Buscar

Direito Civil III Resumo

Prévia do material em texto

Direito Civil III – Contratos
Conceito de contrato – acordo de vontades com finalidade de produzir efeitos jurídicos. É uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes.
Princípio da autonomia da vontade – traz a possibilidade da prática de tudo aquilo que não é proibido. Este princípio consiste basicamente na liberdade conferida às partes contratantes, de criarem relações jurídicas, de acordo com suas intenções e necessidades, desde que obedeçam às regras impostas pela lei. (art 421 cc)
Princípio da autonomia privada - decorre do poder de auto-regulamentação das partes contratantes, ou seja, no poder que as partes possuem de estabelecer os temos contratuais. Exige capacidade de fato e revela-se na liberdade contratual. A autonomia privada é o fundamento da realização de contratos atípicos previsto noart. 425, CC.
Princípio da função social dos contratos – O contrato tem que atender uma função social além da intenção das partes. É possível a revisão judicial dos contratos motivada pela função social, sempre que os efeitos externos do contrato prejudiquem injustamente os interesses da outra parte, da comunidade ou de terceiros, estranhos ao vínculo contratual. (art 421 cc)
Princípio do Consensualismo – todo contrato tem que estar firmado entre as partes a sua manifestação de vontade, ou seja, tem que haver um consentimento entre as partes.
Princípio da Intangibilidade - É princípio que decorre do reconhecimento da própria força obrigatória dos contratos. O princípio da intangibilidade impedia qualquer forma de intervenção nos contratos, independente de estarem as partes e seu conteúdo equilibrados ou não.
Princípio da Relatividade - Classicamente este princípio reconhecia que os contratos apenas geravam efeitos entre as partes contratantes, não atingindo terceiros ou influenciando o meio social. É princípio que se refere à eficácia inter partes do contrato. A partir da massificação das relações contratuais reconheceu-se não só que os contratos podem gerar efeitos sociais, mas que também há formas contratuais que produzem efeitos com relação a terceiros.
▪ Para que que haja um contrato é necessário que haja: existência, validade e eficácia.
Quando se analisa existência do contrato busca-se verificar seus elementos estruturantes (ou essenciais); quando se analisa a validade visa-se a observação dos requisitos de conformidade com a esfera jurídica; e quando se examina a eficácia, evidencia-se a capacidade de produção de efeitos imediatos.
▪ Existência - Os pressupostos de existência não foram previstos expressamente no Código Civil e se referem a elementos mínimos que garantem o suporte fático dos negócios. São eles: a) vontade, sendo que de sua declaração (exteriorização) surgem os efeitos; b) juridicidade (agente, idoneidade do objeto e forma –sem adjetivos); c) finalidade negocial ou jurídica (é o propósito, o fim, buscado pela declaração de vontade).
▪ Validade - Os pressupostos de validade são: a) agente capaz (trata-se de capacidade de exercício ou de fato –vide sistema de incapacidades nos artes. 3o. e 4o., CC); b) objeto lícito (que não contraria a lei, a moral ou os bons costumes), possível (física e juridicamente) e determinado ou determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei.
▪ Eficácia - Os pressupostos de eficácia relacionam-se às consequências desejadas pelas partes contratantes e variam de acordo com cada espécie contratual; com a presença de elementos acidentais (termo, condição e encargo) e com as consequências do inadimplemento (juros, cláusula penal, perdas e danos...).
Formação de contratos: A formação dos contratos é um processo que decorre de uma série de atos e comportamentos das partes que visam à realização de um interesse comum.
Considerando a obrigação como um processo, pode-se identificar três grandes fases do processo contratual: fase pré-contratual; fase contratual e fase pós-contratual.
São fases (não obrigatórias) da formação dos contratos:
▪ Negociações preliminares - Configuram-se as negociações preliminares a partir da aproximação das partes, estabelecendo suas primeiras intenções, investigando vantagens e desvantagens e avaliando a conveniência da futura contratação. Trata-se de fase eventual que pode ter início com a inquirição do preço da coisa ou até mesmo a elaboração de uma minuta. Portanto, é fase que antecede à oferta. As tratativas não foram expressamente previstas pelo Código Civil, justamente porque, em regra, não geram vínculo quanto à futura celebração do contrato definitivo. Excepcionalmente, o rompimento das tratativas pode gerar responsabilidade civil pré-contratual por violação dos deveres anexos de conduta. As tratativas não se confundem com a proposta! “As tratativas são atos tendentes à análise da viabilidade do contrato. A proposta, por sua vez, é a exteriorização do projeto de contrato, a manifestação de uma vontade definida em todos os seus termos, dependente apenas da concordância da parte contrária para o aperfeiçoamento do contrato.”
▪ Oferta - É declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar. A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar.
Trata-se de negócio jurídico unilateral (escrito ou verbal) que deve conter todos os elementos essenciais à formação do negócio proposto para ter força obrigatória.
•Policitante (ofertante, oferente, proponente, solicitante) –aquele que realiza a proposta.
•Oblato (aceitante, policitado, solicitado) –aquele que recebe a proposta.
A oferta não terá força obrigatória quando (art. 427, CC):
1.Se o contrário resultar dos termos dela.
2.Dependendo da natureza do negócio (ex.: propostas abertas ao público que limitam à existência de estoque –art. 429, CC).
3.Dependendo das circunstâncias do caso –hipóteses do art. 428, CC:
a) Se, feita sem prazo a pessoa presente, não for imediatamente aceita.
b) Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
c) Se, antes da apresentação da oferta, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
▪ Aceitação - É negócio jurídico unilateral pelo qual alguém concorda com os termos da oferta. Trata-se de direito potestativo do oblato que vincula o proponente a cumprir o que foi ofertado. 
A aceitação pura e simples faz com que o contrato seja considerado concluído (formado). A aceitação realizada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações será considerada contraproposta (art. 431, CC) e, neste caso, os papeis do oblato e do proponente se inverterão. 
A aceitação pode ser escrita ou verbal; expressa ou tácita.
O silêncio (aceitação tácita) do oblato excepcionalmente será considerado aceitação quando (art. 432, CC):
a) O negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa.
b) O proponente tiver dispensado a aceitação expressa.
▪ Contrato preliminar;
▪ Contrato definitivo ou conclusão do contrato.
Não terá força vinculante quando:
a) Embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente (art. 430, CC).
b) Antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433, CC)	
Tempo de formação dos contratos: 
Identificar o momento em que o contrato foi formado é importante para se estabelecer a sua força vinculante. 
Quanto ao tempo de formação dos contratos, o Código Civil diferencia a contratação entre presentes e entre ausentes:
a) O contrato entre pessoas presentes reputa-se formado imediatamente ao tempo da aceitação da oferta (art. 428, I, CC), se o policitante não tiver estabelecido prazo para esta manifestação.
b) Entre pessoas ausentes, quatro teorias se destacam:
I) Teoria da declaração propriamente dita (agnição): o contrato reputa-se formado quando o oblato escrevea resposta.
II) Teoria da expedição: o contrato reputa-se formado no momento em que o oblato envia sua resposta (art. 434, caput, CC).
III) Teoria da recepção: o contrato reputa-se concluído no momento em que a aceitação é entregue ao proponente. 
IV) Teoria da informação (cognição): o contrato reputa-se concluído no momento em que o proponente é cientificado da aceitação.
Qual teoria deve prevalecer? É possível afirmar que o Código Civil adotou como regra a teoria da expedição e como exceção a teoria da recepção (art 434 cc).
Lugar de formação de contratos: Determinar o lugar de formação dos contratos é importante para as situações em que este não coincide com o foro de eleição contratual.
O lugar de formação dos contratos é aquele em que se realiza a proposta, conforme disposto no art. 435, CC .A norma contida no art. 435, CC é dispositiva, ou seja, admite previsão em contrário.
Interpretação dos contratos: 
A interpretação contratual pode ser:
• Declaratória: quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato.
• Construtiva ou integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes.
O Código Civil não enumerou regras de interpretação de forma sistemática.
Interpretação dos contratos - Regras de caráter OBJETIVO:
▪ Quando o contrato ou cláusula apresenta duplo sentido, deve-se interpretá-lo de maneira que possa gerar algum efeito. As expressões que se apresentam sem sentido nenhum devem ser rejeitadas.
▪ As cláusulas ambíguas se interpretam de acordo com o costume do lugar em que foram estipuladas. 
▪ As expressões com mais de um sentido devem, em caso de dúvida, ser entendidas da maneira que mais se conforme à natureza e ao objeto do contrato.
▪ As cláusulas inscritas nas condições gerais do contrato, impressas ou formuladas por um dos contratantes, interpretam-se, na dúvida, em favor do outro.
▪ Nos contratos gratuitos a interpretação deve se favorecer o devedor; e nos onerosos, no de se alcançar um equilíbrio equitativo entre os interesses das partes.
 ▪ Quando o objeto da convenção é uma universalidade, compreendem-se nela todas as coisas que a compõem, inclusive as que as partes não tiveram conhecimento.
▪ Uma cláusula concebida no plural distribui-se, muitas vezes, em diversas cláusulas singulares.
▪ Contratos celebrados na vigência do Código Civil de 1916 –deve-se observar a regra contida no art. 2.035, CC.
Classificação dos contratos:
• Contratos considerados em si mesmos.
• Quanto aos direitos e deveres das partes ou quanto à natureza da obrigação.
Unilateral: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes; Bilateral: são os contratos que geram obrigações (recíprocas) para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte. Há dependência recíproca das obrigações.
Plurilaterais: são os contratos que contêm mais de duas partes cuja prestação de cada uma se dirige à realização de um fim comum, como, por exemplo, o contrato de sociedade e o contrato de consórcio, em que cada sócio é uma parte. 
• Quanto ao sacrifício ou atribuição patrimonial das partes:
Gratuitos ou benéficos: são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, onerando a outra parte, como sucede na doação pura e no comodato. 
a)Gratuitos propriamente ditos: acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes como ocorre nas doações puras. Ex.: oferecer uma carona a um amigo.
b)Desinteressados: não acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes, embora beneficiem uma delas. Ex.: comodato e mútuo. 
Onerosos: são contratos em que ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício patrimonial. São os contratos em que as partes se obrigam reciprocamente a dar ou fazer alguma coisa. Ambos os contratantes obtêm vantagem com o negócio, mas suportam um ônus. Em geral, todo contrato bilateral é oneroso. Exceção: ex.: mandato (ex. com pagamento a posteriori de despesas necessárias à sua execução.), locação, compra e venda.
• Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato ou quanto à constituição do contrato: 
Consensuais: São aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independente da entrega da coisa ou de determinada forma. São exemplos a compra e venda de móveis pura (art. 482, CC); a locação e o mandato.
Reais: São os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os contratos de depósito, comodato e mútuo.
Os contratos onerosos podem ser:
Comutativos: as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios que terão, pois não envolvem riscos.
Aleatórios: São contratos em que o objeto é marcado pelo risco. Uma das partes assume o risco do fato acontecer ou não, dando-lhe ou não o retorno patrimonial desejado. Os contratos aleatórios estão previstos nos arts. 458 a 461 do Código Civil e podem ser:
a) Aleatórios por natureza: é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida.
b) Acidentalmente aleatórios: São contratos tipicamente comutativos que por certas circunstâncias tornam-se aleatórios.
1.Venda de coisas futuras: o risco pode se referir:
 • À própria existência da coisa –art. 458, CC (com assunção de risco pela existência). Trata-se de hipótese de emptio spei ou venda da esperança, da probabilidade das coisas ou fatos existirem.
• À quantidade –art. 459, CC (sem assunção de risco pela existência). Emptio rei speratae ou venda de coisa esperada. O risco assumido concerne à maior ou menor quantidade da coisa. Se nada existir o contrato será nulo, por falta de objeto.
2 - Venda de coisas existentes mas expostas a risco: arts. 460 e 461, CC.
• Quanto à previsão legal:
Típicos: são os contratos regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. São exemplos de contratos típicos as vinte e três espécies previstas no Código Civil.
Atípicos: são os contratos que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as características e os requisitos definidos na lei. Exemplos: hospedagem.
Os contratos atípicos podem ser:
a) atípicos propriamente ditos: frutos da autonomia privada, constituindo negócio jurídico diferenciado, sem similar no ordenamento jurídico.
b) mistos: formados pela conjugação de contratos típicos com elementos de negócios não positivados.
• Quanto à designação:
Nominados(ou confeccionados): aqueles que têm designação própria, abrangendo as espécies contratuais que têm nomen iuris(denominação legal de um instituto jurídico).
Inominados(ou sob medida): são contratos que não possuem denominação própria. 
• Quanto à negociação do conteúdo:
Paritários: os contratos tradicionais, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situações de igualdade. Elaborado em conjunto pelas partes.
De adesão: os que não admitem a liberdade de discussão das cláusulas contratuais. 
Contratos - tipo ou contratos de massa, em série ou por formulários: aproximam-se dos contratos de adesão, pois também são apresentados em fórmulas pré-redigidas por uma das partes, mas não lhe é essencial a desigualdade econômica entre as partes.
Coativo: (ditado, imposto, forçado) é o contrato que se realiza sem o pressuposto do livre consentimento de uma das partes. Exemplo: DPVAT
• Quanto às formalidades:
Solenes ou formais: são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar (a forma é ad solemnitatem, ou seja, elemento de validade do negócio). 
Não solenes, não formais ou de forma livre: basta o consentimento das partes para a sua formação, quando a lei não exige nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento (arts. 107 e 109, CC). A forma, neste caso, é ad probationem tantum, ou seja, apenas auxilia na prova do ato.
• Quanto ao momento de cumprimento:
De execução instantânea ou imediataou de execução única: contratos que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração.
De execução diferida ou retardada: os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro.
De trato sucessivo (de execução periódica; em prestações; débito permanente; ou de execução continuada): são os que se cumprem por meio de atos reiterados, são contratos que se estendem, prorrogam no tempo.
• Contratos reciprocamente considerados:
Principal: é o que tem existência própria, autônoma.
Acessório ou adjeto: é o contrato cuja existência depende da existência de outros contratos.
Derivado ou subcontrato: é o que tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal, como por exemplo a sublocação, a sub empreitada, a sub concessão.
Efeitos dos Contratos: 
▪ Promessa de fato de terceiro (art 439 e 440, CC):
No Código Civil de 2002 (art. 439, CC) foi corretamente deslocada para a Parte Geral dos Contratos designando o contrato que “produzirá efeitos em relação a terceiro se uma pessoa se comprometer com outra a obter a prestação de fato de um terceiro não participante dele” (DINIZ, 2012, p. 118). O único vinculado é aquele que promete fato de outrem.
Lembre-se: o promitente age em nome próprio!
São fases da promessa:
1)Formação: os contratantes estabelecem negócio jurídico pelo qual o promitente se compromete a realizar uma obrigação de fazer (infungível) em benefício do credor. Trata-se de uma obrigação de resultado em que a responsabilidade do promitente é objetiva.
2)Execução: surge a terceira pessoa que concorda com a avença. 
O credor é sempre o mesmo, mas os devedores serão sucessivos
Exclusão de responsabilidade do promitente:
I. Art. 439, parágrafo único, CC: tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
II. Art. 440, CC: o promitente será exonerado da responsabilidade se o terceiro descumprir a obrigação após ter dado a sua anuência.
▪ Estipulação em favor de terceiros (art 436 a 438, CC):
A estipulação em favor de terceiros, como exceção ao princípio da relatividade subjetiva dos efeitos dos contratos, ocorre quando num contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não representado.
Partes: 
Estipulante ou promissário: aquele que estabelece a obrigação.
Promitente ou devedor: aquele que deverá cumprir a obrigação.
Atenção: o terceiro (beneficiário) não é parte contratual.
Não sendo o beneficiário parte contratual, não precisa anuir com a formação do contrato. Bem como, sua substituição pode ser realizada pelo estipulante independente de sua autorização (art. 438, CC).
Os beneficiários, embora estranhos ao contrato, tornam-se credores do promitente. Tanto o estipulante quanto o beneficiário poderão exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, CC). 
Art. 437, CC –uma vez estipulado que o beneficiário pode reclamar a execução do contrato, o estipulante perde o direito de exonerar o promitente e a estipulação torna-se irrevogável.
• Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC): Trata-se de contrato em que uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa que assuma a sua posição na relação contratual, como se o contrato fosse celebrado com esta última. Trata-se de negócio jurídico bilateral que se aperfeiçoa quando a pessoa nomeada toma o lugar na relação contratual. Os seus efeitos, portanto, são extunc, projetando-se sobre a pessoa designada.
Partes:
Promitente: que assume o compromisso de reconhecer o nomeado;
Estipulante: que pactua em seu favor a cláusula de substituição.
Electus: quem aceita a indicação. 
A principal função desse contrato é permitir ao contratante que, por questões pessoais ou econômicas, não quer aparecer, valha-se de um intermediário que estipula em nome próprio, mas reservando-se declarar em favor de quem efetivamente estipulou. Por isso, não é admitida em obrigações personalíssimas. 
O contrato com pessoa a declarar não pode ser feito em contratos que não admitam a representação ou é indispensável a determinação dos contratantes.
Até a aceitação do nomeado o contrato produz seus efeitos normalmente entre as partes contratantes. A aceitação do nomeado, para ser eficaz, deve ser feita da mesma forma que as partes utilizaram para o contrato. 
Será o contrato de responsabilidade dos contratantes originários (Art 470 e 471 CC):
• Se não houver indicação da pessoa no prazo legal ou no prazo estipulado pelas partes.
• Se o nomeado se recusar a aceitar a nomeação.
• Se a pessoa nomeada era insolvente ou incapaz, e a outra pessoa o desconhecia o fato no momento da indicação
Garantias Contratuais - Vícios Redibitórios (art 441 a 446, CC): são defeitos ocultos da coisa, já existentes ao tempo de sua aquisição, que a tornam imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuem o valor. É uma garantia legal ao comprador que, antes de entrar na posse da coisa, não percebeu seus vícios e defeitos, podendo, por esse motivo, rescindir o contrato ou pedir abatimento do preço
Requisitos:
▪ O defeito deve prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir sensivelmente o valor.
▪ O defeito deve ser grave (efetiva inutilidade do objeto).
▪ O defeito deve ser oculto ou desconhecido do adquirente.
▪ O defeito deve existir no momento da formação do contrato e perdurar até o momento da reclamação (art. 444, CC).
▪ O contrato deve ser comutativo; doação onerosa ou doação remuneratória;
▪ O contrato deve se referir a obrigação de dar coisa certa. 
A teoria dos vícios redibitórios não se aplica aos contratos aleatórios. A prova da existência do vício e de sua anterioridade à tradição compete ao adquirente.
Ações edilícias:
1. Ação redibitória (art. 443, CC): destina-se a rejeitar o bem e restitui-lo ao alienante, e pode ser cumulada com perdas e danos.
2.Ação quanti minoris ou estimatória: destina-se a requerer o abatimento proporcional do preço, levando-se em conta a extensão do defeito. A escolha da ação a ser proposta cabe ao adquirente, salvo no caso de perecimento do bem, em virtude do defeito oculto, pois, nesta hipótese, obrigatoriamente, deve-se propor a redibitória.
Escolhida a ação, ela é irrevogável. 
Não cabe ação edilícia:
- No caso de coisa vendida conjuntamente (art. 503, CC).
- Em caso de inadimplemento contratual (art. 389, CC).
- Na hipótese de erro quanto às qualidades essenciais do objeto.
Prazos para reclamar sobre os vícios (arts. 445 e 446, CC):
a) 30 dias contados da tradição, se a coisa for bem móvel.
b) 1 ano da tradição, se a coisa for bem imóvel.
c) Se a coisa já estava em poder do adquirente esses prazos serão reduzidos à metade e contados a partir da alienação.
d) Se a coisa for bem semovente os prazos serão os previstos em leis especiais e, não havendo, serão os dos usos locais.
e) No entanto, se pela natureza do vício ele só foi conhecido mais tarde, o prazo para as ações deve ser contado a partir do momento do seu conhecimento pelo adquirente até no máximo 180 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis.
 
Os prazos para exercício das garantias por vícios redibitórios não correm durante a vigência das cláusulas de garantia contratual (art. 446, CC). 
As partes podem ajustar cláusula excludente de garantia pelos vícios redibitórios ou cláusula aumentativa da garantia (art. 446, CC).
O alienante, no entanto, não poderá invocar a excludente da cláusula de garantia se tinha conhecimento do vício e nada comunicou ao adquirente (dolo por omissão, art. 147, CC).
Evicção (arts. 447 a 457, CC): É a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato administrativo que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Trata-se de um defeito do direito transmitido (art. 447, CC).
É cláusula de garantia implícitaem todo contrato oneroso.
Personagens:
Alienante: quem transfere o bem.
Evicto: adquirente vencido.
Evictor: terceiro reivindicante. 
Requisitos:
▪ Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa adquirida.
▪ Onerosidade da aquisição.
▪ Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa.
▪ Anterioridade do direito do evictor.
▪ Privação de direitos sobre a coisa determinada por ato judicial ou ato administrativo;
▪ Ausência de cláusula excludente de responsabilidade.
▪ Denunciação da lida ao alienante (arts. 456, CC e 125, II, CPC).
A evicção pode ser:
▪ Total: abrange a integralidade do direito sobre o bem.
▪ Parcial: atinge parte do direito sobre o bem ou implica na supressão de uma situação jurídica que precedeu o negócio jurídico. 
Sendo a evicção total, o evicto terá direito (art. 450, CC):
▪ Restituição das quantias pagas, com juros e correção monetária.
 ▪ Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir. 
▪ Indenização das benfeitorias necessárias e úteis que não tiverem sido pagas pelo reivindicante. 
▪ Indenização das despesas do contrato e prejuízos decorrentes da perda do direito.
▪ Ressarcimento das despesas judiciais e honorários advocatícios.
Os direitos do evicto persistem mesmo que a coisa se deteriore(sem dolo.) art. 451, CC.
Sendo a evicção parcial:
▪ Se a perda for de parte considerável da coisa, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional do preço. Art. 455, CC
▪ Se não for parte considerável, cabe somente o direito à indenização proporcional com a respectiva retenção do bem. 
A garantia contra a evicção pode ser contratualmente reforçada, diminuída ou até excluída (art. 448, CC). No entanto, a cláusula de exclusão não tem eficácia plena, pois não impede o evicto de propor ação por perdas e danos.
O adquirente não pode demandar pela evicção quando faltar algum dos seus pressupostos essenciais, como por exemplo:
▪ Se a perda não ocorrer em virtude de sentença, mas se resultar de caso fortuito, força maior, roubo, furto, provimento administrativo, mesmo que o perecimento se dê na pendência da lide.
▪ Se o adquirente sabia que a coisa era alheia, porque seria ele cúmplice da apropriação indevida.
▪ Se o adquirente sabia que a coisa era litigiosa, estando ciente de que a prestação do outro contratante dependia de acerto judicial que lhe podia ser desfavorável (art. 457, CC).
▪ Se foi informado do risco da evicção e o assumiu expressamente, liberando o alienante das respectivas consequências. (art. 449, CC)
Contrato Preliminar (arts. 462 a 466, CC): Contrato preliminar, promessa de contratar, é o instrumento pelo qual as partes se obrigam reciprocamente a concluir um contrato com conteúdo determinado. Cria um futuro contrahere, por isso, representa uma obrigação de fazer.
“O contrato preliminar é aquele cujo objeto consiste na celebração de outro contrato (o definitivo)” 
Assim, seu: Objeto imediato: é a obrigação de fazer (manifestação de declaração de vontade).
Objeto mediato: é o contrato definitivo.
Atenção: o contrato preliminar não precisa observar a mesma forma do contrato definitivo (princípio do consensualismo).
Contrato preliminar no plano material pode ser:
a) Unilateral: quando apenas uma parte promete a realização do contrato definitivo.
b) Bilateral: quando ambas as partes se comprometem à realização do contrato definitivo.
A promessa de contratar, contida no contrato preliminar, é irrevogável e irretratável, exceto se prevista expressamente cláusula de arrependimento (direito potestativo de retratação, art. 473, CC). O contrato preliminar deve indicar os elementos mínimos do contrato que se pretende realizar (art. 462, CC).
Para gerar efeitos interpartes não é preciso levar o contrato preliminar a registro. Para gerar efeitos com relação a terceiros é preciso que o contrato preliminar tenha sido registrado. (art. 463, parágrafo único, CC)
Contrato preliminar pode ser:
a)Oneroso: quando fixa uma contraprestação;
b)Gratuito: quando não fixa nenhum tipo de contraprestação.
Realizado o contrato preliminar, havendo implemento do termo ou da condição, qualquer das partes poderá exigir a celebração do contrato definitivo (tutela específica), desde que nele não conste cláusula de arrependimento. 
O contrato definitivo deverá ser realizado em um prazo razoável (art. 463, CC). Esgotado o prazo assinado ao promitente para que efetive o contrato definitivo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser à natureza da obrigação (art. 464, CC). 
No entanto, caso a execução específica não seja de interesse do credor ou se a isso se opuser a natureza da obrigação, o credor poderá pleitear perdas e danos (art. 465, CC).
Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC): A extinção caracteriza-se por ser um fato jurídico que coloca fim ao vínculo contratual. Em regra, os contratos se extinguem pelo cumprimento das prestações contratadas.
 No entanto, excepcionalmente, a extinção decorrerá de outros fatores que podem ser:
a )Anteriores ou contemporâneos à celebração do contrato;
b) Posteriores (supervenientes) à celebração do contrato.
A extinção por fatos anteriores ou contemporâneos à extinção dos contratos decorre de:
I) Invalidades e Inexistência: 
a) Nulidades absolutas (arts. 166 e 167, cc): efeitos ex tunc (efeitos retroativos à época da origem dos fatos a ele relacionados).
b) Nulidades relativas (art. 171, CC): efeitos ex nunc (seus efeitos não retroagem, valendo somente a partir da data da decisão tomada).
c) Inexistência do negócio jurídico (falta de elementos essenciais).
II) Cláusula resolutiva ou resolutória: uma parte não pode exigir o adimplemento contratual da outra sem ter cumprido a própria prestação (art. 474, CC).
a) Presente apenas em contratos bilaterais.
b) Pode ser expressa (pacto comissório, gera efeitos automáticos e extunc) ou tácita (legal ou implícita, depende de interpelação judicial).
c) A parte lesada pode requerer: resolução do contrato ou execução específica da prestação, em ambos os casos cumulando com perdas e danos. (art. 475, CC)
III) Direito de arrependimento: quando expressamente previsto autoriza a resilição unilateral (direito potestativo). É direito que deve ser exercido antes da execução do contrato.
A extinção por fato superveniente à celebração do contrato pode decorrer de:
I) Perecimento do objeto.
II) Por exigir esforço extraordinário e injustificável de uma das partes contratantes.
III) Em razão de impedimentos físicos ou jurídicos.
Como são causas supervenientes, serão caracterizadas como causas de inadimplemento contratual.
Entre as causas de extinção temos a resolução, a resilição e a rescisão contratual:
I) Resolução – é a extinção do contrato por:
a) Inadimplemento fortuito (involuntário): decorre de caso fortuito ou força maior conforme as regras dos arts. 393 e 399, CC. Em regra gera, efeitos ex tunc. 
b) Inadimplemento voluntário: decorre de ato voluntário e uma ou de ambas as partes contratantes. 
Art. 475, CC: a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou exigir-lhe o cumprimento, podendo exigir em ambas as hipóteses perdas e danos.
II) Resilição – É forma de extinção dos contratos por simples declaração de vontade e pode ser:
a) Unilateral: decorrer de cláusula expressa no contrato ou autorizada por lei;
Atenção: Dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos” (art. 473, parágrafo único, CC).
b) Bilateral: deve ter a mesma forma do contrato, quando este exigir forma especial (art. 472, CC). A dissolução convencional do contrato gera efeitos ex nunc. 
A resilição é declaração receptícia de vontade e opera efeitos ex nunc (art. 473, CC).III) Rescisão Contratual – É causa de extinção dos contratos por ineficácia ou invalidade, ou seja, por vícios inerentes ao próprio objeto da relação contratual e, por isso, depende de declaração judicial. Opera efeitos ex nunc.
Exceção de contrato não cumprido: É forma de condição resolutiva tácita prevista no art. 476, CC que pode determinar a extinção do contrato bilateral por mútuo inadimplemento. Tem por fundamento a boa-fé objetiva.
 
Inadimplemento antecipado (quebra antecipada do contrato): ocorre quando “as partes avençaram o momento para o adimplemento de suas respectivas obrigações, porém, em instante anterior ao termo pactuado, um dos contratantes já demonstra inequívoca intenção de não cumprir a sua prestação, pois pratica uma conduta concludente no sentido do inadimplemento. Trata-se de violação ao princípio da boa-fé objetiva, pois a conduta revela a falta de interesse da parte em dar cumprimento ao avençado (tratado, combinado).
Resolução por onersosidade excessiva: reconhece que fatos supervenientes à celebração do contrato, qualquer que seja sua natureza, podem interferir diretamente no equilíbrio contratual.
Fundamento: princípio da justiça contratual. Aplica-se a contratos comutativos e execução diferida ou trato sucessivo. Exceção: art. 480, CC.
Para requerer a resolução por onerosidade excessiva é necessário:
a) Que o fato superveniente seja extraordinário.
b) Que o fato superveniente seja imprevisível (imprevisibilidade objetiva).
c) Que o fato superveniente gere extrema vantagem para uma das partes.
A resolução por onerosidade excessiva poderá ser evitada se o outro contratante se oferecer para modificar equitativamente as condições do contrato, buscando-se reequilibrá-lo (art. 479, CC).
Resolução por frustração do fim do contrato: É hipótese que também decorre do reconhecimento da função social dos contratos e que se caracterizará quando a parte, por fatos alheios à sua esfera de atuação, teve sua pretensão fática frustrada, não podendo ser lhe imposto o cumprimento do contrato pelo inesperado desaparecimento da causa do negócio jurídico. Trata-se de hipótese de impossibilidade relativa do contrato.
Morte de um dos contratantes: Em regra, o falecimento dos contratantes não extingue o vínculo contratual. No entanto, tratando-se de contrato personalíssimo (intuitupersonae) a morte de um dos contratantes gera a extinção automática do contrato (cessação contratual) com efeitos ex nunc.

Outros materiais

Perguntas Recentes