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Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) Sociologia Organizacional Aula 1 Prof. Luciano Stolduny Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 1 Conversa Inicial Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Sociologia Organizacional! A sociologia enquanto ciência busca uma abordagem científica da realidade, porém você já pensou o que a diferencia das demais ciências? Qual a importância da sociologia? As complexidades das relações sociais nem sempre é percebida de forma fácil pelos seres humanos, sendo assim essa ciência especifica nos ajudará a entender a sociedade, observando de forma sistêmica os fenômenos da sociedade. Sistematizar uma visão da abordagem teórica da sociologia, das suas características como ciência e da sua percepção da relação entre indivíduo e sociedade em seu processo evolutivo, analisando a importância da sociologia na compreensão das mudanças ocorridas em sociedade. Bons estudos! Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 2 Contextualizando A preocupação com a compreensão da sociedade não é algo recente e muito menos surge com a sociologia, no entanto a sociologia nos auxilia a compreender os problemas de ordem social. A complexidade das relações sociais nem sempre é percebida, por exemplo você já parou para pensar que o estudo da sociedade e suas organizações seguem regras científicas? Sim, vamos estudar que a maneira como vivemos, nos organizamos e compartilhamos nossos hábitos e costumes, entender como as regras sociais são responsáveis por determinar nosso comportamento em grupo e até mesmo nossa identidade. Vamos perceber durante as aulas que a maneira como vivemos molda nossa forma de pensar e agir, desde comportamentos simples, como assistir a uma partida de futebol, a comportamentos mais regrados, como nosso comportamento no universo cooperativo. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 3 Pesquise O Objeto de Estudo da Sociologia A sociologia busca uma abordagem cientifica da realidade, porém você já pensou o que a diferencia das demais ciências? Qual a importância da sociologia? As complexidades das relações sociais nem sempre é percebida de forma fácil pelos seres humanos, sendo assim essa ciência específica nos ajudará a entender a sociedade, observando de forma sistêmica os fenômenos da sociedade. É muito comum as pessoas acharem que a sociologia é um instrumento para resolver os problemas sociais, em sociedades onde a injustiça faz parte dos sentimentos de indignação moral. Porém, vale ressaltar que a sociologia busca explicações e teorias sobre problemas e fenômenos sociais de maneira a compreender de forma científica o funcionamento da sociedade. Mas como podemos diferenciar a sociologia das outras formas de conhecimento e compreensão da realidade? O que diferencia a abordagem sociológica do senso comum? Podemos iniciar pensando que essa ciência se difere do comum por utilizar argumentos construídos racionalmente, seguindo as regras da ciência e formulando as leis científicas para os fatos. Contudo, as leis sociais são distintas das normas, ou seja, nos orientam como devemos agir no nosso dia a dia. Como qualquer ciência de laboratório, a sociologia possui métodos próprios que a diferenciam das demais, produzindo sua especificidade pautada em bases e princípios racionais e lógicos. Com relação às especificidades da sociologia esta apresenta uma característica relacionada às demais ciências, pois a compreensão Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 4 dos fenômenos sociais é diferente da análise dos fenômenos naturais. E tal diferença nos leva a perguntar se ela pode ser considerada ciência. A ciência tem como referência um sistema de conceitos, métodos e teorias. Na ciência as explicações baseiam-se em argumentos lógicos, fundamentados e racionais. O conhecimento racional tem como ideal a objetividade e a coerência em suas explicações, o que o difere do conhecimento não sistemático, a ciência tem por finalidade a explicação da realidade de forma sistemática, pois quanto mais as investigações cientificas se pautam na coerência, na identidade e na não contradição, mais confiáveis se tornam os resultados apresentados. Essas características conferem à ciência um controle do real, com base na confiabilidade, na coerência, na segurança e na previsibilidade. Por ser uma ciência e basear suas explicações em métodos racionais de análise e observação dos fatos, a sociologia pode ser considerada como método de intervenção da sociedade como, por exemplo, a prevenção com relação às manifestações da própria sociedade. No texto Movimentos sociais encontram na internet o caminho para mobilizar militantes, disponível no link a seguir, percebemos que a sociedade, por meio dos seus representantes, repensa suas ações ao se deparar com o comportamento e a análise comportamental de determinados grupos. http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-01/movimentos-sociais- encontram-na-internet-o-caminho-para-mobilizar-militantes Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 5 O fato dos sociólogos apresentarem explicações baseadas em fundamentos racionais sobre a sociedade permite que a ciência sociológica realize um planejamento confiável para interagir com a sociedade. A sociologia, como toda ciência, encontra como ponto de partida a observação rigorosa de casos particulares em formulação genérica sobre a vida social. Portanto, a observação é o ponto inicial para a elaboração teórica e sistemática da compreensão da realidade social. O conhecimento dos fatos é importante para nos orientar em torno da percepção social, pois em nossa vida cotidiana adquirimos, por meio do contrato social, o conhecimento para entender como esse mundo funciona e como podemos intervir na sua estrutura social, desenvolvendo atividades e nos inserindo nas mais variadas propostas da sociedade. Sem a existência do conhecimento, não saberíamos participar das inúmeras situações que constituem a vida social e, provavelmente, nem mesmo a vida social, como conhecemos, existiria. O primeiro interesse do sociólogo recai sobre a origem do próprio conhecimento, a partir deste problema o sociólogo considera todas as formas de conhecimento como sendo moldadas pela cultura e estrutura da própria sociedade. O próprio sociólogo compartilha desta estrutura, pois a cultura de uma sociedade serve de base para todos os seus membros, de maneira tal que ele deve evitar que suas ideias sejam contaminadas pelos fatos e crenças sociais, caso isso ocorra, acaba comprometendo toda a ciência, pois passa a ser uma mera opinião sobre os fatos e não ciência com métodos e regras previamente definidos. Aqui podemos entender a importância da teoria pois, a ciência está no fato que tanto a investigação científica da sociedade como a dos fenômenos em geral não consiste apenas na pura observação dos fatos, mas na observação teórica orientada. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 6 A Sociologia como Ciência Como a sociologia pode auxiliar nossa vida? A sociologia tem por objetivo analisar e discutir a dinâmica das ações coletivas. Esta observação do comportamento coletivo pode contribuir para que a própria sociedade pense em mecanismos que possibilitem facilitar a convivência entre os indivíduos e grupos sociais. Conhecer o mundo em que vivemos nos torna mais aptos a tomar consciência de nossas limitações e de nossas potencialidades. E eis a principalcontribuição da sociologia: ser uma ferramenta para a compreensão de nossa existência enquanto seres sociais no mundo em que vivemos. A sociologia estuda os problemas sociais de modo geral, sejam percebidos ou não como problemas, da mesma forma que a biologia não estuda apenas as doenças, a sociologia não estuda apenas o que aparenta ser problema, mas todas as manifestações que envolvam a ordem social. A tentativa de compreender a sociedade e as relações estabelecidas entre os seus membros sempre foi um questionamento feito por filósofos, cientistas e pensadores. É possível encontrar infinitas obras abordando o tema de como o ser humano convive em sociedade, como se organiza ou mesmo define as regras de comportamento. Porém após as revoluções do século XVIII essa tentativa de compreensão tornou-se prioridade. Tanto a Revolução Industrial como a Revolução Francesa mudaram radicalmente a estrutura da Europa, mudando a organização da sociedade, a economia e a política. Podemos afirmar que a ciência sociológica surge neste momento de revoluções, pois devido as mazelas e dramas da sociedade surge a necessidade de compreender sua organização e a possibilidade de intervir na sociedade. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 7 A sociologia está profundamente marcada com o período onde a industrialização e a necessidade de urbanização transformaram radicalmente a sociedade, aperfeiçoando a produção na tentativa de produzir cada vez mais bens com menos desperdício, utilizando máquinas para aumentar os lucros de forma a substituir a produção manufatureira pela mecanização. Porém, as mudanças neste período foram além da mera industrialização ou do uso das maquinas, as mudanças caracterizam a base de uma nova sociedade pautada na estrutura de classes e esta, por sua vez, com uma importância atribuída diretamente ao seu papel social, fez surgir a supremacia do capital industrial organizado pela classe burguesa. Tornando o trabalhador assalariado uma mera mercadoria como massa explorada pela sociedade fabril. Inicialmente a sociologia surge como instrumento para o desenvolvimento de uma nova ordem, visando o progresso social e a reformulação da própria vida social. Porém, o estudo da sociedade também foi utilizado pelas potencias imperialistas do século XIX, auxiliando os europeus na conquista de novos territórios, pois no percurso os europeus encontraram civilizações onde o modelo organizacional era totalmente oposto ao seu, como sociedades poligâmicas, politeístas ou mesmo com outras estruturas de poder distintas das encontradas na Europa. A organização da sociedade europeia foi imposta aos povos conquistados, identificados como não civilizados de maneira a elevar essa população a um estágio mínimo de desenvolvimento e civilização. Os colonizadores utilizaram, para isso, a produção teórica de pensadores e cientistas do século XIX para justificar a atuação das potencias colonialistas europeias. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 8 As Ideias do Darwinismo Social foram a base da proposta civilizatória, pois analisava as várias culturas dos povos recém descobertos e classificava em um nível de desenvolvimento e evolução. A evolução das espécies foi a base desta teoria que passou a analisar a evolução da sociedade como seguindo os mesmos passos, modificando-se de um nível menos evoluído para um mais evoluído, se tornando cada vez mais apto e civilizado. O darwinismo social considerava a sociedade mais desenvolvida como mais adaptada e evoluída. Porém, a utilização de tais conceitos próprios das ciências naturais como Física e Biologia, na compreensão da sociedade, foi alvo de inúmeros críticos que compreendiam a análise da cultura e da vida humana como extremante mais complexa que a análise das ciências naturais. A utilização automática e mecânica da teoria da evolução serve apenas para justificar o domínio das civilizações europeias de forma pseudocientífica, pois faz uma análise superficial das sociedades. Inicialmente a sociologia apresentou a vinculação a política imperialista, porém se tornou a primeira ciência a estudar as instituições sociais e não apenas comportamentos isolados ou aspectos particulares, entendendo que a vida social é mais complexa em sociedade, pois pressupõem instituições, comportamentos coletivos, regras e a relação entre todos os envolvidos com seus representantes como instituições e o Estado. Para a análise sociológica o método utilizado é um conjunto de normas e regras uteis na análise investigativa, sendo um processo elaborado cuidadosamente para provocar respostas na sociedade, descobrindo paulatinamente a logicas das leis sociais. Por vez, a técnica consiste para organizar as normas de forma prática, visando a obtenção de propósitos previamente definidos. A sociologia emprega investigações, métodos e técnicas científicas, na maioria dos casos usados concomitantemente. Podemos exemplificar a abordagem sociológica para compreender a noção atual de família e parentesco, onde pesquisa-se no passado os elementos Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 9 responsáveis pela constituição de vários tipos de famílias e as fases de sua evolução social. Portanto, coloca-se os fenômenos, como por exemplo as instituições, no ambiente social em que nasceram, entre as condições concomitantes, torna-se mais fácil a sua análise e compreensão, no que diz respeito a gênese e ao desenvolvimento, assim como as sucessivas alterações, permitindo a comparação de sociedades diferentes. Tal abordagem sociológica se apoia em recursos construídos para assegurar a percepção da continuidade e do entrelaçamento dos fenômenos. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 10 A Relação entre Indivíduo e Sociedade Você já pensou que, como indivíduos, somos únicos e diferentes, porém herdamos da sociedade grande parte de nossos comportamentos e ações, muito do que achamos ser nosso é fornecido pela sociedade. Jeitos, manias, hábitos, costumes e gostos nos conferem individualidade, porém podemos, neste momento, nos perguntar o quanto dos outros existe em nós? Nossas ideias são nossas mesmo? Alguém já pensou o que outrora estamos pensando? Muitos elementos em nossa constituição parecem naturais como andar, falar, comer e as demais atividades que fazemos regularmente com total desenvoltura, pois não precisamos planejar nem pensar sobre o que vamos fazer. Entretanto, esses elementos que julgamos naturais, por desenvolvermos com facilidade em nosso cotidiano, são na verdade fornecidos pela sociedade e nos moldam de acordo com o que a sociedade determina, assim como a maneira correta de fazer e ser aceito pela coletividade. De certa forma a sociedade nos impõe padrões sociais que ela possui, os quais devemos aceitar, nos adequar e repetir, a fim de sermos aceitos socialmente. A sociedade determina nossa maneira de ser, desde as ações mais simples, como o andar, até o nosso controle fisiológico. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 11 Essa assimilação de padrões é entendida como “processo de socialização”, pois, leva os indivíduos a assimilarem os valores da sociedade, suas normas, regras e padrões sociais. Conforme podemos ver, no quadro anterior, esse comportamento definido pela sociedade pode parecer impositivo e, ao mesmo tempo, estranho para quem está fora do grupo, levando-nos a pensar que a sociedade age como não dando escolhas. Essa imposição de comportamento é necessária, pois através dela podemos viver, conviver e nos desenvolver. Podemos imaginar o que poderia ocorrer a sociedade se não existissem regras e imposiçõesde padrões a nossa conduta? É bem provável que não nos tornaríamos humanos, pois a humanização é fruto da convivência em sociedade, sem sociedade não saberíamos falar, andar e nem conviver pacificamente. Homens de mãos dadas É incrível como os costumes podem variar de país para país. Uma mesma cena é interpretada de maneira totalmente diferente em distintas culturas. No ocidente, homens de mãos dadas caminhando pela rua é, na grande maioria das vezes, um sinônimo de um casal homossexual. Ao contrário, em países árabes, é apenas um sinal de amizade, já que por lá o homossexualismo é proibido e, muitas vezes, punido com a pena de morte. Para nós é um tanto confuso ver homens de mãos dadas e até uns sentados no colo dos outros. Hábito comum em países árabes Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 12 Amala e Kamala: as meninas-lobo Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família(?) de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos. Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinquenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela, bem como as outras com as quais conviveu. Sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois por palavras, com um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples. LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p. 12-14. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 13 Amala e Kamala é um caso clássico para se estudar a interferência da sociedade na nossa maneira de pensar e agir, sem a sociedade o homem que se considera um animal racional não passa de um mero animal, tudo que aprendemos ou somos se deve a sociedade a qual vivemos, pois esta alimenta não só nosso comportamento definindo nossa maneira de ser e agir, mas alimenta também nossas ideias, pois o conhecimento também é fruto da sociedade e das relações estabelecidas aqui. O caso das meninas-lobo deixa clara a importância da sociedade e a importância da socialização nas etapas corretas do desenvolvimento humano. Todos somos frutos deste processo de socialização através da educação que nos orienta a desenvolver nossas potencialidades e por meio deste processo passamos a ser membros de uma coletividade que possibilita o desenvolvimento da nossa individualidade. Você já pensou que nossas ideias não são realmente nossas? Os livros que lemos, as revistas, as músicas, os filmes, a televisão e a internet são responsáveis por moldar nossa forma de pensar e agir, muitas vezes temos dúvidas se o conhecimento que produzimos é realmente nosso ou se já nos deparamos com essas informações em algum momento. Uma tarefa extremante difícil é pensarmos uma ideia somente nossa, que ninguém jamais tenha pensado, pois somos fruto de uma construção coletiva em um processo de socialização. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 14 Socialização é um processo contínuo que inicia com o nosso nascimento e termina quando morremos, porém, não pode ser confundido com um processo passivo, pois os indivíduos e os grupos estão constantemente redefinindo o processo, esse processo confere a dinâmica da sociedade, pois a mesma sempre está a se definir, a cada geração as regras e os processos são refeitos da maneira como a nossa geração defini os gestos, hábitos e gostos válidos para seus descendentes. O que é socialização? Socialização é um processo pelo qual o indivíduo internaliza as regras sociais. É por meio desse processo que adquirimos cultura e nos diferenciando dos demais animais. A socialização pode ser entendida como um aprendizado social constante, pelo qual aprendemos a língua, os símbolos, as normas sociais, a usar objetos, a crer em determinadas coisas ou seres, a termos determinados tipos de sentimentos etc. Esse processo nos conduzirá a ver o mundo de uma determinada óptica cultural. Dependendo dos tipos de contatos sociais que tivermos teremos um determinado comportamento social. Por que isso ocorre? Isso ocorre devido ao fato de a sociedade exercer certa pressão sobre os indivíduos para que não venham agir de forma diferente, a título de exemplo, temos as normas e as leis sociais. Disponível em: http://www.cafecomsociologia.com/2011/12/o-que-e-socializacao.html Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 15 É pela socialização que passamos a pertencer a um grupo social específico, podendo ser amplo ou não, aprendemos neste processo hábitos, tradições, técnicas, normas, valores e as maneiras próprias de cada grupo ao qual pertencemos. A socialização nos confere uma identidade que permite a compreensão do que realmente somos e sobre o que nos é significativo. Desta forma os indivíduos podem se identificar como pertencentes a determinados grupos, definindo de forma clara o que eles são e o que eles não são. O Brasileiro, por exemplo, se identifica com seus pares ao mesmo tempo que se diferencia dos grupos com uma cultura diferente, como a dos argentinos. Ao mesmo tempo em que a identidade define quem o indivíduo é, indica aos outros as suas características. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 16 A Contribuição da Antropologia As ciências sociais podem ser definidas com um conjunto de ciências onde, embora exista uma discussão sobre a divisão entre ciências sociais, é inegável a contribuição da antropologia para o entendimento das sociedades. Antropologia é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. Ela é a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos, e todas as populações socialmente organizadas. A antropologia divide-se em duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: a Antropologia Física (ou Biológica) e a Antropologia Cultural, que se centram no desejo do homem de conhecer a sua origem, a capacidade que ele tem de se conhecer, nos costumes e no instinto. A antropologia física estuda as evidências deixadas pelo homem ao longo do tempo, tentando compreender como ele se organizava, seus valores e crenças. Por exemplo, quando encontramos um cemitério primitivo, o enterro na posição fetal pode indicar a crença no renascimento. Quando encontramos um crânio com perfuração podemos concluir a causa da morte ou mesmo o desgaste da arcada dentária indicam os hábitos alimentares. Antropologia FísicaCentro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 17 A antropologia física permite uma primeira análise sobre a organização do homem em sociedade, porém é limitada, pois não permite certeza nas afirmações apresentadas, fazendo-se necessária a análise da antropologia Cultural. A Antropologia Cultural estuda as diferenças e semelhanças culturais, assim como a história da humanidade e do desenvolvimento da cultura e das estruturas sociais. Marcada pela discussão evolucionista, a antropologia do Século XIX privilegiou o Darwinismo Social, que considerava a sociedade europeia da época como o apogeu de um processo evolucionário, em que as sociedades aborígenes eram tidas como exemplares "mais primitivos". Esta visão usava o conceito de “civilização” para classificar, julgar e, posteriormente, justificar o domínio de outros povos. Esta maneira de ver o mundo, a partir do conceito civilizacional de superior, ignorando as diferenças em relação aos povos tidos como inferiores, recebe o nome de etnocentrismo e dá início ao racismo científico, como pode ser visto no documentário da BBC. A história do Racismo Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wYQr5P46vek Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 18 Inicialmente a antropologia preocupava-se apenas com o estudo das culturas dos povos primitivos, porém recentemente desenvolveu um interesse pela cultura das sociedades industriais. A antropologia cultural se propõe a analisar as sociedades e como seus aspectos culturais e comportamentais se caracterizam, a exemplo os comportamentos religiosos, a organização familiar, a arte, os mitos, as construções entre outros. O método sociológico concentrava-se em uma incansável comparação de informações retiradas das sociedades e dos seus contextos sociais, classificados de acordo com o tipo (religião, família, arte, política etc.), determinado pelo pesquisador, dados que lhe serviriam para comparar as sociedades entre si, fixando-as em um estágio específico, inscrevendo estas experiências em uma abordagem linear, diacrónica, de modo a que todo o costume representasse uma etapa numa escala evolutiva, como se o próprio costume tivesse a finalidade de auxiliar esta evolução. Desta forma entendia-se as sociedades primitivas como não tendo determinados indicadores de cultura, claro que no olhar do pesquisador essas sociedades eram vistas como menos desenvolvidas. Os evolucionistas entendiam que os costumes se demarcavam como substância, como finalidade, origem, individualidade e não como um elemento do tecido social, interdependente de seu contexto. A antropologia classifica as sociedades primitivas, em um primeiro momento, sob o olhar do etnocentrismo. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 19 Como podemos ver na charge, os primeiros antropólogos tinham como proposta metodologia o comparativo das sociedades sob o olhar do pesquisador e não do pesquisado. A antropologia cultural muda a abordagem metodológica quando percebe que as sociedades têm características distintas, não podendo ser comparadas de forma simplista, pois cada sociedade ou mesmo grupo nas sociedades contemporâneas tem características especificas que as distinguem umas das outras, o conjunto de hábitos, mesmo os mais simples como a maneira de se vestir, caracterizada nas roupas, pode ser identificado como característica única de cada sociedade. A antropologia cultural passa, assim, a respeitar essas especificidades e a cultura passa a ser o objeto de estudo da sociedade, entendendo que a cultura não deve ser padronizada nem comparada, pois é parte da identidade de cada sociedade. Cada sociedade possui uma identidade única, o que torna a análise antropológica mais complexa, pois o comportamento humano recebe interferência do meio na sua elaboração logo, seus valores, suas crenças e seus hábitos podem ser descritos, mas dificilmente comparados às sociedades com características diferentes. A antropologia permite, assim, a compreensão de um novo conceito caracterizado pelo multiculturalismo ou pluralismo cultural. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 20 A Sociedade como Objeto de Transformação A mudança social pode ocorrer em qualquer nível da sociedade, onde podem ocorrer mudanças de valores fundamentais, mudanças na estrutura social ou mesmo mudança em toda a sociedade. A sociedade muda graças à força dialética com as oposições entre inovação e conservação. Diversos fenômenos fazem parte da mudança social, entretanto podemos observar em especial os conflitos sociais como sendo os responsáveis por operar sucessivas mudanças na sociedade. Diversos fatores podem concorrer para as mudanças sociais, de modo isolado ou em conjunto, no entanto sempre podemos definir a maior importância a um ou outro elemento. Analisando o conflito como um fator social pode-se perceber que a mudança social desencadeia os fenômenos, os valores, as ideologias, os conflitos, as ideias, as motivações e a conscientização. As ideias influenciam a mudança social à medida que se transformam em valores e estes podem provocar as motivações, os valores por sua vez buscam explicações em projetos promovendo ideologias. A ideologia, no papel de conjunto de ideias, explica e descreve situações, propondo mudanças de diretrizes para a ação. O conflito surge como fruto das energias liberadas pelas ideologias empregadas e os esforços para a sua concretização. A mudança social forma uma conscientização que faz surgir sentimentos e pensamentos que inicialmente estavam inconscientes, porém são despertos e inflados de interesses, depois aspirações e enfim objetivos a organização de tais objetivos se Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 21 tornam frases e slogans exercendo uma função poderosa na transmissão de ideologias e emoções com foco na ação. Marx e Engels consideram o conflito social como principal fator de mudança da sociedade, entretanto mesmo o conflito sendo um fator importante na estrutura das mudanças sociais, percebeu que ele tem se manifestado cada vez em menor número de forma súbita e cada vez mais de forma progressiva. Outro ponto interessante a se observar, referente ao conflito social, é a violência que se torna crescente na mesma proporção da repressão sofrida pela sociedade. O jovem foi para a rua Milhares de jovens se juntam e se unem nas ruas e avenidas das principais cidades brasileiras. E a pauta de reivindicações é cada vez maior. Será um sinal dos tempos? Talvez seja fome e sede de participação. Descobriram que política não se faz apenas nos partidos e através dos representantes. A democracia se plenifica quando se pode participar do planejamento e da execução dos projetos que definem a vida pública. Os meios de comunicação de massa não falam mais sozinhos. Acostumados a conduzir a opinião pública, sempre protegendo a quem os mantém, certamente terão seu leque de interesses questionado. A internet concede a palavra a todos que querem falar e mostrou que consegue motivar milhares para participar de manifestações. A esperança é de que a participação não seja frustrada por resultados inócuos ou pela repressão. Pelo contrário, que essas experiências sejam amadurecidas, iluminando novos caminhos. E poderemos ter uma sociedade constantemente vigilante para frustrar, isto sim, a corrupção, as injustiças e os privilégios. Disponível em: http://www.mundojovem.com.br/noticias/o-jovem-foi-pra-rua Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 22 Se lembrarmos das manifestações ocorridas desde 2013 podemos percebera proporção entre repressão e violência nas múltiplas manifestações ocorridas em todo o Brasil, quanto maior a repressão por parte do Estado mais violenta se tornaram as manifestações, como uma afronta ao poder do próprio Estado e como sinal de organização por parte da sociedade em busca de mudanças sociais ocasionadas pelo descontentamento com relação ao modelo político dominante. As manifestações que vimos acontecer são mudanças conceituais, pois substituem padrões, valores e modelos, de forma conceitual, ao contrário de uma revolução que é súbita e radical e substitui uma estrutura por outra. As revoluções apresentam inúmeros procedimentos visando a tomado do poder. Para entendermos as mudanças na sociedade contemporânea podemos analisar alguns aspectos de sua estrutura, tais como industrialização, desenvolvimento, urbanização e revolução tecnológica. A industrialização estimulou o aparecimento ou a transformação de núcleos populacionais. Desta forma as industrias transformaram as cidades, transformando a paisagem, o modo como as pessoas vivem, seus relacionamentos interpessoais e fazendo surgir conceitos em torno da urbanização. O desenvolvimento dos países foi estruturado ao desenvolvimento contínuo do PIB, o aumento da renda e as transformações nas estruturas dos países. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 23 A revolução industrial promoveu um desenvolvimento que estimulou a revolução tecnológica, possibilitando a diminuição das distancias entre os países, derrubando fronteiras e estimulando o desenvolvimento de forma global. A globalização está configurando uma nova mudança social difundindo um novo modelo de sociedade, a partir dos anos 1950, culminando em 1980 e 1990 o uso crescente dos meios de comunicação levou a sociedade a interagir de modo mais intenso, envolvendo a todos em problemas sociais que seriam impossíveis de serem pensados sem o uso dos meios de comunicação. A Organização das Nações Unidas (ONU) nasce com o objetivo de congregar ideologias de diferentes países em prol do interesse comum. Em nome deste interesse muitas vezes a ONU assumiu uma posição de governo supra estatal. Porém, a eficácia desta estrutura dependeu da aceitação dos países envolvidos e principalmente do país que transforma a proposta da ONU em uma proposta aceita pelo governo local. PIB O Produto Interno Bruto (PIB) é o principal indicador da riqueza de um país, representando a soma dos bens e serviços produzidos por uma nação. Essa medida leva em conta três grupos principais de atividades: � Agropecuária, formada por Agricultura, Extrativismo Vegetal e Pecuária. � Indústria, que engloba Extrativismo Mineral, Transformação, Serviços Industriais de Utilidade Pública e Construção Civil. � Serviços, que incluem Comércio, Transporte, Comunicação, Serviços da Administração Pública e outros serviços. A importância do PIB consiste no fato de que existem padrões internacionais sobre a forma pela qual ele deve ser computado, permitindo comparações entre os países. Disponível em: http://www.brasil-economia-governo.org.br/2013/02/25/como- construir-um-indicador-de-desenvolvimento-sustentavel/ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 24 A mudança na sociedade ocorre quando existe comprometimento no exercício da cidadania redefinindo, assim, um novo modelo cultural frente às intervenções propiciadas pela globalização. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 25 Na Prática Como seria o nosso desenvolvimento sem a intervenção da sociedade? Até que ponto nossas verdades são corretas sobre determinados valores? Leia o texto O darwinismo social presente no Brasil do século XXI para verificar como a análise social se faz importante para identificarmos as bases estruturais da nossa sociedade. http://sergiohenriquepereira.jusbrasil.com.br/artigos/115488228/o-darwinismo- social-presente-no-brasil-do-seculo-xxi Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 26 Síntese Chegamos ao fim da nossa aula! Nela percebemos a importância da análise social para a compreensão do mundo em que vivemos, conseguimos identificar a importância da socialização para a estrutura coletiva, graças à intervenção da sociedade nas relações individuais nos moldamos a nossa conduta a tal ponto que podemos nos unir em grupos de interesse, a fim de organizar a sociedade pelo conjunto de regras e valores que julgamos ser corretos. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 27 Referências COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. ampliada e revista. São Paulo, Moderna, 2005. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999. PAIXÃO, Alessandro Ezequiel da. Sociologia geral. Curitiba: Ibpex, 2010.
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