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SOCIOLOGIA ORGANIZACIONAL AULA 02

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Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
1 
 
 
Sociologia Organizacional 
 
 
 
 
Aula 2 
 
 
 
 
Prof. Luciano Stodulny 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
2 
Conversa inicial 
Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina de Sociologia 
Organizacional! 
Contextualizando 
A identidade cultural é a grande responsável por definir quem nós somos, 
dentro de um modelo aceito socialmente por um conjunto de regras e 
comportamentos padronizados e adaptados de acordo com a realidade de 
diferentes grupos e dos seus objetivos. 
Você já pensou que muito do que achamos certo ou verdadeiro não o é? 
Nossa maneira de pensar é condicionada pelos padrões adotados pela 
sociedade a qual pertencemos, o que nos leva a estudar a cultura como a 
formadora de uma identidade de grupo. 
Tema 1: Definição de Cultura 
Definir cultura nunca é tarefa fácil, pois devemos percorrer várias áreas 
do conhecimento para compreender o comportamento humano, pois ela é 
responsável por criar ideias, definir símbolos e conceituar valores, elementos 
esses usados pela sociedade para definir o belo e o feio, o bom e o mau, o 
verdadeiro e o falso, o justo e o injusto, o possível e o impossível, o puro e o 
impuro, o casual e o inevitável, o profano e o sagrado, o tempo e o espaço. 
A construção da cultura se deve ao fato dos humanos utilizarem uma 
linguagem complexa, estabelecendo relações de cooperação, como o trabalho, 
e construindo estruturas para a vida em sociedade como, a religião e a política. 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
3 
A cultura por sua vez tem aspectos distintos, tais como a materialidade e 
a imaterialidade. A cultura material inclui tudo o que é feito na vida coletiva, como 
alimentos, produtos comercializados, dos computadores à jardinagem. 
A cultura imaterial por sua vez inclui o simbolismo, as palavras, as 
músicas, moldando a vida das pessoas envolvidas e interagindo com os 
sistemas construídos socialmente. 
A cultura participa diretamente do mundo das ideias em comunidade, 
partilhando de determinados fins e interagindo com as pessoas em suas ações 
concretas. 
A alimentação, com o uso de talheres, das mãos ou de instrumentos como 
o hashi, constitui na verdade uma parte da cultura. O que os homens fazem é o 
que dá valor à própria cultura. 
A distinção entre a cultura e o que fazemos é importante para definir a 
estrutura do poder na sociedade e como a nossa experiência transcende o que 
fazemos com a realidade. 
Para a Antropologia, a cultura é a base da ciência. Desde o século 
passado, os antropólogos tentam definir inúmeros conceitos sobre cultura. Já 
foram ultrapassadas 160 definições e mesmo assim não se chegou a um 
conceito por consenso. Para alguns, a cultura é comportamento apreendido; 
para outros não é comportamento, mas abstração deste; outros teóricos definem 
ainda a cultura como um conjunto de ideias; há ainda quem a defina como 
elementos imateriais; e outros como objetos materiais. Também encontramos 
quem defina cultura como a soma dos objetos materiais e dos imateriais. 
Entre os conceitos melhor elaborados, podemos analisar de forma 
cronológica os citados abaixo para exemplificar a polêmica em torno da cultura: 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
4 
Edward Tylor (1871) foi o primeiro a formular o conceito: “cultura é todo o 
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os 
costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro 
da sociedade”. 
Para Ralph Linton (1936), “a cultura consiste na soma total de ideias, 
reações emocionais condicionadas a padrões de comportamento habitual que 
seus membros adquiriram por meio da instrução ou imitação e de que todos, em 
maior ou menor grau, participam”. 
Malinowski (1944) conceitua cultura como “o todo global consistente de 
implementos e bens de consumo, cartas constitucionais para vários 
agrupamentos sociais, de ideias e ofícios humanos, de crenças e costumes”. 
A cultura, portanto, pode ser analisada sob vários enfoques: ideias, 
crenças, valores, normas, atitudes, padrões de conduta, simbolismo, instituições, 
técnicas e artefatos. 
A cultura de um modo geral consiste em ideias, abstrações e 
comportamento, mas também atos e objetos são sinônimos dela. Alguns autores 
afirmam que a cultura é uma abstração ou consiste em observações e 
abstrações dos elementos não observáveis. 
Ela consiste em atos e objetos, concretizando o comportamento humano, 
coexistindo em uma série de coisas reais que podem ser observáveis e 
examinadas, tais como ideias, atos e objetos. 
Os membros de uma sociedade podem então classificar a cultura como 
material, imaterial, real ou ideal. 
 
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5 
A cultura material consiste em bens tangíveis, incluindo artefatos e outros 
objetos criados pelo homem, abrangendo produtos, técnicas e construções. 
Exemplo: roupas, artefatos, satélites etc. 
A cultura imaterial refere-se aos elementos intangíveis da cultura, tudo 
que não tem substância material, tais como crenças, conhecimentos, aptidões e 
costumes. 
Os membros de uma mesma sociedade compartilham conhecimentos e 
crenças como verdade. Exemplo: crença em seres sobrenaturais, como deuses 
e fantasmas, em algumas culturas. 
A cultura real por sua vez é aquela em que todos participam em uma 
sociedade, porém não podemos percebê-la em sua totalidade, apenas 
parcialmente, e para tanto surge a necessidade dos estudiosos ordenarem a 
cultura de forma científica e mostrarem-na de uma maneira compreensível, 
fazendo uso de conceitos apropriados. 
A cultura ideal por sua vez é identificada como normativa, apresentando 
um conjunto de comportamentos que, embora expressos verbalmente, nem 
sempre são praticados. A cultura ideal seria o comportamento perfeito, aquilo 
que está muito além do alcance comum. Exemplo: casamento indissolúvel, como 
propagado pela fé cristã. 
De modo geral, podemos identificar a cultura no conhecimento produzido, 
uma vez que toda a sociedade, por mais simples ou complexa que seja, produz 
uma quantidade de conhecimento que julga interessante e a transmite aos 
membros da próxima geração. Geralmente, os conhecimentos são práticos, 
cada indivíduo aprende o necessário à sua sobrevivência, como alimentação, 
construções e abrigos. 
 
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6 
As crenças em um sentido cultural representam ainda a aceitação de 
verdades não comprovadas cientificamente, consistindo em uma atitude mental 
que serve de base para a ação voluntária; mesmo buscando justificativas 
intelectuais, é unicamente emocional. 
Os valores para a análise da cultura podem se modificar de acordo com a 
maior ou menor importância dada pelo grupo. Além de expressar os sentimentos, 
eles orientam o comportamento humano. 
O valor, tendo características psicológicas, não pode ser medido pelos 
mecanismos conhecidos até hoje, visto que ele existe apenas na mente humana. 
Todavia, encontram-se, por meio das pesquisas sociais, maneiras de identificar 
sua relação e influência no comportamento social. 
Toda sociedade engloba um conjunto de conhecimentos, crenças e 
valores que, embora seja uma herança do passado, a cada geração vai se 
aperfeiçoando. 
Tema 2: A Cultura como Modelo 
O padrão social dita a moda e confronta nosso comportamento. Ora 
mudamos o padrão, ora absorvemos e incorporamos novos hábitos a nossa 
cultura, passando por uma transformação na própria estrutura da sociedade. Amoda difere da cultura, porém a cultura sofre interferência da moda, bem como 
de outros fatores da sociedade. 
A cultura tem sua origem no início do século XV, quando as cidades 
iniciaram sua formação na mudança de modelo: do mundo medieval, 
caracterizado pela organização feudal, para o burguês, caracterizado pelo 
surgimento das cidades. 
 
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7 
A cultura surge como uma necessidade de padronizar o comportamento, 
logo ela passa a ser sinônimo de modelo. A pessoa culta é aquela que segue o 
modelo correto de como agir, comportar-se, seguir as regras morais e tomar as 
decisões corretas, além de se vestir de maneira adequada, permitindo uma 
identificação ao grupo social que pertença. 
As roupas são um indicador importante de cultura, por exemplo, quando 
os portugueses vieram para o Brasil, mantiveram as mesmas roupas como um 
critério de identificação do grupo a que pertenciam, mesmo o clima no Brasil 
sendo muito mais quente que o de Portugal. As roupas, nesse caso, são um 
indicador de cultura, pois permitem identificar quem são, de onde vêm e a que 
grupo pertencem. 
A cultura exerce uma influência tão grande na construção da identidade 
que logo influencia os índios para que comecem a usar roupas, fato simples que 
esconde a transmissão dos valores, tais como o olhar do outro, a vergonha e a 
moral dominante. A cultura enfim constrói e modifica a identidade de um grupo. 
Nesse contexto, a cultura é definida unicamente como modelo, 
estabelecendo os comportamentos que irão ser aceitos pelo grupo como critério 
de corretos e da verdade, orientando as ações em comunidade. 
Podemos pensar que esse modelo de comportamento aceito e correto vai 
além do simples ato de se vestir, mas também é caracterizado pela alimentação, 
entre outros hábitos. 
Padrões culturais são contornos adquiridos pelos elementos de uma 
cultura. As coincidências dos padrões individuais de conduta, manifestados 
pelos membros de uma comunidade, dão vida, coerência e confiabilidade ao 
comportamento diferenciado do grupo de pertença. 
 
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O modelo cultural é resultante de agrupamentos de complexos culturais 
de um interesse comum, derivados de um tema central relacionado diretamente 
com o seu significado. Padrão de comportamento consiste em norma central da 
qual derivam os significados, sendo a responsável por refletir a maneira de 
pensar, de agir e de sentir do grupo, assim como os objetos materiais correlatos. 
O modelo cultural aponta significados complementares mesmo aparentando 
contradição, como forma e psicológico. A forma diz respeito às características 
dos elementos, tais como as casas cobertas de telha, e não de madeira. O 
padrão psicológico refere-se à conduta das pessoas, por exemplo, comer com 
talheres ou pauzinhos. 
Os indivíduos, pela endoculturação, assimilam os diferentes elementos 
estabelecidos pelos grupos de pertença ou pela sociedade. O padrão cultural é, 
portanto, um comportamento generalizado, regularizado e divulgado, 
estabelecendo o aceitável ou não de uma dada cultura. 
Nenhuma sociedade é totalmente homogênea, pois existem diferentes 
padrões de comportamento. Homens e mulheres, jovens e adultos, crianças e 
idosos, cada grupo tem regras comportamentais próprias que o diferem dos 
demais. Os membros de um grupo agem seguindo as regras daquele grupo. 
O comportamento do indivíduo é influenciado pelos padrões da cultura em 
que vive. Cada pessoa tem um caráter exclusivo devido as suas experiências 
pessoais e culturais e sua participação em diferentes grupos, produzindo tipos 
diferentes de personalidades característicos de cada grupo de pertença. 
O padrão cultural é formado pela repetição, isto é, quando se age em uma 
sociedade da mesma forma por um longo período de tempo, desenvolve-se um 
modelo comportamental. 
O casamento tradicional e cercado de cerimônias, como padrão e modelo, 
envolve cerimônia, aliança, roupas, flores, festa, filhos etc. Ir à igreja ao domingo, 
 
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9 
participar do carnaval, assistir ao futebol e mesmo se alimentar são padrões de 
comportamento adquiridos na sociedade. 
 A cultura consiste em integrar a sociedade a partir de diferentes traços e 
complexos de uma cultura. São os objetivos, os valores e a coerência que dão 
unidade. A cultura é um modelo consistente de pensamento e ações, não apenas 
a soma de tudo, mas as partes também em um arranjo único em que ocorre uma 
inter-relação, resultando em um padrão único de sociedade. 
 A organização da cultura é uma qualidade única, pois tem sua origem na 
integração das partes de uma sociedade e no comportamento de grupos por vez 
distintos, mas organizados em torno de um mesmo objetivo, a elaboração de 
uma identidade de grupo, um padrão comportamental que permita a identificação 
com ele. 
Tema 3: O Relativismo Cultural e a Identidade Cultural 
O relativismo cultural tem como fundamento a ideia de que os indivíduos 
são condicionados por meio de um processo de enculturação, em que recebem 
uma cultura diferente e sempre são imersos no novo modelo, adquirindo assim 
seus próprios sistemas de valores e sua própria integridade cultural. 
As culturas de um modo geral são diferentes umas das outras, embora 
existam características em comum. Elas são consideradas características 
saudáveis aos indivíduos que as praticam, da mesma forma que todos os povos 
formulam juízos em relação aos modos diferentes dos seus, por esse motivo o 
relativismo cultural não concorda com a ideia de valores e normas absolutas, 
defendendo que a avaliação deve sempre ser relativa à cultura de origem. 
Modelos comportamentais de certo ou errado e de usos e costumes de 
todas as sociedades em geral são relacionados à cultura a qual fazem parte, 
dessa forma o costume pode ser válido em um grupo cultural, e não ser aceito 
 
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em outro ou mesmo ser repudiado. Por exemplo, o infanticídio e o genocídio são 
costumes praticados entre os esquimós, sendo totalmente rejeitados por outras 
culturas. Na África, a manteiga é usada para untar o corpo, e não como alimento. 
Na Birmânia, as mulheres-girafa alongam os pescoços e, na América do Sul, 
algumas tribos deformam os crânios. Na China, os pés das meninas são 
amarrados como padrão de beleza. 
 
Cada pessoa reflete as condições relativas ao grupo a que pertence, ou 
seja, cultura grupal, social ou profissional. Dessa forma, cada homem singulariza 
os aspectos construtivos de sua personalidade: fisiológico, de caráter, cultural e 
o próprio ego, características essas individuais que sofrem influência 
sociocultural. 
Toda sociedade tem suas características reveladas em padrões de 
comportamento, sistemas de ideias, técnicas, expectativas de comportamento, 
Chinesas: atriste história dos pés pequenos 
 
A mulher chinesa Zhou Guizhen (86 anos), mostra seus pés deformados. Na infância foram quebrados os 
dedos dos pés 
 
O pé pequeno era sinônimo de graça e beleza para as antigas sociedades chinesas, e só no início do 
século passado é que deixou de ser uma prática comum. 
Crianças partiam os ossos dos pés, dobrando-os para dentro de modo que eles parassem de crescer. 
As mulheres chinesas usavam nas pernas e pés tiras de pano (as meias ainda não eram conhecidas por 
eles). Tornando-se moda os pés pequenos, as tiras foram sendo apertadas cada vez mais até chegarem 
a dobrar os dedos dos pés para baixo, que eram metidos em sapatos curtos e estreitos. Era uma tortura 
para as jovens chinesas terem os péspequenos, com o tempo essa obrigação foi desaparecendo. 
Os pés pequenos para os chineses era um sinônimo de beleza, pois se uma mulher não tivesse pés 
pequenos ela era considerada feia, e nunca casava. Mais tudo isso era uma questão de moda da época. 
 
CHINESAS: a triste história dos pés pequenos. Tudo superinteressante. Disponível em: 
<http://tudosuperinteressante.blogspot.com.br/2010/12/chinesas-triste-historia-dos-pes_4970.html>. 
Acesso em: 4 ago. 2016. 
 
 
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valores e ideologias que constituem a cultura. Assim, todo fenômeno humano é 
caracterizado pela cultura ou mesmo pelo conflito cultural. 
A personalidade cultural começa a sofrer influência do meio desde o 
nascimento. Na primeira infância, a influência dos pais é mais determinante, pois 
a criança não dispõe de análise crítica das respostas recebidas e não apresenta 
defesa. Mais tarde ocorre o desenvolvimento crítico. 
É inquestionável a determinação da cultura e da sociedade sobre o 
indivíduo, seu modo de pensar, de ser e de agir, como também o processo de 
socialização e os relacionamentos interindividuais e sociais. 
Não há um dia sequer que não percebamos a influência dos outros povos 
na nossa cultura e no nosso cotidiano. A cultura no Brasil foi moldada a partir do 
processo de integração entre os portugueses, os índios e os africanos. Dessa 
primeira interação, surge o povo brasileiro, uma etnia singular entre todas as 
outras do mundo. Dessa forma, podemos pensar que o Brasil é gigantesco na 
extinção territorial e ímpar na sua diversidade e construção cultural. Não somos 
destaque apenas no futebol, mas na música, na literatura, nas artes, enfim, em 
todos que divulgam o Brasil e sua diversidade cultural. 
Portugueses, africanos e indígenas foram as três primeiras matrizes 
étnicas do Brasil, misturando-se em proporções diversas e dando origem àquilo 
que chamamos de cultura brasileira. Dessas três culturas, surgiram inúmeras 
subculturas, tais como a cabocla e mameluca do Norte, a sertaneja do Centro–
Oeste e a caipira de São Paulo e Minas. Posteriormente, a vinda dos imigrantes 
europeus e orientais influenciou fortemente a cultura dos paulistas e dos 
habitantes do Sul do Brasil, sendo as colônias de alemães, italianos e poloneses 
as mais marcantes. 
Embora a população do Brasil apresente características diversas de 
acordo com a sua respectiva região do Brasil, certos traços são predominantes, 
 
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sendo eles pressupostos básicos que os indivíduos usam para se sentir 
membros de um grupo. O traço mais marcante da sociedade brasileira é a 
miscigenação. 
A cultura brasileira é exógena e híbrida. Se prestarmos atenção à cultura 
no Brasil, percebemos que fomos capazes de assimilar de forma satisfatória a 
cultura dos movimentos migratórios. A sociedade brasileira chega a dar a 
impressão de que vivemos em um país composto por vários países de cultura 
própria. Isso mostra o traço marcante da hospitalidade do brasileiro conhecida 
mundialmente, característica essa herdada dos portugueses e de outros grupos 
que se estabeleceram aqui e foram aceitos nas suas particularidades. 
Tema 4: Cultura e Ideologia 
Você já parou para pensar em como somos influenciados na nossa 
maneira de pensa, agir e se comportar? Se você pensou neste momento nas 
propagandas, pensou correto, elas nos bombardeiam de informações 
cotidianamente. Nossos olhos e ouvidos ficam abarrotados de informações do 
meio. Você já pensou também no tipo de mensagens que nos são transmitidas 
pelos meios de comunicação: TV, rádio, jornal, revistas, outdoor? 
Pense agora nas propagandas feitas para a televisão; independente dos 
produtos ou da marca, os comerciais operam por meio de afirmações de 
características desejadas pelas pessoas. Dessa forma, vemos comerciais 
ligando a imagem do seu produto à de uma pessoa bem-sucedida, livre e criativa. 
Fazendo você pensar que usando o produto se torna igual àquela pessoa da 
propaganda. 
 A ideologia está em torno da imagem, pois ela cria uma representação de 
sucesso, liberdade, independência, juventude etc., agindo sobre as pessoas 
como um potencial de identificação. Assim, consumimos produtos de acordo 
com a imagem que eles representam. Identificamos assim que o apelo visual é 
 
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uma das principais formas de sedução e propagação dos ideais de consumo da 
sociedade. 
 Outra questão interessante de analisar é o poder da propaganda de se 
referenciar, fazendo críticas a si mesma. Pense neste exemplo: uma marca de 
refrigerante que usou o seguinte slogan: “Imagem não é nada, sede é tudo. 
Beba...”. A propaganda do refrigerante Sprite tenta seduzir o consumidor 
adolescente com um discurso à primeira vista crítico à televisão e à publicidade, 
mas que na verdade se trata de uma tática de diferenciação do produto. Essa 
sedução é operada por meio da metalinguagem, isto é, da desconstrução da 
linguagem utilizada na produção de filmes publicitários a partir de sua própria 
linguagem. A grande crítica que podemos pensar é se de fato a imagem não é 
nada, por que motivo beber então o refrigerante, e não água? 
 Dentro dessa perspectiva, configura-se o objetivo persuasivo que mapeia 
a publicidade em torno de um determinado produto, pois a venda é o ponto 
principal, por esse motivo a manipulação se alia à persuasão em volta de uma 
necessidade social criada para o consumo de determinado produto. 
 Convencer o consumidor é a base da publicidade, tornando ao longo do 
tempo a linguagem cada vez mais interessante e funcional. Juntamente com a 
linguagem, está o perfil traçado dos indivíduos pertencentes como membros de 
uma dada sociedade, chamados pela publicidade de público-alvo, 
estabelecendo assim uma influência que vai do produto ao consumidor. 
 
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 Conhecer verdadeiramente o consumidor é o elemento necessário para a 
definição de uma marca sólida, consumida em larga escala pela sociedade. O 
segredo do consumo em grandes quantidades de um determinado produto 
reside no fato de fazer o consumidor sentir-se capaz de ser tudo aquilo que foi 
induzido pela imagem do comercial, sentindo vontade de: andar de carro em alta 
velocidade, fumar tendo a sensação de liberdade, andar na moda para ser bem-
visto pela sociedade etc. 
A propaganda cria na verdade uma máscara que a publicidade usa para 
esconder e atingir os seus objetivos, um falseamento da realidade, pois 
denomina a forma como os dominantes articulam a linguagem para exercer 
influência sobre os dominados. 
Eu, etiqueta 
 
Em minha calça está grudado um nome 
Que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
Que jamais pus na boca, nessa vida, 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
Que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produtos 
Que nunca experimentei 
Mas são comunicados a meus pés. 
[...] 
Meu isso, meu aquilo. 
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
São mensagens, 
Letras falantes, 
Gritos visuais, 
Ordens de uso, abuso, reincidências. 
[...] 
E fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
Escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
Seja negar minha identidade, 
[...] 
Agora sou anúncio 
Ora vulgar ora bizarro. 
Em língua nacional ou em qualquer língua 
(Qualquer principalmente.) 
Eu é que mimosamente pago 
Para anunciar, para vender 
[...] 
Saio da estamparia, não de casa, 
Da vitrine me tiram, recolocam,[...] 
Meu nome novo é Coisa. 
Eu sou a Coisa, coisamente. 
 
Fonte: ANDRADE, C. D. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 85-87. 
 
 
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15 
 O falseamento da realidade amplamente utilizado pelos meios de 
comunicação, pelo governo ou por grupos que queiram propagar e difundir ideias 
denomina-se “ideologia”. 
 Mesmo as atividades, como lazer, arte e cultura, são infiltradas pela 
indústria cultural: a recepção é ditada pelo valor de troca à medida que valores 
e propósitos da cultura sucumbem à lógica do processo de produção e de 
mercado. As formas tradicionais de associação, como na família e na vida 
privada, bem como a promessa de realização e felicidade, são substituídas por 
produtos de consumo, que são oferecidos de forma inofensiva a uma massa 
manipulada e reduzida ao menor denominador de crítica possível. 
 Assim, as mercadorias ficam livres para criar uma ampla variedade de 
ilusões culturais. A publicidade explora essa capacidade, fixando imagens, 
exotismo, beleza, desejo, realizações e a vida boa criada pelos modos de 
consumo das sociedades capitalistas. 
Tema 5: A Indústria Cultural 
Você já pensou o que vem a ser indústria cultural? Ela é boa ou má para 
nós? Ela pode nos ajudar no desenvolvimento dos projetos humanos? O termo 
“indústria cultural”, criado por filósofos e sociólogos alemães da escola de 
Frankfurt, está relacionado diretamente à cultura de massa. 
O conceito de indústria cultural foi criado para definir a conversão da 
cultura em mercadoria, e uso dos meios de comunicação de massa, tais como 
jornal, TV, rádio e cinema, por parte de uma classe dominante, fez a produção 
cultural passar a ser guiada pelo consumo voltado para o mercado. Hoje 
podemos incluir ainda, como instrumentos da cultura de massa, as propagandas 
pela internet e pelos celulares. 
 
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16 
 A partir dos séculos XIX e XX, em um dos maiores momentos de produção 
tecnológica pelos seres humanos, a arte passou a ser subordinada pela indústria 
cultural, passando assim a promover uma ideologia fundada nos interesses de 
produção do capital. Essa atividade continua consolidada como atividade 
principal, fazendo com que a cultura comece a revestir cada vez mais as formas 
do mercado e a produção industrial. Agora todo objeto cultural passa a ser 
concebido como um produto, tendo assim um valor monetário, além do estético 
ou moral. É em função disso que o mercado seleciona a oferta de produtos 
culturais e a possibilidade de produzi-los. 
 A indústria cultural impede a transformação dos indivíduos em 
autônomos, capazes e independentes de julgarem seus atos de forma 
consciente. A indústria cultural tem o poder de transformar tudo em negócio. 
 O cinema pode ser visto como um exemplo de transformação da cultura 
em mercadoria; o que era mercadoria de lazer agora se torna um meio eficaz de 
manipulação. Dessa forma, podemos alegar que a indústria cultural traz consigo 
todos os elementos característicos do mundo industrial moderno, exercendo um 
papel ideológico dominante, outorgando sentido a todo o sistema. 
5 formas de fisgar o cliente pelo celular 
SMS, torpedo de voz, bluetooth, sites especiais e aplicativos: tudo para os consumidores caírem na sua rede 
São 170 milhões de celulares habilitados no Brasil. Quem souber fazer um marketing direcionado pelo celular tem 
muito a ganhar. De acordo com Federico Pisani Massamormile, presidente da Mobile Marketing Association (MMA) 
e da agência especializada Hanzo, esse tipo de campanha entrou de vez nos orçamentos das empresas. “O celular 
se transformou em uma mídia de massa. Mas com o diferencial de ser possível falar com cada consumidor 
individualmente”, diz. Segundo cálculos do presidente da MMA, foram investidos em mobile marketing no Brasil 
cerca de R$ 80 milhões no ano passado e esse volume deve alcançar R$ 200 milhões em 2010. A principal 
recomendação para quem quiser investir em ações do gênero é simples, porém, nem todas as empresas costumam 
seguir: o consumidor está sempre no controle e deve autorizar o recebimento de qualquer mensagem. 
GOTARDELLO FILHO, W. 5 formas de fisgar o cliente pelo celular. Pequenas Empresas & Grandes Negócios. 
Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI119975-17156,00-
FORMAS+DE+FISGAR+O+CLIENTE+PELO+CELULAR.html>. Acesso em: 4 ago. 2016. 
 
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17 
 Para a indústria cultural, o homem não passa de um mero instrumento de 
trabalho e de consumo, tornando-se um objeto. O homem é manipulado e recebe 
uma carga de ideologias que até o lazer se transformas em extensão do trabalho, 
deixando claro que toda a intenção da indústria cultural é obscurecer a 
percepção de todas as pessoas, de modo especial a todos que são formadores 
de opinião. Assim, até mesmo a felicidade dos indivíduos é influenciada pela 
indústria cultural. 
 A TV como aparelho técnico mercantil da indústria cultural se sustenta na 
necessidade de milhões de consumidores e de suas satisfações pessoais por 
meio da aquisição de bens padronizados. Estes surgem a partir das 
necessidades dos consumidores e do perfil traçado com base em dados 
econômicos de como cada um se comporta. 
 Os novos meios de comunicação, assim como os velhos, teriam a 
capacidade de democratizar a cultura de forma a ser apreciada por todos, e não 
apenas para uma elite. 
 O controle das empresas na produção cultural parte do princípio da 
produção de bens da sociedade capitalista. Dessa forma, o espetáculo que 
deveria ser apreciado passa a ser subvertido de seu sentido imanente e se 
transforma em algo para ser consumido, tornando-se invisível em sua 
grandiosidade. 
 O processo de massificação e o consumo fazem com que a arte, ao invés 
de expressão cultural, torne-se reprodutiva e repetitiva, um evento de consumo, 
trocando a consagração do sagrado pela moda do consumo. 
Star Wars, o lado lucrativo da força multiplica vendas no Brasil 
[..] 
De acordo com o instituto de pesquisas Statistic Brain, a franquia já gerou em todo o mundo um total em receitas de 
US$ 27 bilhões. Desse montante, US$ 12 bilhões correspondem apenas à venda de brinquedos licenciados. 
[...] 
 
FREITAS, Andrea. Star Wars, o lado lucrativo da força multiplica vendas no Brasil. O Globo. Disponível em: 
<http://oglobo.globo.com/economia/negocios/star-wars-lado-lucrativo-da-forca-multiplica-vendas-no-brasil-
17376489#ixzz40ikpuhYV>. Acesso em: 4 ago. 2016. 
 
 
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 Podemos pensar que o conceito de democracia cultural implica o direito 
ao acesso e ao conhecimento das obras culturais, bem como à informação e 
formação cultural, porém, devido ao processo de massificação da cultura, a 
indústria cultural impede que isso ocorra. 
Em primeiro lugar, o impedimento do acesso à cultura ocorre para 
promover sua elitização, separando-a e classificando-a de acordo com um 
suposto valor de mercado. Essa classificação das obras em caras e raras tem 
como propósito exaltar quem pode pagar por elas, formando assim uma elite 
cultural, da mesma forma que ocorre a classificação das obras consideradas 
baratas e comuns, estas destinadas às massas, tendo seu lugar como comum e 
de pouco valor. 
 A cultura entregue ao povo dessa forma passa a ter um nível inferior em 
relação à oferecida à elite da sociedade. A indústria cultural visiona uma massa 
sem forma, um povo sem identidade e sem capacidade para apreciar a 
verdadeira cultura. Podemos pensar, como exemplo, nos diferentes jornais e 
revistas que são produzidos, nos quaiso processo de massificação cultural faz 
com que o conteúdo seja diferenciado de acordo com a classe social que o 
produto é vinculado. 
Referências 
ANDRADE, P. Cultura. Blog Professor Paulo Andrade: penso, logo existo. 
Disponível em: 
<http://professorpauloandrade.blogspot.com.br/2011/03/cultura.html>. Acesso 
em: 4 ago. 2016. 
COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. ampliada e 
revista. São Paulo: Moderna, 2005. 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
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PAIXÃO, A. E. da. Sociologia geral. Curitiba: Ibpex, 2010. (Série Fundamentos 
da Sociologia). 
TYLOR, E. B. Primitive Culture: Researches into the Development of 
Mythology, Philosophy, Religion, Art, and Custom. London: John Murray, 1871.

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