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Fundamentos das ciências sociais

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INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA:
O POSITIVISMO FUNCIONALISTA DE 
AUGUSTE COMTE E
ÉMILE DURKHEIM
Prof. Dr. Rogério Britto
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CORRENTES EXPLICATIVAS
A Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos,: 
	1. a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico em Émile Durkheim, que propôs uma visão sistêmica dos “fatos sociais” ( relação entre indivíduo e sociedade); 
2. a linha de explicação sociológica dialética, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de explicação sociológica ( relação entre contrários); e 
3. a sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva (relação dos indivíduos como elemento construtivo da sociedade — ação social).
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Auguste Comte (1798-1857)
 A Lei dos Três Estados:
 Teológico Metafísico Positivo 
 
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OS TRÊS TEMAS BÁSICOS
	A filosofia positiva de Auguste Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio (Deus ou natureza). A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis;
	Para Comte, a sociedade só pode ser convenientemente reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem. Com isso, distingue-se de outros filósofos de sua época, como Saint Simon e Fourier, preocupados também com a reforma das instituições. Enquanto esses pensadores pregavam a ação prática imediata, Comte achava que antes disso seria necessário fornecer aos homens novos hábitos de pensar de acordo com o estado das ciências de seu tempo. 
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O PENSAMENTO POSITIVO
O alicerce fundamental da obra comtiana é, 
indiscutivelmente, a "Lei dos Três Estados“:
 
No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por entidades cuja vontade arbitrária comanda a realidade. Assim, busca-se o absoluto e as causas primeiras e finais ("de onde vim? Para onde vou?"). A fase teológica tem várias subfases: o fetichismo, o politeísmo, o monoteísmo. 
No segundo, já se passa a pesquisar diretamente a realidade, mas ainda há a presença do sobrenatural, de modo que a metafísica e a razão representam a transição entre a teologia e a positividade. O que a caracteriza são as abstrações personificadas, de caráter ainda absoluto: "a Natureza", onde restringindo-se aos fatos observáveis. 
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No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente. Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais investigativas, de ordem inteiramente positiva, em que se deixa de lado a teologia e a metafísica para se buscar um conhecimento científico. 
É importante notar que cada um desses estágios representa fases necessárias da evolução humana, em que a forma de compreender a realidade conjuga-se com a estrutura social de cada sociedade e contribuindo para o desenvolvimento do ser humano e de cada sociedade.
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O pensamento sociológico de 
Émile Durkheim
(1858-1917)
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Bastante influenciado pelo positivismo e pela lógica cientificista do século XIX, Émile Durkheim imaginava a existência de um “reino moral” ou “reino social”. Este reino moral seria o espaço no qual se processariam as representações coletivas, ou seja, uma forma de conhecimento socialmente produzida que sintetiza o que os homens pensam sobre si mesmos e sobre a realidade que os cerca. Para Durkheim a sociedade é superior ao indivíduo; as estruturas sociais funcionam de modo independente dos indivíduos, condicionando suas ações. Assim, o todo condiciona as partes.
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Não é possível pensar o conceito de sociedade sem o conceito de estrutura social. A sociedade é uma totalidade composta de partes interdependentes. A estrutura é a forma como a sociedade se organiza. Durkheim analisa a sociedade como algo constituído e procura entender como suas estruturas determinam as ações dos indivíduos. É importante frisar que as estruturas sociais não são imutáveis, pelo contrário, são essa mudança que impulsionam novas normas, regras, comportamentos ou mesmo bases econômicas e políticas de uma sociedade. 
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Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais. Eles seriam aqueles modos de agir, pensar e sentir que exercem sobre os indivíduos uma coerção externa e que possuem existência própria. 
Embora os fatos sociais sejam exteriores aos indivíduos, eles são introjetados pelo próprio indivíduo e exercem da mesma maneira sobre ele um poder coercitivo.
Quando comparamos sociedades em que as estruturas são semelhantes e determinados fatos sociais se repetem, temos a indicação de que estes são fatos sociais "normais", que fazem parte do próprio funcionamento desse sistema.
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É todo fato que extrapola os limites aceitos pela consciência coletiva de uma determinada sociedade. Neste caso eles engendram conflito ao invés de solidariedade, colocando em risco o consenso e representando uma espécie de estado “mórbido” para a sociedade.
Toda vez que encontrarmos fatos sociais que só existem em uma sociedade entre várias comparáveis, podemos considerá-los como "patológicos". Sua presença seria uma "exceção", mostrando que aquele fato social "patológico" não faz parte do funcionamento do sistema.
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12 crianças morreram em ataque na manhã desta quinta-feira (7).
A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio informou que 12 crianças, 10 meninas e 2 meninos, morreram no ataque a uma escola em Realengo, na Zona Oeste do Rio, na quinta-feira (7). Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, atirou contra alunos em salas de aula, foi atingido por um policial e, segundo a polícia, suicidou-se em seguida. 
http://g1.globo.com/Tragedia-em-Realengo/noticia/2011/04/10policia-divulga-nome-e-idade-de-oito-vitimas-do-tiroteio-em-escola-do-rio.html
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Colégio Goyases, Goiânia: Um estudante de 14 anos atirou contra colegas de turma em uma escola particular em Goiânia, nesta sexta-feira 20/10/17, por volta de 12h, matando dois adolescentes e deixando quatro feridos. O motivo para os disparos foi bullying. 
Escola em Taiúva: Em 2003, um ex-aluno de 18 anos entrou em uma escola em Taiúva, a 363 km de Salvador, baleando sete pessoas. Depois, o rapaz se matou. De acordo com as investigações da polícia, quando estudava no colégio o rapaz sofria bullying.
Escola e Salvador: Um deles, em 2002, foi em Salvador, quando um estudante de 17 anos matou a tiros duas colegas em um escola particular no bairro de Jaguaribe.
Atirador do shopping: Um dos casos considerados mais emblemáticos é o do ex-aluno de medicina Mateus da Costa Meira, que disparou contra pessoas que estavam em um cinema em um shopping de São Paulo, em 1999.
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Exterioridade: os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências individuais.
Poder de coerção: para que o fato seja considerado social, deve também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos.
Generalidade: todo fato social necessariamente possui um caráter de generalidade, ou seja, precisa ser percebido de modo coletivo
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Segundo Durkheim, o meio moral em determinada sociedade é produzido pela cooperação entre os indivíduos, por meio de um processo de interação que ele definiu como a divisão do trabalho social. Neste sentido haveriam duas formas básicas de se construir esta cooperação ou solidariedade, que seriam a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
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Predomina nas sociedades pré-capitalistas. A união do grupo se dá com base na ideia de identidade entre os indivíduos, manifestada através de costumes, religião, laços de família. É forte, neste contexto, a
consciência coletiva. 
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Típica das sociedades capitalistas, nas quais a união do grupo se dá com base na interdependência entre os indivíduos. Esta, por sua vez, está ligada ao aumento da divisão do trabalho social, com a consequente especialização de funções. Neste contexto é mais fraca a consciência coletiva, com maior autonomia dos indivíduos. 
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Etimologia: Suicídio: do latim sui caedere, palavra esta composta por sui = si mesmo e cídio = morte, do verbo coedere, ceder, matar.
A primeira referência ao tema, encontra-se em sua obra publicada em 1893, Divisão Social do Trabalho, mas o tema será desenvolvido no trabalho sobre O Suicídio, publicado em 1897.
Durkheim chama de suicídio a todo caso de morte que resulta diretamente de um ato positivo — ação direta: um tiro na cabeça ou indiretamente através de um ato negativo praticado pela própria vítima — greve de fome — gerando heroísmo ou orgulho; ato esse em que a vítima sabe o efeito produzido por este resultado.
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No final do século XIX era corriqueira a ideia de que os suicídios tinham correspondência com as doenças psíquicas, com situação geográfica, clima, raça ou a etnia. Por outro lado, Durkheim partia da hipótese que o suicídio estava relacionado com fatores sociais, tentou tratá-lo segundo a sua principal regra metodológica: estabelecer relações de causalidade entre fatos sociais e causas sociais.
A causa encontrada por ele foi o grau de coesão social, pois a maioria dos suicídios coincidia em um ponto: constava um excesso ou uma falta de integração do suicida na sociedade ou o suicídio estava ligado a uma crise social geral, ou seja, uma falta de regras que vinculem os membros da sociedade. Sendo assim, a causa dos suicídios estava na própria sociedade. 
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O suicídio egoísta é aquele que a pessoa se sente socialmente desvinculada. 
O isolamento social marginaliza a pessoa, que deixa de ter sentimentos de solidariedade social, é um suicídio por falta de integração. 
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O caso altruísta é quando uma pessoa que se sente muito vinculada a um grupo social, sentindo-se estreitamente ligada aos valores do grupo, esta pessoa não valoriza particularmente a sua vida e suicida-se facilmente por motivos de honra, ou seja, quando o homem suicida-se, não é porque ele atribui o direito de fazê-lo, mas porque se sente no dever de fazê-lo e que se faltar a essa obrigação, ele será punido pela desonra.
Um exemplo típico de suicídio altruísta é o caso dos soldados japoneses que lutaram na Segunda Guerra Mundial e que ficaram conhecidos como camicases.
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O último caso, anômico, a pessoa vivencia uma situação de falta de limites e regras gerais. Típica das sociedades modernas, as perturbações de ordem coletiva desorientam os indivíduos, criando-se um desequilíbrio entre desejos e suas possibilidades de satisfação. A consequência é o sofrimento e o desespero que podem levar o indivíduo ao suicídio por falta de regulamentação. 
Esta última categoria relaciona-se a uma situação específica — refere-se ao aumento de suicídios nos períodos de depressão econômica.
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Segundo Durkheim uma situação de anomia pode ser identificada toda vez que as relações sociais, assim como a divisão do trabalho, engendram conflito ao invés de solidariedade. Isto acontece quando deixa de existir correspondência entre as regras jurídicas e morais estabelecidas e as condições geradas pelas transformações das relações sociais, presentes em determinada sociedade, em outras palavras, é uma situação de transgressão das normas.
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A palavra é de origem grega, a + nomos, significa ausência, falta, privação, inexistência de lei ou norma. Neste caso, a consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como: guerras, desastres ecológicos, econômicos, etc...
o movimento da contracultura dos anos 60; 
serviço militar x consciência religiosa 
	Para muitos teóricos, em todas estas situações, anomia significa ausência de referências sociais. É uma crise social de caráter amplo: “não se sabe o que fazer.”
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