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CARRAPATO-ESTRELA
Amblyoma cajennense, Fabricius, 1787)
Eng.ª Agr.ª Heloisa Sabino Prates(SAA/CDA/Campinas-SP
Eng.os Agr.os Gilberto Jose de Moraes e Sérgio Batista Alves(ESALQ/USP-Piracicaba)
	
	
     O carrapato Amblyomma cajennense é um ácaro da família Ixodidae popularmente conhecido por carrapato-estrela, rodoleiro, picaço ou rodolego, na fase adulta; micuim, carrapato-pólvora, carrapato-fogo, carrapato-meio-chumbo ou carrapatinho, na fase de larva (primeiro estágio após a fase de ovo); e vermelhinho, na fase de ninfa (segundo estágio após a fase de ovo).
     No meio agrícola do Sudeste do Brasil, trata-se da principal espécie de carrapato que ataca o homem. Seu ataque freqüentemente resulta em intenso prurido no homem, que comumente conduz à formação de lesões nos locais das picadas, causadas pelo ato de coçar. A cicatrização dessas lesões é lenta, podendo demorar meses. Além disso, o carrapato-estrela apresenta grande importância médico-veterinária por ser o transmissor dos organismos que causam a babesiose eqüina no Brasil e a febre maculosa na América Central, na Colômbia e no Brasil.
     O Amblyomm. cajennense é um carrapato trioxeno, ou seja, necessita de três hospedeiros iguais ou diferentes para completar seu ciclo biológico. Isto se deve à mudança de estágios de desenvolvimento (larva a ninfa, ninfa a adulto) assim como a oviposição deste ácaro sempre se dá no solo. Seus hospedeiros preferidos são os eqüinos e a capivara.  Ataca também vários outros mamíferos, como veado, porco, porco- do-mato, cão, cachorro-do-mato, carneiro, cabra, coelho, anta, tamanduá, cotia, coati, tatu, gambá e rato-do-banhado. Pode ser ocasionalmente encontrado em aves domésticas e silvestres que vivem em locais infestados, ou mesmo em animais de sangue frio (ofídios). O homem pode ser atacado pelas larvas, ninfas e pelos adultos do carrapato.
     As larvas medem 0,6 a 0,8mm de comprimento. Mantêm-se neste estágio por até 386 dias quando em jejum. Durante 3 a 6 dias alimentam-se no hospedeiro, após o que descem ao solo onde permanecem de 18 a 26 dias até que ocorra a ecdise, passando ao estágio de ninfa. 
     As ninfas medem cerca de 1mm de comprimento e 0,8mm de largura. Mantêm-se neste estágio até 400 dias quando em jejum. Durante 5 a 7 dias alimentam-se do hospedeiro, e então descem ao solo onde em um período de 23 a 25 dias passam por nova ecdise, atingindo a fase adulta. As fêmeas e os machos adultos medem aproximada-mente 3,5mm de comprimento e 2,5mm de largura antes de se alimentar. Após a alimentação, os machos pouco aumentam, mas as fêmeas aumentam quase cinco vezes de tamanho. Nesta fase, podem permanecer vivos até 450 dias sem se alimentar. Em um período de 8 a 10 dias alimentam-se no hospedeiro. Descem então ao solo, onde durante 25 a 26 dias ovipositam. O número máximo de ovos produzidos pode ultrapassar 7.000. A fase de ovo dura de 30 a 70 dias.
     Em áreas bastante infestadas o carrapato geralmente está presente durante todo o ano, em diferentes níveis e com a prevalência de diferentes estágios ao longo do ano. Os adultos e os ovos são mais abundantes de janeiro a abril de cada ano. Os ovos usualmente não são vistos, por serem depositados no solo. As larvas são muito mais numerosas que os adultos e ocorrem em maiores números de maio a agosto. As ninfas aparecem em níveis menores que as larvas e são encontradas principalmente de julho a outubro.
     É bastante irregular a ocorrência do carrapato-estrela no campo. Geralmente, concentram-se nas áreas de descanso ou de passagem de seus principais hospedeiros, em locais não expostos ao sol. Assim, são mais comuns em beira de rio, sob a vegetação ciliar, ou em outras áreas protegidas. Entretanto, mesmo em áreas que aparentemente ofereçam boas condições para sua ocorrência, a distribuição deste carrapato é bastante irregular, observando-se focos bem delimitados de populações muito mais elevadas que nos arredores. 
     A febre maculosa é causada pela riquétsia (Rickettsia ricketsii). Considera-se que se trata da mesma enfermidade conhecida nos Estados Unidos e no Canadá como febre maculosa das montanhas rochosas ("Rocky Mountain Spotted Fever"), cujos vetores são outras espécies de carrapatos. 
     Apesar de essa enfermidade afetar o homem, o patógeno pode se manter indefinidamente no ambiente apenas circulando entre carrapatos, mesmo na ausência do homem. A riquétsia se mantém numa mesma geração de carrapatos pelo processo de transmissão transestadial, indo dos estágios mais jovens para os mais desenvolvidos. Pode também passar de uma geração a outra de carrapato através da transmissão transovariana. Entretanto, a proporção de carrapatos infectados pela riquétsia é sempre baixa.
     É possível que outros animais possam servir de reservatório da R. ricketsii, dos quais carrapatos não infectados poderiam adquirir o patógeno. De qualquer forma, isso ainda precisa ser devidamente comprovado em nosso meio. Assim, diversos animais são importantes na manutenção deste patógeno em determinada região, por serem necessários para a manutenção das populações do carrapato-estrela, que deles se alimenta.
     A riquétsia pode ser transmitida ao homem quando é picado por um carrapato por um período mínimo de 4 a 6 horas. Em geral, os sintomas da doença começam a aparecer após 2 a 7 dias da picada do carrapato infectado. No Brasil, a febre maculosa tem sido registrada em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em São Paulo, esta doença é também conhecida como "tifo exantemático". 
     Os sintomas clássicos iniciais da doença incluem febre, náuseas, cefaléias, mialgia e máculas. Estas, inicialmente, são pequenas, achatadas e rosadas. Surgem nas palmas e nas solas dos pés, pulsos e nos braço anterior, progredindo pelo resto dos membros até alcançar o tórax e o abdome. A lesão característica de petéquias vermelhas da febre maculosa geralmente aparece após o sexto dia. Quando o quadro clínico atinge tal magnitude, o diagnóstico é desfavorável. Se não tratada a tempo, essa enfermidade pode levar à morte. 
     O cuidadoso monitoramento dos níveis de infestação dos eqüinos é de suma importância para evitar altas incidências do carrapato-estrela. Animais infestados devem ser tratados com produtos acaricidas, que podem ser químicos ou biológicos. Nos locais em que esse controle é feito adequadamente, o carrapato não é um problema e a incidência de febre maculosa é evitada. Obviamente esse tipo de controle é muito dificil ou inviável atualmente em outros hospedeiros preferidos pelo carrapato. Esses hospedeiros podem permitir o desenvolvimento de altas populações do carrapato em certos locais. Isso pode exigir que medidas sejam tomadas para desencorajar a visita de pessoas a esses locais, por meio de campanhas de divulgação de informações sobre o problema, colocação de avisos, etc. 
    O manejo da vegetação em pastagens e outros locais de passagem de eqüinos e outros hospedeiros pre-ferenciais do carrapato também deve ser feito como medida complementar a outras formas de controle. Assim, a eliminação de vegetação de porte mediano nas áreas de pastagem (pasto sujo) e a roçagem de áreas de lazer que também são visitadas por hospedeiros do carrapato podem favorecer muito o seu controle. 
    De maneira geral, tem se verificado que apenas o controle químico do carrapato no ambiente não é suficiente para a manutenção de populações baixas. Resultados promissores têm sido conseguidos em estudos recentes para o controle biológico deste carrapato com a pulverização do fungo Metarhizium anisopliae (Metarril PM 102/103) associado a um óleo vegetal. Esse produto poderá ser de uso bastante desejável em certas áreas restritas, próximas a residências, por exemplo, se for impedido o acesso subseqüente de hospedeiros do carrapato nas áreas tratadas. Por se tratar de um produto biológico, certos cuidados devem ser tomados para assegurar a eficiência do fungo. Por exemplo, a aplicação deve ser feita, preferencialmente, nos dias de maior umidadee temperaturas mais amenas. 
     A utilização desse produto tem se mostrado bastante promissora, mesmo em aplicações sobre os hospedeiros infestados. Nesses casos, redução de até 80% na população do carrapato foi observada. Ocontrole biológico apresenta uma série de vantagens em relação ao controle químico, especialmente no caso do controle de organismos que vivem sobre outros animais ou ocorrem comumente em ambientes visitados pelo público ou em que intoxicações podem ocorrer com maior probabilidade no caso de uso de produtos químicos. Sua associação com outros meios de controle é grandemente recomendável, para o melhor controle do carrapato. 
Carrapato-estrela infectado por 
Metarhizium anisopliae 
Flechtmann, C.H. W. Ácaros de Importância médico-veterinária, 33 ed. São Paulo, Nobel,    1985, 192 p. ilust. 
Guimarães, J .H.; Tucci, E.C.; Barros Battesti, D.M. Ectoparasitos de importância    Veterinária. São Paulo,. Ed. Plêiade, 2001, 218p. ilust. 
Itaforte Bio Produtos: Controle biológico de pragas e doenças, FEALQ/ESALQ/USP.    Convênio Tecnológico, 4p. 2002. 
Labruna, M.B.; Kerber, C.E.; Ferreira, F.; Faccini, J.L.H.; De Waal, D. T.; Gennari, S.M. Risk    factors to tick infestations and their occurrence on horses in the State of São Paulo,    Brasil. VeterinaryParasitology, 97: 1-14,2001. 
Lemos, E.R.S. de; Machado, R.D.; Coura, J.R.; Guimarães, M.A.A.; Serra Freire, N.;
    Amorim, M.; Gazeta, G.S. Epidemiological aspects of the Brazilian spotted rever:     seasonal activityofticks collected in an endemic area in São Paulo, Brasil. Revista     Brasileira de Medicina Tropical, 30(3): 181-185, 1997.

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