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CONTRATO DE DEPÓSITO (Artigos 627 a 652) Alguém recebe bem móvel de outrem, para guardar temporariamente, até ser reclamado. Difere do comodato, pois neste há o uso da coisa. Partes - Depositante - Quem entrega a coisa em depósito. - Depositário - Quem a recebe. Características Unilateral (regra) - Obriga apenas o depositário: guardar e restituir o bem. Pode ser bilateral; admite-se remuneração. O contrato não se desnatura se o depositário realizar algum serviço na coisa (ex.: lavar o veículo). Gratuito - A regra é a gratuidade, exceto se houver convenção em contrário ou se o depositário o pratica por profissão. Real - Efetiva-se com a entrega do bem móvel, exceto se o depositário já se encontrava na posse. Temporário - Ao final do contrato, o bem deve ser restituído (não há depósito perpétuo). Intuitu personae - Decorre da confiança que o depositante tem no depositário. Efeitos em relação ao depositário - Guardar e conservar a coisa, tendo cuidado e diligência, como se fosse sua, mantendo-a no estado em que foi entregue e respondendo pelos prejuízos a que der causa. - Não pode usar nem transferir a coisa, salvo disposição em contrário, sob pena de responder por perdas e danos. - Restituir a coisa ao final do contrato ou quando solicitada, com seus frutos e acrescidos, no local convencionado. - Receber despesas feitas com a coisa e indenização dos prejuízos. - Exigir remuneração (se pactuada) e reter a coisa até que seja paga a retribuição. - Requerer o depósito judicial, nos casos permitidos. Efeitos em relação ao depositante - Pagar a remuneração (se convencionada), reembolsando as despesas necessárias. - Exigir a conservação da coisa que entregou e sua restituição, com os acessórios, a qualquer tempo, mesmo que outro tenha sido estipulado. Espécies 1. Voluntário ou convencional - Resulta de livre acordo entre as partes. Deve ser feito por escrito. Pode ser regular (recai sobre bens infungíveis) ou irregular (bens fungíveis). 2. Necessário - Presume-se oneroso. a) Legal - No desempenho de obrigação legal: depósito de objeto achado, dívida vencida, pendência de lide, etc. b) Miserável - Por ocasião de calamidade: terremoto, incêndio, inundação, naufrágio, saque, etc. c) Hoteleiro ou hospedeiro (ver “Bagagem em hotel e similares”, a seguir). 3. Judicial ou sequestro - Determinação do juiz, que entrega a terceira coisa litigiosa (móvel ou imóvel) para preservar sua incolumidade, até decisão da causa principal. Bagagem em hotel e similares A bagagem deixada em hotel, hospedaria, pensão, etc. é considerada depositada em mãos do dono do estabelecimento, que responde como depositário (depósito necessário). ( Há responsabilidade mesmo em caso de furto ou roubo praticado por empregados. ( Não é considerado gratuito, pois o preço está incluído no valor da diária. A responsabilidade cessa por convenção com o hóspede, por culpa deste (ex.: deixou aberta a porta do quarto) ou quando o prejuízo não poderia ter sido evitado (caso fortuito ou força maior). Prisão do depositário A Constituição Federal (artigo 5º, LXVII) proíbe prisão por dívida civil. Mas há duas exceções: o inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e o depositário infiel. O depositário que injustificadamente não restituir a coisa depositada será considerado depositário infiel e pode ter decretada sua prisão, em ação de depósito, pelo prazo de até um ano, além de ser obrigado a indenizar o depositante pelos prejuízos decorrentes de sua infidelidade. Observação: há quem entenda ser inadmissível tal prisão, com base no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, aprovado na Convenção sobre Direitos Humanos de São José de Costa Rica.
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