Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Sociologia Organizacional Aula 4 Prof. Luciano Stodulny Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial Você já pensou que nosso comportamento é diferente ao observarmos as outras pessoas? Contextualizando Weber propõe uma reviravolta na análise sociológica, inicialmente mudando o objeto de estudo da sociologia para a ação social, que permite a análise do comportamento individual. Tema 1: Ação Social Weber é um dos grandes autores clássicos da sociologia, sendo sua grande contribuição a redefinição acerca do objeto de estudo da sociologia, que até então tinha sido definido por Durkheim como sendo o fato social. A ação social é a leitura da sociedade a partir do comportamento individual, em que nossa orientação é uma escolha pessoal, e não uma imposição do grupo. O ponto inicial da investigação de Weber é justamente a ação social, sendo essa a conduta humana, dotada de sentido e justificativa elaborada de forma subjetiva. Para Weber, a sociologia é a ciência que busca compreender e interpretar a ação dos indivíduos nas diferentes situações coletivas em que se dão essas ações e, portanto, justificá-las em seu desenvolvimento e consequência, procurando apreender a regularidade do modelo, dos costumes e das situações de interesse, como exemplo desses comportamentos há as manifestações da moda, o consumo de alimentos, as ações partidárias etc. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Segundo a definição de Weber, a ideia de ação social é uma das mais importantes da sociologia. Ele a define como conduta humana (ato, omissão, permissão ou tolerância), que tem sentido com o conteúdo subjetivo por parte de quem a pratica, norteando os próprios interesses nos comportamentos individuais, tendo em vista o ato, presente, passado e futuro de outros ou como esses outros podem interferir nos comportamentos individuais. A notícia acima, sobre a omissão das pessoas em determinadas situações como observar o que as cerca ao transitar na rua, é o tipo de situação de estudo, segundo Weber, pois denuncia a omissão no nosso comportamento. Invisíveis: não reconheceram os próprios parentes disfarçados de mendigos É triste, é desolador, mas o cenário já se tornou tão comum que pouca gente se comove vendo moradores de rua. Vendo? A verdade é que pouca gente de fato vê os sem-tetos – na maioria das vezes eles passam completamente despercebidos, como se não fossem nada além de um objeto do mobiliário urbano. Num esforço para conscientizar o público sobre essa situação, a instituição Rescue Mission, de Nova Iorque, instalou câmeras escondidas e filmou pessoas passando ao lado de membros da sua família disfarçados de mendigos. Mais tarde, essas mesmas pessoas assistiram aos vídeos, que mostram que nenhuma delas reconheceu seus parentes. Uma mulher passou ao lado da sua mãe, do seu tio e da sua tia e nem sequer piscou. A reação de modo geral foi a mesma – vergonha. O diretor do vídeo disse que uma pessoa inclusive pediu para não ser incluída no vídeo final porque não conseguiu lidar com o fato de não ter reconhecido a sua família. E você, reconheceria aqueles que ama se eles fossem ilustres desconhecidos nas ruas da sua cidade? INVISÍVEIS: não reconheceram os próprios parentes disfarçados de mendigos. Blue Bus. Disponível em: <http://www.bluebus.com.br/invisiveis-nao-reconheceram-os-proprios-parentes-disfarcados-de-mendigos/>. Acesso em: 5 ago. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Dessa forma, a explicação sociológica procura compreender os desdobramentos e significados dos comportamentos individuais nas situações coletivas, em menção ao comportamento do outro de maneira social. As condutas são menos racionais quanto menos os indivíduos se encontram, pois ficam menos sujeitos aos costumes e afetos; e quanto mais se conduzam por um plano adequado, as suas ações serão previsíveis e racionais. A previsibilidade das ações ocorre pela tipificação em que Weber nos leva a perceber que, por mais que o comportamento seja individualizado, é possível identificar uma padronização nelas. Weber, como outros sociólogos, busca respostas para questões propostas à sociologia, isto é, entender as relações sociais. Segundo seu entendimento, as sociedades têm princípios explicativos e variados para os comportamentos existentes nelas. Segundo Weber, somente o indivíduo é capaz de atribuir um significado as suas ações, que têm sua designação por sua vez nos padrões que são referências na própria sociedade. A visão de Weber encadeia uma separação entre as esferas econômica, religiosa, política, jurídica, social e cultural, de forma lógica e independente, permitindo identificar os comportamentos individuais e as suas condutas. De acordo com Weber, os indivíduos são capazes de atribuir significados às ações que são realizadas em uma determinada esfera da sociedade, sendo analisadas e julgadas segundo os padrões específicos de comportamento. Contudo, cada pessoa é capaz de ajustar seu comportamento de forma individual, adaptando suas ações à análise ao seu redor. Por exemplo, o Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 empresário que passa a realizar ações de responsabilidade social por uma cobrança da sociedade e dos seus membros. Weber pressupõe que as ações individuais são aptas a dar sentido à ação social de tal forma que podemos analisar, identificar e prever o comportamento individual a partir do agende, responsável por cada ação. O papel da sociologia, segundo Weber, passa a ser identificar o significado da ação e das suas consequências na conduta de como as pessoas lutam por valores que consideram indiscutíveis ou acima de quaisquer outros, como a liberdade e a paz. O que legitima as ações é o emprego da racionalidade na orientação das condutas individuais, pois cada pessoa analisa seu próprio comportamento, tentando encontrar um sentido próprio nas ações que realiza e buscando compreender como elas irão interferir nos seus objetivos e metas esperadas. Enquanto indivíduos buscamos compreender o motivo pelo qual agimos, organizamo-nos e vivemos em sociedade, sendo a ação social de Weber um dos principais indicadores para a compreensão do comportamento individual e as suas motivações. Tema 2: A Interação do Indivíduo com o Meio O indivíduo interage com o meio de várias maneiras. Segundo Weber, essa interação é provocada pela sociedade mesmo quando não nos damos conta desse processo. Dessa forma, Weber define dois tipos de solidariedade para tentar explicar o comportamento individual no ambiente social. Ao agir em sociedade nosso comportamento pode ser identificado pelo que Weber entende como solidariedade mecânica ou orgânica. Por mais que o Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 comportamento apresente certa naturalidade nas ações, ele age de forma padronizada e não é puramente livre de julgamentos ou mediações. A solidariedade reflete o agir em comunidade e em sociedade, sendo que a ação leva em consideração o ato e a expectativa que se tem acerca do comportamento do outro e ela em sociedade tem como base as regras vigentes que cada indivíduo leva, analisando-as antes de agir. Weber utiliza largamente o termo racionalidade e a sua relação com as regras. Ele nos fala que o agir, segundo o conceito de ação social, é feito de forma racional. Isso para Weber é um dos principais mecanismos de controle da sociedade. Segundo Weber, a sociedade moderna passa por um processo de racionalização, no qual os indivíduos estão utilizando cada vez mais elementos racionais para organizar a própria vida em sociedade. O ser humano procura constantemente os meios adequados, avaliando as consequências futuras, tendo como base o desenvolvimento da ciência e da técnica. Assim, lentamente a sociedade substitui o conhecimento antes religioso, mágico e dogmáticopela busca e pelo uso da racionalidade enquanto ciência, conceito de racionalização, segundo Weber. Para ele, a racionalização é o processo pelo qual substituímos as crenças, antes depositadas no conhecimento religioso e no senso comum, pelas explicações que orientam nossa vida de forma cada vez mais burocratizada, porém racional e organizada. A organização da sociedade em torno da racionalidade não significa a total substituição do conhecimento religioso, mas sim da burocratização do conhecimento a fim de organizar as regras de conduta da sociedade, fazendo com que as ações individuais sejam orientadas pela racionalidade da sociedade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Weber ainda diz que as leis e regras criadas para a sociedade tornam o mundo mais inteligível para as pessoas, pois quando conhecemos as regras de um determinado grupo o nosso comportamento fica mais fácil, já que interagindo com o meio de forma adequada somos aceitos por ele. Dessa forma, sabemos quais as hierarquias de um grupo, os seus horários e as suas condutas aceitas. Outro questionamento feito por Weber é por que as pessoas obedecem às leis criadas pela racionalidade humana. Elas entendem na lei uma espécie de legitimidade, dessa forma, seguem as regras que guiam seu comportamento, não por temerem as punições pelo descumprimento da regra, mas de certa forma são convencidas pela própria sociedade da necessidade de cumprimento da lei, pois acreditam ser esta verdadeira e válida para a organização da sociedade. Ao compreendermos a importância das regras sociais, outra questão nos é posta: quem cria as regras? Segundo Weber, elas são impostas pela dominação legítima dos indivíduos que conseguem fazer valer a sua vontade. A obediência por parte da sociedade está no entendimento que aquele que dá a ordem o faz de forma legítima e quem obedece entende as regras como sendo verdades produzidas pela sociedade, assim dominação é diferente de poder, uma vez que o poder impõe a vontade e a dominação é a probabilidade de encontrar apoio e obediência no comportamento social. Weber identifica três tipos de dominação. A primeira é a dominação carismática, que tem sua base presente no poder mágico, religioso, na qual o líder carismático encarna o herói e salvador. Ela surgiu num momento de ruptura: utilizada na subversão ou na abolição de um regime tradicional ou legal. Exemplo: Che Guevara, Eva Perón, Vargas, Hitler, Aiatolá Khomeini, João Paulo II e Lula. A segunda é a dominação tradicional e tem como base o poder herdado na tradição, assim o líder tradicional governa por herança, recebendo muitas Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 vezes essa missão da própria família, como podemos perceber pelo sistema coronelista no Brasil. E a dominação racional legal que usa como referência a legitimidade das leis e a posição dos indivíduos dentro das atividades desenvolvidas numa sociedade burocrática, que busca nas leis a conformidade para os seus atos. Podemos pensar como exemplos a constituição da nossa sociedade, reconhecendo e respeitando as condutas coerentes com a lei; e a racionalidade técnica, na qual os cargos são preenchidos por competência, a promoção é por mérito e tempo de serviço. Tema 3: Ação Objetiva e Ação Valorativa Weber, na sua teoria sociológica, busca compreender o padrão das condutas individuais com a análise comportamental, realizando uma busca pela tipificação, ou seja, define o comportamento individual pela compreensão do padrão comportamental da sociedade. A busca pelo padrão comportamental ocorre quando Weber encontra uma repetição em condutas por uma orientação tida como aceita pelo grupo. Essa repetição de comportamento permite a compreensão da tipificação e da conduta. A ação social objetiva é definida pelo fato de o indivíduo conceber seu objetivo com base em seus conhecimentos e combinar os meios possíveis para atingi-lo. Corresponde por exemplo à ação do aluno que se matricula em um curso superior pensando no diploma que será conquistado. Segundo Weber, todas as nossas ações são orientadas pela busca de uma recompensa, isto é, de forma racional analisamos as ações realizadas na busca por uma finalidade específica, dessa forma organizamos e orientamos nossa conduta pela busca do atingimento do fim desejado. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 Quando pensamos por qual motivo as pessoas trabalham na nossa sociedade, compreendemos que grande parte delas o faz unicamente pelo fim último associado ao trabalho, o dinheiro, como recompensa pela atividade realizada. O interessante quando pensamos nesse exemplo é que as pessoas não pensam em fazer o que gostam, mas buscam realizar uma atividade que seja rentável, que dê dinheiro. Quando pensamos numa pessoa que frequenta locais religiosos, templos e espaços sagrados, ao nos perguntarmos o fim último da sua ação, esta tem como referência principal a salvação, frequentando assim o ambiente religioso não pela crença em si, mas sim pela possibilidade de recompensa futura. Todas a ações sociais racionais com relação a um objetivo são pensadas de forma a adequar os meios e os fins no atingimento do objetivo final de forma a pormenorizá-los para concretizar tal finalidade. Quando pensamos na ação social racional valorativa, esta corresponde ao indivíduo que age racionalmente para permanecer fiel a sua ideia de honra. Por exemplo, o capitão que afunda junto com o seu navio, pois seria desonroso abandoná-lo. Outro exemplo: grande parte dos alunos pensam no fim último da educação que seria o diploma, porém nem todos têm esse objetivo final como regra de conduta. Muitos deles, ao serem indagados acerca dos motivos pelos quais estudam, respondem com certeza que é para aprender. Com isso, fica evidente que, quando a família dá uma importância aos estudos como norteador de comportamento, o objetivo passa a ser o aprendizado, e não o diploma. Mesmo se for questionado sobre o diploma, a resposta dada será que ele é consequência do aprendizado, e não o contrário. Se pensarmos ainda na ação valorativa, tendo como referência o comportamento no ambiente de trabalho, quando parte das pessoas realiza Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 trabalho não tendo o salário como a sua única finalidade, o fazem por se sentirem parte do processo, pois acreditam no que fazem e têm certeza que o salário surge como recompensa da atividade realizada, podendo receber um aumento se for justo para ambas as partes, tendo como referência o mérito daquele que trabalha. Podemos pensar ainda em quem realiza trabalho voluntário, temos a plena convicção que ele é feito pelo conjunto de crenças, e não pelo objetivo final. Temos ainda o exemplo da esfera religiosa, que diz que quem age por princípios ligados ao conjunto de valores no ambiente religioso o faz não pela certeza do céu, mas pela da consciência tranquila com base nas atividades realizadas. Quem acredita nos princípios da Igreja, independente de qual seja, ou mesmo nos de outros tipos de manifestações religiosas, orienta suas ações pelo conjunto de crenças e jamais pensando em algum tipo de recompensa ou benefício futuro, mesmo não tendo certeza sobre a existência do paraíso. O fiel que age de forma correta passa a ter a consciência leve, pois tem a sensação de dever cumprido por agir de maneira coerente aos dogmas da própria igreja. A ação social permite compreender, segundo Weber, as diferenças existentes nos comportamentos individuais, uma vez que todos são entendidos como indivíduos únicos na forma de pensar, agir, comportar-se e conviver com os valores sociais, como a moral. A sociologia de Weber tenta ser compreensiva, e não puramente descritiva, buscando saber por que cada ser humano age de certa forma, quais as intenções das suas ações e principalmente o porquê cada um age assim. Pró-reitoriade EaD e CCDD 11 Tema 4: Ação Regular e Ação Afetiva As ações sociais, segundo Weber, buscam compreender a regularidade dos comportamentos a fim de encontrar a repetição de determinados acontecimentos, permitindo a caracterização de um padrão comportamental. A ação social regular busca a média dos comportamentos aceitos pelo grupo e leva o agente a se adequar a esse modelo, procurando de certa forma ser aceito pelo grupo. Quando observamos o comportamento ao nosso redor, encontramos grupos de pessoas que não têm clareza de porquê agem de certa maneira, como agem ou mesmo qual a finalidade de determinada ação, isto é, elas não buscam a realização de uma ação pensando no seu fim último, mas para serem aceitas pelo grupo ao qual se encontram inseridas. Pensemos no exemplo da adolescente que tem seus gostos, seu modo de ser e seus valores previamente definidos, mas em um belo dia o que era feio passa a ser belo, o que era errado passa a ser certo. Então nos perguntamos o que mudou? Mudaram as regras do grupo que ela pertence, ela mudou como o grupo e sua mudança é condicionada ao processo de aceitação. No palavreado do senso comum, tal atitude é identificada de “Maria vai com as outras”. A ação regular apresenta-se dessa forma, a de aceitação definida pela média dos comportamentos. A busca pela aceitação do grupo nos leva a agirmos completamente diferente de nossos princípios se for necessária a mudança para isso. Nesse caso, pouco importa o que vamos fazer e como será feito, mas apenas se o grupo nos acolheu, aceitou e apoiou o nosso comportamento. Quando observamos o trabalho e a sua organização em nossa sociedade, podemos identificar, por exemplo, que nem todas as pessoas trabalham por Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 dinheiro. Um grande número delas faz por aceitação. Mesmo sendo estranho, se olharmos com um olhar mais apurado, conseguimos identificar essa busca pela média dos comportamentos aceitos, ou seja, é a ação social regular. Pense em como a sociedade identifica aquele que não trabalha: “vagabundo”. Logo, quem não necessita de dinheiro para sobreviver, trabalha pelo simples fato de ser aceito pelo grupo. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Seja uma pessoa menos ocupada São Paulo – Desde cedo aprendemos que é preciso ralar para ter sucesso, que Deus ajuda quem cedo madruga, e por aí vai. Mas acredite: os que mais ralam nem sempre se tornam os melhores. Claro que é preciso investir tempo para se tornar bom em algo. Mas o principal não é trabalhar horas a fio, e sim ter foco no tipo certo de trabalho. Se você vive ocupado, está fazendo algo errado. Diversos estudos mostram isso há muito tempo. Por exemplo, uma análise feita por psicólogos alemães sobre a rotina de violinistas da Universidade das Artes de Berlim, em 1993. Eles dividiram os alunos em dois grupos de acordo com sua habilidade: os de "elite" e os "medianos". Os dois grupos dedicavam em média 50 horas por semana ao estudo do violino. Só que os medianos praticavam aleatoriamente ao longo do dia, enquanto os de elite concentravam seu trabalho em dois períodos fixos: de manhã e à tarde. Quanto melhor o violinista, mais rígida era essa divisão entre trabalho e lazer. E isso tinha um baita impacto nas vidas dos músicos. Os melhores dormiam uma hora a mais por noite e dedicavam mais tempo à diversão. No fim das contas, os mais habilidosos eram também os mais relaxados. Outras pesquisas indicam que a qualidade das horas de trabalho importa mais que a quantidade. Um estudo de 2005 publicado na revista Applied Cognitive Psychology analisou dois grandes grupos de jogadores de xadrez: mestres e intermediários. E concluiu que a diferença entre eles não era fruto de um dom ou do simples tempo de prática, mas da dedicação ao "estudo sério" – a tarefa árdua de rever jogadas de enxadristas melhores, tentando prever movimentos. Durante sua primeira década de atividade, os mestres investiram em média cerca de cinco vezes mais tempo a esse tipo de estudo sério do que os intermediários. Ou seja: não bastava praticar muito xadrez, era preciso praticar direito. Isso vale para todo mundo. Se você é um estudante ou já tem anos de carreira e se o seu objetivo é construir uma vida extraordinária, então fuja da exaustão. Se você está cronicamente estressado e trabalha até tarde, algo anda mal. Você é o violinista mediano, não o da elite. A solução? Faça menos, mas faça com pleno foco. E depois aproveite a vida. NEWPORT, C. Seja uma pessoa menos ocupada. Revista Exame. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/seja-uma-pessoa-menos-ocupada>. Acesso em: 5 ago. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 A sociedade cria um estímulo como premissa de pressão social a fim de motivar seus membros a realizarem atividades, como o trabalho; “Deus ajuda quem cedo madruga” e “o trabalho dignifica o homem” são exemplos da cobrança social em torno do modelo comportamental, obrigando-nos a seguirmos as regras esperadas, para que sejamos aceitos, não explorando o máximo do nosso potencial, mas sim a construção das regras sociais como modelo social. O último tipo de ação social é a afetiva ou irracional, segundo Weber, sendo esta a ação em que não existe uma correta adequação entre fatos e fins. Quem age segundo a afetividade, o faz de forma impulsiva e busca falsos argumentos para justificar as suas ações. Pensemos quanto tempo as crianças passam na escola até a conclusão do ensino médio. Aquelas que começam a frequentar as creches com seis meses passam mais de 15 anos na sala de aula até a conclusão desse nível de ensino. Quando perguntamos para o estudante por que motivo ele vai à escola, encontramos inúmeras respostas, tais como brincar, namorar, lanchar, fazer esporte etc. São muitos motivos, porém estão distantes da função que seria a principal, a do aluno frequentar a escola para aprender. As motivações nesse caso são irracionais, na perspectiva de Weber, pois não existe uma correta adequação entre meios e fins, ou os meios encontrados para uma determinada finalidade não são coerentes. Por exemplo, ir à escola para namorar, o correto é ir em outro lugar, como ao parque, ao cinema, ao shopping, mas não à escola, pois ela é o lugar para estudar e aprender. Na ação afetiva é identificada a irracionalidade aos olhos da teoria weberiana, pois tal ação é impulsiva, tal como é o ato de fazer compras, sem pensar na real necessidade do que se compra e simplesmente adquirir produtos Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 por satisfação pessoal sem o critério da objetividade, da valorização e da mediação. O ato de comprar descomprometido com as outras estruturas da sociedade desencadeia o impulso irracional, pois não mede as consequências futuras das ações presentes. Tema 5: Metodologia de Análise Comportamental O trabalho da análise científica, de acordo com Weber, pressupõe que as regras lógicas do método sejam verdadeiras, sendo consideradas os pilares do nosso trajeto social no mundo, e esses pressupostos são o aspecto menos problemático do problema científico. A ciência também pressupõe que o resultado do trabalho científico seja importante no sentido de ser válido conhecê-lo. Concluem-se todos os problemas, pois obviamente esses pressupostos não podem ser confirmados por meio científico, mas só podem ser interpretados em relação ao seu significado último, que deve ser rejeitado ou aceito, de acordo com a posição no que diz respeito à vida. Ao investigar um assunto, um cientista é guiado pelos seus próprios valores e ideias, considerados sagrados por ele, nos quais deposita sua fé e pelos quais se dispõe a lutar. O quanto o sociólogo trabalha distante de uma questão prática, fundada em certos ideais de uma política social, deve ser obrigatoriamente apresentado e nunca exposto sob o disfarce de ciência socialou da ordem racional dos fatos. A ciência é o fruto da reflexão do cientista, enquanto a política é o da interação do homem e da sua vontade de ação ou de membros de uma classe que dividem suas ideologias e interesses com os outros. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 A ciência não responde perguntas com características divinas. Segundo Weber, para os cientistas sociais o conhecimento tem um alcance objetivo na análise social, necessitando a incorporação de valores, de tal modo que eles se tornem um guia capaz de acarretar a seleção de certo objeto pelo cientista, que, a partir disso, determinará uma direção para a sua explicação. A relação de causas, estabelecida pelo cientista como hipóteses, constitui um esquema lógico-explicativo, cuja objetividade deve ser assegurada pela exatidão e experiência dos clássicos do pensamento científico. A questão fundamental a ser destacada é que o próprio cientista é quem impõe uma ordem aos aspectos do real e da história que estuda. Por meio dessa ordem, estabelece uma relação causal entre certos fenômenos, produzindo assim um chamado tipo ideal. A aplicação prática sobre a metodologia empregada por Weber consiste em algumas etapas a serem seguidas, sendo: 1º A construção de um tipo “ideal” puro, que represente os melhores referenciais acerca de uma realidade a ser pesquisada. 2º Olhe o mundo social que o cerca e selecione o aspecto a ser investigado na teia social, objeto que pode ser definido a partir do campo de estudo do pesquisador. 3º Compare o mundo social empírico com o tipo “ideal” construído por você (escolha das características mais puras, ou seja, mais racionais entre meios e fins). 4º Descreva a realidade se aproximando do racional ou do irracional e chegue à conclusão e à identificação de um determinado tipo ideal. Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 Vamos analisar um exemplo para compreender a metodologia de Weber. Pense no tipo ideal de aluno, quais as suas características, sendo a compilação de tudo que o aluno deve ter e ser. Nesse caso, ele deve estudar em casa, ler e fazer exercícios, perguntas e comentários, ajudando na resolução das dúvidas da turma e do professor, sendo educado e prestativo. Na segunda etapa, o investigador deve analisar a realidade que o cerca e selecionar um objeto a ser pesquisado. Como descrevemos o ideal de aluno, podemos observar nas nossas salas de aula os comportamentos dos estudantes presentes. Na terceira etapa, comparamos o ideal descrito na primeira etapa e a realidade observada na segunda etapa, de forma a perceber que na primeira etapa o aluno ideal é extremamente aplicado e estudioso e na nossa observação ele nem sempre é como descrito, muitas vezes fica brincando, só quer conseguir o certificado de conclusão do curso, vai à escola namorar ou ficar com os amigos. Na quarta e última etapa, confrontamos o ideal e a observação da realidade, tipificando os comportamentos analisados. Quem pensa somente em concluir os estudos e conseguir o certificado de conclusão é o tipo ideal com relação ao fim último. Quem pensa em ir à escola namorar ou ficar com os amigos é o tipo ideal afetivo ou irracional, pois não está frequentando a escola pelo aprendizado ou pelo diploma, e sim pelas relações afetivas. Quem frequenta a escola para aprender, o tipo ideal é o da ação com relação a valores, pois a preocupação principal é o aprendizado, deixando as outras relações como secundárias e não interferindo no processo de aprendizagem. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Referências COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. ampliada e revista. São Paulo: Moderna, 2005. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999. PAIXÃO, A. E. da. Sociologia geral. Curitiba: Ibpex, 2010. (Série Fundamentos da Sociologia).
Compartilhar