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1 Template de produção – graduação Projeto Graduação Curso Administração Disciplina Gestão e Mapeamento de Processo Temas O que é um Processo? Gestão e Mapeamento de Processos. Professor(a) Roberto Candido Pansonato Coordenador(a) Elton Ivan Schneider Rota de Aprendizagem: 01 – Visão Geral e Princípios de Sistemas Organizacionais Tutor(a) Gestão e Mapeamento de Processos Visão Geral e Princípios de Sistemas Organizacionais: 1. Introdução Mesmo que muitas pessoas não consigam enxergar, uma empresa é um grande emaranhado de processos, cada qual com suas respectivas entradas e saídas. Enxergar estes processos e a interação entre eles é um desafio para o administrador. O mapeamento de processos, pode ser definido como uma ferramenta ou método que tem como finalidade identificar as informações, as 2 partes interessadas, as especializações, a sequência e os recursos necessários para entender os processos de uma organização. Para Millard (2002), esta fase inicia-se com o desenho do processo atual, o “como é” (AS-IS) e termina com o desenho do processo que se deseja, o “como deve ser” (TO-BE). 2. Problematização A empresa Vanguarda (nome fictício) é uma indústria fabricante de produtos têxteis (roupas masculinas e femininas para o público jovem). Para atender a entrada da estação da primavera, um cliente que representa uma grande loja de departamentos fêz uma solicitação ao departamento comercial para criação e produção de uma coleção exclusiva para estação da primavera que se iniciaria em 6 meses. O departamento comercial, solicitou ao departamento de criação o desenvolvimento da coleção. Paralelo, foi solicitado ao departamento de manufatura a produção das roupas. Para que fossem confeccionadas estas roupas, foi necessário a compra de insumos para produção (tecidos, linhas, botões, zíperes, etc.). O departamento financeiro, através de suprimentos realizou a compra dos insumos para pagamento em 28 dias. Até este determinado ponto, tudo ocorria dentro da normalidade, porém alguns problemas vieram a ocorrer: a) Atraso na entrega dos produtos para o cliente; b) Discrepância no fluxo de caixa da empresa; c) Erros na combinação (“mix”) dos produtos. Segue abaixo o fluxo organizacional da empresa (resumo): Fonte: Elaborado pelo Autor 3 Como ocorre na maioria das empresas, a gestão ocorre de maneira funcional. De acordo com o fluxo estabelecido e com as informações acima, um dos motivos que “pode” ter causado estes problemas foi: a) ( ) Falta de implantação de técnicas de liderança dentro da organização; b) ( ) Comunicação ineficiente da presidência; c) ( ) Falta de poder de barganha junto ao cliente; d) ( x ) Ausência de uma gestão por processos; e) ( ) O ocorrido é inerente a qualquer organização. Análise A maioria das empresas que trabalham com uma visão de gestão funcional podem ter estes tipos de problemas. O atraso na entrega ocorreu devido a atrasos na manufatura, que não definiu com o departamento comercial os prazos solicitados. A discrepância no fluxo de caixa aconteceu pois o pessoal de suprimentos negociou pagamentos dos insumos num prazo muito mais curto (28 dias) do que o cliente havia se comprometido a pagar (60 dias). Quanto ao erro no “mix” de produtos, o departamento comercial foi informado de mudanças no decorrer do desenvolvimento, aceitou as mesmas junto ao cliente mas não comunicou a tempo os demais departamentos. A gestão por processos caracteriza-se por ter como um dos principais direcionamentos o foco no cliente, não deixando que barreiras departamentais bloqueiem este fluxo. 4 3. Objetivos da Aula 3.1 Conhecimento efetivo: entender como funcionam os processos dentro das organizações, a interação entre eles e importância da visão sistêmica na gestão por processos. 3.2 Conhecimento Conceitual: conceito de processo, mapeamento e modelagem. 3.3 Conhecimento Procedural: identificar entradas, saídas e atividades de um processo. 3.4 Conhecimento Metacognitivo: compreender as estruturas dos processos para elaboração de projetos de melhoria contínua. 3.5 Quanto ao Processo Cognitivo 3.5.1 – Lembrar o conceito de processos com as suas respectivas entradas e saídas 3.5.2 – Entender qual é o objetivo do processo de mapeamento 3.5.3 – Aplicar os conceitos para entendimento da interação entre os processos dentro de uma organização. 3.5.4 – Analisar a partir da definição dos processos onde estão as entradas e saídas. 3.5.5 – Avaliar o sistema como um todo. 3.5.6 – Desenvolver pensamento sistêmico para tomada de decisão para o mapeamento de processos. 5 L e m b r a r E n t e n d e r A p l i c a r A n a l i s a r A v a l i a r C r i a r E f e t i v o / F a c t u a l E n t e n d e r c o m o f u n c i o n a m o s p r o c e s s o s d e n t r o d a s o r g a n i z a ç õ e s , a i n t e r a ç ã o e n t r e e l e s e i m p o r t â n c i a d a v i s ã o s i s t ê m i c a n a g e s t ã o p o r p r o c e s s o s . 1 - L e m b r a r o c o n c e i t o d e p r o c e s s o s c o m a s s u a s r e s p e c t i v a s e n t r a d a s e s a í d a s C o n c e i t u a l / P r i n c í p i o s C o n c e i t o d e p r o c e s s o , m a p e a m e n t o e m o d e l a g e m . 2 - E n t e n d e r q u a l é o o b j e t i v o d o p r o c e s s o d e m a p e a m e n t o P r o c e d u r a l / P r o c e d i m e n t o s I d e n t i f i c a r e n t r a d a s , s a í d a s e a t i v i d a d e s d e u m p r o c e s s o . 3 - A p l i c a r o s c o n c e i t o s p a r a e n t e n d i m e n t o d a i n t e r a ç ã o e n t r e o s p r o c e s s o s d e n t r o d e u m a o r g a n i z a ç ã o . M e t a c o g n i t i v o C o m p r e e n d e r a s e s t r u t u r a s d o s p r o c e s s o s p a r a e l a b o r a ç ã o d e p r o j e t o s d e m e l h o r i a c o n t í n u a . 4 - A n a l i s a r a p a r t i r d a d e f i n i ç ã o d o s p r o ce s s o s o n d e e s t ã o a s e n t r a d a s e a s s a í d a s . 5 - A v a l i a r o s i s t e m a c o m o u m t o d o . D i m e n s ã o d o C o n h e c i m e n t o D e s c r i ç ã o D i m e n s õ e s d o P r o c e s s o C o g n i t i v o 6 - D e s e n v o l v e r p e n s a m e n t o s i s t ê m i c o p a r a t o m a d a d e d e c i s ã o p a r a o m a p e a m e n t o d e p r o c e s s o s . C o m p e t ê n c i a 6 4. O que é um processo? 4.1 - Descrição e contextualização De forma simples Harrington (1993) define processo como uma ação que recebe uma entrada (input), transforma agregando valor e gera uma saída (output). Portanto, para as empresas, os processos acontecem tanto nos produtos quanto nos serviços, desde o recebimento das matérias-primas pelos fornecedores até a entrega deste produto ou serviço ao cliente. Essa cadeia deve, na teoria, agregar valor a cada processo (ou sub-processo). Um processo, para Davenport (1994), seria uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, inputs e outputs claramente identificados, enfim, uma estrutura para ação. Já Harrington (1993) o define como sendo um grupo de tarefas interligadas logicamente, que utilizam os recursos da Organização para gerar os resultados definidos, de forma a apoiar os seus objetivos. Para Johansson et al. (1995), processo é o conjunto de atividades ligadas que tomam um insumo(input) e o transformam para criar um resultado (output). Teoricamente, a transformação que nele ocorre deve adicionar valor e criar um resultado que seja mais útil e eficaz ao recebedor acima ou abaixo da cadeia produtiva. Abaixo segue uma ilustração básica de como funciona um processo. Fonte: Elaborado pelo Autor Input Input Output Atividade Atividade Atividade Atividade O que fazer: pessoas utilizando recursos (materiais, informações, equipamentos, etc.) realizam atividades com o propósito de transformar entradas em saídas, atendendo os requisitos do cliente 7 Portanto, em resumo, um processo é uma série de atividades encadeadas que recebem inputs e produzem outputs em produtos ou serviços. 4.2 – Histórico A partir do século 20, surgiram várias técnicas para modelagem de processos, entre elas o fluxograma, diagrama de blocos, diagrama de fluxo de controle, diagrama PERT CPM, entre outras. Já na década de 1990, o termo “processo” passou a ser um tema constante para se obter ganhos de produtividade. As empresas gradativamente começam a deixar a gestão com uma visão funcional para uma visão de processos. E como isto funciona? A estrutura das organizações manteve-se a mesma durante boa parte do século XX, sendo voltada para dentro, sem a visualização completa (interna e externa) de todas as suas atividades. As empresas mesmo tendo seus processos e informações fluindo na horizontal, se organizam em grupos funcionais verticais, com setores agrupados por semelhança de atividades, fazendo com que o fluxo de trabalho com frequência passe de um departamento para outro causando falta de agilidade, erros de comunicação, altos custos e dispersão do foco no cliente. (RADOS et al, 1998). Atualmente diversas empresas estão se organizando por processos, o que requer uma visão horizontal com as pessoas trabalhando não mais em uma função, mas em um processo voltado para o cliente. Existem responsáveis pelos processos e não pelos departamentos ou funções (Hammer, 1998). Este tipo de gestão faz com que a empresa seja gerenciada ao longo da cadeia de processos, com estes permeando cada departamento (figura 2), seguindo o fluxo de agregação de valor. Este gerenciamento deve estar voltado para as atividades que agregam valor ao longo da cadeia. A grande vantagem da gestão por processos refere-se ao foco no cliente (saídas), na melhoria da integração dos trabalhos e na facilidade de se propor mudanças no sistema de gestão. 8 Fonte: Adaptação de Rados et al, 1998 5 – Classificação dos Processos 5.1 – Processos de Negócios Caracterizam-se na fabricação de produtos ou na geração de serviços. Também conhecidos por processos primários, incluem grande parte das atividades que geram valor ao cliente e atravessam os níveis hierárquicos e funcionais. 5.2 – Processos Organizacionais Responsáveis pelo funcionamento dos vários subsistemas da organização em busca de um desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos processos de negócio (Gonçalves, 2000a). Dão suporte aos processos produtivos. 5.3 – Processos Gerenciais Incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização e tem foco nos gerentes e nas suas relações (Garvin apud Gonçalves, 2000a). Também dão suporte aos processos produtivos. 9 Classificação dos Processos. Fonte: Adaptação de Gonçalves, 2000a 6 - A evolução para organização por processos A principal questão é: o que a empresa deve fazer para enxergar os processos? Nas organizações em que a estrutura funcional vem de longa data como modelo tradicional, a mudança de visão parece radical, pois passamos de uma visão vertical da empresa, para uma visão horizontal. A principal mudança refere-se a quebra de barreiras entre fornecedores, empresas e clientes. Esta mudança nas organizações é impulsionada “pelo esforço em mudar de patamar em termos de desempenho empresarial, de atendimento aos seus clientes e de resultado para seus acionistas” (Gonçalves, 2000b, p. 9). O centro da mudança organizacional está no foco da empresa. O modelo de gestão funcional está centrado nas próprias empresas, buscando focar a realidade interna. O modelo de gestão por processos foca no ponto de vista do cliente, a realidade externa facilitando a interação com o meio ambiente. Com base em Stewart, Gonçalves (2000b) apresenta três diferenças básicas entre as organizações funcionais e por processos: a) As organizações estruturadas por processos têm como metas atingir objetivos externos; 10 b) Os trabalhadores e recursos são organizados buscando dar conta da operação completa; c) Inexiste o filtro da hierarquia na condução da informação. Fases da implantação da Gestão por Processos Fonte: Adaptação de Gonçalves, 2000b 6.1 – Texto Leitura Obrigatória A abordagem por Processo conforme ISO 9001: 2008 http://academiaplatonica.com.br/2011/gestao/iso-90012008-0-2-abordagem-de- processo/ 6.2 – Vídeo - 7 a 10 min. 6.3 - Quiz Analise e responda: 11 Fonte: Adaptado de M. Paranhos Filho (2007), pg. 51. A figura acima apresenta os fluxos de processos que podem ocorrer dentro das empresas. Baseado no que já foi visto nos parágrafos anteriores, a principal mensagem desta ilustração é: I. Mostrar a importância do cliente em conhecer os fluxos de processo da empresa da qual pretende adquirir um produto; II. Definir que o centro da mudança organizacional está no foco da empresa; III. Mostrar que o macro fluxo de processo horizontal na ilustração representa a organização por processos; IV. Salientar que a estrutura funcional deve ser conduzidaatravés da integração entre cliente, departamentos e hierarquia vertical. Respostas possíveis: a) ( ) II e III estão corretas; b) ( ) Apenas a afirmativa II é correta; c) ( ) I e IV estão corretas; d) ( x ) Apenas a afirmativa III está correta; e) ( ) Apenas a alternativa II está correta. Comentário: O grande desafio para gestão das empresas está na dificuldade de romper barreiras entre um modelo tradicional de estrutura funcional (visão vertical da empresa) para um modelo de organização por processos (visão horizontal). 12 6.4 - Saiba mais - Curiosidade, vídeo do you tube, artigo, animação Assista ao vídeo do Prof. Rafael Paim referente a gestão por processos. Utilize a ilustração anterior (pirâmide com fluxos verticais e horizontais) como referência para entendimento do vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=IryUKhm4-bE 13 7. Visão Geral de Metodologias de Modelagem de Processos 7.1 - Descrição e contextualização A gestão por processo implica em ser conduzida e praticada por líderes da organização. A cultura organizacional se relaciona com os processos porque influencia e é influenciada pelo comportamento dos grupos da organização. Estes grupos, podem eventualmente, criar entraves para implementação de inovação nas organizações, como a cultura de gestão por processo, por exemplo. Portanto a participação da média e alta gerencia nas empresas é fundamental para criação de uma cultura organizacional suportada pela gestão por processos, que é um pressuposto básico para a modelagem. O Mapeamento de processos é uma ferramenta gerencial e de comunicação que tem por finalidade melhorar os processos existentes ou criar uma nova sistemática baseada em uma estrutura voltada para processos. 7.2 – O BPM (Business Process Management) Traduzindo para o português: “Gerenciamento de Processos de Negócio”, é “uma abordagem disciplinada para identificar, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar processos de negócios (sejam eles automatizados ou não) para alcançar resultados pretendidos, consistentes e alinhados com as metas estratégicas de uma organização”. Fonte: BPM CBOK v2, 2009, ABPMP Fonte: BPM CBOK v2, 2009, ABPMP 14 O BPM não é algo novo. Alguns conceitos surgiram da década de 90, como consequências de outros conceitos já aplicados na mesma época, tais quais a qualidade total (TQM), a reengenharia e outros programas de melhoria de processos. O quadro abaixo mostra um comparativo entre as três “ondas”, Fonte: adaptado de Smith e Fingar (2007) Vale salientar, que o foco do BPM não é apenas e tão somente automatizar processos através de ferramentas de software. Esta visão tem prejudicado de certa maneira alguns projetos de implantação de gestão por processos. A utilização de softwares deve ser utilizada a partir do momento em que se os processos estejam mapeados (“As-Is”, ou como está) e os objetivos estejam bem claros (“To Be”, ou como deve ser). O fato de adquirir um software de ERP (Enterprise Resource Planning) não irá resolver ou melhorar os processos internos de uma empresa. O foco deve ser a melhoria e transformação de processos de negócios para que as organizações possam alcançar os resultados esperados do negócio: aumento de produtividade, redução de burocracia, melhoria na rentabilidade, redução de defeitos e desperdícios, satisfação e fidelização de clientes. 15 8 Gestão por processos Gestão pode ser definida como uma “ação” ou “omissão” relativa á interferência humana nos processos de uma organização com vistas ao alcance de objetivos ainda não conquistados ou reversão de tendências negativas observadas por métricas previamente estabelecidas e disponíveis aos tomadores de decisão (Pavani; Scucuglia, 2011, p. 36). O exemplo a seguir, baseado no experimento do funil (Deming, A nova economia, 1977, p. 149), mostra como uma “ação” pode ser maléfica para os processos de uma organização. No experimento acima (“A”), um funil, disposto perpendicularmente a uma base é utilizado para direcionar bolinhas de gude em um suposto alvo. Nota-se que existe uma dispersão em relação ao alvo. Experimento “A” Experimento “B” 16 No experimento posterior (“B”) visto acima, a cada resultado indesejado há uma ação no sentido de corrigir o direcionamento do funil, que muitas vezes é o que as organizações têm realizado. Nota-se que a dispersão se tornou maior do que a do experimento “A”. Não se quer dizer com este experimento que não se deve fazer nada para melhorar os processos, porém é importante salientar que conhecer a natureza dos processos e as interferências entre eles é primordial na tomada de decisão. Neste caso específico deste experimento, talvez uma aproximação maior entre a extremidade do funil e o alvo poderia reduzir a dispersão. A decisão de tomar uma ação no contexto acima nos remete a alguns conceitos referentes a gestão: a) A ciência não cria as coisas e nem os objetos, pois estes já existem. A ciência procura conhecê- los e explicá-los e predizer seu comportamento. Baseia-se em teoria, leis, modelos, etc. b) A técnica é uma complementação da ciência, seu objetivo é manipular a realidade sem querer explicá-la ou mesmo entende-la, com regras, normas, procedimentos que retroalimentam a ciência. c) O objetivo da atitude artística se realiza de forma individual, pessoal, subjetiva e vivencial, para ser comunicada aos outros indivíduos sem rigor, sem imposição, com flexibilidade e estilo que cada indivíduo impõe, experiência de vida, emoção, espiritualismo, percepção e palpitação. Segundo Morin (2005), a experimentação científica constitui por si mesma uma técnica de manipulação e o desenvolvimento das ciências experimentais desenvolve os poderes manipuladores da ciência sobre as coisas físicas e os seres vivos. Portanto, a administração, embora possa ter resquícios de intuição (arte), ela deve ser considerada como “técnica / científica”, onde se inclui o mapeamento de processos, que é o tema de nossa disciplina. 8.1 - Visão Sistêmica Este é um termo utilizado constantemente nas literaturas de gestão e administração. O experimento anterior demonstra que uma visão sistêmica (onde se enxerga o processo como um todo, e não em etapas fragmentadas), poderia ajudar a reduzir a dispersão sobre o alvo. Conforme o FNQ 2010 (Fundação Nacional da Qualidade, 2010), pensamento sistêmico é definido como o entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização, bem como a organização e o ambiente externo. 17 Para o entendimento da Gestão por Processos, é imprescindível que se esteja receptivo a ampliar a visão dos sistemas organizacionais além dos limites pré-definidos. 8.2 – Texto de leitura obrigatória Artigo referente a aplicação do BPM em uma Instituição Pública https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/65643/000857914.pdf?sequence=1 8.3 – Vídeo – 7 a 10 min. 8.4 - Quiz Analise e responda: A) Nos parágrafos anteriores foi abordado que a administração, particularmente a parte de gestão, engloba aspectos científicos, técnicos e artísticos. Baseado nestes conceitos analise o caso abaixo: A seleção brasileira de futebol é penta campeã mundial. Em todas as copas conquistadas, sempre havia no time um jogador que fazia a diferença (Pelé em 1958, Pelé e Garrincha em 1962, Pelé em1970, Romário em 1994 e Ronaldo em 2002). Nestas conquistas, os recursos artísticos e desestruturados foram mais valorizados do que os recursos técnicos-científicos. Por outro lado, temos a seleção brasileira de vôlei que foi nove vezes campeã da Liga Mundial (1993, 2001, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010), duas vezes campeã olímpica (1992 e 2004) e três vezes campeã do mundo consecutivamente (2002, 2006 e 2010). Ao contrário da seleção de futebol, o pessoal do vôlei utiliza basicamente uma gestão técnico-científica. Conforme conceitos apresentados sobre as definições clássicas de gestão, descreva as principais diferenças dos exemplos acima e justifique qual é a melhor alternativa para uma administração de sucesso. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 18 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ B) Considerando o seguinte conceito existente no Business Process Modeling (BPM): "conjunto de atividades ou comportamentos executados por humanos ou máquinas para alcançar uma ou mais metas". Essas atividades e comportamentos são disparados por eventos específicos e compostos por várias tarefas ou atividades inter-relacionadas, que solucionam uma questão específica. Nesse caso, esse conceito, no BPM, refere-se ao termo: a) ( ) Mapeamento de Processos; b) ( ) Visão Sistêmica; c) ( x ) Processo; d) ( ) Modelagem; e) ( ) Modelo de Negócio. Comentário: algumas vezes ocorre uma mistura de conceitos referentes a processos e mapeamento de processos. Um conjunto de atividades e tarefas são elementos que compõem um processo e o mapeamento é uma ferramenta gerencial e de comunicação que proporcionará uma leitura da condição atual dos processos para que se possa propor as melhorias necessárias. 9 Síntese da Rota O objetivo desta rota de aprendizagem foi o de estabelecer a base para o entendimento pleno da gestão e mapeamento de processos. Por mais paradoxo que seja, enxergar os processos dentro de qualquer organização não é uma tarefa fácil, porém é a maneira mais eficaz de promover resultados mais alinhados com o cliente. A Gestão por Processos tem como um dos propósitos a quebra do paradigma da administração funcional, em que os interesses do processo sobrepujam aos interesses departamentais. Vale salientar também que os processos nas empresas não são apenas os processos em que se pode facilmente observar as entradas, saídas e o cliente final, que é o caso dos processos primários (produção e serviços). Em toda 19 organização existem os vários processos de suporte, que demandam muitos recursos e muitas vezes são improdutivos. Para que se possa entender como funcionam os processos nas empresas, a visão sistêmica é de relevante importância. O exemplo do experimento do funil tem como finalidade demonstrar que ações dispersas sem o conhecimento dos processos e suas interações (processos não mapeados) pode provocar colapsos dentro das empresas. Outro enfoque não menos importante, diz respeito aos tipos de conceitos de gestão, onde foi reforçado que a gestão, para ter uma administração eficaz, deve estar mais voltada para alternativa técnica-científica do que para a alternativa artística, que muitas vezes utiliza a intuição para tomada de decisões. O objetivo foi o de reforçar que a Gestão e Mapeamento de Processos deve ser entendido como uma técnica determinante para o sucesso das empresas. 10 Aplicação Prática Nesta rota deverá ser analisado um estudo de caso referente a aplicação dos conceitos previamente estudados. Após a análise, algumas atividades deverão ser realizadas conforme orientação abaixo. Após a realização das atividades, você receberá respostas prováveis elaboradas pelo professor. 10.1 Estudo de Caso Orientações a) Leia o estudo de caso atentamente b) Identifique no texto de aprendizagem conceitos que se associam ao texto proposto c) Realize as atividades conforme abaixo: 1) Com base no conceito de gestão por processos, identifique qual foram as estratégias realizadas para início do projeto. 2) A mudança de uma gestão com características departamentais para uma gestão por processos é uma quebra de paradigma. Dentro deste entendimento, que fator foi importante para disseminação desta mudança e como isto ocorreu na prática? 3) Dentro das organizações, a maioria das atividades tem um senso de urgência elevado, muitas vezes baseado na visão de cada departamento. Qual foi a saída encontrada pela Localiza para priorização dos projetos? 4) Apresente quais foram os principais efeitos do sucesso na implantação do modelo de gestão por processos na Localiza. 20 A Gestão por Processos na Localiza pelo olhar da alta administração Fonte: revista BPM em Foco – Elo Group – Ano 1 – Edição 3 Com 17 projetos de processos em andamento atualmente e oferendo suporte em outros 37 projetos internos, o Escritório de Processos da Localiza está com suas atividades a todo vapor. Isso é mais do que um orgulho para Alberto Campos, CIO da Localiza, e Andréa Miranda, Coordenadora do Escritório de Processos. Sobre a Localiza: Com quatro décadas de atuação no mercado, ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desde 2005, 4,7 milhões de clientes e 7.316 colaboradores, a Localiza é a maior rede de aluguel de carros da América do Sul: são 533 agências distribuídas em 370 cidades de nove países e uma frota de117.902 carros. Avaliada em 3,5 bilhões de dólares, a Localiza opera uma plataforma de negócios absolutamente sinérgicos: aluguel de carros (Localiza Rent a Car), franchising de aluguel de carros (Localiza Franchising), aluguel de frotas (Total Fleet) e uma rede de pontos de vendas de carros desativados da frota para consumidores finais (Seminovos Localiza). Para alcançarem este cenário favorável à gestão por processos na Localiza, o trabalho tem sido intenso nos últimos quatro anos. Em 2008, quando Alberto Campos apresentou a proposta do Escritório de Processos ao CEO da Localiza, ele sabia que apenas o seu background em processos não seria suficiente: ele precisava mostrar a importância e o valor da gestão de processos e como isso poderia melhorar os resultados da Localiza. O primeiro passo foi trabalhar, junto à Andréa Miranda, na escolha das ferramentas corretas para conseguir dar sustentação e representação gráfica á gestão por processos, principalmentepara sair do “tecniquês” e trazer o usuário muito mais próximo da execução dos processos. Eles encontraram nas ferramentas ágeis a oportunidade de concretizar essa necessidade e, dessa forma, foi possível iniciar 21 uma comunicação com as pessoas através dos processos representados graficamente. O segundo passo foi sensibilizar as pessoas da organização com relação aos conceitos de gestão por processos, buscando modificar a visão interna de desenvolvimento de sistemas para desenvolvimento de soluções. Eles sabiam que, para isso, precisavam de apoio das áreas da organização. Buscaram, então, a parceria dos Analistas de Processos de Negócios (APN) da Localiza. Os APN são pessoas que atuam diretamente nos processos de negócios, entendem da metodologia de processos e conseguem disseminá-las dentro das áreas, captam a demanda, conseguem enxerga-la mais no contexto da empresa e depois transformam isso em requisitos para desenvolvimento de sistemas. Esses analistas foram treinados e capacitados nas metodologias e ferramentas de análise de processos, e se tornaram um elo essencial do Escritório de Processos. O trabalho conjunto do Escritório de Processos com os APNs possibilitou identificar várias oportunidades para se trabalhar a otimização de processos e de sistemas, aumentando as demandas do escritório e fazendo-o crescer. Hoje, o Escritório de Processos da Localiza possui mais três analistas de Processos, Ana Karina Guimarães, Gisele Brandão e Thaise Caetano, trabalhando juntamente com a Andréa, disseminando ainda mais os conceitos da Gestão por Processos e contribuindo para a execução dos projetos de processos, sempre alinhado à estratégia da organização. Outro fator importantíssimo é com relação aos treinamentos: com os APNs foi possível levar o conceito da Gestão por Processos para dentro das áreas da Localiza, permitindo um maior treinamento das pessoas com relação à visão por processos e um suporte maior na execução dos projetos de processo. O Escritório de Processos sustenta um dos principais pilares da companhia: a busca pela excelência. A visão por processos está desdobrada desde a estratégia da organização: a alta administração define quais são as diretrizes estratégicas, as quais são compartilhadas entre as áreas da organização, através de planos de ação. É através desses planos que se iniciam os trabalhos do Escritório de Processos, que ajustam os planos de ação dentro da cadeia de valor da organização, determinando quais são as iniciativas, quais estratégias estão sendo alavancadas por essas iniciativas e priorizando aquelas que estão de acordo com as necessidades atuais da organização. A partir do desdobramento da estratégia para processos, estruturou-se um roadmap para a atuação do Escritório, bem como metas alinhadas entre os processos e a 22 estratégia da organização. Para a priorização dos projetos de processos, além dos critérios desdobrados do planejamento estratégico, existe uma análise mais criteriosa realizada entre Alberto Campos e Andréa Miranda. Para que seja priorizado, o projeto deve ter um benefício real, estar alinhado com o direcionamento estratégico da Localiza e não sofrer modificações nos 3-5 anos subsequentes. Isso permite direcionar os trabalhos para realmente focar nos projetos que trarão resultados positivos a longo prazo e tirar a visão de trabalhar processos apenas para “apagar incêndios”. No que tange a implantação do Roadmap, a empresa ainda está na metade do caminho, mas já foi possível mostrar para a alta administração a importância da Gestão por Processos nos resultados da empresa, principalmente pelo impacto positivo na lucratividade e na satisfação de seus clientes. Entre os principais exemplos de projetos de sucesso estão: a implantação de um CRM que permitiu melhorar o atendimento, a percepção e conhecimento dos clientes, em uma visão 360 graus; e a revisão do processo de Abertura de Agências e Filiais, que reduziu em 80% o tempo de abertura de agências, reduziu custos internos e definiu bem os papeis e responsabilidades no processo e a comunicação na organização (e sem necessidade de nenhuma automatização deste processo). Isso trouxe o reconhecimento da alta administração e visibilidade interna sobre a importância da Gestão por Processos, bem como iniciou uma mudança na visão departamental, muito comum nas organizações, para uma visão orientada por processos. E mais, faz com que o trabalho do escritório esteja sempre com o foco de melhorar os processos internos para atingir o cliente final, agregando valor para ele. Dessa forma, é possível fortalecer ainda mais o conceito de marca premium da Localiza, uma empresa focada no atendimento excepcional ao cliente. É fato que resultados positivos geram credibilidade, que gera oportunidades, que geram novos projetos, que gerarão novos resultados. É uma espiral ascendente que o Escritório de Processos tem trabalhado intensamente para conseguir expandir-se ainda mais. Vários são os desafios para o Escritório de Processos: a continuação deste Roadmap envolve uma dependência de tecnologia muito grande sendo necessário um cuidado maior na sua implantação, pois ainda não foi possível conseguir uma solução tecnológica completa, do jeito que é desejada. Atualmente, o escritório trabalha com um framework SPOC, que traz para o contexto de processos, sistemas que são muito verticalizados. Esse framework tem o conceito de centralizar tudo, todo o cockpit, todas as telas do usuário que, com três cliques, consegue verificar se ele atingiu o objetivo final ou não. Isso gerou vários benefícios: o usuário vê o processo, ele vê a instância em que está, quantas instâncias irá receber para trabalhar e quantas estão sendo geradas pela frente, resultando no conceito “push and pull” (empurra– puxa). Isso faz com que todos busquem a melhoria contínua, pois é fácil saber que existe um gargalo à frente, e que, para minimizar 23 a perda, é necessário rever o processo. Isso é trabalhado junto aos indicadores operacionais, que permitem ao usuário olhar o processo, a meta do indicador, se a meta está para ser alcançada ou não, e se não estiver, ele volta para o processo para verificar onde ele precisa melhorar para alcançar aquele indicador. É um desdobramento de toda a estratégia até a operação, mas 100% controlado por indicadores online. Para o futuro, o foco é obter um sistema que permita analisar e priorizar os processos de forma automática: é ter uma demanda da área usuária, pegar este processo, inserir em um simulador para ver o quanto custará o processo (seja em tempo, pessoas, custo, etc.) estimando-se a sua otimização e inserindo novamente no sistema para saber quanto irá custar. Espera-se, assim, fazer um comparativo com real entendimento do valor que eles agregarão para a empresa e aos clientes. Hoje, é possível fazer este estudo, mas acaba sendo uma especulação dos resultados, uma noção apenas, que muitas vezes pode não gerar os resultados que realmente eram esperados. Outro desafio também precisa ser vencido: o senso de urgência estabelecido pelas áreas demandantes de projetos de processos. Muito pela maturidade da organização, ainda com relação a processos, algumas áreas já apresentam uma abordagem de processos bastante desenvolvida internamente, outras ainda estão começando. O que acontece é que cada solicitação sempre vem com uma necessidade muito urgente, normalmente uma necessidade para se modificar um sistema e não com a visão de melhorar o processo como um todo. O escritório tem o enfoque de trabalhar melhor esse senso de urgência com as áreas demandantes, junto aos APNspara garantir que os projetos priorizados estejam realmente de acordo com o Roadmap estruturado, e, principalmente, para garantir que a empresa chegue a um nível de maturidade avançada de processos em todas as áreas da organização. É este cenário que a Localiza esperar estar nos próximos anos: uma organização estrategicamente orientada através de seus processos, maximizando seus resultados e a entrega de valor aos seus clientes. 10.2 Análise do Estudo de caso 1) Com base no conceito de gestão por processos, identifique qual foram as estratégias realizadas para início do projeto. Para início de projeto, o CIO da Localiza baseou-se em duas estratégias: 24 a) Utilizar ferramentas gráficas que facilitassem o entendimento da gestão por processos a todos os envolvidos. Esta ação facilitou a comunicação com as pessoas através de processos representados graficamente. b) Sensibilizar as pessoas da organização quanto ao conceito de gestão por processos, diferenciando em relação a condição atual (de uma visão de desenvolvimento de sistemas para uma visão de desenvolvimento de soluções). Para isto, buscaram apoio dos Analistas de Processos de Negócio. 2) A mudança de uma gestão com características departamentais para uma gestão por processos é uma quebra de paradigma. Dentro deste entendimento, que fator foi importante para disseminação desta mudança e como isto ocorreu na prática? O Fator importante refere-se ao treinamento em gestão por processos promovido pelos Analistas de Processos de Negócio (APN). Na prática, o que ocorreu foi que os conceitos foram levados para dentro da organização, o que proporcionou um suporte maior na execução dos projetos de processos. 3) Dentro das organizações, a maioria das atividades tem um senso de urgência elevado, muitas vezes baseado na visão de cada departamento. Qual foi a saída encontrada pela Localiza para priorização dos projetos? Hoje em dia é raro encontrar empresas onde não haja urgência nas atividades de implantação de projetos. Na implantação de um projeto de gestão por processos não é diferente. A saída utilizada pela Localiza para priorizar atividades, baseou-se em que as atividades consideradas urgentes deveriam estar alinhadas com o planejamento estratégico da empresa. 11 Referencial bibliográfico PAVANI JUNIOR, Orlando; SCUCUGLIA, Rafael; Mapeamento e Gestão por Processos – BPM. São Paulo: M.Books 2011. DEMING, W.E.; A Nova Economia. Rio de Janeiro: Qualitymark 1997. Fundação Nacional da Qualidade (novembro 2009). Pensamento Sistêmico. Revista Excelência em Gestão. PAIM, Rafael; CARDOSO, Vinicius; CAULLIRAUX, Heitor, CLEMENTE, Rafael; Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman 2009. 25 BPMN. Acesso em 14 de janeiro de 2015, disponível em www.abpmn.org Revista BPM em Foco – Elo Group – Ano 1 – Edição 3 disponível em: http://issuu.com/elo_group/docs/revista_bpmemfoco_3_876178abf8bed9/29?e= 10278579/6586424
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