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O sistema feudal

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O SISTEMA FEUDAL 
I – Conceituação
II – Características e Dinâmica de Funcionamento
III – Condições e natureza de seu declínio e substituição
I – CONCEITUAÇÃO
O conceito que estrutura o sistema feudal é o de feudalismo
Feudalismo – termo complexo imprecisões conceituais, cronológicas e factuais
Visão enraizada: economia rural, estática e involutiva.
Concepção de um sistema deficiente
Origem: filósofos e autores do final do século XVIII;
Gibson, Voltaire e Adam Smith – enfatizaram seu aspecto atrasado e estático
Origens dessas construções: a exigência da elaboração de argumentos para validar as prerrogativas do Liberalismo nos principais centros econômicos capitalista da Europa
Criação representacional que indicasse as benesses do Liberalismo e as idéias de valorização do mercado subjacentes a essa doutrina 
A luta da burguesia contra a anarquia do sistema feudal , reafirmando o papel dessa classe como o principal motor da civilização;
Discurso de remoção dos entraves a expansão da economia de mercado e do estabelecimento de instituições liberais.
Na análise das relações econômica feudais, conotações políticas coevas 
 No contexto revolucionário, essa elaboração teve uma função ao instrumentalizar a crítica aos entraves feudais, incrustados nas estruturas sociais.
França: conversão dos domínios aristocráticos em propriedade. 
1784: abolição dos direitos feudais
Qual o sentido da ação dos liberais na construção de um conceito sobre o feudalismo?
Derrubar os elementos ainda ativos de um sistema produtivo fundado sob a dominação e a exploração de massas rurais presas a terra por uma aristocracia hereditária,
 estrutura econômica que reservava ao comércio uma posição lateral e subordinada, inviabilizando qualquer mercado que não fosse setorial e fortemente controlado.
Obstáculo ao pleno desenvolvimento do liberalismo 
Ideólogos da burguesia
Destruição dos entraves econômicos feudais não só na prática com a Revolução mas também no campo das representações.
Esforço para que a lógica de mercado se impusesse no lugar da lógica do dominium (homens e terras). (A. Guerreau)
Século XIX: feudalismo designando o sistema econômico durante a Idade Média;
Karl Marx: proposta de interpretação que avançou os limites cronológicos ao utilizar o materialismo histórico como explicação sistêmica;
Século XX: afirmação de uma corrente marxista, que criticava a concepção jurista que dominava nas definições sobre o feudalismo. Contribuiu para aprofundar a tese de que a determinância do sistema está na exploração do campesinato e, portanto, nas relações entre senhores e camponeses ou dominantes e dominados;
Feudalismo: termo que carece de ser restituído ao quadro conceitual no qual aparece e ao campo cronológico que lhe é correspondente.
Devido à multiplicidade de suas manifestações, à diversidade cronológica de sua implantação, feudalismo diz mais respeito a um modelo teórico do que uma realidade identificável de maneira inequívoca;
Do conceito ao processo 
“Feudalidades”
Válido pensar que o feudalismo esteve limitado ao território da Europa Ocidental as regiões que no período entre finais do século IX e finais do XIII, local onde populações implantaram estruturas institucionais e de exploração específicas;
Importante perseguir modelos e generalizações, definições sistêmicas e nesse sentido, convencionou-se tomar como padrão o desenvolvida no norte da região galo-germânica, entre os rios Loire e Reno, entendido como o coração do processo que deu origem à experiência histórica que identifica-se de forma genérica como Feudalismo 
Esclarecimentos fundamentais:
Base material do sistema não é o feudo, mas o benefício (que pode ser domínio fundiário conhecido como senhorio)
O papel das relações feudo-vassálicas 
Na confluência dos dois elementos, conduz a aproximação de um conceito constitutivo do feudalismo: exploração econômica com autoridade política;
II - CARACTERÍSTICAS E DINÂMICA 
DE FUNCIONAMENTO 
Três fases: gestação (sec. V ao IX)e consolidação (IX – XIII) e crise do sistema feudal (XIII- XV).
As origens do feudalismo remontam a crise do Império Romano e as “invasões” germânicas em fins do século V
Aos poucos, produziu-se uma síntese entre as formas de produção dos elementos germânicos e o modo de produção escravista em dissolução que resultou na formação de um novo sistema econômico: o feudalismo
A contribuição de cada elemento na formação do feudalismo:
ROMANOS
Villas: grandes propriedades rurais que deram origem aos feudos
Colonato: regime que vinculava o camponês à terra
GERMÂNICOS 
Comitatus: juramento de mútua fidelidade entre guerreiros e seu comandante originando as relações de dependência e vassalagem
Direito consuetudinário: leis não escritas baseadas nos usos, costumes e tradições.
Fatores conjunturais
As novas invasões que resultaram na constituição do reino carolíngio (sec. VI e VII) e nas incursões sarracenas e vikings (sec. VII e VIII) na Europa
A falta de segurança, dificuldade de comunicação e o declínio do comércio levaram a economia a níveis de subsistência 
O despovoamento das cidades fez com que as sociedade se ruralizasse.
Nesse amplo processo de ruralização, o motor da economia passou a ser, necessariamente, a atividade agrícola;
No período de gestação do feudalismo, o sistema de produção gravitava em torno do dominum (ou domínios)
Domínio pode ser descrito como uma grande propriedade agrária, trabalhada basicamente por meio de mão-de-obra dependente.
Vasta extensão: devido a predominância de rudimentares técnicas de cultivo, herdada da agricultura romana.
O tipo de mão-de-obra (dependente) obtinha o aumento de produção somente pela via horizontal, o que tornava imprescindível uma reserva de terras agricultáveis.
Essa combinação de técnicas precárias de cultivo do solo pouco eficientes e instrumentos rudimentares resultará na terras cultivadas até a exaustão. 
Solução foi o sistema bienal
Importância do colonato e suas característica em considerar o camponês como parte integrante da terra a ponto de existir uma hereditariedade de funções
A regra geral foi a obrigatoriedade do trabalho agrícola, transformando o camponês em mão-de-obra dependente
Pequena propriedade rural cultivada por unidade familiar(alódios), o trabalho assalariado e mesmo a propriedade de camponeses sem qualquer vínculo ou obrigação coexistiram no período em menor número assim como a escravidão.
Herdeiros da villae romano, o domínio, independente de seu tamanho , divisão em duas partes:
Um área explorada para o proprietário denominada reserva senhorial e composta de várias construções (casa do senhor, oficinas, manufaturas, celeiros, estábulos e moinhos), pastagens, bosques e uma área de terras agricultáveis.
A área dos manso: pequenos lotes explorados pelos camponeses. Seu uso pelos camponeses acarretava pagamento em dinheiro e prestação de serviços na reserva senhorial
Domínios: centro de produção manufatureira
Característica de auto-suficiência mas permitiu uma circulação comercial
Produção de excedentes 
Papel das cidades durante a ruralização conservou suas características de centro administrativos e militares 
Peso econômico pequeno
Mudanças no cenário feudal entre os século IX e X:
Crescimento da produção agrícola em virtude de um conjunto de fatores 
Efeito: Crescimento demográfico
Contradição interna no sistema (maior população, necessidades que o sistema produtivo não comportou)
Condições que forneceram a base para o processo de apropriação do trabalho camponês 
É na dinâmica interna do próprio modo de produção e não no novo advento de uma nova tecnologia que deve ser buscado o motor fundamental do progresso agrário 
III - Condições e natureza de seu declínio e substituição
Comércio revigorado depois de um longo declínio 
Ascensão urbana e influência agrária 
Cruzadas (anos 1.000 - 1.250)
Baixa produtividade agrária no
século XIII
Debate polêmico – M. Dobb e P. Sweezy
Dois modelos explicativos:
 um com ênfase na dinâmica interna (crise da estrutura agrária) e outro na ocorrência de fatores externos (a peste negra, guerra de cem anos) ocasionaram o esvaziamento da mão de obra servil, enfraquecendo o sistema em sua base, o campo.
Perry Anderson: 
Elementos que fizeram ultrapassar os limites de seu funcionamento 
a existênci a de limitações objetivas ao desenvolvimento das forças produtivas é que contribuiu de forma decisiva para a crise: limite da capacidade produtiva
Reordenamento das forças produtivas 
Bibliografia
ALMEIDA, Neri B. de. Feudalismo: origem e conceito. Estudos de História. Franca: vol. 9, 2002.
ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 198
GUERRAU, Alan. Feudalismo. In: LEGOFF, Jacques e SCHIMTT, Jean-Claude. Dicionário Temático do Ocidente Medieval. vol. 1. Bauru: Edusc, 2006.
____. Feudalismo. Um horizonte teórico. Lisboa: Edições 70, 1982.
REZENDE, Cyro. História Econômica Geral. São Paulo: Contexto, 2003.
DOBB, Maurice; HILTON, Rodney; SWEEZY, Paul. (et alii) A transição do feudalismo ao capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1977.

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