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Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Hiperlordose Cervical O desvio de hiperlordose cervical caracteriza-se por uma acentuação da concavidade posterior da região cervical da coluna vertebral. Em tese, tal região estará encurtada, portanto necessitará de exercícios de alongamento/flexionamento. Assim, a musculatura de eretores da espinha da região cervical, trapézio porção superior, elevador da escápula e esplênios devem ser a prioridade de trabalho muscular. Tais músculos produzem, dentre outros, o movimento de extensão cervical, desta forma, o movimento antagônico de flexão cervical produz uma força de estiramento sobre essa musculatura, alongando-a e/ou flexionando-a. Retificação de Lordose Cervical O desvio postural de retificação de lordose cervical é exatamente o inverso da hiperlordose cervical, ou seja, a concavidade posterior da coluna cervical é minimizada ou até mesmo deixa de existir (intensidade elevada do desvio). Nesta região da coluna cervical, o ponto de hipotonia muscular o qual deverá ser fortalecido é a região posterior. Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Hipercifose Torácica Os desvios posturais de hipercifose caracterizam-se por uma acentuada convexidade posterior da região torácica da coluna vertebral. Por muitas vezes, esta acaba gerando uma projeção da cabeça e/ou ombros à frente. Neste entendimento, a musculatura de peitoral maior, peitoral menor, serrátil anterior e coracobraquial estará encurtada tracionando os ombros à frente e como consequência o surgimento da abdução escapular. O movimento antagônico de abdução transversal dos ombros, e consequentemente adução das escápulas, produz um alongamento/flexionamento sobre a região muscular encurtada. Imagem apresentando indivíduo com hipercifose torácica. Indivíduos que permanecem várias horas do dia sentados em frente ao notebook sem os cuidados ergonômicos adequados, tendem a permanecer em posição cifótica laboral agravando uma possível hipercifose ou podendo vir a gerar tal desvio. Não só a posição de trabalho em frente ao computador, mas também a postura ao estudar ou ler pode levar a acentuação da postura cifótica. Posturas adotadas durante a leitura. Em "A" postura correta e em "B", "C", "D" e "E" posturas incorretas. Imagens demonstrando em "A" posição adequada no posto de trabalho, em "B", "E" e "D" posturas hipercifóticas no posto de trabalho ao usar computador Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Retificação de cifose torácica O desvio postural de retificacão de cifose torácica se caracteriza exatamente pelas condições posturais contrárias a que foi definido para a hipercifose, isto é, a curvatura de cifose torácica é amenizada ou retificada deixando de existir um "desenho" côncavo ânterior. Sob tais condições, a musculatura posterossuperior do tórax apresenta-se potencialmente encurtada gerando adução escapular e, possivelmente, projeção posterior dos ombros (posteriorização dos ombros). Músculos adutores escapulares como trapézio porção medial, romboide maior e romboide menor devem ser exercitados no sentido de aumentar o alongamento/flexionamento dos mesmos. Comparativo de dois sujeitos (homem e mulher, respectivamente) com alterações na curvatura da coluna torácica. Em que o primeiro apresenta uma acentuação desta curvatura, ou seja, hipercifose torácica e o segundo uma retificação da mesma. Hiperlordose lombar Na hiperlordose lombar devemos considerar a musculatura de quadrado lombar e eretores da espinha da região lombar como encurtadas. Entretanto, se a hiperlordose for causada por desequilíbrio pélvico (anteversão pélvica), além da musculatura supracitada, também é possível o encurtamento de flexores de quadril como: iliopsoas, reto femoral e sartório. O abdome protuso pode gerar uma hiperlordose, pois ao projetar-se anteriormente, há um deslocamento de massa corpórea para a região anterior do corpo fazendo com que o Centro de Gravidade (CG) seja deslocado anteriormente, induzindo a um deslocamento da projeção vertical da região de médio pé para antepé. Este deslocamento do CG pode ser muito intenso a ponto de que a sua projeção vertical fique fora da área de sustentação corpórea (os pés). Antes que isso ocorra e, na busca de manter a projeção vertical do CG sobre a base de sustentação corpórea em um ponto de ótimo equilíbrio, compensações são geradas aumentando o volume corpóreo na região posterior. Através de uma anteversão pélvica, o volume corpóreo da região glútea é projetado para trás compensando a projeção abdominal. Tal reposicionamento biomecânico da pelve gera uma hiperlordose lombar. Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Mesmo que não haja uma protuberância abdominal, a manutenção do equilibrio pélvico é fundamental para que não venham a ocorrer alterações na curvatura da lordose lombar. Para identificação do movimento pélvico que ocorrem quando este sai de seu "ponto de equilíbrio", usamos como referências, os pontos anatômicos de Espinha lIíaca Anterossuperior (ElAS) e Espinha Ilíaca Posterossuperior (EIPS). Em "A" a pelve encontra-se equilibrada (linha ligando EIPS com ElAS) e a coluna lombar com sua curvatura natural. Em "B" a pelve encontra-se rodada posteriormente (retorversão pélvica) e a coluna tende à retificação lombar. Em "C", a pelve encontra-se rodada anteriormente (anteversão pélvica) e a coluna lombar apresenta a lordose acentuada acima do normal com tendência a protusão abdominal. Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Um desequilíbrio pélvico no plano sagital em anteversão ou retroversão, influencia fortemente o posicionamento das vértebras lombares derivando os desvios de hiperlordose lombar e retificação de lordose lombar, respectivamente. A manutenção do equilíbrio pélvico pode ser comparada à brincadeira do "cabo-de-guerra", quando as forças que tencionam o cabo se equiparam, este permanecerá imóvel sob tensão, se uma das forças supera a outra, o cabo movimentar-se-á para esta direção, portanto, o equilíbrio pélvico só é obtido quando há um equilíbrio de torque. Imagem representando a musculatura que roda a pelve em anteversão (à esquerda) e em retroversão (à direita). Círculos representam as ElAS e EIPS. Retificação de lordose lombar A retificação da lordose lombar é um desvio postural que processa‐se de forma inversa a hiperlordose lombar. Ao invés de acentuação da curvatura de lordose lombar existe uma retificação da mesma podendo ser gerada pelo desequilíbrio pélvico em retroversão pélvica. Músculos que rodam a pelve em retroversão (reto abdominal, oblíquo interno e externo e grupo isquiotibial) estão encurtados. Sendo que os músculos quadrado lombar, eretores da espinha da região lombar e os flexores do quadril (principalmente iliopsoas, reto femoral e sartório) estão, em tese, hipotônicos: o que permitiu que esses cedessem (alongassem) gerando rotação pélvica no plano sagital e o desequilíbrio postural. Imagem apresentando dois indivíduos portadores de costas planas. Em ambos os casos, existe uma ausência das curvaturas de lordose lombar e cifose torácica. Professor: Rafael Barreto – Fisioterapiaem Ortopedia e Traumatologia Escoliose O desvio postural denominado de escoliose é uma curvatura patológica (ou mais curvaturas) da coluna vertebral, que ocorre no plano frontal gerando desalinhamento da mesma e alterando as projeções verticais de carga gravitacional sobre o aparelho locomotor. Este desvio postural gera um lado corporal com curvatura côncava e um lado com curvatura convexa sobre a coluna vertebral. O hemicorpo direito do avaliado apresenta o lado côncavo do desvio, enquanto que o contralateral o lado convexo. A escoliose pode envolver toda a coluna vertebral desde sua região lombar, passando pela região torácica e culminando na região cervical, sendo denominada de escoliose total ou lombo‐tóraco‐cervical (também pode‐se usar "cervico‐tóraco‐lombar"). Ainda é possível identificar escolioses pontuais, ou seja, escolioses que ocorrem na região tóraco‐cervical, tóraco‐lombar ou atingindo somente uma região da coluna. Imagens representando escolioses pontuais na região torácica (à esquerda) e lombar (à direita). Ainda podemos encontrar escolioses que são denominadas como "escolioses em S" como a apresentada. Estas escolioses apresentam o lado convexo ora para o hemicorpo direito, ora para o hemicorpo esquerdo caracterizando o formato de um "S" na coluna vertebral. Esta é uma forma de escoliose grave, pois desalinha completamente a coluna vertebral inclinando‐a para lados opostos e alterando, de forma significativa, a projeção das cargas longitudinais sobre a mesma vindo do peso da cabeça, membros superiores e cintura escapular e ainda podendo trazer dificuldades inspiratórias, pois dificulta a expansão mecânica da caixa torácica produzida por, principalmente, músculos intercostais durante a fase inspiratória da respiração. Também ocorrem modificações nos espaços entre as vértebras, onde posicionam‐se os discos intervertebrais (também denominado de espaço discal) em que invariavelmente o lado côncavo do desvio apresentará menor espaço intervertebral gerando um aumento da pressão disca. Já no lado convexo ocorrerá o contrário, ou seja, haverá um maior espaço intervertebral e, consequentemente, menor pressão discal. Professor: Rafael Barreto – Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia Indivíduos que apresentem grau elevado de escoliose por um período de tempo significativo tendem a gerar deformidades associadas aos discos intervertebrais na sua região de maior pressão podendo dar origem a patologias como hérnia de disco, pinçamento discal, pressão sobre nervos raquidianos. Esquema gráfico demonstrando uma coluna vertebral (entre T9 e L1) sem o desenvolvimento de escoliose (à esquerda) quando o espaço discal é preservado. À direita, o esquema gráfico apresenta uma coluna vertebral com escoliose torácica‐destro‐convexa, situação na qual o espaço discal é alterado produzindo diminuição do mesmo e maior pressão no lado côncavo do desvio.
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