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SUMÁRIO
Conceito de União Estável ...................................................................... 2
Direitos Sucessórios ............................................................................... 4
Direito Sucessório da Companheira ....................................................... 5
Bibliografia ............................................................................................ 11
1 – CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL
A união estável é o tema do momento no Direito de Família Brasileiro tendo em vista os novos costumes sociais do século XX e XXI. Todavia, assim como não define a maioria dos institutos que regulamenta, o Código Civil de 2002 também não traz um conceito de união estável, incumbindo assim à doutrina pátria. (BRASIL, 2002).
Definir o significado de união estável começa e termina em entendermos o que é família, pois se trata de um tema que está sujeito a várias modificações sociais e culturais. A Família passou a ser definida pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) como qualquer relação intima de afeto e amor, deixando o seu caráter, ultrapassado, de núcleo econômico e de afeto. (BRASIL, 2006).
Para Oliveira “nasce a união estável da convivência, simples fato jurídico que evolui para a constituição de ato jurídico, em face dos direitos que brotam dessa relação”, ou seja, o que se exige para a caracterização do instituto é a efetiva convivência com as características de uma união familiar.
Traçando uma pesquisa pela legislação pátria observa-se que a lei 9.278/96 em seu art.1° prevê o reconhecimento da união estável: “É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família”. (BRASIL, 1996).
Posteriormente, o Código Civil, em seu art. 1.723, prevê: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. (BRASIL, 2002).
Todavia, alguns autores, por exemplo Silvio de Sávio Venosa, traçam as características que devem existir para que tal instituto se configure em uma união estável. Venosa identifica cinco elementos constitutivos da União Estável a saber: a) estabilidade da união, como transcurso de razoável prazo; b) Continuidade da relação, complementar à estabilidade; c) diversidade de sexos, posto que necessário o intuito de gerar prole; d) a publicidade da convivência e; e) o objetivo de constituição de família.
Já o entendimento de Diniz possui caráter um pouco mais abrangente para que se configure a união estável, sendo necessária a presença de elementos essenciais tais como: 1) diversidade de sexo; 2) ausência de matrimônio civil válido e de impedimento matrimonial entre os conviventes; 3) notoriedade das afeições recíprocas, afirmando não se ter união estável se os encontros forem furtivos ou secretos, embora haja prática reiterada de relações sexuais; 4) honorabilidade, reclamando uma união respeitável entre os parceiros; 5) fidelidade entre os parceiros, que revela a intenção de vida em comum; 6) coabitação, uma vez que o concubinato deve ter a aparência de casamento e 7) participação da mulher no sustento do lar como administradora e também provedora.
Não se pode confundir o casamento, concubinato e união estável, pois se tratam de institutos diversos um do outro. Antes do Código Civil de 2002 entrar em vigor, existiam o concubinato puro e o concubinato impuro e, com novo Código Civil, essa classificação foi alterada.
Scalquette disserta que “concubinato puro era o nome dado às uniões entre pessoas desimpedidas e o concubinato impuro era dado àquelas uniões em que havia algum impedimento. Atualmente, já com a nova legislação civil, a nomenclatura foi alterada. Por força do art. 1.727 do Código Civil, as relações não eventuais entre homem e mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.”
Com as considerações da autora nota-se que temos apenas duas possibilidades: a união estável que só é constituída por pessoas desimpedidas e o concubinato, que por alguma razão estão impedidas de constituir uma entidade familiar válida.
Dessa forma, resumidamente, com o estudo da doutrina pátria se tece o seguinte parecer: união estável nada mais é do uma união entre homem e mulher (se for união entre pessoas do mesmo sexo chama-se união homoativa) com o intuito de constituir família, através da união pública, contínua e duradoura, diferente do casamento e também do concubinato, conforme vimos anteriormente. E, é exatamente sobre essa diferenciação, entre união estável e casamento, que trataremos o presente trabalho visto que não fere o princípio, garantido constitucionalmente, da isonomia.
Contudo, cabe destacar que, o Supremo Tribunal Federal, em 05 de maio de 2011 declarou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 132, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, configurando interpretação conforme a Constituição Federal ao art. 1.723 do Código Civil de 2002, a fim de declarar a aplicabilidade do regime de união estável às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
2 – DIREITOS SUCESSÓRIOS
O Direito Sucessório presente na união estável é o tema de suma relevância para a presente defesa, tendo em vista o ponto chave desse trabalho monográfico ser a sucessão da companheira no novo Código Civil à luz do princípio constitucional da isonomia.
Como decorrência lógica, também na união estável, é reconhecido os direitos sucessórios dos conviventes, consistentes em: direito real limitado sobre a coisa alheia, sob a forma de direito ao usufruto (art. 2º, I e II, da lei nº 8.971/94); direito real de habitação (art. 7º, parágrafo único, da lei nº 9.278/96); direito a sucessão dos bens, convocado na condição de herdeiro (art. 2º, III, da lei nº 8.971/94); direito à meação (art. 3º, da lei nº 8.971/94).
A disparidade de tratamento entre cônjuge e companheira é uma questão histórica enfrentada pelo Direito Civil brasileiro. Com a modificação do conceito de família e a conquista de maior espaço pelo cônjuge em relação ao Direito Sucessório, algumas injustiças ainda permanecem no que diz respeito aos direitos a título de sucessão causa mortis, nas relações derivadas de uniões estáveis e do casamento.
Com a abertura promovida pelo reconhecimento constitucional da união estável como entidade familiar, coube à lei especial determinar sua regulamentação e seus limites.
A primeira lei a regulamentar o assunto foi promulgada somente em 1994, após mais de seis anos contados da entrada em vigor da nova Constituição. Essa regulamentação, mesmo que tardia, previu já alguns direitos decorrentes da união estável, dentre eles, o direito sucessório.
3 – DIREITO SUCESSÓRIO DA COMPANHEIRA
O Art. 2° da Lei n. 8971/94 dispõe que:
“Art. 2°. As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão do companheiro nas seguintes condições: I – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto da quarta parte dos bens do de cujus se houver filhos deste ou comuns; II – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da metade dos bens do de cujus, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; III – na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito à totalidade da herança. (BRASIL, 1994).”
Foi estabelecida, dessa forma, em termos de preferência na ordem de vocação hereditária, prevista pelo antigo Código Civil, em seu art.1.603, a mesma colocação para a companheira sobrevivente, em relação ao cônjuge supérstite.
Nota-se que o dispositivo do art. 7°, parágrafo único, da lei 9.278/96 previu: “dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver e não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residênciada família”. (BRASIL, 1996).
Com o advento do novo Código Civil, não foi isso que se colocou em prática. Houve, assim, um grande desprestígio em relação à união estável, das próprias leis 8.971/94 e da 9.278/96.
Desse modo, se observa que o Código Civil atual retrocedeu ao não prever o direito real de habitação. Por isso, em conformidade com as regras constitucionais, esse dispositivo do art. 7°, parágrafo único, ainda poderá ser aplicado, ficando claro que o mesmo não foi revogado.
Atualmente, o art. 1790 é que prevê possibilidade da companheira participar da sucessão. Dessa forma, dispõe que:
“Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei foi atribuída ao filho; II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.” (BRASIL, 2002).
No que diz respeito à sucessão do convivente, em concorrência com os herdeiros de primeira vocação, isto é, os descendentes, observa-se que o legislador civil atual pretendeu, efetivamente, dar distinto tratamento a essa sucessão concorrente, aplicando distintas imposições matemáticas se os descendentes fossem filhos do convivente supérstite e do convivente falecido, ou se, por outro lado, fossem descendentes exclusivos do autor da herança, fazendo-o herdar a mesma porção deferida aos filhos comuns e metade da porção cabível aos descendentes exclusivos do de cujus.
No que se refere à concorrência da companheira com filhos comuns e filhos só do falecido, a chamada concorrência com filiação híbrida, seria impossível admitir que a companheira herdasse quota igual ao filho comum e quota equivalente à metade do que foi atribuído ao filho só do falecido, sem que se desigualasse um filho do outro, o que, indubitavelmente, seria inconstitucional. Por isso, não há, na nova Lei Civil, uma disposição que regulamente esta situação híbrida quanto à condição dos filhos do falecido (comuns e exclusivos), com os quais deva concorrer o convivente supérstite.
Para Hironaka, na realidade são quatro as propostas de tentativa de composição dos dispositivos do Código Civil envolvidos no assunto relativo à sucessão de filhos (comuns e exclusivos) em concorrência com o convivente sobrevivente:
“1ª proposta: identificação dos descendentes como se todos fossem filhos comuns, aplicando-se exclusivamente o inciso I do art. 1.790 do Código Civil.
2ª proposta: identificação dos descendentes como se todos fossem filhos exclusivos do autor da herança, aplicando-se, neste caso, apenas o inciso II do art. 1.790 do Código Civil.
3ª proposta: composição dos incisos I e II pela atribuição de uma quota e meia ao convivente.
4ª proposta: composição dos incisos I e II pela sub-divisão proporcional da herança, segundo a quantidade de descendentes de cada grupo.”
Utilizando-se dos ensinamentos de Diniz, que também traça a mesma proposta, a segunda solução é a mais justa e adequada aos ditames constitucionais e legais, uma vez que aplicando os arts. 4º e 5º da Lei de Introdução ao Código Civil e o princípio constitucional da igualdade dos filhos previsto pela Constituição Federal de 1988, art. 227, §6º, deve-se valer do vínculo da filiação do autor da herança e não privilegiar, em detrimento do filhos exclusivos, o existente com a companheira sobrevivente, que terá, nessa hipótese, direito à metade do que couber a cada um dos descendentes do de cujus.
Todavia, parece não haver fórmula exata capaz de harmonizar a proteção dispensada pelo legislador ao convivente sobrevivo e aos herdeiros exclusivos do falecido. E, o que se conclui dessa proposta, não obstante sua importância, é que o legislador civil atual pretendeu efetivamente dar distinto tratamento a essa sucessão concorrente, dando, portanto, preferência ao convivente sobrevivo quando se trata dos filhos comuns a ele e ao de cujus.
Desse modo, muitas outras incoerências poderiam ser levantadas diante da redação dada ao art. 1.790 do Código Civil de 2002, como, por exemplo, a hipótese de existirem filhos comuns da companheira sobrevivente como o de cujus e filhos só do falecido com outra pessoa, o que faz ocorrer conflito entre o disposto nos incisos I e II; ou, no caso de não haver parentes sucessíveis e só existirem bens adquiridos antes da união, a companheira nada receber, passando os bens para o Município, Distrito Federal ou união, segundo interpretação de acordo com o caput do mesmo artigo. (BRASIL, 2002).
Todavia, essa ultima questão (art. 1.790, II, CC/02) parece estar resolvida pelo art. 1.844, que prevê:
“Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se desenvolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizado nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal”. (BRASIL, 2002).”
Maria Helena Diniz apresenta uma construção interpretativa mais técnica sobre esse impasse, qual seja:
“Há quem ache que, na falta de parente sucessível, o companheiro sobrevivente teria direito apenas à totalidade da herança, no que atina aos bens onerosamente adquiridos na vigência da união estável, pois o restante seria do Poder Público, por força do art. 1844 do Código Civil. Se o Município, o Distrito Federal ou a União só é sucessor irregular de pessoa que falece sem deixar herdeiro, como se poderia adquirir que receba parte do acervo hereditário concorrendo com herdeiro, que, no artigo sub examine, seria o companheiro? Na herança vacante configura-se uma situação de fato em que ocorre a abertura da sucessão, porém não existe quem se intitule herdeiro. Por não existir herdeiro é que o Poder Público entra como sucessor. Se houver herdeiro, afasta-se o Poder Público da condição de beneficiário dos bens do de cujus, na qualidade de sucessor. Daí o nosso entendimento de que, não havendo parentes sucessíveis receberá a totalidade da herança, no que atina aos adquiridos onerosa e gratuitamente antes ou durante a união estável, recebendo, inclusive, bens particulares do de cujus, que não irão ao Município, Distrito Federal ou à União, por força do disposto no art. 1844, 1ª. Parte, do Código Civil, que é uma norma especial. Isto seria mais justo, pois seria inadmissível a exclusão do companheiro sobrevivente, que possuía laços de afetividade com o de cujus, do direito à totalidade da herança dando prevalência à entidade pública. Se assim não fosse, instaurar-se-ia no sistema jurídico uma lacuna axiológica. Aplicando-se o art. 5º. Da Lei de Introdução ao Código Civil, procura-se a solução mais justa, amparando o companheiro sobrevivente.”
Diante dessa situação, fica evidente a falta de cuidado legislativo, pois um fato tão comum em nossas relações familiares não encontra hoje solução prevista em dispositivo legal expresso.
Analisando o art. 1.790 do Código Civil de 2002, nota-se que, sob o enfoque doutrinário, ele fere o princípio da isonomia, garantido constitucionalmente.
Giselda Hironaka acrescenta que
“sem dúvida, nesse ponto o Código Civil não foi feliz. A lei não está imitando a vida, nem se apresenta em consonância com a realidade social, quando decide que uma pessoa que manteve a mais íntima e completa relação com o falecido fique atrás de parentes colaterais dele, na vocação hereditária.”
Oliveira, ainda, ensina que
“(...) favorável ao companheiro, sem dúvida, o concurso na herança com descendentes e ascendentes do falecido, tal como se reconhece também ao cônjuge sobrevivente. Mas não se compreende que o companheiro se sujeite à concorrência dos demais parentes sucessíveis, quais sejam os colaterais até o quarto grau. Trata-se de evidente retrocesso no critério no sistema protetivo da união estável,pois no regime da Lei n. 8.971/94 o companheiro recebia toda a herança na falta de descendentes ou ascendentes”.
Bem por isto, se testemunha um trecho de extrema lucidez na obra de Zeno Veloso:
“Na sociedade contemporânea, já estão muito esgarçadas, quando não extintas, as relações de afetividade entre parentes colaterais de 4° grau (primos, tios-avós, sobrinhos-netos). Em muitos casos, sobretudo nas grandes cidades, tais parentes mal se conhecem, raramente se encontram. E o novo Código Civil brasileiro, que vai começar a vigorar no 3° milênio, resolve que o companheiro sobrevivente, que formou uma família, manteve uma comunidade de vida com o falecido, só vai herdar, sozinho, se não existirem descendentes, ascendentes, nem colaterais até o 4° grau do de cujus. Temos de convir. Isto é demais! [...]”
“Haverá alguma pessoa, neste país, jurista ou leigo, que assegure que tal solução é boa e justa? Por que privilegiar a estes vínculos biológicos, ainda que remotos, em prejuízo dos vínculos do amor, da afetividade? Por que os membros da família parental, em grau tão longínquo, devem ter preferência sobre a família afetiva (que em tudo é comparável à família conjugal) do hereditando?”
“Sem dúvida, neste ponto o C.C. não foi feliz. A lei não está imitando a vida, nem se apresenta em consonância com a realidade social, quando decide que uma pessoa que manteve a mais íntima e completa relação com o falecido fique atrás de parentes colaterais dele, na vocação hereditária. O próprio tempo se incumbe de destruir a obra legislativa que não seguiu os ditames do seu tempo, que não obedeceu as indicações da histórica e da civilização.”
Dessa forma, com o entendimento dos autores citados acima, assiste que se a base da sociedade, a família, tem especial proteção do Estado; se a união estável é reconhecida como entidade familiar com o advento da Carta Magna de 1988; se estão equiparadas as famílias matrimonializadas e as famílias que se criaram informalmente, com a convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher, a discrepância entre a posição sucessória do cônjuge e a da companheira, além de contrariar o sentimento e as aspirações sociais, fere os fundamentos constitucionais, em especial ao Princípio da Isonomia.
Todavia, sob a perspectiva jurisprudencial, nota-se que o Art. 1790 do Código Civil de 2002 não fere o Princípio da Isonomia. In casu, o entendimento encontra-se fundamentado nas decisões proferidas pelo respectivo Tribunal do Rio Grande do Sul, a saber:
Bibliografia
OLIVEIRA, Euclides Benedito de. Impedimentos Matrimoniais na união estável. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.). Anuais do II Congresso Brasileiro de Direito de Família. Família e Cidadania. O novo CCB e a vacatiolegis.  Belo Horizonte: Del Rey; 2002, p.175.
VENOSA, Silvio da Sávio. Direito Civil: direito de família, 6ª Edição, São Paulo, Atlas, 2006, p. 42.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito de Família. Vol.5. 25 ed, São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p.375.
SCALQUETTE, Ana Cláudia. União Estável. Vol. 2. 2ª Ed., São Paulo: Editora Saraiva, p. 7-8.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões brasileiro: disposições gerais e sucessão legítima. Destaque para dois pontos de irrealização da experiência jurídica à face da previsão contida no novo Código Civil. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 65, 1maio 2003, p. 01. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4093>. Acesso em: 19 jun. 2012.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 6: direito das sucessões. 18 ed., São Paulo: Saraiva, 2004. Págs. 133. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 6: direito das sucessões. 18 ed., São Paulo: Saraiva, 2004. p. 133/134.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil: parte especial – do direito das sucessões (art. 1.784 a 1.856). 2. ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p.20.
OLIVEIRA, Euclides de. União Estável: do concubinato ao casamento – antes e depois do Novo Código Civil. 6. ed., São Paulo: Método, 2003, p. 211.
VELOSO, Zeno. “Direito sucessório dos companheiros”. Direito de Família e o novo Código Civil. Coordenadores: Maria Berenice Dias e Rodrigo da Cunha Pereira. Belo Horizonte: Del Rey e IBDFam, 1ª ed.: 2001; 2ª ed.: 2002., p. 225-237.
VELOSO, Zeno. Ob. Cit., p. 236-237
Desenvolvimento
Guilherme, 40 anos e Lorena, 35 anos, vivem em união estável desde outubro de 2000. Na União nasceram dois filhos, Gustavo, 8 anos e Luciana, 6 anos. A união não foi constituída por meio de escritura pública e, tão-pouco, escrito particular. Antes do estabelecimento da convivência Lorena possuía uma casa na Cidade de Florianópolis, imóvel que vendeu em 2005 e com o produto da venda adquiriu casa em Curitiba, na qual reside com a família. Guilherme, após estabelecimento da convivência, em dezembro de 2001, adquiriu um carro com economias que fez decorrentes de salários recebidos durante aquele ano. Em janeiro de 2011, Lorena falece em virtude de grade acidente. Guilherme lhe procura para que providencie a partilha dos bens da companheira, mas lhe faz uma série de perguntas. Elabore um parecer explicativo a Guilherme respondendo às suas perguntas:
1 - O que é união estável e qual sua diferença com o casamento?
R: A união estável é a relação de convivência entre duas pessoas que é constante e estabelecida com o objetivo construir uma família. A diferença está no regime de bens, enquanto no casamento é possível “escolher” a qual regime acredita ser mais interessante, na união estável isso não acontece, em caso de separação, será dividido o que o casal adquiriu enquanto estiveram juntos.
2 - Uma vez que a união nunca foi constituída em documento publico ou particular, pode-se afirmar que há regime de bens aplicável ao casal? Explique sua resposta e aponte seus efeitos.
R: O companheiro, além de meeiro, será herdeiro dos bens comuns se concorrer com descendentes, ascendentes ou colaterais do falecido, não necessita de escritura pública ou privada para se confirmar a vivência em união estável.
3 - Com a morte de Lorena, Guilherme terá algum direito sucessório sobre os bens por ela deixado? Explique sua resposta.
R: No caso em tela, o companheiro só participa da sucessão com relação aos bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável. Portanto, se o casal não adquiriu nenhum bem durante o período em que ficaram juntos, Guilherme nada terá direito.
4 - O sistema de sucessão estabelecida pelo Código Civil de 2002 para a união estável é adequado? Explique sua resposta apontando vantagens e desvantagens.
R: Não considero adequado, de modo que tentam de todas as maneiras equiparar a união estável ao casamento e por conta de diversas brechas em nosso código civil isso acaba se tornando cada vez mais difícil e complexo de ser alcançado. Porém, há suas vantagens e desvantagens, principalmente quando o assunto é separação, a união estável traz mais simplicidade para a resolução, visto que a discussão a respeito dos bens adquiridos durante o período em que firmaram a união será mais objetiva e contundente, sendo partilhado apenas os bens adquiridos enquanto permaneceram juntos. Já os regimes de bens do casamento são mais complexos, pois necessitam de diversos combinados para que seja resolvido da melhor forma possível.

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