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* Nematóides gastrintestinais de ruminantes M Lurdes Rodrigues Departamento de Parasitologia Animal IV/UFRRJ IV 403 ZOOL APLIC II * Classificação * Classificação * Nematoda-Strongylida Abrange um grande número de nematódeos parasitas de animais de produção, muitos de extrema importância na área de sanidade animal. Nesta sub-ordem estão inclusos parasitas do trato gastrintestinal, sistema respiratório e urinário. Características morfológicas semelhantes: Bolsa copuladora bem desenvolvida e com dois espículos iguais. Comprimento e diâmetro reduzidos, a maioria das espécies possuem poucos centímetros de comprimento. A identificação das espécies pertencente se baseia na morfologia da bolsa copuladora, da extremidades anterior e posterior, bem como da genitália das fêmeas. * Nematóides gastrintestinais dos ruminantes Alda Backx_2007 * Nematóides de Ruminantes Geralmente os ruminantes apresentam infecções mistas. Hospedeiros de diferentes espécies podem ser acometidos por um mesmo tipo de parasita (infecções leves, parasita eliminado). A maioria dos estrongilídeos parasitas gastrintestinais dos ruminantes pertencem à superfamília Trichostrongyloidea que tem como características: Vermes pequenos (1 a 2 cm, em média). Possuem bolsa copuladora, com 2 espículos. Cápsula bucal vestigial, possuem poucos apêndices cuticulares. Ciclo evolutivo direto e a L3 é o estágio infectante. * Estrongilídeos de maior importância para Ruminantes Baixa especificidade parasitária, acomete também outros ruminantes e equinos. Mais importantes na região Sul do Brasil * Nematóides de maior importância para Ruminantes Estado de São Paulo: Ovinos e caprinos: Haemonchus contortus e Trichostrongylus colubriformis Bovinos: Haemonchus placei, Hamonchus similis, Trichostrongylus axei, Cooperia spp e Oesophagostomum radiatum. Região Sul do Brasil: Ostertagia spp. H. contortus Distribuição mundial. Responsável por grandes perdas em ovinos e bovinos, principalmente em regiões tropicais. Adultos têm 2 a 3 cm de comprimento (grandes). * Haemonchus spp- Morfologia Os ovários são enrolados em espiral ao redor do intestino. Vermes frescos: ovários brancos enrolados com intestino repleto de sangue: aspecto de pirulito. * Haemonchus spp- Morfologia * Ostertagia spp - Morfologia Adultos: mucosa do abomaso. Estágios larvais: glândulas gástricas. Mucosa do abomaso * Oesophagostomum spp - Morfologia Oesophagostomum columbianum (ovinos e caprinos) destaca-se por produzir diarréias graves em ovinos. O.venulosum (ovinos e caprinos). O.radiatum (bovinos e bubalinos). * Oesophagostomum spp - Morfologia Vermes brancos, com 1 a 2 cm de comprimento, de extremidade anterior afilada. * Ciclo Biológico São semelhantes, embora existam algumas particularidades. De um modo geral é direto. Vermes adultos habitam a luz do sistema digestório de ruminantes (abomaso ou intestinos) cópula fêmeas oviposição grande quantidade de ovos eliminados pelas fezes na fase de mórula. O número de ovos eliminados pode variar entre as espécies: Haemonchus spp: 5000 ovos/dia Trichostrongylus spp: 200 ovos/dia * Ciclo Biológico No ambiente: ovo L1 que eclode L1 se alimenta de microrganismos presentes nas fezes L2 L2, se alimenta L3 que é infectante, ativa, abandona o bolo fecal, pode sobreviver dias ou meses no ambiente, dependendo das condições climáticas e da espécie do parasita. L3 não se alimenta (sobrevida relacionada ao acúmulo de nutrientes). Ovo L3 (demora em média 7 dias) Exceção: Nematodirus spp: desenvolvimento larvar ocorre dentro do ovo, a L3 que eclode. L3 são ingeridas pelo hospedeiro. Exceção: Bunostomum spp L3 também pode penetrar ativamente pela pele, neste caso há migração pulmonar. * Ciclo Biológico Ao serem ingeridas, as L3 perdem a bainha, penetram na mucosa do trato digestivo e sofrem duas mudas. Não há migração de larvas dentro do organismo do hospedeiro. Os vermes adultos podem ser observados na luz do abomaso (Haemonchus spp) ou intestinos, ou intimamente associados à mucosa (Trichostrongylus colubriformis: formas túneis nas vilosidades intestinais) Amadurecimento sexual: 20 a 40 dias após a infecção. Os vermes maduros copulam reiniciando o ciclo. * Ovo contendo embrião Ciclo Biológico Oesophagostomum columbianum * Ação sobre o hospedeiro – nematóides De um modo geral: As manifestações clínicas podem ser agudas ou crônicas dependendo de vários fatores relacionados ao parasita (espécies, carga parasitária, etc,..) e ao hospedeiro (idade, estado fisiológico e nutricional, raça etc..) Embora há manifestações clínicas, os maiores prejuízos estão relacionados ao decréscimo da produtividade dos rebanhos. * Ação sobre o hospedeiro – Haemonchus spp Anemia hemorrágica aguda: cada verme suga 0,05 ml de sangue/dia. Ovino com 5.000 vermes pode perder cerca de 250 ml de sangue/dia. Hemoncose aguda: Anemia evidente em 2 semanas após a infecção, queda do hematócrito que se estabiliza num nível baixo, aumento da eritropoiese, perda contínua de ferro e proteínas, inapetência, pode ocorrer edema submandibular, letargia, fezes de coloração escura, geralmente não há diarréia. Necrópsia: lesões hemorrágicas na mucosa do abomaso, conteúdo líquido e marrom-escuro, carcaça pálida. * Ação sobre o hospedeiro – Haemonchus spp Hemoncose hiperaguda: Rara, infecções maciças, morte súbita por gastrite hemorrágica aguda. Hemoncose crônica: Infecções leves, quadro clínico crônico, perda de peso, fraqueza e inapetência. * Hemorragias abomasais em hemoncose * Anemia e edema submandibular hemoncose * Expansão da medula vermelha na tíbia em hemoncose aguda * Haemonchus spp– particularidades Estação seca prolongada larva hipobiose (L4 sobrevive no hospedeiro sem amadurecer e produzir ovos). Retomada do desenvolvimento ocorre antes das chuvas sazonais. Autocura: ocorre quando há sobreposição de uma infecção por larvas de H contortus com infecções com adultos em abomaso. Há reação de hipersensibilidade imediata induzida pelos antígenos das larvas em desenvolvimento eliminação dos vermes adultos. Comumente observado nas estações de chuva. Imunidade não impede re-infeções. * Maiores alterações ocorrem quando as L5 emergem das glândulas gástricas. Infecções maciças: diminuição da secreção glandular ácida (pH 2,0 pH 7,0) alteração atividade gástrica, infecções bacterianas secundárias. Edema, hiperemia e necrose da mucosa. Linfoadenomegalia regional, hipoalbuminemia. Ação sobre o hospedeiro – Ostertagia spp * Ostertagia emergindo de uma glândula gástrica * Lesões Macroscópicas características de Ostertagiose * Necrose da muscosa em Ostertagiose grave * Sintomas – Ostertagia spp Observada em bezerros durante seu primeiro pastejo. Diarréia aquosa profusa Anorexia Pêlos arrepiados e opacos Anemia (moderada) Edema submandibular Perda de peso (até 20% em 7-10 dias). * Ação sobre o hospedeiro - Trichostrongylus spp Após a ingestão, a L3 forma túneis entre o epitélio e a lâmina própria. Túneis se rompem 10 a 12 dias após a infecção liberam vermes jovens, causa hemorragia e edema. Ocorrem lesões nodulares, que tendem a se fundir formando placas e lesões maiores, as vilosidades tornam-se menores, diminuindo a absorção de nutrientes. Infecções leves inapetência, crescimento. Infecções maciças diarréia, perda de proteínas plasmáticas na luz intestinal, perda de peso. A infecção por T.axei causa mudança do pH e aumento da permeabilidade da mucosa. As larvas invadem os espaços entre as glândulas (≠ Ostertagia). * Placas salientes no abomaso decorrentes de infecção por Trichostrongylus axei * Erosões características de trichostrongilose intestinal * Trichostrongylus vitrinus na mucosa do intestino delgado * Vermes adultos são hematófagos: vermes adultos englobam porções da mucosa do intestino delgado pela cápsula bucal, provocam dilaceração dos tecidos, ingerem quantidades significativas de sangue. Infecções de 100 a 200 vermes podem provocar anemia, hipoalbuminemia, perda de peso e, ocasionalmente, diarréia, caracterizando o quadro de bunostomose. A penetração cutânea em bezerros pode causar prurido e o ato de bater os pés. Ação sobre o hospedeiro – Bunostomum spp * Vermes adultos são pouco patogênicos. Larvas: causam enterite grave, penetram na mucosa, provocam a formação de nódulos que podem evoluir para fibrose ou pequenos abscessos na parede dos intestinos delgado e grosso. Infecções maciças colite ulcerativa, quadro crônico de emaciação e diminuição da produção de carne, leite e lã. O.radiatum em bovinos formação de nódulos de até 5mm de diâmetro (com conteúdo purulento), anemia (devido à hemorragia na mucosa lesada) e hipoalbuminemia (devido ao extravasamento protéico). Ação sobre o hospedeiro – Oesophagostomum spp * Ação sobre o hospedeiro – Oesophagostomum spp * Oesophagostomum dentatum (Nódulos intersticiais) * Diagnóstico História clínica Sintomas e lesões. A identificação genérica dos estrongilídeos a partir dos ovos é praticamente impossível. Os ovos recém eliminados: apresentam casca delgada e várias células (8 a 16 blastômeros). * Diagnóstico Morfologia das larvas L3 obtidas em coprocultura: morfologia da extremidade anterior e comprimento da cauda da bainha. * Aspectos epidemiológicos Desenvolvimento e sobrevivência das larvas Temperatura e umidade (mais importantes). Temperatura ideal entre 18 e 260C. Chuvas intensas que ocorrem no final da estação seca propiciam a migração de grande número de larvas para a pastagem. Mesmo após secas prolongadas o pasto pode repentinamente servir como fonte de intensa infecção para os animais (larvas resistem à dessecação, bolos fecais acumulados). * Aspectos epidemiológicos * Aspectos epidemiológicos Idade do hospedeiro Animais jovens são mais susceptíveis que animais adultos. Animais adultos também podem apresentar forma clínica com mortalidade (ovinos e caprinos). Animais adultos ajudam a perdurar a contaminação das pastagens (subclínico). * Aspectos epidemiológicos Raça, susceptibilidade individual, estado fisiológico do hospedeiro Zebuínos são mais resistentes à infecções por Haemonchus spp do que gado taurino. Susceptibilidade individual: grandes contaminadores do ambiente. Final da gestação e lactação susceptibilidade à parasitose (fenômeno periparto). Manejo Pode influenciar na disseminação e na gravidade das infecções. Qualidade do pasto (estação de seca), suplementação Superlotação de animais Cobertura vegetal Rotação de pastagens * Profilaxia e controle - Estrongilídeos Baseia-se em medidas que diminuam o contato entre o parasita e o hospedeiro. Tentar minimizar a elevação do número de larvas na pastagem. Evitar que animais mais susceptíveis (bezerros, cordeiros) entrem em contato com as larvas animais transferidos para pastagens descontaminadas. * Profilaxia e controle - Estrongilídeos Métodos de controle: Descontaminação da pastagem e vermifugação. Descontaminação da pastagem Pastejo alternado entre diferentes espécies animais (bovinos e ovino) Baseia-se na especificidade parasitária. Deve permanecer no piquete por longos períodos de tempos (6 meses). Animais tratados com anti-helmínticos antes de se proceder a troca do piquete. Ressalvas. * Profilaxia e controle - Estrongilídeos Piquetes pastejados por animais resistentes Rotação entre animais resistentes (adultos) e susceptíveis (jovens). Pastagens recém-implantadas Confinamento instalações devem ser limpas periodicamente * Profilaxia e controle - Nematóides Vermifugação Considerar aspectos epidemiológicos, aplicar quando realmente necessário, evitar custos desnecessários. Aplicar anti-helmínticos em períodos críticos, levando em conta manejo das pastagens, condições predisponentes à parasitose. Uso indiscriminado de anti-helmínticos resistência. Resíduos carne e leite. Associar o uso de anti-helmínticos a exames de fezes periódico dos animais do rebanho. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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