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resumo de p. civil

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AÇÃO RESCISÓRIA
É um remédio jurídico utilizado para impugnar sentença transitada em julgado. É uma ação autônoma de impugnação de natureza constitutiva negativa quanto ao juiz rescindendo, com o objetivo de afastar a coisa julgada que tenha sido formada através de vícios gravíssimos de nulidades previsto em lei (rol taxativo) e se necessário rejulgar a lide.
O fato de afastar a coisa julgada pode levantar suspeitas se seria inconstitucional, mas essa polêmica é descaracterizada pois a coisa julgada que a constituição quer preservar é a aquela idônea, sem vício de nulidade, aferida em um processo regular, previstos no rol do art. 966. Portanto, preserva a coisa julgada interpretando o instituto à luz dos princípios da constituição (interpretação conforme).
Por outro lado, essa ação é uma medida excepcional, pois deve primar pela preservação da coisa julgada. E por apresentar um rol de nulidades taxativo possui um cabimento vinculado à lei, sendo uma medida restritiva. Assim, ainda que possa encontrar outros vícios gravíssimos que não estejam previstos no rol taxativo da lei (art. 966), não cabe ação rescisória.
O objeto da presente ação foi alterado com o novo CPC. No código de 1973 o objeto era a sentença de mérito apenas, já no CPC/2015 o legislador fez uma adequação da rescisória, das espécies de decisão que transitam em julgado. Saímos do objeto “sentença de mérito” para adotar a expressão “decisão de mérito transitada em julgado”, continuam incluídas as sentenças, mas acrescentou as interlocutórias parciais.
Em suma, o legislador traz o cabimento da rescisória decisão terminativa (sem resolução do mérito) com o objetivo de impedir a propositura de uma nova demanda e impedir a admissibilidade do recurso correspondente a essa ação. 
Sua natureza jurídica é de ação, é um meio impugnativo autônomo. E para tanto, a ação rescisória exige: provocação por meio de uma petição inicial e processo de conhecimento, o juiz desenvolve ação de natureza cognitiva para identificar o tipo de procedimento: comum ou processual. E assim, sendo procedimento comum transitará em julgado se for de mérito, passando pelas fases: postulatória, ordinatória, probatória, decisória e recursal.
A ação rescisória é uma ação de competência originária de tribunal, isto é, inicia junto aos tribunais. O Tribunal de segundo grau é competente para a rescisória quando o trânsito ali ocorrer. Se o trânsito ocorrer junto ao STJ a competência será do próprio STJ, CF 105 I, j + RI STJ 233 a 238. Se o trânsito ocorrer no STF será competente o STF, CF 102 I, e + RI STF 259 e 262.
Se o trânsito ocorrer em primeiro grau contra sentença num novo recurso quem vai rescindir no tribunal de primeiro grau. No NCPC, se a rescisória for endereçada ao Tribunal errado ela será encaminhada ao Tribunal correto. Intimado o autor para eventualmente emendar a inicial e se houver emenda ouve-se o réu – artigo 968, § 5º e 6º.
INDICAÇÃO DAS PARTES
Diante do desconhecimento das informações exigidas do réu, basta que o autor na PI requerer ao juiz diligencias necessárias ao juiz. Não é necessário que o autor prove as informações dos dados do réu.
Não será frustrado o direito de ação em ausência a esses requisitos do réu. O juiz vai diligenciar comunicando ao réu que passe as informações que faltaram.
Serão partes, na rescisória, aqueles que figuraram como partes na ação principal, ou seus sucessores, porém há detalhes. Também poderá ser parte: o MP, o 3º juridicamente interessado, ingressa como agente litisconsorcial.
LEGITIMIDADE
Previsto no artigo 967, § 4º, o NCPC confere legitimidade ao litisconsorte necessário para a propositura da rescisória.
Obs: o litisconsorte necessário implica na obrigatoriedade de ter mais de uma pessoa em um dos pólos. Sendo que a falta acarreta em nulidade.
CAUSA DE PEDIR
O autor deve narrar os fatos que revelam a prolação de uma sentença ou interlocutória parcial transitada com vício de rescisória. Portanto, é preciso indicar a decisão, a data do trânsito, e é preciso comprovar o vício.
Se não houver a indicação desses elementos a rescisória será julgada pela sua improcedência. Logo, na exposição do pedido é necessário que o autor exponha, requeira a rescisão da decisão (juízo rescindendo) e se for o caso cumular a essa pretensão o pedido rescisório.
Caso deduzida (o autor apresentando) apenas a pretensão rescindenda descontitutiva e o caso exigir, também, o rejulgamento da lide (pretensão rescisória), o Tribunal determinará a emenda da petição inicial.
PRAZO PARA A RESCISÓRIA
No código de 73 se materializa em uma condição histórica, portanto, estabelece um prazo de DOIS ANOS. No NCPC o prazo é de DOIS ANOS, baseado em duas hipóteses: o legislador é claro ao dizer que o prazo flui da última decisão, seja de mérito ou terminativa, que houve na ação principal no caso de dois pedidos cumulados, se um deles julgado no mérito restar irrecorrido no 16º dia do prazo certifica-se o trânsito. Aguarda-se o julgamento da última decisão. Não cabem rescisórias progressivas.
No processo civil não aceitamos a tese da coisa julgada parcial ou progressiva para fins de rescisória.
Sobre depósito prévio envolvido na Ação Rescisória: é um mecanismo pelo qual o autor demonstra sua boa-fé, visto que deposita 5% do valor da causa atualizado, que nada mais é do que a CAUÇÃO, que significa, garantia. Esse mecanismo é uma demonstração da litigância responsável por parte do autor.
Caso a rescisória seja julgada procedente, o dinheiro do depósito prévio voltará a compor o patrimônio do autor. Outrossim, se julgada improcedente, por unanimidade dos votos, essa caução se reverte para a outra parte, pois tem natureza jurídica de multa ao autor, sendo caracterizada como uma forma de punição pela irresponsabilidade do autor.
Por outro lado, existem hipóteses em que o depósito prévio é dispensado, estando previsto no art. 968, § 1º que são casos que envolvem a União, aos Estados, Municípios, DF, autarquias, Fundações de Direito Público e beneficiários da Gratuidade.
Muito embora nos tribunais tenhamos a atuação do colegiado (3 julgadores), é o relator que assume a função de juiz preparador/condutor do processo, ou seja, é ele que conduz a relação processual. Não há prolação de uma sentença e sim ACÓRDÃO (art. 970).
Interessante salientar que a Ação Rescisória pode ou não comportar dilação probatória: quando a matéria for só de direito ou de direito e de fato há julgamento antecipado, sem necessidade de produção de prova. Mas quando há tal necessidade, o relator determina a remessa dos autos ao órgão inferior (à origem) para que seja produzida a prova. Confeccionada a prova sob o crivo do contraditório (não é produção unilateral), retorna-se a prova ao tribunal para ele possa julgar.
Quanto ao efeito suspensivo na Ação rescisória, disposto no art. 969/NCPC, a rescisória não suspende a execução, ou seja, a produção de efeitos da decisão que se quer rescindir. Se a decisão já produziu efeitos e a rescisória for julgada procedente, ocorre tutela reparatória. Portanto, admite-se o requerimento do efeito suspensivo como espécie de tutela de urgência, porém na prática é difícil de obtê-lo.
 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO NCPC
É através dela que se consegue a produção da prova testemunhal, e também, pode ser através da audiência de instrução, que pode ocorrer a confissão. Além disso, ainda nesse tipo de audiência, a sentença pode ser proferida, buscando solucionar a lide.
De início, destaca-se que a previsão legal da audiência se encontra entre o art. 358 a 368 do NCPC. Trarei os artigos literalmente transcritos e, quando for necessário, farei ponderações sobre os mesmos.
Pois bem, iniciemos:
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela devam participar.
O pregão ocorre no momento em que as partes são chamadas para entrar na sala de audiência. As testemunhas não são apregoadas nesse momento.Apenas se não houver a conciliação é que será necessária a produção da prova testemunhal.
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.
No processo civil, a principal atividade do juiz é ainda a conciliação, buscando uma solução em que ambas as partes cheguem a um consenso e que tudo possa ser resolvido da melhor maneira possível, tanto é que, com o Novo CPC, tornou-se obrigatória a audiência de conciliação, porém existe muitas controvérsias sobre tal obrigatoriedade.
Essas controvérsias residem no entendimento de que, o autor da demanda pode optar por não querer a realização da audiência de conciliação, entretanto, alguns magistrados têm entendido que a realização dessa audiência prévia é necessária, e pedem que a inicial seja reformada pedindo a ocorrência da audiência de conciliação.
Saindo dessa polêmica, nada impede que em uma audiência de instrução as partes cheguem a um acordo e o mesmo seja homologado pelo magistrado.
Em relação ao lugar para sentar, o autor da demanda sempre se fará presente no lado direito do magistrado, esquerdo da mesa; e o réu sempre se fará presente no lado esquerdo do magistrado, direito da mesa.
Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:
I - manter a ordem e o decoro na audiência;
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente;
III - requisitar, quando necessário, força policial;
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo;
V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em audiência.
O poder de polícia que trata o referido artigo, é o mesmo do Direito Administrativo, em que o magistrado deverá conduzir a audiência com amplos poderes, realizando o que for necessário, fiscalizando e organizando o processo.
Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente:
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito;
Se o perito já apresentou por escrito a prova pericial, não há necessidade do comparecimento pelo mesmo na audiência.
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais;
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
Em resumo, quando houver perito, o mesmo deve ser ouvido por primeiro. Logo depois, há, por primeiro, o depoimento pessoal do autor e por segundo o do réu. Então, são ouvidas, primeiramente, as testemunhas arroladas pelo autor e logo a seguir, as testemunhas do réu.
Toda vez que alguma pergunta for feita, a mesma será direcionada ao magistrado, que então fará ao autor, réu e testemunhas. Caso o magistrado indefira alguma pergunta, pode é possível pedir que tal indeferimento conste em ata. O pedido para que conste em ata serve para, em eventual recurso, que a parte tente comprovar alguma irregularidade, como, por exemplo, cerceamento de defesa.
O advogado do autor não poderá fazer perguntas para o autor e o advogado do réu não poderá fazer perguntas para o réu quando houver o depoimento pessoal, uma vez que é o juiz que buscará o seu próprio convencimento. Porém, quando forem ouvidas as testemunhas, ambos os advogados podem fazer perguntas para todas as testemunhas, ou seja, o advogado do autor pode inquirir as testemunhas da parte contrária e vice-versa.
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
I - por convenção das partes;
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.
Caso passem 30 (trinta) minutos e o magistrado não tenha iniciado a audiência, devido à fato não justificado, a mesma poderá ser adiada. Destaca-se que atraso em pauta não é justificativa para adiar audiência.
§ 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
Esse impedimento se refere quando uma das partes não tem como comparecer, entretanto, não é qualquer compromisso do autor ou réu que viabiliza o adiamento da audiência. Para ocorrer o adiamento é necessário que uma das partes não tenha como se locomover até o local. Ex: uma das partes está doente no hospital, e acabou de fazer uma cirurgia. Essa comprovação de não comparecimento deve ser feita até a abertura da audiência e se não a for, infelizmente, o juiz é obrigado a julgar o processo.
§ 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Ministério Público.
Se o advogado não compareceu, seu cliente não tem como produzir provas.
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Art. 363. Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da nova designação.
Em caso de adiamento, consideram-se intimados os advogados das partes, sendo desnecessário a intimação por outro meio.
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
Dentro da audiência, esse ato realizado recebe o nome de RAZÕES FINAIS ou ALEGAÇÕES FINAIS, e como disposto no próprio artigo, cada advogado terá 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos, a critério do magistrado.
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo continuará sendo de, no máximo, 30 minutos, e o mesmo pode ser dividido anteriormente entre os advogados, ou caso não seja, será dividido igualmente entre os que estiverem no mesmo polo da ação.
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.
Como já foi dito, quando o juiz negar uma pergunta que o advogado ache pertinente, deve pedir para registrar em ata tal pergunta e que o magistrado a indeferiu. Caso o juiz não deixa registrar em ata, nas alegações finais o advogado deve fazer o registro de tal pergunta e seu consequente indeferimento, uma vez que se não for feita nesse momento, haverá a preclusão e nada poderá ser arguido em sede de eventual recurso.
O debate oral serve para analisar uma prova mais complexa, de difícil entendimento, ou seja, dentro da audiência pode haver a acareação de testemunhas para buscar a solução do litígio caso o mesmo se apresente laborioso.
As razões finais/alegações finais em forma escrita são necessárias quando a ação for de difícil resolução, quando houver necessidade dos advogados, aos requererem seus últimos pedidos, serem obrigados a olhar de forma atenta e minuciosa os detalhes, sendo impossível fazê-la logo no momento da audiência. Quando as razões finais/alegações finais forem transcritas e juntadas posteriormente à audiência, recebem o nome de MEMORIAL.
Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na ausênciade perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes.
Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta preferencial.
Esse artigo tem relação com o horário de execução de atos processuais, e devem estar entre às 6 horas até às 20 horas (determinado pelo Tribunal de Justiça quais serão os horários utilizados), e em ações que seja possível o fracionamento do ato, sem que traga prejuízo ao processo, a mesma é permitida.
Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.
Em casos mais simples ou que demandem uma solução rápida do litígio, a sentença já é proferida em audiência, porém, em casos mais complexos, há a necessidade de análise do magistrado para uma decisão mais equânime e que siga os preceitos legais.
Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.
Nesse termo haverá um resumo de tudo o que ocorreu na audiência, e é nele que constará qualquer eventual indeferimento de perguntas feita pelos advogados. O que for registrado nesse termo, também poderá servir como base para eventuais recursos.
§ 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume próprio.
§ 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes.
Em regra, as partes não são obrigadas a rubricar o termo de audiência, exceto quando os advogados não tiverem poderes para tal, naquele momento. 
(§ 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cópia autêntica do termo de audiência.
§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto neste Código, em legislação específica e nas normas internas dos tribunais.
§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica.
§ 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser realizada diretamente por qualquer das partes, independentemente de autorização judicial.
Em caso de na audiência, não houve tecnologia suficiente no momento de sua realização, é permitido que o próprio advogado grave a audiência. Além disso, mesmo que exista aparelhagem e tecnologia suficiente, ainda sim, é possível que, se o advogado deseje, grave com seu próprio dispositivo, o ocorrido na audiência. Na prática, esse último ato dificilmente acontece.
Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções legais.
ÔNUS DA PROVA
O novo CPC[1] manteve essa distribuição do ônus probatório entre autor e réu, mas reconheceu a aplicação da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, a qual permite impor esse encargo a quem tem melhores condições de produzi-la, ou seja, a obrigação probatória de uma das partes poderá ser transferida à outra, levando em consideração as condições concretas do processo judicial.
A inversão do ônus de prova por determinação judicial não é propriamente uma novidade, uma vez que o inciso VIII do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor já a admitia nos casos de hipossuficiência do consumidor. Em outros dispositivos do CDC, a exemplo dos parágrafos 3ºs, respectivamente, dos artigos 12 e 14, também há a previsão de inversão probatória, independentemente de autorização judicial, estabelecendo que os fabricantes, os construtores, os produtores, os importadores e os fornecedores de serviços somente não serão responsabilizados se comprovarem que os defeitos inexistem ou que os produtos não foram colocados no mercado, ou que houve culpa exclusiva dos consumidores ou de terceiros. Contudo, essas previsões de inversão do ônus probatório são em benefício restrito aos consumidores e com distinção dos requisitos estabelecidos no CPC/1973 e no novo CPC.
Segundo a sistemática processual vigente, se o Juiz identificar que uma das partes tem mais facilidade de produzir determinada prova, poderá dinamizar o ônus probatório, fundamentando a decisão e respeitando a regra de procedimento, de forma a garantir à parte a oportunidade de afastar o ônus que lhe foi atribuído. Vale lembrar que a desincumbência do encargo probatório para uma parte não poderá gerar para a outra ônus impossível ou excessivamente difícil (§ 2º do art. 373 do novo CPC).
A dinamização apenas se dará em hipóteses excepcionais, quando se verificar a existência de uma prova diabólica, prova impossível ou difícil de ser realizada para uma das partes envolvidas no processo, aliada a uma facilidade na produção da contraprova pela outra parte adversa. Por isso cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que versa sobre redistribuição do ônus da prova (Inciso XI do artigo 1.015 do novo CPC).
O momento adequado para a análise e distribuição do ônus da prova se estabelece no saneamento e organização do processo. Quanto a esse ponto, o novo CPC encampou o entendimento consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que a modificação dos ônus probatórios é regra de procedimento (instrução), e não de julgamento. Isso significa dizer que a redistribuição deverá acontecer preferencialmente antes da instrução processual e necessariamente antes da sentença. Afinal, a parte não deve ser surpreendida com um julgamento desfavorável, sem a oportunidade de se desincumbir de um ônus probatório que, a princípio, não lhe cabia.
Observe-se que o novo CPC preserva o direito da parte de não produzir prova contra si própria no âmbito do processo judicial. Ocorre que o dispositivo do artigo 379 do novo CPC não deve ser interpretado no sentido de que a parte estaria dispensada de produzir provas que possam levar a um resultado desfavorável à sua pretensão, sendo apenas uma “garantia de não autoincriminação, ou seja, que justifica a recusa da colaboração da parte, quando a prova, para cuja produção é necessária sua participação, puder expô-la à persecução penal (art. 5º, LXIII, da CF/1988)”.
A distribuição diversa do ônus da prova também poderá se dar por convenção das partes, antes ou durante o processo judicial, exceto em hipóteses específicas apontadas na Lei Processual, como recair sobre direito indisponível da parte ou tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (§3º e §4 do art. 373, art. 190 do novo CPC).  O novo CPC consagrou, portanto, hipótese específica de negócio jurídico processual em matéria de prova, autorizando às partes a estipulação sobre a distribuição do ônus da prova, matéria que encontrava  expressa vedação no CPC/1973 (parágrafo único do art. 333).
Esperamos que a dinamização do ônus da prova abraçada pelo novo CPC permita um processo mais justo, na medida em que a busca da verdade poderá ser mais eficiente para as Partes, sendo utilizada de maneira subsidiária à distribuição estabelecida a priori para autor e réu.
 Art. 373.  O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Comentários ao novo Código de Processo Civil / Coordenação Antonio do Passo Cabral, Ronaldo Cremer – Rio de Janeiro : Forense, 2015. p. 579.
 Art. 357.  Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
Comentários ao Código de Processo Civil / Organizadores Lenio Luiz Streck, Dierle Nunes, Leonardo Carneiro da Cunha; Coordenador Executivo Alexandre Freire – São Paulo: Saraiva, 2016, p. 528.
 Enunciado 302 do FPPC: (arts. 373, §§1º e 2º, e 15). Aplica-se o art. 373, §§1º e 2º, ao processo do trabalho, autorizando a distribuição dinâmica do ônus da prova diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade da parte de cumprir o seu encargo probatório, ou, ainda, à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. O juiz poderá, assim, atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que de forma fundamentada, preferencialmente antes da instrução e necessariamente antes da sentença, permitindo à parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. (Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho)
 Novo CPC Urgente / supervisão e colaboração Luiz Rodrigues Wambier e Outros – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. P. 340/341.
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Prestigiando o princípio da oralidade, o novo Código de Processo Civil regulamenta, no artigo 334, a chamada audiência de conciliação ou de mediação.
Recebida para processamento a petição inicial, desde que o objeto do processo admita autocomposição, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação, num interregno não inferior a 30 dias, providenciando-se a citação do réu ao menos com 20 dias de antecedência.
Optou o legislador pela conciliação ou mediação incidental, a ser feita antes mesmo da oferta de resposta pelo réu.
A mediação constitui um mecanismo de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, fomenta o diálogo entre as partes, para que elas próprias construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o problema. Geralmente, é ela recomendada para litígios mais complexos, que envolvam várias questões entre as partes.
A conciliação, por sua vez, é um meio empregado em conflitos mais singelos e menos abrangentes, no qual o terceiro normalmente se porta de foram mais ativa, embora sempre neutra e imparcial. Normalmente, é um procedimento consensual mais breve, que trabalha alvitrando efetiva harmonia entre os litigantes.
Tenha-se presente que essas duas técnicas de persuasão são pautadas pelos princípios da informalidade, celeridade, simplicidade, economia, oralidade e flexibilização procedimental.
Independentemente da predisposição do autor pela audiência de conciliação ou de mediação, previamente manifestada na petição inicial, caberá sempre ao juiz avaliar, diante dos horizontes do litígio, qual o melhor caminho a seguir em busca de um desfecho consensual: conciliação ou mediação.
Cumpre esclarecer, outrossim, que é muito amplo e abrangente o dispositivo legal em apreço, porque dificilmente a relação litigiosa não é passível de transação entre as partes. Admitir autocomposição significa que mesmo no campo dos direitos irrenunciáveis e intransmissíveis — como os da personalidade, ou, ainda, aqueles das relações de família, como o direito aos alimentos, à guarda dos filhos menores — é possível se chegar a uma composição amigável.
É exatamente por essa razão que o novo artigo 694, encartado no capítulo dedicado às “ações de família”, preceitua que: “Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxilio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação”.
A consensualidade também não é estranha aos litígios — e são muitos — que envolvem os órgãos públicos. A despeito destes estarem subordinados ao princípio da legalidade, tratando-se de interesses públicos secundários, não se entrevê qualquer óbice legal à celebração de acordos entre as partes quando uma delas for, por exemplo, a Fazenda Pública.
Na verdade, hoje em dia, com muita frequência, por exemplo, em matéria de meio ambiente e de consumidor, o Ministério Público dispõe de poderes e de meios para, na esfera de ações civis públicas, proceder a negociações, que culminam com a lavratura de termos de ajustamento de conduta, sempre salvaguardando o interesse coletivo, seja para protegê-lo preventivamente, seja para recompor danos já efetivados.
Contudo, em determinados casos, quando o legislador entende que é preciso intervir, para vetar qualquer espécie de acordo, cuida de fazê-lo expressamente em texto legal, como, por exemplo, infere-se do artigo 17, parágrafo 1º, da Lei 8.429/92, no campo das ações de improbidade administrativa, que tem a seguinte redação: “A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput”.
Assim, em caráter excepcional, quando o objeto litigioso não comportar autocomposição, a teor do artigo 334, inciso II, não terá sentido algum designar-se audiência de conciliação ou de mediação.
Viabilizando-se, pelo contrário, a realização de tal ato processual, será ele agendado com observância dos prazos legais estabelecidos no caput do artigo 334, sendo dever do juiz zelar para que a pauta das respectivas audiências seja escalonada, de sorte a resguardar um intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma e a abertura daquela subsequente.
O parágrafo 12 do artigo 334 revela, à evidência, respeito às partes e aos seus procuradores, uma vez que, na praxe forense, várias audiências são marcadas para um mesmo horário, ficando, pois, comprometida a tarde toda dos mencionados protagonistas do processo, que permanecem nas dependências do fórum horas a fio, aguardando o pregão para o início da audiência que lhes interessa.
Note-se que a intimação do autor será efetivada na pessoa de seu advogado (parágrafo 3º).
O conciliador ou o mediador, desde que a comarca tenha profissionais credenciados para exercer essas importantes funções, deverá participar necessariamente da audiência, norteando-se sempre pelo seu mister e pelos limites legais que lhe são impostos (parágrafo 1º). Os mediadores e conciliadores devem, pois, atuar em consonância com os princípios fundamentais, traçados pela Resolução 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça, ou seja, pela confidencialidade, informação, competência, imparcialidade, independência, autonomia e respeito à ordem pública.
Nada impede que a audiência de conciliação ou de mediação possa se desenrolar por mais de uma sessão, necessária para a composição das partes, mas desde que não ultrapasse dois meses da data da primeira sessão (parágrafo 2º).
As partes devem estar acompanhadas de seus respectivos advogados ou por defensores públicos (parágrafo 9º).
Aos litigantes é assegurado, pelo parágrafo 10 do artigo 334, a constituição de representante, por meio de procuração que lhe outorgue poderes específicos, para interagir na negociação e, inclusive, chegar à transação. Imagine-se, por exemplo, uma demanda entre um particular e uma corretora de valores mobiliários, que verse sobre compra e venda de ações no mercado de capitais. Muitas vezes, somente quem possui expertise acerca das peculiaridades e do costume nesse ramo de negócios é que disporá de melhores condições paradiscutir a matéria com os representantes da corretora ré.   
Avançando para a modernidade, o novo Código de Processo Civil, no artigo 334, parágrafo 7º, permite que a audiência seja feita por meio eletrônico, por certo, quando for justificável e haja disponibilidade técnica no juízo.
Alcançando as partes mútuo consenso, cujos limites poderão ser mais amplos — subjetiva e objetivamente — do que o objeto litigioso originariamente desenhado na petição inicial, nenhuma outra providência será exigida.
Como já ocorria sob a égide do código revogado (artigo 475-N, inciso III), o atual parágrafo 2º do artigo 515 admite que a autocomposição judicial abranja terceiros e matéria não deduzida pelo autor. É evidente que, para atingir a finalidade pretendida pelos transatores, vale dizer, plena eficácia, o terceiro (por exemplo, fiador) deve participar do acordo, manifestando expressamente a sua vontade, até mesmo por meio de procurador.   
Resultando, pois, frutífera a conciliação ou a mediação, o juiz deverá então proferir sentença com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso III, letra “b”, do Código de Processo Civil.
A auto composição da lide, obtida por meio de conciliação ou de mediação, reclama assim, segundo dispõe o artigo 334, parágrafo 11, necessária homologação por sentença do respectivo termo de transação (que também pode ser materializada em petição conjunta). Tal ato decisório consubstancia-se em título executivo judicial (artigo 515, inciso II).
Feita a audiência, mas não se verificando qualquer entendimento entre as partes, ainda que parcial, a audiência será encerrada.
A partir dessa data, segundo a regra do artigo 335, inciso I, inicia-se o prazo de 15 dias para o réu oferecer contestação.
Além da hipótese anteriormente aludida, qual seja, a de que não se designa audiência de conciliação ou de mediação quando o objeto da causa não o permitir, igualmente, também restará frustrada a realização desse ato quando:
a) ambas as partes manifestarem, de modo expresso, desinteresse pela sua realização (parágrafo 4º, I); e
b) havendo litisconsórcio ativo e/ou passivo, o desinteresse venha anunciado, igualmente de forma expressa, por todos os litisconsortes (parágrafo 6º).
Observe-se que o autor, desde logo, já na petição inicial, ex vi do disposto no artigo 319, inciso VII, c.c. artigo 334, parágrafo 5º, do Código de Processo Civil, tem o ônus de manifestar o seu interesse ou desinteresse pela audiência.
O requerido, a seu turno, deverá fazê-lo, por meio de petição, oferecida, no máximo, com 10 dias de antecedência da data designada para a audiência.
Traduzindo a inegável importância que o novo Código de Processo Civil atribui aos meios consensuais de resolução dos conflitos, o não comparecimento da parte à audiência de conciliação ou de mediação constitui, a teor do parágrafo 8º do artigo 334, “ato atentatório à dignidade da justiça”. E isso ocorrerá, dentro do espírito da lei, mesmo que o seu respectivo advogado e representante compareçam, dispondo de poderes específicos para transigir.  
Configurado, portanto, como desrespeito à jurisdição, será cominada multa ao ausente de até 2% da vantagem econômica visada pelo autor ou do valor da causa, a critério do juiz, cujo montante será revertido em benefício da União ou do estado, dependendo da jurisdição que tenha curso o processo.
Tão grave se apresenta a sanção nessa hipótese que seria de todo prudente advertir as partes, seja ao ensejo da intimação do autor, seja na citação do réu, no sentido de que a sua ausência desmotivada à audiência de conciliação ou de mediação lhe acarretará sérias consequências.
Seja como for, frustrada a audiência pelo não comparecimento justificado ou injustificado de uma das partes, o prazo para o réu apresentar contestação inicia-se da data desse ato processual, ainda que não realizado (artigo 335, inciso I).
COISA JULGADA
Aspectos Gerais
A Coisa Julgada pode ser entendida como uma garantia constitucional, contida no artigo 5º, XXXVI da Constituição Federal, que ao revestir uma decisão de mérito, esta torna-se imutável, não podendo mais ser discutida seja por meio de um recurso ordinário tal como a Apelação ou por um recurso extremo tais como os Recursos Especial e Extraordinário.
Assim, pode-se afirmar que  a coisa julgada atua como expressão do princípio da segurança jurídica, um dos pilares do Estado de Direito, eis que proporciona a efetivação da imutabilidade e indiscutibilidade do conteúdo contido em decisão de mérito.
No CPC/2015 houve o aprimoramento de tal garantia, a partir do momento em que seu Artigo 502 fala define a coisa julgada material como a autoridade que torna indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso, abandonando a expressão utilizada pelo CPC/1973, que fazia menção à coisa julgada como eficácia da sentença.
Assim, infere-se que, ao desvincular a ideia de coisa julga de eficácia de sentença, há a possibilidade de que decisões interlocutórias possam adquirir a autoridade de coisa julgada, como é verificado na decisão parcial de mérito, prevista no artigo 356 do NCPC, onde Transitando em julgado essa decisão interlocutória, ela terá eficácia definitiva nos termos do parágrafo 3º do artigo 356 do NCPC. Logo, Em coerência com tais regras, atribui-se à interlocutória de mérito transitada em julgado a autoridade de coisa julgada: o artigo 502 alude genericamente a “decisão de mérito”, em vez de “sentença”.
Pontua-se, ainda que enquanto pender ou ainda couber qualquer recurso ou reexame necessário contra a decisão, não há seu trânsito em julgado nem, consequentemente, coisa julgada.
A coisa julgada não se confunde com os efeitos sentenciais. Ela confere imutabilidade ao comando do qual se extraem os efeitos da sentença. Portanto, é um plus em relação aos efeitos, conferindo-lhes estabilidade. Além disso, A coisa julgada não imutabiliza os efeitos da sentença, mas apenas o comando sentencial de que eles provêm, pois se a relação jurídico-material for disponível, as partes, mesmo depois do trânsito em julgado, podem desconsiderar, modificar ou extinguir os efeitos da sentença, não se permitindo, entretanto, é que o Poder Judiciário emita nova sentença entre as mesmas partes e sobre o mesmo objeto.
2.Espécies de Coisa Julgada
São duas as espécies de Coisa Julgada: Formal e Material.
Contudo, vale lembrar que a coisa julgada consiste sempre na imutabilidade e indiscutibilidade do comando da decisão sobre o qual ela recai. O atributo de formal ou material é do comando, e não da coisa julgada.
Por comando formal, entende-se como aquele que se limita a encerrar o processo (ou sua fase cognitiva), ao passo que comando material é o que repercute sobre a esfera jurídico-substancial dos jurisdicionados (condenando, declarando, constituindo, mandando...).
Deste modo, por Coisa Julgada Formal consiste na proibição de reabertura e redecisão de um processo já encerrado (ou da fase cognitiva processual já encerrada), de forma que, toda sentença, seja de mérito ou não, faz coisa julgada formal, pois sempre veicula comando que encerra o processo como um todo ou sua fase cognitiva, nos termos do parágrafo 2º do artigo 203 do NCPC.
Por sua vez, a coisa julgada que recai sobre o comando material, ou simplesmente Coisa Julgada Material, proíbe que, mesmo em outro processo entre as mesmas partes, ele seja revisto. Por isso, é comum dizer-se que apenas as sentenças de mérito fazem coisa julgada material.
Ainda, destaca-se que a Coisa Julgada Material é incompatível com a cognição superficial de mérito. A decisão proferida nessas condições não se perpetua, sendo tão apenas provisória. Como exemplo de decisões que não fazem Coisa Julgada Material estão a tutela antecipada concedida em caráter antecedente, mesmo quando estabilizada por falta de impugnação recursal do réu e a decisão concessiva de mandado monitório não embargada. Tal incompatibilidade também é expressa pelo parágrafo 2º do artigo 503 do NCPC.
Limites da Coisa Julgada
Os limites da Coisa Julgada podem seranalisados levando em conta 3 aspectos: os limites territoriais, objetivos e subjetivos.
Limite Territorial
O limite territorial da coisa julgada está contido no artigo 16 do NCPC ao definir que a jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território Nacional.
Logo, a coisa julgada decorrente do julgamento de determinado caso concreto existe, é válida e eficaz em todo o território brasileiro.
Por sua vez, a coisa julgada estrangeira somente terá implicações sobre o sistema jurídico nacional após a homologação da sentença produzida em outro país pelo STJ.
Já a coisa julgada internacional relaciona-se a decisões oriundas de cortes internacionais, e a sua eficácia no Brasil dependerá tão somente da adesão de nosso país a tratados ou convenções internacionais, sendo que diferentemente da sentença estrangeira, não precisará passar pelo procedimento de homologação.
Limite Objetivo
Os limites objetivos da coisa julgada são definidos, de regra, pelo dispositivo da sentença, não se estendendo aos motivos (ainda que importantes determinar o alcance da parte dispositiva da sentença) e a verdade dos fatos estabelecida como fundamento da decisão, ou seja, a coisa julgada atinge apenas as questões decididas em caráter principal, como dispositivo da sentença, e não a motivação sentencial, ainda que importante para determinar o alcance de sua parte dispositiva, por força do que dispõe o artigo 504 do NCPC. Além disso, a coisa julgada não atingirá também verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
O artigo 503, caput, traz que a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida, ou seja, nos termos do artigo 5º, inc. XXXVI da Constituição Federal, uma vez constituída a Coisa Julgada, nem mesmo uma lei poderá desconstituí-la.
            3.2.2. Questão Prejudicial e Limite Objetivo da Coisa Julgada
O artigo 503, em seu parágrafo 1º, traz que a Coisa Julgada poderá atingir às questões prejudiciais incidentes no processo, ou seja, as questões atinentes à existência, inexistência ou modo de ser de uma relação ou situação jurídica que, embora sem constituir propriamente o objeto da pretensão formulada (mérito da causa), são relevantes para a solução desse mérito.
A Coisa Julgada incidirá sobre tais questões já decididas expressa e incidentemente no processo, contanto que:
Dessa resolução depender o julgamento do mérito;
A seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
O juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
Assim, em contraste com o CPC/1973, ao prever tais hipóteses, o CPC/2015 não prevê mais, como figura geral, a ação declaratória incidental para a solução de questões prejudiciais, havendo hipótese dessa ação prevista especificamente para a declaração de falsidade de documento.
Deste modo conclui-se que a grande novidade do CPC/2015 nesta seara não está em estender-se a coisa julgada à fundamentação, mas sim em dispensar-se a ação declaratória incidental para que o juiz possa proferir comando sobre a questão prejudicial.
Todavia, ainda no que diz respeito à questão prejudicial, o parágrafo 2º do artigo 503 do NCPC, traz que tais hipóteses somente poderão ocorrer caso no processo não haja restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
Limite Subjetivo
Por limite subjetivo entende-se por quais pessoas estarão vinculadas à coisa julgada formada, não podendo mais discuti-la.
Pela regra contida no artigo 506 do NCPC, a coisa julgada só opera perante as partes do processo em que ela se estabeleceu, sendo assim uma imposição das garantias do acesso à justiça, devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
Porém tal limitação não impede que os efeitos da decisão de mérito atinjam Terceiros, que poderão atingidos pelos efeitos sentenciais na proporção em que se relacionem com o objeto do litígio, podendo ter benefícios ou desvantagens, mas não ficarão impedidos de discutir em demanda própria aquele mesmo objeto processual, na medida em que detenham legitimidade e interesse para tanto, tais como os terceiros intervenientes, terceiros titulares de direitos comuns ou de direitos ou ações concorrentes e do substituto processual.
Eficácia Preclusiva da Coisa Julgada
Por preclusão entende-se pela perda de uma faculdade ou poder processual no curso do processo, que pode ser ocasionada:
pelo decurso do prazo, ou pela passagem da fase processual, para exercício do poder ou faculdade (preclusão temporal);
pelo anterior exercício do poder ou faculdade (preclusão consumativa);
pela prática de ato logicamente incompatível com o exercício do poder ou faculdade (preclusão lógica).
Assim, o artigo 507 do NCPC disciplina que é vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
Além disso, o NCPC traz em seu artigo 505 que os poderes do juiz também estão sujeitos à preclusão, onde o magistrado mão poderá decidir novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo se tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença ou nos demais casos previstos em lei como o juízo de retratação em apelação em agravo de instrumento em agravo interno e em julgamentos dos tribunais, a possibilidade de correção de erros materiais, a possibilidade de eliminação de omissões, contradições e obscuridades mediante embargos declaratórios, dentre outros exemplos.
Vale pontuar que as faculdades das partes podem submeter-se às três modalidades de preclusão anteriormente referidas. Os poderes do juiz, em regra, submetem-se apenas à preclusão consumativa.
Assim, em todos os casos em que é dado ao juiz redecidir a questão no curso do processo, não incide a regra do artigo. 507 hipóteses em que se permite às partes pleitear ao juiz tal redecisão.
Por fim, o artigo 508 do NCPC traz que transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. Ou seja, tal regra proíbe que a parte invoque alegações que poderia oportunamente ter feito e não fez como uma saída para desconsiderar a coisa julgada, já que esta traz consigo o veto à apresentação tardia de argumentos que teriam sido relevantes se oportunamente apresentados.
5.Coisa Julgada e Negócio Jurídico Processual
A coisa julgada está fora do âmbito de disponibilidade das partes. Mesmo que o réu não argua sua existência, cumpre ao juiz conhecê-la de ofício. Por isso, não é possível um negócio jurídico processual que elimine a coisa julgada ou lhe diminua o alcance. Mas, observados os requisitos do art. 190 do CPC, as partes podem convencionar a obrigação de não rediscutir pronunciamentos e questões que não estão abrangidos pela coisa julgada.

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