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TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Conceito de técnica: conjunto de operações pelas quais se adaptam meios adequados aos fins buscados ou desejados. • Reta razão no plano do fazer. • Ciência e técnica se aliam para atender aos interesses do homem. Em regra, são neutras em relação aos valores. • Ciência: dirige o conhecimento humano. Indica o quê. • Técnica: tem por objeto a atividade humana. Indica como. Visa alcançar o útil. • Técnica jurídica: conjunto de meios e de procedimentos que tornam prática e efetiva a norma jurídica. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito Sem o conhecimento prático, a ideia do Direito e a aspiração de justiça não serão suficientes para o controle social. Somente com a conjugação da filosofia, ciência e técnica, a ordem jurídica pode apresentar-se como instrumento apto a orientar o bem comum. Quando o legislador elabora um código, as normas ficam acessíveis ao conhecimento; ao desenvolver a técnica de interpretação, o exegeta revela o sentido e o alcance da norma jurídica; com a técnica de aplicação, os juízes e administradores dão efetividade à norma jurídica. Espécies de técnica jurídica: 1) de elaboração do Direito: ligada ao Direito escrito, engloba a fase de composição e apresentação do ato legislativo, denominada técnica legislativa e a chamada processo legislativo relativa à proposição, andamento e aprovação de um projeto de lei; 2) de interpretação do Direito: tem por objetivo a revelação do significado e alcance das expressões jurídicas; e 3) de aplicação do Direito: tem por finalidade a orientação aos juízes e administradores, na tarefa de julgar. Tradicionalmente a aplicação do Direito é considerada um silogismo, em que a premissa maior é a norma jurídica, a premissa menor é o fato e a conclusão é a decisão. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Conteúdo da técnica jurídica: falaremos apenas sobre as presunções e ficções. • 1) Presunção: é a ilação (conclusão/inferência) que se tira de um fato conhecido para provar a existência de outro desconhecido. É considerar verdadeiro aquilo que é apenas provável. Presunções Simples ou comum ou de homem Legal Absoluta – juris et de jure Relativa – juris tantum Mista ou intermediária TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito Espécies de presunções: a) presunção simples ou comum ou de homem: feita pelo juiz, com base no senso comum, ao examinar a matéria de fato. Ocorre quando o juiz, fundado em fatos provados, ou suas circunstâncias, raciocina, guiado pela sua experiência e pelo que ordinariamente acontece, e conclui por presumir a existência de um outro fato. São as que se baseiam naquilo que normalmente, ordinariamente ocorre no mundo dos fatos, algo que o homem médio infere da associação de determinados fatos. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • b) presunção legal: estabelecida por lei, subdivide-se em 3 espécies: • Absoluta: também chamada peremptória e juris et de jure (direito e de direito), não admite prova em contrária. Se a parte interessada conseguir provar o contrário, tal fato será insubsistente. • O juiz aceita o fato presumido, desconsiderando qualquer prova em contrário. Assim, o fato não é objeto de prova. A presunção absoluta é uma ficção legal. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito 22.10 • Aplicação: • Exemplos de presunções juris et de jure: • CC, art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. • Vulnerabilidade do consumidor (art. 4.º, I, CDC): • A vulnerabilidade do consumidor é presunção absoluta no mercado de consumo, em face do fornecimento dos produtos e serviços e do domínio da tecnologia e da informação que o fornecedor possui sobre eles. • CP, art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito Aplicação - Presunção juris et de jure: Lei 8.213/91: Dos Dependentes Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Relativa: (juris tantum) – São aquelas que podem ser desfeitas pela prova em contrário, ou seja, admitem contraprova. Assim, o interessado no reconhecimento do fato tem o ônus de provar o indício, ou seja, possui o encargo de provar o fato contrário ao presumido; • Aplicação: • A norma edita-se munida de presunção de constitucionalidade, até porque emana – no caso emblemático da lei ordinária – do poder a quem se conferiu a atividade soberana de legislar. • Legitimidade e veracidade dos atos administrativos. • CPC: • Art. 99, § 3.º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Presunção – juris tantum: • CC, art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. • CC, art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: • I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; • II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; • Súmula 16 TST: • Notificação Trabalhista - Recebimento - Ônus de Prova • Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário. • Súmula Nº 12 do TST: CARTEIRA PROFISSIONAL • As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum". TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Presunção – juris tantum: • CPP, art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: • I - está cometendo a infração penal (flagrante próprio); • II - acaba de cometê-la (flagrante próprio); • III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração (flagrante impróprio); • IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração (flagrante presumido). TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Mista ou intermediária: como o próprio nome indica, constituem meio-termo entre a primeira e a segunda espécie de presunções legais, sendo admitida a produção de determinadas provas que infirmem a presunção formada. • A lei estabelece uma presunção que, em princípio, não admite prova em contrário, salvo mediante um determinado tipo por ela previsto. • CC, art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade,ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito Conteúdo da técnica jurídica: 1) Presunções: • 2) Ficções: em determinadas situações o legislador é levado, por necessidade, a aplicar a uma categoria jurídica (gênero jurídico que reúne diversas espécies que guardam afinidade entre si. Ex.: pessoa jurídica de direito privado) o regulamento próprio de outra. • Técnica legislativa que considera verdadeiro o que se reconhece ser falso (Ferrara). • A ficção não converte em real o que não é verdadeiro, apenas prescreve idêntico tratamento para situações distintas. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Ficções exemplos: • Os acessórios de imóvel são móveis por natureza, mas recebem tratamento jurídico próprio dos imóveis. • As embaixadas estrangeiras, por ficção, são tratadas como se estivesse no território de seus Estado para efeito de isenção de impostos e do direito de asilo. • A teoria da extraterritorialidade, que data do século XVII e foi exposta por Hugo Grotius, de fato, defendia esta concepção das embaixadas, mas seu abandono remonta ao século XIX. Se a embaixada fosse território estrangeiro, o criminoso só poderia ser entregue por meio de um processo de extradição, o que na prática não ocorre. • A teoria atualmente dominante para legitimar as imunidades da Missão Diplomática é a “teoria do interesse da função”. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito • Navios e Aeronaves: • O motivo do tratamento especial oferecido a navios e aeronaves deve-se ao fato de que, realmente, eles não são bens móveis comuns, mas especiais, devido ao seu alto valor econômico e importância para o desenvolvimento economia e das nações. • O navio tem nome e o avião marca; ambos estão sujeitos a registro; têm nacionalidade e domicílio; os dois são projeções do território nacional no mar e no ar. • • São coisas tão especiais que chegam a ser dotadas de boa parte das características que só uma pessoa pode ter. Por estas razões, os multicitados bens jurídicos são pura e simplesmente “coisas móveis de regime jurídico especial”. TÉCNICA JURÍDICA - O Elemento Técnico do Direito Aplicação – ficções: • Código Civil: • Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. • Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: • I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; • II - o direito à sucessão aberta. • Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: • I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; • II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. • CP, art. 71: O crime continuado é uma ficção jurídica porque trata como unidade o que é pluralidade, ou seja, quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser considerados como continuação do primeiro.
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