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RESUMAO DE DIREITO PENAL 3

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Art. 129 - Lesão corporal
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
Violência Doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
1. Objeto material – O tipo do artigo 129 do Código Penal acaba por tutelar a integralidade corporal da pessoa, responsabilizando aquele que, por sua conduta, causa dano às funções biológicas, anatômicas, fisiológicas ou psíquicas de terceiro (da vítima).
Novamente o legislador deixa de estabelecer uma conduta determinada para que o crime se configure, bastando um nexo causal entre uma ação do autor (que não está predefinida pela lei) e a efetiva ofensa à integridade corporal da vítima.
Embora o verbo nuclear do tipo exija uma conduta positiva, uma ofensa à integridade corporal de outrem, compreende-se que o autor também pode responder quando deixa de fazer, quando se omite, nas hipóteses em que a lei lhe impõe o dever jurídico de garantir a integridade física da vítima, situação em que restará caracterizado o crime comissivo por omissão (omissivo-impróprio), na forma do artigo 12, § 2.º, do Código Penal.
Quando a conduta do autor se limitar apenas a causar dor na vítima, sem que disso resulte ofensa à integridade física dela, prevalece o entendimento jurisprudencial e doutrinário de que isso não configurará o crime de lesão corporal, por se considerar que a dor é apenas um fenômeno de índole subjetiva.
As intervenções cirúrgicas, mesmo que resultem em ofensa à integridade corporal do paciente, encontram respaldo no exercício regular de um direito, enquanto tratamentos curativos voltados à melhora das suas condições físicas. Portanto, considera-se excluída a ilicitude de tais atuações médicas.
Dentro do delito de lesão corporal, o enquadramento da conduta do autor deve ocorrer em razão da gravidade do resultado sobre a vítima.
É possível dizer, assim, que quando não demonstrada qualquer consequência, dentre aquelas previstas nos parágrafos 1.º a 3.º e 9.º do artigo 129, restará caracterizado o delito em sua forma simples, prevista no caput do dispositivo, o que se apura através de um raciocínio lógico de exclusão.
Assim, exemplificadamente, quando a lesão corporal resultar morte, incidirá a hipótese do § 3.º; quando resultar incapacidade permanente da vítima para o trabalho, enquadrar-se-á na prevista no § 2.º (inciso I); quando resultar em incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias, capitula-se a conduta tão somente pelo previsto no § 1.º (inciso I); e se nenhuma das hipóteses anteriores for a incidente no caso, restará caracterizada apenas a lesão corporal leve, contida no caput do artigo 129 do Código Penal.
Obs¹: O reconhecimento da insignificância da conduta, quanto à lesão muito branda, recebe resistência da jurisprudência, pois se compreende que a integridade física é bem jurídico superior que não comporta relativizações.
2. – Sujeito ativo – O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, já que a lei não exige alguma condição especial daquele que ofende a integridade corporal de outrem.
Considerando-se criminosa apenas a ofensa física provocada em outrem, conclui-se que a autolesão não é crime. Assim, a pessoa que ataca seu próprio corpo não responde pelo crime de lesão corporal. 
No entanto, se a autolesão tiver o intuito de permitir o recebimento de indenização ou valor de seguro, a conduta será criminosa, enquadrando-se, então, como estelionato, previsto no artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal.
Aquele que causa lesão em pessoa morta (em cadáver) não responde pelo crime do artigo 129 do Código Penal, mas sua conduta pode se enquadrar nos artigos 211 ou 212 da precitada lei, pela violação do respeito aos mortos.
3. – Sujeito passivo - Qualquer pessoa física pode ser sujeito passivo do crime, excluindo-se, pelas razões já citadas, o autor que provoca lesões em si mesmo.
O cadáver também não pode ser considerado vítima do crime de lesões corporais, por já não ser sujeito de direito.
4. – Elemento subjetivo – Constitui-se no animus nocendi, na vontade agredir fisicamente, que resta demonstrada quando o autor do fato pratica conduta que resultará na ofensa à integridade corporal de terceiro, atuando conscientemente nesse sentido.
Há espaço para o dolo eventual e a conduta culposa também é admitida, estando prevista no § 6.º do artigo 129 do Código Penal.
Obs¹: As lesões corporais graves, gravíssimas e as que resultam morte (§§1.º a 3.º do artigo 129 do Código Penal) podem ser consideradas preterdolosas ou preterintencionais. Elas exigem, portanto, que o resultado mais grave (a lesão corporal grave, gravíssima ou a morte da vítima) seja ao menos previsível ou evitável pelo autor do fato, ainda que não pretendido. 
Caso o autor sequer consiga prever o resultado de sua conduta, não se poderá responsabilizá-lo pelo ato. Do contrário, estaríamos admitindo autêntica responsabilidade objetiva na hipótese de lesão corporal, o que colide com a disciplina do artigo 19 do Código Penal.
5. – Consumação:
O delito se consuma quando a agressão do autor resulta na efetiva ofensa à integridade física ou à saúde da vítima, comprovando-se a lesão pelo auto de exame de lesões corporais.
Cogita-se possível a tentativa quando, apesar de não alcançado o resultado lesivo, o efetivo dano corporal, prevalecer na conduta do autor o elemento subjetivo de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
Se a vítima não restar ofendida em sua integridade física ou em sua saúde, e também faltar elementos para demonstrar o intuito do autor nesse sentido, o seu dolo, a conduta pode caracterizar residualmente vias de fato, prevista no artigo 21 da Lei das Contravenções Penais.
6. – Lesões corporais graves (§1.º): São as consideradas em razão do resultado da ação do agressor, repreendidas com mais rigor que as lesões leves quando a vítima restar lesionada na forma dos incisos do § 1.º do artigo 129 do Código Penal:
Inciso I – Aincapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, não alcança apenas as atividades profissionais da vítima, mas também outras tarefas e rotinas de seu cotidiano, como o lazer, as ocupações domésticas etc.
Se a incapacidade para as ocupações habituais se der por período inferior a trinta dias, então a lesão corporal será leve, na forma do caput, do artigo aqui analisado.
Apesar de se exigir o prolongamento dos efeitos lesão por período superior a trinta dias, ela ainda deve ser temporária. Se for perene (permanente), pode ser enquadrada na hipótese do inciso III, por debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou até mesmo como gravíssima, por possível incapacidade permanente para o trabalho, perda ou inutilização de membro, sentido ou função e/ou deformidade permanente (incisos I, III, ou IV do § 2.º do artigo 129 do Código Penal).
Inciso II – O perigo de vida previsto no inciso II deve ser concreto, demonstrável mediante realização de prova técnica na situação de fato (o auto de exame de lesões corporais), que seja conclusivo pela efetiva exposição da vida da vítima a perigo.
Inciso III – A debilidade contida no inciso III está relacionada à redução de uma capacidade atribuída aos membros, sentidos ou função da vítima, sendo que a permanência da debilidade, sua continuidade, estabelece-se em oposição às lesões curáveis.
Membros são os apêndices do corpo, dividem-se em membros superiores e inferiores.
Os sentidos são atributos, atividades desempenhadas pelo organismo em sua correlação com o meio ambiente, como são a audição, a visão, o tato, o paladar e o olfato.
As funções são as atividades fisiológicas desenvolvidas pelo organismo, como são as funções respiratória, circulatória, renal, neurológica, digestiva, cardíaca etc.
A redução de tais atributos fisiológicos, em razão da conduta do autor, caracteriza a lesão corporal grave. A perda deles, de outro lado, destaca a lesão corporal gravíssima.
Obs.: Nas hipóteses envolvendo perda de um dos órgãos duplos (rins, pulmões etc.) admite-se que a lesão provocou a redução das funções do organismo, não se cogitando perda delas, já que a função desempenhada por eles (renal, respiratória etc.) ainda se manterá. Nesses casos, então, a lesão não chega a ser gravíssima.
Inciso IV – A lesão corporal que resulta em aceleração de parto impõe o nascimento do feto com vida. Se por conta da lesão resultar natimorto, então a hipótese será de aborto, configurando-se lesão corporal gravíssima, na forma do inciso V do § 2.º deste artigo.
7. – Lesão corporal gravíssima (§2.º): As consequências arroladas aqui afetam mais severamente a vítima, pelo que entendeu o legislador em cominar penas mais graves nestas hipóteses.
Inciso I – Trata da lesão corporal que resulta em incapacidade permanente para o trabalho, em que se considera a capaz de impedir o exercício de qualquer atividade profissional remunerada, não se limitando apenas àquela habitualmente exercida pela vítima.
Inciso II – A enfermidade incurável se caracteriza justamente pela inexistência de terapia consagrada pela medicina, apta a reestabelecer a saúde da vítima.
A existência de terapias experimentais não descaracteriza a hipótese do inciso II, já que a vítima não pode ser obrigada a se aventurar em tratamentos inconclusivos quanto aos riscos e eficácia.
Obs¹: A transmissão de doenças venéreas, por ato sexual, não caracteriza a hipótese do inciso II do artigo 129, ainda que alguma seja cediçamente incurável. No caso, a situação violará a norma do artigo 130 do Código Penal, já que neste a conduta do autor encontrará todos os elementos de sua definição legal.
Obs²: A transmissão pura e simples de doenças incuráveis, que não se enquadrar nas hipóteses dos artigos 130 e 131 do Código Penal, pode caracterizar lesão corporal gravíssima.
Inciso III – A hipótese deste inciso difere da prevista no inciso III do § 1.º por se tratar, aqui, da efetiva perda ou inutilização do membro, sentido ou função, aplicando-se, assim, sanções mais severas que as previstas para os casos de redução funcional da vítima.
Inciso IV – A deformidade permanente é a que causa alteração no aspecto físico da vítima, que pode lhe resultar em vexame ou desagrado. Sua constatação se dá por meio de exame pericial, seguido de confrontação entre imagens anteriores e posteriores à lesão.
Inciso V – A lesão corporal que resulta em aborto impõe que o autor do fato tenha conhecimento do estado de gravidez da vítima. Por se tratar de conduta preterintencional, em tendo consciência da gravidez da vítima, pode se considerar que assumiu risco de causar a morte do feto, mesmo que não tenha pretendido isso diretamente.
No entanto, se também houve dolo na provocação do aborto, deve se cogitar a incidência dos artigos 125 a 127 do Código Penal.
Obs¹: Para a caracterização do crime, impõe-se a prova do nexo causal entre a agressão e o aborto, mediante laudo pericial.
§ 3.º - Lesão corporal seguida de morte – A doutrina destaca que o § 3.º do artigo 129 do Código Penal contém uma hipótese de homicídio preterintencional (preterdoloso), em que a lesão corporal causada pelo autor resulta na morte da vítima. 
Neste caso, embora a morte não tenha sido pretendida (não se conclua pela existência de dolo na morte da vítima), a responsabilidade por ela é imputada ao autor na forma deste parágrafo, desde que previsível em face das circunstâncias.
Em todos os casos, o nexo causal entre a conduta do autor e a morte da vítima deve sempre estar presente.
§ 4.º - Lesão Corporal privilegiada - O § 4.º do artigo 129 repete, em seus fundamentos e no método de redução, as privilegiadoras contidas no § 1.º do artigo 121, ambos do Código Penal. As duas situações consideram que o crime motivado por relevante valor social ou moral, assim como aquele em que o agente atua mediante violenta emoção, quando seguida de injusta provocação da vítima, acomodam redução da pena, de um sexto (1/6) a um terço (1/3)
O relevante valor social é aquele que aproveita a coletividade.
O relevante valor moral é o que vem em defesa da conduta ética, em acordo com os costumes aceitos na comunidade.
A violenta emoção é o estado emotivo que domina o autor ao ponto de reduzir o juízo crítico de sua conduta, que se justifica na hipótese quando seguido de uma provocação injusta da vítima.
Recomenda-se uma leitura dos apontamentos a respeito do artigo 121, § 1.º, em que a matéria foi apreciada.
Substituição da pena - § 5.º - Há no delito de lesões corporais leves (no qual as lesões não são graves) uma hipótese especial de substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa, ela incide quando a lesão corporal for privilegiada (§ 4.º do artigo 129 do Código Penal) e também quando as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa - § 6.º - Ocorre quando da imprudência, da negligência ou da imperícia do autor advém apenas ofensa à integridade corporal corporal da vítima. Independentemente da gravidade das lesões, por não terem sido pretendidas pelo autor do fato (já que ausente o dolo), a pena aplicável é apenas a privativa de liberdade de dois meses a dois anos.
Lesão corporal culposa qualificada ou decorrente da atuação de milícia de segurança ou grupo de extermínio - § 7.º - O parágrafo em questão amplia a incidência da lesão corporal às hipóteses previstas em dois dispositivos que sofreram significativas alterações recentes, os §§ 4.º e 6.º do artigo 121 do Código Penal, que já foram estudadas no artigo 121 do Código Penal.
Então, há previsão legal à lesão corporal culposa qualificada, assim como previsto ao delito de homicídio culposo qualificado, quando ela decorre de inobservância de norma técnica de profissão, arte ou ofício, se omite socorro à vítima ou foge para evitar a prisão em flagrante, em situações equivalentes às previstas no § 4.º do artigo 121 do Código Penal.
Além disso, a lesão corporal decorrente da atuação de milícia que presta serviço de segurança e a oriunda a atuação de grupo de extermíniotambém se tornaram qualificadas (§6.º do artigo 121 do Código Penal).
Perdão judicial na lesão corporal culposa - § 8.º - Previu aqui o legislador a hipótese de perdão judicial na lesão corporal culposa quando a ação culposa do autor resultar em tal sofrimento pessoal seu que, por si só, já implica em punição pela lesão causada a terceiro, em situações equivalentes àquelas previstas no § 5.º do artigo 121 do Código Penal.
Lesão corporal qualificada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem convivia ou tenha convivido, ou, ainda, na prevalência das relações domésticas, de habitação ou de hospitalidade - § 9.º - A hipótese de lesão corporal aqui qualificada foi incorporada ao diploma penal por força da Lei n.º 11.340/06, destacando-se das lesões corporais leves do caput porque considera as condições pessoais da vítima, notadamente a proximidade do vínculo familiar entre ela e o autor do fato (qualquer parente dele em linha reta – ascendentes ou descendentes, colaterais até o segundo grau – irmãos e cônjuge ou companheiro), bem como nos casos em que se prevalece o delinquente das relações domésticas, de habitação ou de hospitalidade mantidas com a vítima.
Causa de aumento de pena prevista no § 10 – Caso as lesões sejam qualificadas pelas hipóteses dos §§ 1.º a 3.º e as circunstâncias do § 9.º coexistirem no caso concreto, estas já não incidirão como qualificadoras, mas como causas de aumento, em 1/3 (um terço), na dosimetria da pena.
Causa de aumento de pena na lesão corporal qualificada do § 9.º - § 11 -O § 11 do artigo 129 do Código Penal reservou uma última causa de aumento da pena na hipótese de lesão corporal qualificada do § 9.º, quando a vítima for portadora de deficiência.
A reserva legal da lei impõe que a deficiência da vítima só incida como causa de aumento nas situações previstas no § 9.º do artigo 129 do Código Penal, excluindo-a em face das demais. Contudo, nada obsta, em outros casos, seja considerada no agravamento da pena, conforme artigo 61, alínea h, do Código Penal, quando reconhecida a deficiência como enfermidade.
Art. 138 - Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
1.  Objeto Jurídico – Na tutela da honra objetiva da pessoa (que é o conceito dela perante terceiros) a norma penal coíbe a conduta de imputar (divulgar, tornar público, indicar, atribuir etc...) falsamente a alguém a prática de algum crime.
O delito de calúnia se caracteriza pela imputação falsa à autoria de um crime, quando se afirma que alguém praticou uma conduta individualizada, igualmente adequável à norma penal como delito.
Logo, o autor do delito de calúnia pratica tal crime quando narra uma conduta certa, determinada e também prevista como criminosa, imputando ao caluniado sua autoria, mesmo ciente da falsidade da acusação.
Um exemplo: - Chamar alguém de “ladrão” de modo puro e simples, sem referências ao fato que ensejou tal acusação, não configura o crime de calunia, já que não há qualquer descrição da conduta desonrosa, prevista como criminosa. Esta seria a hipótese de injúria.
Contudo, dizer que “sicrano” subtraiu um par de calçados da vítima “beltrano” acaba por caracterizar o delito, já que o caluniante narrou a prática do delito de furto, imputando falsamente à vítima (sicrano) a autoria de dito crime contra o patrimônio. Disso advém a ofensa à honra objetiva da pessoa, que provoca a incidência do artigo 138 do Código Penal.
2. Sujeitos Ativo e Passivo – Será autor do delito de calúnia qualquer pessoa que prolate imputação falsa de crime.
Havia norma penal específica definindo, ao menos abstratamente, sanção mais severa para calúnia praticada na atividade jornalística (pena máxima maior – artigo 20 da Lei n.º 5.250/67).
Não obstante, o texto legal que a previa não foi recepcionado pelo regime constitucional. Isso foi o que entendeu o pleno do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 130/DF julgada procedente em 30/04/2009, para fins de declarar a inconstitucionalidade da Lei de Imprensa.
Daí que, para efeito de responsabilidade criminal, os jornalistas equiparam-se a qualquer outro autor de crime de calúnia, passíveis, então das sanções do artigo 138 do Código Penal.
Atualmente é considerado crime comum, portanto.
O entendimento sobre a matéria (jornalista não mais como sujeito ativo do delito do artigo 20 da Lei de Imprensa, pela inconstitucionalidade desta) aplica-se aos demais crimes contra a honra previstos na lei de imprensa, pois esta já não tem vigência. Assim, não se cogita mais qualquer diferenciação quanto ao sujeito ativo, tanto no crime de calúnia como no de difamação e de injúria.
Quanto ao sujeito passivo, qualquer pessoa pode ser vítima do delito em questão. Inclusive pessoas jurídicas.
Estamos cientes do argumento, aparentemente convincente, de que, por estar o artigo 138 do Código Penal no título dos crimes contra a pessoa, na Parte Especial do Código Penal, apenas as pessoas naturais poderiam ser vítimas dele.
Contudo, a premissa não é verdadeira, porquanto o crime contra a violação de correspondência comercial (artigo 152 do Código Penal), igualmente contido no mesmo Título I da Parte Especial do Código Penal, tem como sujeito passivo justamente pessoas jurídicas de direito privado.
Logo, vê-se que o rigor normativo propugnado pela doutrina não foi observado pelo legislador. Então, resta inaplicável na hipótese tal critério hermenêutico.
Não bastasse, há importante divergência doutrinária no sentido de que a denominação do Título I da Parte Especial do Código Penal não está a distinguir entre pessoas naturais e jurídicas, significando que ela apenas designa os “.crimes contra a pessoa”.
Podem ser sujeitos passivos, portanto, tanto as pessoas físicas como as jurídicas (estas quando falsamente apontadas autoras de crimes ambientais, pela responsabilidade penal que a Lei n.º 9.605/98 já lhes impõe).
Os inimputáveis, embora livres da responsabilidade penal, podem ser vítimas do delito de calúnia, por também possuírem a honra objetiva tutelada pela norma.
3. Elemento Subjetivo – Exige-se o animus caluniandi, a vontade livre e consciente de caluniar a pessoa (RT 752/532).  Consoante jurisprudência, a certeza ou a fundada suspeita da autenticidade da imputação, que ao final se mostra errônea, acaba por caracterizar o erro de tipo, afastando o dolo e, por consequência, também o crime, já que não há modalidade culposa para o crime de calúnia (RT 538/335, JTACRIM 29/317 e outros tantos).
4. Consumação e tentativa – O crime se consuma na imputação chegada ao conhecimento de terceiro, pois, tratando-se de honra objetiva, haverá lesão ao bem jurídico quando outrem (aquele que pode formar juízo negativo de valor da vítima) toma conhecimento da imputação feita contra o caluniado.
Será tentado nas ocasiões em que, quando escrita, a informação não chega a conhecimento de terceiros por circunstâncias alheias à vontade do autor.
5. Propalação ou divulgação da calúnia – O § 1.º do artigo 138 do Código Penal estende a incidência da norma a quem, também sabendo da falsidade na imputação, contribui para sua divulgação, espalhando a outras pessoas a notícia da falsa delinquência. Contudo, exige-se o dolo, a consciência da falsidade na imputação. Novamente o erro ou a fundada suspeita da autenticidade na imputação descaracterizam o crime, posto não haver dolo nestas hipóteses.6. Calúnia contra os mortos – É punível a ofensa à honra objetiva dos mortos na hipótese de calúnia. Contudo, os ofendidos serão seus herdeiros.
7. Exceção da verdade – Ressalvadas as hipóteses previstas nos incisos do parágrafo 3.º do artigo 138 do Código Penal, o autor pode oferecer defesa no sentido de provar a autenticidade dos fatos criminosos que imputou ao caluniado, o que se chama de exceção da verdade.
Contudo, na hipótese da imputação de crime de ação penal privada, a exceção não será admitida enquanto não condenado o caluniado, de modo irrecorrível, ou, na hipótese de ação penal pública, ele restar absolvido.
Também contra o Presidente da República ou contra chefe de Estado estrangeiro não se admite a prova da autenticidade das imputações, em qualquer hipótese.
8. Ação penal – De regra será privada (mediante queixa-crime), mas quando a calúnia for dirigida contra o Presidente da República ou chefe de Estado estrangeiro procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, já quando a vítima for funcionário público, em razão de suas funções, procede mediante representação.
Artigo 139 – Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
1 – Objeto Jurídico: Na tutela da honra objetiva da pessoa, considerada como o conceito que terceiros têm sobre ela, a norma penal também considera crime a mera imputação de fato desonroso, torpe, imoral etc., desde que suficientemente apto para denegrir a imagem da vítima no meio social.
Entretanto, diferentemente da falsa imputação criminosa (conduta típica da calúnia), neste dispositivo se coíbe apenas a imputação sobre a prática de um fato desonroso contra a vítima, que macule sua imagem no meio social.
À configuração do delito, pouco importa a autenticidade do fato atribuído à vítima, pois a norma não faz qualquer exigência nesse sentido. Basta que seja vexatório em seu conteúdo, sendo indiferente se ocorreu ou não.
Há exceção, contudo, admitindo-se a prova da verdade dos fatos quando o difamado é funcionário público e a imputação é relacionada ao exercício de função inerente ao seu cargo (parágrafo único do artigo 139 do Código Penal), ganhando relevo, aqui, o interesse da sociedade no esclarecimento dos eventos difamantes.
2 – Sujeito ativo e passivo: Atualmente trata-se de crime comum, já que a norma não impõe qualquer qualidade pessoal ao autor ou à vítima. Então, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo do crime de difamação.
Nesse aspecto, aliás, cabem aqui as mesmas observações a respeito da inconstitucionalidade da Lei de Imprensa, reconhecida na ADPF n.º 130/DF. Situação jurídica ora a sujeitar jornalistas apenas aos tipos previstos no Código Penal, no que toca aos crimes contra a honra.
E pessoas jurídicas também podem ser vítimas do delito, tais como podem ser sujeitos passivos do artigo 138 do Código Penal. Neste aspecto, o mesmo raciocínio do artigo anterior se aplica à hipótese, justamente pelas razões expostas no item “1” dos comentários daquele, em relação aos quais é sugerida a leitura.
3 – Elemento subjetivo: Constitui-se no dolo, que no caso é materializado pelo animus diffamandi, em evidência quando a conduta do autor tem o objetivo de ofender a honra da vítima.
O delito não se configura quando verificada apenas a culpa na prática do ato, justamente por não haver previsão legal à repressão de difamação culposa.
4 – Consumação e tentativa: Fica consumado o delito quando a imputação desonrosa contra a vítima, articulada por qualquer meio (p. ex. diálogo, carta, gravação, mensagens etc.), chega ao conhecimento de terceiros.
A doutrina cogita possível a tentativa quando a imputação (v.g. mensagem escrita, gravação etc.) não chega a conhecimento de terceiros por circunstâncias alheias à vontade do autor.
5 – Exceção da verdade: Como já referido, só a difamação propterofficium tolera a prova da autenticidade do fato desonroso, verificando-se nos casos em que atinge funcionário público no exercício de suas funções. Justamente pelo interesse público na apuração da lisura da conduta do servidor difamado. Nos termos do parágrafo único do artigo 139 do Código Penal.
6 – Ação Penal: Como regra geral a ação penal será privada, por meio de queixa crime.
Não obstante, será pública, condicionada à representação do ofendido, quando a vítima for funcionário público no exercício de suas funções. A ação penal pela difamação praticada contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro dependerá de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 140 - Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
1 – Objeto: A tutela da honra da pessoa sob seu aspecto subjetivo (o prestígio que ela tem de si mesma) é o que a norma pretende assegurar quando tipifica a conduta da injúria, repreendendo o ato que resulta na simples ofensa contra a dignidade ou o decoro.
A ofensa pode ser a atributos, morais (dignidade) ou correção moral (decoro).
Daí que a tipificação do delito prescinde a imputação da autoria de fato criminoso (calúnia) ou de evento degradante, imoral (difamação), contentando-se com uma mera ofensa, desvinculada a qualquer circunstância fática infamante. Apenas uma opinião ofensiva sobre a pessoa.
Para a configuração do delito basta que o autor impute à vítima algum atributo pejorativo, humilhante etc.
2 – Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de injúria, pois a norma não exige uma qualidade especial do seu autor.
Contudo, há considerações importantes quanto ao sujeito passivo, pois o delito não ocorre quando dirigido a incapazes de compreender o caráter injuriante da ofensa. Parte-se da premissa de que a lesão à honra subjetiva pressupõe compreensão pela vítima do real sentido das palavras que lhe são opostas. Caso falte capacidade para tanto (para compreender o conteúdo imoral da ofensa), então não há lesão ao bem jurídico, sendo atípica a conduta.
Pessoas jurídicas, porque também não possuem consciência e capacidade para se sentirem ofendidas, não podem ser consideradas sujeitos passivos do delito em questão.
3 – Elemento subjetivo: É a intenção de ofender a dignidade ou o decoro da vítima. O animus injuriandi configura-se quando o autor manifesta opinião ofensiva contra a vítima, em evidente intenção de macular sua honra.
4 – Consumação e tentativa: A consumação do delito ocorre quando o ofendido toma conhecimento da injúria que lhe foi dirigida, cogitando-se possível a tentativa nos casos em que frustrado o conhecimento da ofensa por aquele, em razão de circunstâncias alheias à vontade do autor.
5 – Perdão Judicial: O § 1.º do artigo 140 do Código Penal trata do perdão judicial, quando faculta ao Juízo deixar de aplicar a pena se demonstrado que a injúria adveio de provocação da vítima (inciso I) ou de que ela foi seguida de retorção imediata, consistente noutra injúria proferida pela vítima, em razão da primeira pronunciada pelo autor (inciso II).
O Direito Penal não cogita a possibilidade de compensação de culpas. Não obstante,por razões de política criminal e considerando a menor lesividade da ofensa em si, entendeu-se por admitir possível a dispensa na imposição de pena nas situações dos incisos do § 1.º do artigo 140 do Código Penal.
Trata-se de hipótese de extinção da punibilidade (artigo 107, inciso IX, do Código Penal).
6 – Injúria real: O § 2.º do artigo 140 do Código Penal prevê sanção mais severa porque as consequências do delito são mais graves neste caso, com implicações em violência ou vias de fato, se consideradas a natureza do ato ou o meio empregado.
Quando se trata de injúria real consistente em violência, cogita-se possível seu concurso com crimes de lesão corporal, em razão da parte final do § 2.º do artigo 140 do Código Penal.
Entretanto, a ofensa consistente em vias de fato resulta na absorção do da contravenção do artigo 21 Decreto-Lei n.º 3.668/41.
7 – Ação penal: De regra, a ação penal é iniciada por queixa crime, sendo privada, portanto (caput do artigo 145 do Código Penal).
Contudo, na injúria real, a que resulta em lesões corporais ou vias de fato, a ação penal será pública incondicionada, por não se perceber expressa exigência de representação nesse caso, ainda que atualmente, em face do crime de lesões corporais, a ação penal dependa de representação do ofendido (parte final do caput do artigo 145 do Código Penal).
Também deverá ser pública condicionada à representação do ofendido, quando a injúria for dirigida contra funcionário público, no exercício de suas funções e também nas hipóteses do § 3.º do artigo 140 do Código Penal (injúria com elementos de raça, cor etnia, religião ou origem, assim como as que contam elementos referentes à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência).
Contra o Presidente da República ou chefe de Governo estrangeiro a ação penal dependerá de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 141 - Disposições Comuns – Hipóteses Qualificadas
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
1 - Objeto: Para o aumento de um terço da pena no caso do inciso I do artigo 141 do Código Penal se considera apenas a qualidade da vítima, enquanto Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, pelo que eventual desvinculação da ofensa em relação às funções próprias dos cargos em nada impede o acréscimo.
Nos casos do inciso II, contudo, além de se exigir que a ofensa seja contra funcionário público, deve ter relação com a função pública exercida por ele.
Por sua vez, o meio empregado à prática do crime também tem importância para esta hipótese qualificadora, aumentando-se a pena nos casos em que praticado o crime de modo a agravar a extensão da ofensa (várias pessoas – três ou mais; meio de facilite a divulgação – panfletagem, pintura mural, divulgação pública em autofalantes etc.), sendo esta a hipótese do inciso III do artigo 141 do Código Penal.
Acrescido pelo Estatuto do Idoso, o inciso IV do artigo 141 do Código Penal também ampliou o rol de situações em que incide o aumento de um terço. Aplica-se, então, à calúnia e à difamação dirigida contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, sendo que as situações de injúria foram excluídas na hipótese, porque não incluídas no dispositivo.
Por fim, a aplicação da pena será em dobro quando o crime contra a honra for mercenário, motivado pelo pagamento de recompensa ou pela simples promessa dela, nos termos do parágrafo único do artigo 141 do Código Penal.
Art. 142 - Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
1 – Objeto: Sem embargo à divergência sobre o tema, compreende-se prevalente o entendimento no sentido de que as situações do artigo 142 do Código Penal são abstratamente amoldáveis às excludentes gerais da ilicitude, previstas no artigo 23 da Parte Geral do Código Penal, tendo a mesma natureza destas, portanto. No caso, contudo, possíveis apenas para os crimes de difamação e injúria (artigos 139 e 140 do Código Penal).
Logo, a contrario sensu, não seria de se admitir tais hipóteses como excludentes do crime de calúnia.
Entretanto, a juridicidade na falsa imputação de fato definido como crime (artigo 138 do Código Penal) pode ser residualmente amparada pelas disposições excludentes da Parte Geral do Código Penal, exatamente pela ampla eficácia do artigo 23 do CP.
1.1 – Imunidade Judiciária: A hipótese do inciso I é denominada imunidade judiciária por não considerar criminosa a injúria ou difamação pronunciadas em juízo, no debate da causa, pelas partes ou por seus procuradores. É importante destacar que nos termos do artigo 133 da Constituição Federal o advogado é inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão.
Quanto ao Juízo, quando for oposta a ele alguma suspeição, também será considerado parte.
1.2 – Imunidade da Crítica: A rigor as obras artísticas, intelectuais e científicas submetem-se à crítica e, por isso, há um interesse cultural em se tolerar algum atributo negativo dito em face delas. Então, aparente excesso nesse sentido acaba não implicando na antijuridicidade da conduta. Mas isso apenas quando não se evidenciar na opinião crítica o intuito de difamar ou injuriar o autor.
1.3 – Imunidade por conceito desfavorável de funcionário público – Tal como na hipótese de imunidade da crítica. Conceitos negativos emitidos por funcionário público, em razão da função que exercem, também não fazem incidir a antijuridicidade em face dos delitos de difamação e de injúria, mas desde que não se evidencie o intento de ofender a honra da vítima.
O conceito de funcionário público, aqui, é o definido pela própria norma penal, no artigo 327 do próprio Código.
1.4 – Exclusão da imunidade na divulgação - A imunidade judicial e a por conceito de funcionário público não aproveitam quem dá publicidade a elas. A estes, então, incide plenamente as sanções dos delitos dos artigos 139 e 140 do Código Penal. Tal é o objetivo do parágrafo único do artigo 142.
A imunidade por crítica, por sua vez, não é afastada quando divulgada a suposta ofensa desta natureza.
1.5 – Imunidade parlamentar: Enquanto expressa garantia constitucional, parlamentares também possuem imunidade em face dos crimes contra a honra, já que são invioláveis por suas opiniões, palavras ou votos.
Vereadores apenas serão imunes enquanto procederem no exercício de suas atividades e na circunscrição de seu Município (arts. 53, caput, 27, § 1.º, e 29, inciso VIII, todos da Constituição Federal).
Art. 143 - Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
1.  Objeto: A isenção de pena descrita pelo artigo 143 indica autêntica causa de extinção da punibilidade, que, nesse sentido, vai ao encontro do inciso VI do artigo 107, ambos do Código Penal, fazendo-se incidir quando o autor da ofensa desdiz integralmente o que havia afirmado, voltando atrás no que mencionou de ofensivo sobre a vítima. Retrata-se, portanto, desde que assim o faça até antes da sentença, consideradacomo tal a proferida em primeira instância, pelo Juízo a quo.
A retratação deve ser feita pessoalmente, ou mediante procurador com poderes especiais.
Considera-se possível a retratação pelo autor apenas nas hipóteses de calúnia e de difamação, sendo inviável, então, nos crimes de injúria.
Por mencionar a condição do autor do fato, dando-o como querelado, conclui a doutrina por inaplicável a retratação nas ações públicas condicionadas à representação, como são atualmente as baseadas na hipótese do artigo 140, § 3.º, e 141, incisos II, ambos do Código Penal, em que ele é tido como réu.
Art. 144 - Pedido de explicações
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
1. Objeto: O artigo 144 do Código Penal faz referência a um direito do ofendido, que é o de interpelar o autor do fato a fim de que este esclareça o teor das afirmações que efetuou, quando elas não pareceram claras em seu conteúdo ou imprecisas sobre contra quem foram dirigidas.
Esse direito deve ser exercido pelo ofendido perante o Juízo competente para o conhecimento da ação penal e o reconhecimento da suficiência das explicações é atribuição do magistrado competente para o conhecimento da respectiva ação penal.
Art. 145 – Ação penal
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
1. Objeto: Embora já destacado nos tipos penais a ação penal possível em face de cada um deles, reitera-se o que já foi dito a respeito do tema.
Como regra a ação penal será privada.
Entretanto, será pública incondicionada quando o crime de injúria real (resultar em lesão corporal).
Será pública, condicionada à representação do funcionário público, quando a calúnia, a difamação ou a injúria for dirigida contra ele no exercício de suas funções. Do mesmo modo quando a injúria tiver conteúdo ofensivo a elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de idoso ou de portador de deficiência.
Dependerá de requisição do Ministro da Justiça quando os crimes contra a honra previstos no código forem contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, ocasião em que também será pública.
Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
1. Classificação Doutrinária: Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre, comissivo em regra, instantâneo ou permanente, unissubjetivo, plurrisubsistente, não transeunte e admite tentativa. Entendemos exequível o cometimento de furto por omissão.
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou possuidor da coisa.
3. Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha a posse ou propriedade da coisa.
4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a coisa alheia móvel, que são considerados os animais, aeronaves, os navios, os títulos de crédito, os talões de cheques, os frutos, as árvores, etc. O furto de gado é conhecido como abigeato. As coisas de uso comum também podem ser objeto de furto como a água e luz. A coisa abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês nullius) não podem ser objeto material de furto, pois não são coisas alheias. Se o agente pensou que se tratava de coisa abandonada e dela se apoderou haverá erro de tipo que excluirá o dolo.
Quanto a cadáver, se a subtração for com intuito de lucro haverá caso de furto, caso contrário, o crime será de subtração de cadáver, previsto no art. 211 do CP. Quem subtrair cadáver de faculdade de medicina com o fim de retirar o ouro existente na arcada dentaria incorrerá em crime de furto.
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a posse e a propriedade.
6. Tipo objetivo: Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja, qualquer objeto ou substância corpórea que tenha valor econômico e que possa ser removida, destacada ou deslocada de um lugar para o outro.
Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, mas também a que se acha legitimamente na posse de terceiro.
O tipo exige o ânimo do agente em assenhorar-se da coisa alheia. Doutrina e jurisprudência admitem o furto cometido por ladrão contra outro ladrão, reconhecendo, contudo, como sujeito passivo, o proprietário original da coisa.
7. Tipo Subjetivo: O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do agente é genérico, a vontade livre e consciente de subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo específico, o fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou para outrem" (animus furandi)
O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem efetivo prejuízo ao ofendido, com restituição da coisa no estado em que antes se encontrava não é contemplado pela norma penal em estudo. O furto de uso somente será reconhecido se não era exigível outra conduta do agente a não ser sacrificar direito alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrer o filho ao hospital, por exemplo.
Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será considerado atípico se o agente subtrair coisa alheia pensando ser própria (erro de tipo).
É pacifico na jurisprudência o reconhecimento do estado de necessidade em caso de furto famélico. É imperativo que a conduta do agente se realize com o único objetivo de saciar a fome, num estado de extrema penúria, não podendo esperar mais, por ser a situação insuportável e que somente por meio do ato ilícito consiga resolver o problema de falta de alimentação.
8. Consumação: Ocorre no momento em que o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo. Consuma-se quando a coisa sai da esfera de disponibilidade e de proteção da vítima e ingressa na disponibilidade do sujeito ativo.
Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de furto e de roubo basta a posse do bem em poder do agente, independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, de modo que a fuga logo após o furto caracteriza a inversão da posse, e o furto está consumado mesmo havendo perseguição imediata e consequente retomada do objeto (teoria do amotio).
Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato instante em que o delito é cometido. O crime também restará consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo encontrando-se perto da vítima.
9. Tentativa: Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a tentativa é perfeitamente admissível na hipótese de o agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua vontade. Também caracteriza a tentativa na hipótese de ser perseguido pela polícia e presologo após a subtração, pois a coisa não saiu da esfera de proteção e disponibilidade da vítima.
10. Furto e a desistência voluntária, arrependimento eficaz, arrependimento posterior e crime impossível: Diferentemente da tentativa em que a não consumação ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz (art. 15), a execução é interrompida pela própria vontade do agente (medo, remorso, baixa qualidade do objeto material, dor de barriga). Ocorre desistência voluntária, por exemplo, se A ingressa na residência de B, mas por qualquer motivo, desde que voluntário, desiste de prosseguir e foge sem nada levar. Responde por invasão de domicílio. Arrependimento é considerado eficaz se A subtrai um livro de B e antes de ter sua posse tranquila devolve o objeto. Sua conduta foi de encontro com à continuidade do processo de execução de uma típica iniciada.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz: Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Arrependimento posterior: Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
O arrependimento posterior é uma causa especial de diminuição de pena e só tem aplicação nos crimes materiais, pois seu reconhecimento se verifica com a reparação do dano ou a restituição da coisa. O indivíduo que, voluntariamente, decorrido de alguns dias após o furto de um veículo, arrepende-se e comunica à vítima o local onde o mesmo se encontra será beneficiado por esta entidade criminal.
11. Repouso Noturno: É o período em que as pessoas descansam de acordo com os costumes de cada região do País, a vítima encontra-se mais vulnerável e por isso a pena será aumentada de um terço. Doutrina e jurisprudência são pacíficas ao admitirem sua aplicação apenas ao furto simples.
12. Furto de Pequeno Valor e Criminoso Primário: Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa. Primário é o sujeito que não é reincidente, isto é, aquele que mesmo cometendo outros crimes ainda não foi definitivamente condenando. Pequeno valor é aquele em que a coisa furtada não ultrapassa o valor equivalente ao salário mínimo vigente à época do fato criminoso.
13. O Privilégio e o Furto Qualificado: Segundo reiterada jurisprudência do STJ, não se aplica ao crime de furto qualificado o beneficio previsto no parágrafo 2º do art. 155 do CP, uma vez que a existência da qualificadora inibe a aplicação do privilégio, não obstante a primariedade e o pequeno valor ou pequeno prejuízo, em razão da flagrante incompatibilidade.
14. Furto de Energia Elétrica: Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor configura o delito, considerado permanente, possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu efeito. Se o agente, porém, alegrar o relógio de luz e passar a pagar metade da energia elétrica consumida, o crime será de estelionato.
A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, conhecida como "gato", para nós, não pode se equiparada a furto de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A conduta deve ser apurada na esfera cível. A energia elétrica quando subtraída depois e armazenada, causa perda patrimonial, diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização não gera dano, isto é, não há perda de energia de valor econômico, mas ausência de ganho por parte da empresa.
15. Furto Qualificado: A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
A violência aqui é empregada contra obstáculo que está impedindo a subtração da coisa.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de amizade existente entre algumas pessoas. Emerge de uma condição particular de lealdade. É preciso gozar absolutamente de confiança para incidir na qualificadora.
Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o embuste, utilizados para facilitar a subtração da coisa. A conduta do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens da vítima iludindo-a momentaneamente, o delito é cometido sempre sobre a vigilância da vítima. A qualificadora também se aplica quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato, como o doente mental ou uma criança.
Difere do estelionato, pois neste a vítima é enganada, seu consentimento é viciado pelo erro. A própria vítima faz a entrega da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante fraude, cria no espírito da vítima um sentimento distorcido da realidade. No furto com fraude haverá sempre subtração como a ladra profissional que se finge de doméstica para furtar a casa que se empregou.
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pretendido por via anormal demandando um esforço incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como numa residência subindo uma árvore ou um muro alto, ou ainda escavando um túnel etc.
Destreza é a habilidade manual do agente, por exemplo, o batedor de carteira.
III - com emprego de chave falsa;
Considera-se chave falsa todo e qualquer instrumento, com ou sem forma de chave como a gazua, moca, alfinete, arame etc. Capaz de abrir fechadura ou dispositivo análogo. Se a verdadeira chave encontra-se na fechadura haverá o furto simples, pois "porta fechada com chave na fechadura é porta aberta", mas se for conseguida ardilosamente para o cometimento do delito, como, por exemplo, subtraí-la da bolsa da vítima para depois adentrar sua residência, qualificadora será fraude.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A norma busca impedir a somatória de forças para o cometimento do crime, enfraquecendo, assim, a resistência do ofendido. Basta que apenas um dos agentes seja culpável. Desse modo, nada impede para a sua configuração a participação de inimputáveis.
16. Furto e o Concurso de Crimes: Ao furto nos demais crimes contra o patrimônio aplicam-se as regras do concurso material, formal e do crime continuado.
17. Parágrafo 5º do art. 155 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Requer o tipo penal o elemento subjetivo especial (dolo específico), ou seja, deve o agente ter consciência de que está ultrapassando os limites de um Estado ou país com o objeto material. É necessário, portanto, para a consumação do delito, que o veículo tenha transportado as fronteiras do Estado ou do território nacional.
O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior só se consuma após o seu exaurimento.
18. Concurso de Qualificadoras: Incidindo duas ou mais qualificadoras no furto o entendimento prevalente é de que apenas uma será aplicada, servindo aos demais como agravantes genéricas. Há, todavia, quem entenda que a pluralidade de qualificadoras interfere na dosagem da pena como circunstância judicial.
FURTO DE COISA COMUM
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
1. Classificação Doutrinária: Crime próprio, de dano, material, não transeunte, instantâneo, comissivo ou omissão impróprio, unissubjetivo, plurissubsistente,de forma livre e admite tentativa.
2. Sujeito Ativo: É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. Trata-se de crime próprio que se comunica em caso de concurso de pessoas.
3. Sujeito Passivo: Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, ou ainda um terceiro quem detém legitimamente a coisa
4. Objeto Material: A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide, por exemplo, o proprietário de um apartamento que subtrai da área comum de um prédio um relógio de parede.
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a propriedade ou a posse legítima.
6. Tipo Objetivo: A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de retirar, pegar coisa comum de quem legitimamente a detém, isto é, a coisa que pertence não apenas ao agente, mas também a outras pessoas. Condômino é o proprietário que divide o domínio da mesma coisa com outras pessoas. Herdeiro é o sucessor que concorre a uma herança (patrimônio falecido que transmite aos herdeiros) deixada pelo de cujus. Sócio é o membro de uma sociedade (reunião de duas ou mais pessoas que mediante contrato se obriga, a combinar seus esforços ou bens para a consecução de fins comuns).
7. Tipo Subjetivo:É o elemento específico do tipo, dolo específico dos clássicos, consubstanciado na expressão para si ou para outrem, qual seja, a finalidade de assenhoraremos da coisa comum.
8. Consumação:Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção do sujeito passivo. Passa o agente a ter posse tranquila da coisa comum, ainda que por pouco tempo.
9. Tentativa:Quando a coisa comum não sai da esfera de disponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias à vontade do condômino, herdeiro ou sócio.
10. Coisa Fungível:Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não excede a quota que tem direito o agente, coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade. Trata-se de causa excludente de ilicitude. Por outro lado, haverá o delito em estudo se a coisa foi infungível, qual seja, a que não por ser substituída por outra.
11. Ação Penal: O crime é de ação pública condicionada. Somente se procede mediante representação do ofendido. Infração de menor potencial ofensivo sujeita as normas da Lei nº 9.099/1995.
ROUBO
Art. 157.
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além de multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
1. Classificação Doutrinária:Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio, plurissubsistente, complexo e admite tentativa.
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.
3. Sujeito Passivo: Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem tutelados vários objetos jurídicos, nada impede o surgimento de dois ou mais ofendidos, como ocorre, por exemplo, com aquele que sofre violência e o outro que tem o bem subtraído durante a ação criminosa.
Em regra, porém, sujeito passivo é o titular do direito da propriedade ou da posse.
4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
5. Objeto Jurídico:A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a liberdade pessoal, daí ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou ameaça e a subtração patrimonial.
6. Tipo Objetivo: O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A violência pode ser:
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte (essas duas últimas qualificam o delito);
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças, gestos ou simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou a terceiro;
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente, colocar droga na bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir bebida alcoólica até a embriaguez etc.
O roubo difere do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo porque neste a violência é exercida contra a coisa, naquele, contra a pessoa. Em outras palavras, roubo nada mais é que um furto cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira etc., e que são arrancados pelo ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc., o crime é de furto.
Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do agente revela maior periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio.
Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno valor da coisa, o estado de necessidade etc., que podem ser admitidos no furto não o são no roubo por tutelar outros bem jurídicos e não apenas o patrimônio do ofendido.
7. Tipo Subjetivo: O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre e consciente de subtrair coisa móvel alheia mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento subjetivo especial do tipo, exige que a subtração seja para o agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos contido na expressão "para si ou para outrem".
8. Consumação do roubo impróprio: Predomina na doutrina o entendimento de que o crime consuma-se quando o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo ou quando a coisa subtraída sai da esfera de proteção, de disponibilidade da vítima. Também se diz consumado o delito quando a vítima não recupera os objetos subtraídos, mesmo em casos de prisão em flagrante. Restará consumado ainda quando a vítima permanece dominada pelo autor do roubo no interior do veículo, perdendo a disponibilidade do bem.
Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o delito quando ocorre a subtração dos bens da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio ofendido detenha o agente e recupere a res.
9. Tentativa: No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de sua admissibilidade. Ocorre quando o agente após o emprego de violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da coisa por circunstâncias alheias à sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que por breve tempo.
10. Roubo impróprio: É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes ou durante a subtração da coisa. No impróprio ela é cometida logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa.
Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua residência e abandonar o objeto material empregando violência para a fuga, o crime a ser reconhecido é o de tentativade furto em concurso material com lesão corporal.
11. Tentativa de roubo impróprio: Entendemos não ser possível a tentativa de roubo impróprio. Ou o agente emprega a violência ou a grave ameaça, logo depois de subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, mas emprega violência para fugir e, então, o crime será de tentativa de furto em concurso material de lesão corporal.
E outra partem deve-se reconhecer o furto e não o roubo impróprio na ação do agente que após a subtração se desvencilha do ofendido que o agarra, sem contudo, ameaçá-lo ou agredi-lo e foge com a res.
12. Causas de aumento de pena: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma envolve motivo pelo qual é indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha idoneidade para ofender a incolumidade física.
Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento de pena quando o agente utilizava arma de brinquedo para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada uma grave ameaça relacionada ao roubo simples.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; A doutrina prevalente assevera que não há necessidade de estarem todos os agentes presentes no local do crime, basta haver o concurso de duas ou mais pessoas.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo de valor como ouro, dinheiro, pedras preciosas etc. O agente deve saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto, portanto.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja levado para outro Estado ou país, não havendo, assim, possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o veículo em outro Estado ou país e o crime está consumado, ou não ingressa e o crime será de furto ou roubo conforme a circunstância.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
objeto do agente, após o emprego da violência ou grave ameaça, é manter a vítima em seu poder e assim facilitar a subtração. A restrição de liberdade da vítima deve ser por tempo razoável, suficiente para que o agente consuma o delito sem ser descoberto pela polícia.
13. Pluralidade de causas de aumento de pena: Muito comum na prática a incidência de mais de uma majorante no roubo. Diverge a doutrina quanto à aplicação da pena. A primeira corrente entende que o juiz aplicará apenas uma majorante e a outra funcionará como circunstância judicial na fixação da pena-base. A segunda assevera que o número de majorantes deve ser proporcional ao número de causas presentes. Duas ou mais permitem ao juiz aumento a pena de dois quintos até a metade.
14. Qualificadoras do roubo: Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além de multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-se de crime considerado qualificado pelo resultado em que as lesões graves ou morte podem advir de dolo ou culpa.
O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não moral, logo se a vítima num roubo, mediante grave ameaça, vier a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de roubo em concurso material com homicídio e não de latrocínio.
15. Homicídio consumado e roubo consumado: Haverá latrocínio.
16. Homicídio tentado e roubo tentado: Haverá tentativa de latrocínio.
17. Tentativa de homicídio e roubo consumado: Haverá tentativa de latrocínio.
18. Homicídio consumado e roubo tentado:Haverá latrocínio. Doutrina e jurisprudência têm considerado consumado o latrocínio quando ocorre a morte da vítima, ainda que o agente não tenha logrado apossar-se da coisa que pretendia subtrair.
19. Roubo com pluralidade de vítimas: Doutrina e jurisprudência são unanimes em reconhecer o concurso formal quando o delito é cometido contra várias vítimas num mesmo contexto. Assim, lesionou o patrimônio de duas vítimas, aplica-se o concurso formal.
De outra parte, quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, praticar vários roubos (crimes considerados da mesma espécie) e pelas condições de tempo (nao pode ultrapassar 30 dias), lugar (devem ser próximos), maneira de execução (modus operandi) e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, poderá se reconhecer o crime continuado. Isto é uma ficção jurídica, pois há uma pluralidade de delitos, mãos legislador presume que eles constituem um só crime, apenas para efeito de sanção penal. Nesses casos, aplica-se a regra do art. 71, ou seja, dependendo das circunstâncias jurídicas, a pena de um só dos crimes poderá ser aumentada até o triplo.
EXTORSÃO
Art. 158.
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
1. Classificação doutrinária: Crime comum, formal ou material, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, doloso, de dano, complexo e admite tentativa.
2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa
3. Sujeito passivo: Qualquer pessoa. É possível a existência de dois sujeitos passivos ao mesmo tempo; o que sofre a lesão patrimonial e o que sofre o constrangimento. A pessoa jurídica tambem pode ser sujeito passivo do crime.
4. Objeto material: A condita delitiva recai sobre a pessoa humana e a coisa móvel ou imóvel.
5. Objeto jurídico: Tutela-se não apenas a inviolabilidade do patrimônio, mas também a vida, a liberdade pessoal e a integridade física e psíquica da pessoa humana.
6. Tipo objetivo: A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de coisa móvel ou imóvel).
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a vantagem for devida.
7. Tipo subjetivo: O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela vontade livre e consciente de constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na expressão "com intuito de".
8. Consumação: Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou material. Para os que o consideram formal, a consumação ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica indevida.
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a consumação do delito. É a indispensabilidade da conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP.
Da outra parte, se entendido como crime material, a consumação se dará com obtenção de indevida vantagem econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é materialconsumando-se com a efetiva obtenção indevida vantagem econômica.
9. Tentativa: Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante violência ou grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia.
A tentativa, portanto, ocorrerá quando praticada a violência ou grave ameaça com o intuito de obter vantagem econômica indevida e a vítima não cumpre o exigido pelo agente.
10. Diferença entre extorsão e roubo: Para os clássicos a distinção infalível é a de que no roubo o agente toma a coisa por sim mesmo; na extorsão faz com que lhe seja entregue. Embora a extorsão se assemelhe ao roubo em face da pena, dos meios de execução, da natureza e da objetividade jurídica, com ele não se confunde. Ademais, não são considerados crimes da mesma espécie. No roubo o agente subtrai a coisa e na extorsão a vítima é quem lhe entrega; no roubam o comportamento da vítima não é imprescindível para a sua realização (nao é necessário que colabore com o agente); na extorsão, ele é fundamental (há a necessidade de colaboração da vítima); no roubo o mal é iminente; na extorsão o roubo é futuro.
11. Causas de aumento de pena: Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até a metade. Há necessidade das duas pessoas estarem presentes no local dos fatos para incidir na majorante, assim como o emprego efetivo da arma quando da realização do delito.
No caso de ocorrer morte ou lesão corporal grave, o fato de o coautor não haver disparado a arma, não afasta a sua responsabilidade pela extorsão qualificada.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (SEQUESTRO RELÂMPAGO)
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
1. Classificação doutrinaria: Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano, plurisubsistente, de forma livre, comissivo, não transeunte, unissubjetivo, hediondo e admite tentativa.
2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que pratica qualquer conduta necessária para a obtenção do resultado almejado durante o período consumativo do crime, exemplo, o vigia do cativeiro, o mensageiro, o seqüestrador, o mentor do plano.
3. Sujeito passivo: Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes, figuram no polo passivo o sequestrado e quem sofre a lesão patrimônios, geralmente membro da família. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo quando compelida a pagar o valor do resgate.
4. Objeto material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada de liberdade bem como aquele que tem diminuído o seu patrimônio.
5. Objeto jurídico: Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o patrimônio e a liberdade de locomoção do ofendido, mas também a sua vida e a integridade física.
6. Tipo objetivo: A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de liberdade de locomoção, arrebatá-la, com o fim de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial. A posição dominante da doutrina crê a vantagem econômica deve ser indevida, pois do contrário haveria sequestro em concurso formal com exercício arbitrário das próprias razoes.
7. Tipo subjetivo: O tipo requer além do dolo genérico, definido como a vontade livre e consciente de seqüestrar pessoa, o elemento específico do tipo, o denominado dolo específico, contido na expressão "com o fim de obter para si ou para outrem", qualquer vantagem como condição ou preço do resgate.
8. Consumação: Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro independentemente da vantagem patrimonial, isto é, a consumação opera-se no momento em que ocorre a privação da liberdade da vítima independentemente do efetivo recebimento do resgate. Suprimida a liberdade de locomoção da vítima por um período relevante, além do intuito de obter, por esse meio, qualquer vantagem econômica, o crime está consumado.
Na jurisprudência predominante o entendimento de que o crime se configura mesmo quando os criminosos não conseguem obter o resgate e ainda que não tenham tido tempo pedi-lo.
9. Tentativa: Possível somente se o item criminis for interrompido no início da execução do delito por circunstâncias alheias à vontade do agente, bem como se comprovar a real intenção dos delinquentes, qual seja, a de sequestrar com a finalidade de obter vantagem como condição ou preço do resgate.
Assim, pode-se reconhecer, na prática, a extorsão mediante sequestro tentada nos seguintes casos:
A) Prisão em flagrante;
B) Fuga dos sequestradores quando interceptados pela polícia;
C) Conseguir a vítima desvencilhar-se do sequestrador.
10. Extorsão mediante sequestro qualificada: Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e integridade física.
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se como a reunião permanente de mais de três pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para cometer o sequestro.
Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que se o crime for praticado por mais de três pessoas que se reuniram especificamente para tal desiderato, sem associarem-se de forma estável e permanente, haverá concurso de pessoas, não incidindo a qualificadora.
11. Extorsão mediante sequestro com lesão corporal grave: Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: "se da violência resultar lesão grave ou morte"; logo, num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão mediante sequestro a lei menciona: "se dos ato resultar lesão grave ou morte", pouco importando para qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao agente.
A qualificadora somente atinge o sequestrado e não terceira pessoa.
12. Extorsão mediante sequestro e tortura: Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e mental. Com efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso material de infrações.
13. Delação premiada: O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que, se não houver a libertação do seqüestrado,

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