaram-nas com papel toalha de cor branca e descartável. Os swabs com as amostras foram transportados em caixa isotérmica até o Laboratório de Microbiologia do Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina localizado no município de São José, Santa Catarina, onde foram inoculados em placas de Petri contendo Ágar Baird Parker (BP). O BP é um meio seletivo de alta especificidade usado para o isolamento e para determinação de estafilococos coagulase positivos. O meio BP contém, além de outros ingredientes, cloreto de lítio, telurito e glicocola em concentração elevada para proporcionar a inibição da microbiota gram negativa. Os estafilococos apresentam a capacidade de elaborar enzimas lipolíticas e proteolíticas. Nos meios a base de ovo, o Staphylococcus aureus utiliza a lipovitelina, uma lipoproteína existente na gema do ovo, e como consequência, causa o aparecimento de halos claros ao redor das colônias, halos estes produzidos por lipólise ou proteólise, e zonas claras ou parcialmente aclaradas de um precipitado branco dentro dos halos claros, originários da formação de sais de cálcio e magnésio provenientes dos ácidos graxos liberados. No meio BP os estafilococos coagulase positivo apresentam uma coloração negra devido à redução do telurito adicionado ao meio16. Todas as amostras foram inoculadas em duplicata em placas de cultura contendo ágar Baird-Parker (Himedia) enriquecido com emulsão de gema de ovo a 50% e solução de telurito de potássio a 1%, com incubação a 35°C (± 2ºC) por 48h. Posteriormente foram selecionadas colônias típicas de estafilococos, as quais apresentavam as seguintes características: circulares, pretas, pequenas, lisas, convexas, com bordas perfeitas, rodeadas por uma zona opaca e/ou halo transparente, que foram inoculadas em caldo Brain Heart Infusion (Himedia) a 35°C (± 2ºC) por 24h, para realizar os testes bioquímicos da catalase, coagulase e coloração de gram, conforme descrito no Bacteriological Analytical Manual17, para confirmar a presença de Staphylococcus aureus. Após as análises os resultados foram apresentados em tabelas. REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) . 33 RESULTADOS No presente estudo foi analisada a presença de S. aureus nas mãos de manipuladores de alimentos de uma UPR da Grande Florianópolis. Foram coletados materiais das mãos de 18 funcionários que exercem funções de garçom, maitre, copeiro, cozinheiro, churrasqueiro, pizzaiolo, auxiliar de cozinha, almoxarife, moto boy e telefonista, onde todos, de alguma forma, exercem a manipulação de alimentos. A presença de micro-organismos patogênicos nas mãos representa grande importância epidemiológica no presente estudo devido à possibilidade de contaminação pelos mesmos aos alimentos. Os manipuladores foram interrompidos das funções exercidas durante sua jornada de trabalho para fazer a coleta das amostras e de acordo com a Tabela 1, 44,44% deles estavam com as mãos contaminadas durante a manipulação do alimento. Os cozinheiros e os churrasqueiros que representam 22,22% da amostra, exercem função de extrema responsabilidade e contato direto com os alimentos que serão preparados e servidos ao consumidor final. Tabela 1- Resultados da análise do teste de presença/ausência para Staphylococcus aureus das mãos dos manipuladores de alimentos antes e depois da higienização com sabonete bactericida Função Antes da higienização Depois da higienização Motoboy - - Cozinheiro + + Churrasqueiro + + Auxiliar de cozinha - - Auxiliar de cozinha - - Telefonista - - Garçom - - Maitre + - Garçom + - Copeiro - - Almoxarife + - Motoboy - - Cozinheiro + - Pizzaiolo - - Garçom + - Telefonista - - Churrasqueiro + + Garçom - - - : negativo para a presença de Staphylococcus aureus +: positivo a presença de Staphylococcus aureus Fonte: Dados primários (2013). A presença de S. aureus nas mãos desses é um grande fator de risco para os consumidores da UPR, pois é um dos patógenos mais comuns, tornando-o um grande responsável por diversos surtos de intoxicação alimentar. Por fazer parte da microbiota do corpo humano, ele é facilmente transmitido aos alimentos por pessoas que possuem contato direto com esses18, sendo responsável por 45% das toxinfecções em todo mundo. O manuseio da comida sem cuidados de higiene corretos é considerado um risco de contaminação, e a intoxicação alimentar estafilocócica é comumente associada com manipuladores de alimentos19. Os outros funcionários como maitre, garçons e almoxarife, representam 22,22 % do total dos que possuem a bactéria. Esses, de uma forma ou outra também fazem a manipulação de alimento além das suas funções principais, sendo também um disseminador da bactéria para os alimentos servidos. Resultados semelhantes aos demonstrados nesse estudo foram descritos por Xavier CAD, Oporto CFO, Silva MP, Silveira IA, Abrantes MR19 onde 30,9% dos manipuladores de uma cozinha industrial foram caracterizados como portadores do S. aureus, bem como no estudo de Bresolin BMZ, Dall’Stella JK, Fontoura-da-Silva SE20 onde 34,4% dos manipuladores analisados também apresentaram a bactéria. REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 2, Número 2, 2013. 34 A higienização das mãos foi feita após a primeira coleta e os funcionários foram instruídos que lavassem as mãos com sabonete bactericida, como o de costume feito no dia a dia. O hábito de lavar as mãos é a medida mais simples e importante que existe para a redução dos riscos de transmissão de microrganismos21. A prática adequada de higiene das mãos por uma solução antisséptica é considerada a mais importante medida de prevenção para não contaminar alimentos, o que pode ser observado na Ilustração 1, onde 55,55% dos funcionários já estavam com as mãos livres de contaminantes durante o exercício de sua função diária, comprovando que esses já tem um hábito de higienização correta das mãos, lavando-as sempre que necessário e várias vezes ao dia durante a sua jornada de trabalho. A eficácia da correta higienização juntamente com um sabonete anti-séptico também é comprovada mais uma vez com os dados da Ilustração 1, onde 27,77% dos funcionários após a higienização eliminaram o S. aureus das suas mãos. Almeida RCC, Kuaye AY, Serrano AM, Almeida PF22 avaliaram a eficácia das medidas corretivas de higienização tendo como base reduções obtidas de S. aureus presentes nas mãos dos manipuladores. Ilustração 1 – Percentual de manipuladores com presença/ausência de Staphylococcus aureus antes e após ahigienização n: número de manipuladores. Fonte: Dados primários (2013). Um pequeno número de funcionário, representando 16,66% da amostra, mesmo após a higienização das mãos ainda manteve- as contaminadas pela bactéria, conforme descrito na Ilustração 1, comprovando que não foi feita uma lavagem correta ou houve uma contaminação logo em seguida. A análise das mãos de manipuladores de alimentos realizada por Bresolin BMZ, Dall’Stella JK, Fontoura-da-Silva SE20 verificou que em 37,41% dos manipuladores a bactéria não foi eliminada das mãos pelo procedimento de lavagem adotado pelo manipulador, indicando que houve contaminação e falhas durante o processo. Para uma anti-sepsia correta é necessário que os funcionários molhem as mãos com água, apliquem o sabonete e que este permaneça em contato com toda a superfície do dorso, palma e dedos das mãos por no mínimo 1 minuto, retirando-o após com água corrente. Sua secagem deverá ser feita em papel toalha não reciclada e descartável6. Foi observado que alguns funcionários após a lavagem das mãos abriram o lixeiro com as mãos, que terminavam de secar as mãos em sua roupa, passavam as mãos nos cabelos ou tocavam logo em seguida nas bancadas, propiciando uma nova forma de contaminação. REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) . 35 Visto que os cozinheiros se enquadram na porcentagem de 16,66% dos funcionários do restaurante, onde esses desenvolvem uma função de extrema importância. A atividade do cozinheiro é complexa, pois é preciso selecionar e assegurar o estado de conservação da matéria-prima utilizada para preparar as refeições, organize e coordene a cozinha, tenha conhecimento das técnicas de cozimento, composição das receitas, efetue a limpeza e o pré-preparo dos alimentos que serão utilizados23. Seu trabalho deve estar baseado num conjunto de saberes que visam proteger a saúde dos clientes e também para atender as exigências dos padrões éticos da saúde sobre a necessidade de alimentos seguros. A dimensão da arte, estética e prazer, presente neste trabalho de cozinha, exigem um trabalhador que carregue estes elementos e agregue outros saberes técnicos, como controle higiênico sanitário e dietético. As normas higiênicas, as exigências da técnica dietética e do comércio de refeições autorizam novos sentidos para as práticas do cozinheiro. Entretanto, nem sempre este sujeito consegue manter uma correspondência entre os conhecimentos teóricos adquiridos em algum treinamento23. CONCLUSÃO Concluiu-se com o presente estudo que mais da metade dos funcionários participantes não apresentavam suas mãos contaminadas por S. aureus, o que nos mostra que esses já possuíam um hábito de lavagem das mãos, fazendo a higienização correta, sempre que necessário, e várias vezes durante a sua jornada de trabalho. A correta higienização das mãos consiste em uma lavagem adequada e no tempo certo com um sabonete anti-séptico. A amostra de 27,77% dos funcionários apresentavam a bactéria na primeira coleta e após a higienização eliminaram o S. aureus de suas mãos, comprovando a eficácia da lavagem das mãos com o sabonete bactericida. A lavagem das mãos é um método simples, rápido e fácil de aprender. Porém a amostra de 44,44% dos funcionários da UPR confirmaram a presença de S. aureus em suas mãos, esses devem compreender a importância de uma higienização, habituar-se aos hábitos de higiene correto e fazer a lavagem das mãos com mais freqüência durante seu período de trabalho, a fim de evitar possíveis contaminações alimentares pela bactéria presente nas mãos, já que a maioria desses exercem função de extrema importância no quadro de funcionários da UPR. A presença de S.aureus é um fator importante para a contaminação do alimento por ser de fácil crescimento e multiplicação, provocando quadro de intoxicações alimentar com o aparecimento de sintomas gastrointestinais como cólicas, diarreias e vômitos, variando de acordo com a idade e estado imunológico de cada pessoa. Todos os funcionários devem estar cientes da importância no processo correto para a lavagem das mãos a fim de evitar a contaminação de alimentos pela bactéria Staphylococcus aureus, já que todos os funcionários, apesar de funções variadas, fazem a manipulação de alimentos que serão REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 2, Número 2, 2013. 36 servidos ao grande público do restaurante. Esses devem receber treinamentos do procedimento correto para a lavagem das mãos e da importância do uso de um sabonete anti-séptico. Devem ser alertados e conscientizados quanto aos sintomas causados pela intoxicação da bactéria quando consumido o alimento contaminado, sendo que eles são uma fonte de transmissão do micro-organismo. REFERÊNCIAS 1. Leal D. Crescimento da alimentação fora do domicílio. Rev. Segurança Alimentar e Nutricional, 17(1), Campinas, 2012, 123-132 p. Disponível em: http://www.unicamp.br/nepa/arquivo_san/volu me_17_1_2010/san_vol_17_1_Daniele%5B12 3-132%5D.pdf. Acesso em: 12/03/2013. 2. Lambert JL, Batalha MO, Sproesse RL, Silva AL, Lucchese T. As principais evoluções dos comportamentos alimentares: o caso da França. Rev. de Nutrição, v. 18, n.5, Campinas, 2005, 577-591 p. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte xt&pid=S141552732005000500001&lng=en&n rm=iso&tlng=pt. Acesso em: 07/04/2013. 3. Proença RPC, Sousa AA, Veiros MB, Hering B. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições. Rev. Nutrição em Pauta, ed. Novembro/Dezembro, Florianópolis, 2005. Disponível em: http://www.nutricaoempauta.com.br/lista_artigo .php?cod=469. Acesso: 07/04/2013. 4. Araújo EMG. Análise da organização e das condições de trabalho em uma Unidade de Alimentação e Nutrição em relação ao desempenho e à satisfação do trabalho: um estudo de caso. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010. Disponível em: http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/14/TD E-2011-05-07T052225Z- 2913/Publico/Dissertacao%20Elenice%20%20 Araujo.pdf. Acesso em: 15/03/2012. 5. Ministério da Saúde. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, Brasília, DF, 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/m anual_doencas_transmitidas_por_alimentos_p df.pdf. Acesso em: 30/03/2013. 6. Silva-Júnior EA. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. 3ª edição, São Paulo, Livraria Varela, 1995, 391p. 7. Rezende CHA, Costa JMC; Gennaricardoso ML. Enteroparasitoses em manipuladores de alimentos de escolas publicas em Uberlândia – MG. Rev. Panamericana de Salud Publica, vol. 2, n. 6, Washington, 1997. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1020- 49891997001200004&script=sci_arttext. Acesso em: 10/02/2013. 8. Carneiro LC. Enteroparasitoses em manipuladores de alimentos de escolas públicas de Morrinhos – GO. Rev. Vita e Sanitas, vol. 1, n.1, Trindade – GO, 2007. Disponível em: http://fug.edu.br/revista/artigos/Organizados/ar tigo_lilian_01_02_08.pdf. Acesso em: 22/03/2012. 9. Silva JO, Capuano DM, Takayanagui OM, Júnior EG. Enteroparasitosese onicomicoses em manipulador de alimentos do município de Ribeirão Preto, SP. Rev. Brasileira de Epidemiologia, vol. 8, n. 4, São Paulo, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte xt&pid=S1415-790X2005000400007. Acesso em: 12/04/2012. 10. Centro de Vigilância Sanitária. Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/pdf/08pcvs18. pdf. Acesso em: 15/03/2012. 11. Mattos EM. Caracterização genotípica de cepas de recuperados de alimentos e veiculados por formigas. Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública. São Paulo, 2005. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde -14042008-161330/publico/ElaineMattos.pdf. Acesso em: 11/05/2013. 12. Germano PML, Germano MIS. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, treinamento de recursos humanos. 4ª edição, Editora Barueri: Manole, 2011. 976p. 13. Sousa CL, Neves ECA, Lourenço LFH, Costa EB, Monteiro RD’RC. Diagnóstico das condições higiênico-sanitárias e microbiológicas de empresa fornecedora de comidas congeladas Light na cidade de Belém/PA. Rev. Alimentação e Nutrição, v. 20, Araraquara, 2009, 375-381 p. Disponível em: http://serv- bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/arti REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index - ISSN1983-1617 (on line) . 37 cle/viewFile/1130/833. Acesso em: 14/05/2013. 14. Souza RR, Germano PML, Germano MIS. Técnica da simulação aplicada ao treinamento de manipuladores de alimentos, como recurso para a segurança alimentar de refeições transportadas. Rev. Higiene Alimentar, vol. 18, n. 122, São Paulo, 2004, 21-24 p. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi- bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.x is&nextAction=lnk&base=LILACS&exprSearch =390978&indexSearch=ID&lang=p. Acesso em: 10/02/2013. 15. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12- 01rda.htm. Acesso em: 11/05/2013. 16. Silva N, Junqueira VCA, Silveira NFA, Taniwaki MH, Santos RFS; Gomes RAR. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. 3ª edição. São Paulo: Varela, 2007, 552 p. 17. Bennett RW, Lancette GA. Staphylococcus aureus. In: Food Drug Administration. (Ed.).Bacteriological analytical manual. 8.ed. Gaithersburg: FDA, 2001. Cap.12, p.12.1-12.5. Disponível em: http://www.cfsan.fda.gov/~ebam/bam-12.html. Acesso em: 11/05/2013. 18. Castro MMMV, Iaria ST. Staphylococcus aureus enteropatogênico no vestíbulo nasal de manipuladores de alimentos em cozinhas de hospitais do município de João Pessoa, PB. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 18, 1984, 235-45p. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v18n3/05.pdf. Acesso em: 15/05/2013. 19. Xavier CAD, Oporto CFO, Silva MP, Silveira IA, Abrantes MR. Prevalência de Staphylococcus aureus em manipuladores de alimentos das creches municipais do Natal/RN. Rev. Brasileira de Análises Clínicas, v. 39, n. 3, Rio Grande do Norte, 2007, 165- 168 p. Disponível em: http://www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_39_0 3/rbac_39_3_02.pdf. Acesso em: 17/05/2013. 20. Bresolin BMZ, Dall’Stella JK, Fontoura-da- Silva SE. Pesquisa sobre a bactéria Staphylococcus aureus na mucosa e mãos de manipuladores de alimentos em Curitiba / Paraná / Brasil. Estudos de Biologia – Ambiente e diversidade, v. 27, n. 59, Paraná, 2005. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/index.php/BS?dd1=1 5&dd99=pdf. Acesso em 21/05/2013. 21. Fiorentino FAM. Desenvolvimento e controle de qualidade de formulação cosmética contendo Digluconato de Clorexidina. Araraquara, SP, 2009. Disponível em: http://www.posgraduacao.fcfar.unesp.br/cienci asfarmaceuticas/Disertacoes/2009/flavia_mas quio-completo.pdf#page=102. Acesso em: 17/05/2013. 22. Almeida RCC, Kuaye AY, Serrano AM, Almeida PF. Avaliação e controle da qualidade microbiológica de mãos de manipuladores de alimentos. Rev. de Saúde Publica, v. 29, n. 4, São Paulo, 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte xt&pid=S0034- 89101995000400006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt . Acesso em: 17/05/2013. 23. Assunção MP. O fazer do cozinheiro. Um estudo qualitativo em ergonomia. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2008. Disponível em: http://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/1234 56789/92092/251885.pdf?sequence=1. Acesso em 13/06/2013.
Compartilhar