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BEHAVIORISMO RESUMO 1

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BEHAVIORISMO: INFLUÊNCIAS ANTERIORES 
 
Uma ciência do comportamento
Na primeira década do século XX o funcionalismo estava amadurecendo e o estruturalismo ainda ocupava uma posição forte. Em 1913 surgiu um protesto contra as duas posições: John Broadus Watson (1878-1958) - aos 35 anos, tornou-se o líder do novo movimento. Pretendia um rompimento total com os dois pontos de vista - o funcionalismo e o estruturalismo. 
 	Behaviorismo/Comportamentalismo – uma psicologia objetiva, uma ciência do comportamento, que só lidasse com atos comportamentais observáveis, passíveis de descrição objetiva, em termos de estímulo e resposta. Rejeitava todos os conceitos e termos mentalistas, palavras com o imagem, mente e consciência não tinham sentido para essa ciência. 
 
Watson foi influenciado por três grandes tendências: 
l) a tradição filosófica do objetivismo e do mecanicismo 
2) a psicologia funcional 
3) a psicologia animal 
 
Auguste Comte (1798-1857) 
Filósofo francês, fundador do positivismo - fez um vigoroso protesto contra o mentalismo e a metodologia subjetiva. 
 
Positivismo – movimento filosófico que enfatizava o conhecimento positivo (fatos), cuja verdade não é discutível. 
O único conhecimento válido é o que tem natureza social e é objetivamente observável. 
Esses critérios levaram ao abandono da introspecção, que depende da consciência individual privada e não pode ser objetivamente observada. 
 
A Influência da Psicologia Animal sobre o Comportamentalismo 
Jacques Loeb (1859-1924) 
Fisiologista e zoólogo alemão - desenvolveu uma teoria do comportamento animal baseada no conceito de tropismo. 
Tropismo - é um movimento forçado, uma resposta involuntária do animal, que é resultante direto e automático da ação de um estímulo ou uma reação a ele. 
O comportamento é forçado pelo estimulo (portanto, não necessita de nenhuma explicação em termos de consciência animal). 
Entre os animais, a consciência se revelava pela memória associativa. 
A ideia de que os animais aprendem a reagir a certos estímulos da maneira desejada por associação. 
 
39 
Watson acreditava que não somos pessoalmente responsáveis pelas nossas ações. 
Essa crença tinha importantes consequências sociais, em particular no tocante ao tratamento dado as pessoas que apresentavam uma conduta socialmente desviante – elas não deveriam ser punidas por suas ações, mas "recondicionadas". 
 
Críticas ao Comportamentalismo de Watson 
Que o sistema de Watson omitia componentes importantes, como os processos sensoriais e perceptuais. 
 
Karl Lashley (1890-1958) 
Contestou o pressuposto watsoniano de que o comportamento é formado, parte por parte, exclusivamente, dos reflexos condicionados. 
 
Postulou dois princípios: 
l) Lei da ação da massa - a eficiência da aprendizagem é uma função da massa total do t ecido 
cortical. 
Isto é, quanto mais tecido cortical estiver disponível, tanto melhor será a aprendizagem. 
2) Princípio da equipotencialidade - todas as partes do córtex são essencialmente iguais em sua contribuição à aprendizagem. 
 
As descobertas de Lashley sugeriam que o cérebro desempenha um papel mais ativo na 
aprendizagem do q ue Watson aceitava. 
 
William McDougall (1871-1938) 
Psicólogo inglês, um dos oponentes de Watson. 
 
Teoria do Instinto 
O comportamento humano é derivado de tendências inatas ao pensamento e à ação. 
 
McDoug all concordava com Watson que os dados do comportamento são necessários à ciência da psicologia - mas alegou que os dados da consciência também são indispensáveis. 
Questionou o pressuposto de watson de que o comportamento humano é totalmente determinado - de que tudo o que fazemos é o resultado direto da experiência passada e pode ser previsto, uma vez 
conhecidos os eventos passados. 
Essa psicologia não deixa espaço para o livre-arbítrio ou a liberdade de escolha. 
 BEHAVIORISMO: APÓS A FUNDAÇÃO 
 
Evolução do Behaviorismo 
Primeiro estágio = behaviorismo watsoniano, de 1913 a mais ou menos 1930. 
Segundo estágio = neobehaviorismo, de 1930 a 1960. 
Terceiro estágio = neo-neobehaviorismo, de 1960 em diante. 
 
Pontos de consenso entre os behavioristas 
O uso de uma base de dados comum, derivada, exclusivamente, de estudos sobre a aprendizagem animal, por meio de um grande número de experimentos de aprendizagem por condicionamento. 
 
Os neocomportamentalistas concordavam com: 
l) o núcleo da psicologia é o estudo da aprendizagem 
2) a associação é o conceito-chave da aprendizagem 
3) por mais complexo que seja, todo comportamento pode ser explicado pelas leis do 
condicionamento; 
4) a psicologia deve adotar o princípio do operacionismo. 
 
 
40 
A Influência do Operacionismo 
Operacionismo -princípio geral que tem como propósito tornar a linguagem e a terminologia da ciência mais objetivas e precisas, libertando-a de problemas que não sejam, concretamente, observáveis, nem fisicamente demonstráveis ( os pseudoproblemas). 
A validade de uma descoberta científica depende da validade das operações empregadas na realização dessa descoberta. 
 
Operacionismo = o conceito científico corresponde ao conjunto de operações nele envolvidas. 
 
Exemplo de pseudoproblema: o conceito de ‘experiência consciente individual’, pois não é possível investigar, através de métodos objetivos, nem a existência nem as características da consciência. 
 
Edward Chace Tolman (1886-1959) 
Comportamento molar - as ações de resposta total do organismo inteiro. 
Seu sistema combina conceitos comportamentalistas e gestaltistas. 
 
A principal noção do sistema de Tolman: o comportamento intencional. 
Intenção no comportamento - definida em termos comportamentais objetivos, sem recorrer à introspecção, nem a relatos de como o organismo poderia "sentir-se" com relação a uma experiência. 
Todo comportamento está voltado para algum alvo, uma intenção. 
Todo comportamento se orienta para a realização de algum objetivo, para a aprendizagem dos meios destinados a alcançar um fim. 
 	Se existe uma percepção consciente do alvo por parte do organismo, isso é um assunto particular do interior de cada organismo, não estando disponível aos instrumentos objetivos da ciência. 
Qualquer coisa interior, e que não possa ser observada fora do organismo, não faz parte do domínio da ciência. 
 
Variáveis Independentes, Dependentes e Intervenientes 
As causas iniciadoras do comportamento e o comportamento resultante final têm de ser suscetíveis de observação objetiva e de definição operacional. 
 
As causas iniciadoras do comportamento - cinco variáveis independentes: 
Os estímulos ambientais (S) 
Os impulsos fisiológicos (P) 
A hereditariedade ( H) 
O treinamento prévio (T) 
A idade (A) 
 
Com sujeitos animais o experimentador pode controlar melhor essas variáveis do que com seres humanos. 
 
O relacionamento entre as causas do comportamento e o comportamento resultante final (B) corresponde a uma equação, na qual o comportamento é uma função (f) das cinco variáveis independentes: 
B = f (S, P, H, T, A) 
Entre essas variáveis independentes observáveis e o comportamento de resposta final (a variável dependente observável), Tolman postulava um conjunto de fatores inferidos e não observados;
variáveis intervenientes. 
São os reais determinantes do comportamento. 
São os processos internos que conectam a situação de estímulo com a resposta observa da. O enunciado E-R (estímulo- resposta) passa a ser E-O-R – onde a variável interveniente é o que está acontecendo em O (o organismo) que provoca uma resposta comportamental diante de um estímulo. 
Burrhus Frederíck Skinner(1904-1990) 
Defendia um sistema estritamente empírico - começava com dados empíricos e trabalhava na elaboração de generalizações. 
Em seu tipo exclusivamente descritivo de comportamentalismo radical se dedicou ao estudo das respostas - só se ocupava do comportamento observável. 
Para Skinner, a tarefa da investigação científica - estabelecer relacionamentos funcionais entre as condições de estímulo, controladas pelo experimentador, e a resposta subsequente do organismo. 
 
O organismo humano é uma máquina e se comporta de maneira previsível e regular em resposta às forças externas (os estímulos) que o afetam. 
Abordagem do organismo vazio - atuamos a partir de forças do ambiente, do mundo exterior (e não de forças interiores). 
 
O Condicionamento Operante 
No comportamento respondente - situação de condicionamento Pavloviana - um estímulo conhecido é associado com uma resposta em condições de reforço; 
A resposta comportamental é suscitada por um estímulo observável específico. 
Em oposição, o comportamento operante - ocorre sem nenhum estímulo externo observável; A resposta do organismo é aparentemente espontânea - não está relacionada com nenhum estímulo observável. 
Isso não significa que não haja, de fato, um estímulo suscitando a resposta; 
Significa que não se detecta nenhum estímulo quando da ocorrência da resposta. 
Do ponto de vista do experimentador não há estímulo, porque ele não aplicou nenhum e não pode ver nenhum. Ou seja, o comportamento operante opera no ambiente do organismo. 
O comportamento operante é muito mais representativo da situação de aprendizagem humana na vida real. 
A maior parte do comportamento humano
 
45 
Pesquisas de Skinner sobre problemas de aprendizagem: 
O papel da punição na aquisição de respostas 
O efeito de diferentes programas de reforço 
A extinção da resposta operante 
O reforço secundário e a generalização 
 
Usando a mesma abordagem básica da caixa de Skinner, pesquisou a aprendizagem: 
Com sujeitos humanos - o comportamento operante envolvia a resolução de problemas, reforçada pela aprovação verbal ou pelo conhecimento de ter dado a resposta correta. 
Com outros animais - com pombos, por exemplo, o comportamento operante envolvia o bicar uma 
chave ou um ponto determinado, onde o reforço era o alimento. 
 
Programas de Reforço 
No mundo real, o reforço nem sempre é consistente ou contínuo, mas, mesmo assim, a aprendizagem ocorre e os comportamentos persistem, ainda que reforçados só intermitentemente. 
 
Skinner pesquisou diferentes taxas e tempos de reforço: 
Propôs tipos de programas de reforço - intervalo fixo, intervalo variável, razão fixa, razão variável e esquemas mistos. 
 
Programa de reforço com intervalo fixo – no qual o animal é reforçado ao apresentar a resposta apenas depois de um certo intervalo fixo de tempo. 
Quanto menor o intervalo entre os reforços, tanto mais rápida é a resposta do animal. Inversamente, com o aumento do intervalo entre os reforços, a taxa de resposta declina. 
 
A frequência do reforço também afeta a extinção de uma resposta. 
Num programa de intervalo fixo o animal pode pressionar a barra cinco ou cinquenta vezes e ainda será reforçado somente quando tiver transcorrido o intervalo de tempo predeterminado. 
Depois que são suspensos os reforços, os comportamentos se extinguem mais rapidamente quando foram reforçados continuamente, do que quando foram reforçados intermitentemente. 
 
Programa de reforço de razão fixa - o reforço é apresentado depois de um número predeterminado de respostas. 
O comportamento do animal determina a frequência do reforço. 
Num programa de razão fixa os animais respondem mais rapidamente do que num programa de intervalo fixo. 
A resposta mais rápida no reforço de intervalo fixo não produz reforço adicional. 
Esse programa de reforço só funciona enquanto a razão não for alta demais.
PSICANÁLISE
Sigmund é o criador da Psicanálise, uma das famosas teorias que ainda hoje é largamente utilizada por médicos e psicólogos para compreensão e tratamento de problemas psíquicos. Você irá reconhecer o contexto de surgimento da Psicanálise e identificar as principais características dessa famosa abordagem. Suas teorias foram tão importantes, ao ponto da revista Newsweek declarar que Freud ainda possui suas ideias em um patamar de muita influência na sociedade atual, e sendo ele integrante de um seleto grupo que modificou a forma de pensar da humanidade. Tendo em vista que um dos fatores contribuintes para esse posicionamento, além do impacto de suas ideias, foi que a Psicanálise possui um nascimento único dentro das escolas da Psicologia. Enquanto todos os outros sistemas adotaram alguma posição dentro da regra que compreende a crítica e o apoio aos sistemas vigentes, com pontos a favor ou divergentes, a Psicanálise surgiu por si mesma. Uma explicação para isto foi que os outros sistemas surgiram em universidades, com todo aquele clima de produção, com diversas pessoas apoiando ou criticando. A Psicanálise não! Ela surgiu no consultório, após Freud verificar que muitas pessoas, apresentando distúrbios, tinham tais problemas por interferência de fatores psicológicos. Mesmo o Behaviorismo tendo sido considerado como o sistema mais revolucionário, por ter abdicado do objeto de estudo que todos compartilhavam até 86 • capítulo 4 então em prol do comportamento, a Psicanálise foi o sistema que demonstrou as maiores mudanças de um modo geral. Por exemplo, o sistema de investigação se modificou drasticamente. Para a Psicanálise, o objeto de estudo é o inconsciente e o comportamento anormal. Na tentativa de compreender e explicar o psiquismo humano, Freud elaborou vários esboços que foram sendo aprimorados por ele próprio e pelos psicanalistas pós-freudianos. Serão aqui as duas propostas de mapeamento da estrutura de personalidade do ser humano denominada por ele metapsicologia, nela, ele propõe duas hipóteses explicativas, a primeira tópica, dividindo a estrutura psíquica em inconsciente, pré-consciente e consciente; e a segunda tópica que a divide em id, eu (ego) e supereu (superego). As duas tópicas, como veremos, podem ser sobrepostas propiciando uma compreensão mais completa da estrutura psíquica do ser humano. Outra importante ajuda da Psicanálise foi a identificação das fases de desenvolvimento psicossexual pelas quais o ser humano passa, identificando-as como fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital, que serão apresentadas brevemente a fim de compreendermos a evolução da energia psíquica que investe as relações objetais do indivíduo. Os estudos iniciais de Freud, médico por formação, e o ponto de partida para o desenvolvimento de todo o corpo teórico da Psicanálise devem-se ao estudo da histeria. Como os médicos não encontravam uma explicação totalmente somática para a histeria, Freud dedicou-se a estudá-la, permitindo que ele fosse gradativamente desenvolvendo sua Teoria da neurose. Os estudos sobre a histeria datam de épocas bem mais remotas, podendo ser encontrados em Hipócrates, o pai da Medicina – datando de 400 a.C. Na tentativa de explicar os sintomas histéricos, Hipócrates os associou ao deslocamento do útero (histeron em grego); daí o nome histeria para a referida patologia. A histeria foi conhecida também por outro nome: pitiatismo, que não é mais utilizado, embora o seu apelido tenha ficado. Séculos depois, em 1862, quem se dedica ao estudo da histeria é Charcot, ao encarregar-se da sessão de histeria do hospital La Salpêtrière, em Paris, quando a histeria começa a ser considerada uma patologia “nervosa” sendo psíquica por excelência. Iniciando seus estudos com Charcot, em 1893, Freud publica, em conjunto com Breuer, um estudo intitulado O mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos e, em 1895, publica o livro Estudos sobrea histeria no qual já lança as bases da concepção psicanalítica. capítulo 4 • 87 No início de sua atividade profissional, Freud empregava a sugestão como método de trabalho, passando a empregar o método catártico em função de sua pesquisa com Breuer. Esse método consistia em expressar livremente a situa- ção traumática que estava reprimida e, portanto, causando os sintomas histé- ricos. A hipnose era aqui utilizada de uma forma distinta da que usamos atualmente. Aliás, como uma informação útil, há alguns anos o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a hipnose como uma ferramenta que pode ser utilizada por psicólogos, desde que tenham formação complementar para tal. Divergências entre Freud e Breuer quanto à origem da histeria fizeram com que Freud prosseguisse seu estudo sozinho e, com o tempo, abandonou a utiliza- ção do método catártico, desenvolvendo seu próprio método que, inicialmente, consistia no uso da persuasão e da sugestão (Freud colocava a mão na testa do paciente assegurando-lhe que se ele pensasse insistentemente poderia recordar o que lhe havia acontecido), passando depois para a utilização da associação livre, método que possibilita a descoberta do inconsciente enquanto a consciência continua atuando. Com a utilização da associação livre, Freud iniciou seu interesse pela análise dos sonhos, permitindo que ele se informasse sobre tudo o que seu paciente pensava desvendando assim uma cadeia associativa levando-o a conteúdos mais profundos. A partir de seus estudos, Freud passou a entender o psiquismo como sendo um todo dinâmico, uma evolução contínua de forças antagônicas. Para tentar torná-lo mais compreensível, sendo passível de estudo e intervenção ele criou uma metapsicologia, uma estrutura hipotética, um mapeamento da estrutura de personalidade do ser humano. Nesse sistema metapsicológico, Freud representa as forças que se deslocam e que estruturam os três sistemas propostos por ele: inconsciente, pré-consciente e consciente. Sobrepondo-se a esta primeira tópica Freud propôs uma segunda tópica na qual representou as três instâncias psíquicas que atuam em planos distintos e têm características próprias, são elas: id, eu (ego) e supereu (superego). 88 • capítulo 4 Observe a representação (figura 4.2): Consciente Pré- consciente Inconsciente ID SUPEREU (SUPEREGO) EU (EGO) Figura 4.2 – Observe a sobreposição das duas tópicas freudianas e a divisão desigual das estruturas. O id é totalmente inconsciente, enquanto as duas outras instâncias propostas na segunda tópica ocupam, de forma desigual, as três localizações da primeira tópica. Tanto eu (ego) quanto supereu (superego) são parcialmente conscientes, pré-conscientes e inconscientes, sendo que a proporção varia ligeiramente como pode ser observado em nossa ilustração; o eu (ego) possui uma parte consciente consideravelmente maior enquanto o superego possui uma parte inconsciente consideravelmente maior; entenderemos mais a frente essa diferença. Esses conceitos desenvolvidos por Freud são empíricos, ou seja, foram criados a partir da observação sistemática dos pacientes dele. O inconsciente, para a Psicanálise, é um sistema em constante evolução investido por uma energia psíquica e caracterizado por seu conteúdo e por seu modo de atuar. Nos conteúdos, encontraremos os equivalentes instintivos, tal como um impulso amoroso ou um impulso agressivo, e as representações dos capítulo 4 • 89 fatos vividos pelo sujeito. E o modo de atuar se refere à forma de funcionamento do mesmo, a qual Freud deu o nome de processo primário, significando ser a primeira forma de funcionamento do psiquismo, a mais primitiva. O processo primário é regido por regras que determinam a dinâmica inconsciente. Entre essas regras, Freud destaca os seguintes mecanismos: •  Deslocamento – consiste na mudança de uma carga psíquica de um conteúdo para o outro. Este mecanismo é muito comum no sonho onde frequentemente se transfere a importância de uma unidade para outra; •  Condensação – consiste na união de vários elementos separados que mantém entre si certa afinidade; este processo também é muito comum nos sonhos, onde é possível, por exemplo, que apareça em uma só pessoa características de várias pessoas diferentes; •  Projeção – devido à projeção o indivíduo atribui a outros os seus pró- prios impulsos; •  Identificação – por meio deste processo o sujeito considera-se, em certa medida, semelhante à outra pessoa. Além desses processos o inconsciente possui também seus modos próprios de atuar, característicos do processo primário, são eles: •  Ausência de cronologia – a ordem temporal não existe no inconsciente; dessa forma podemos afirmar que tudo no inconsciente é presente, não existem nem passado nem futuro. Fatos ocorridos na infância podem continuar exercendo forte influência sobre o sujeito mesmo na idade adulta; •  Ausência do conceito de contradição – ideias contraditórias podem coexistir no inconsciente sem nenhum problema; isso faz com que, inconscientemente, possamos manter sentimentos de amor e ódio direcionados para o mesmo objeto sem que nenhum anule o outro; •  Utilização de linguagem simbólica – a forma de expressão dos conteúdos inconscientes é sempre através de uma linguagem simbólica, de metáforas; essa característica fica particularmente evidente na análise dos sonhos; •  Igualdade de valores entre realidade interna e externa ou mais valoriza- ção da realidade interna – em especial, na psicose, a realidade interna assume um valor maior que a realidade externa e o paciente passa a se orientar por ela, ignorando o real; •  Predomínio do princípio do prazer – as tendências do inconsciente buscam sua satisfação imediata sem se preocupar com as consequências que isso 90 • capítulo 4 pode acarretar. Isso faz com que o inconsciente tenha um caráter imperativo, de urgência, exigindo a satisfação dos desejos do indivíduo. Na primeira tópica, Freud posiciona o pré-consciente entre o inconsciente e o consciente. Ele seria composto por elementos em trânsito entre essas duas partes da personalidade. Assim como o inconsciente tem suas formas de funcionamento o pré-consciente também tem as leis que o regem, determinadas principalmente pelo princípio da realidade em oposição ao princípio do prazer que domina o funcionamento do inconsciente. Suas principais características seriam: •  A elaboração de uma sucessão cronológica dos eventos; •  A utilização de uma correlação lógica entre os mesmos; •  O preenchimento de lacunas existentes entre ideias isoladas; •  A busca da relação de causa-e-efeito entre os elementos. A parte consciente da estrutura de personalidade seria, por sua vez, o local de percepção das impressões às quais o sujeito está submetido no momento, estando no limite entre o mundo real e o mundo interno do sujeito e, por isso, percebendo processos de ambas as origens (externa e interna). Entretanto, para que conteúdos inconscientes cheguem à consciência devem passar pelo sistema pré-consciente, sendo submetido as suas regras, vencer a censura instalada entre esses dois sistemas para só então chegar ao conhecimento do indivíduo acessando sua consciência. Freud usa uma analogia entre a primeira tópica e um iceberg (figura 4.3) sugerindo que a ponta seria o consciente, ou seja, a parte da nossa personalidade da qual temos conhecimento é apenas sua menor porção, estando abaixo da superfície todo o sistema pré-consciente e inconsciente (sendo este sua maior parte). Conscious Preconscious Unconscious id ego superego Figura 4.3 – Fonte: gracieeee.wordpress.com capítulo 4 • 91 Em sua segunda tópica, Freud dividiu o aparelho psíquico em três instâncias: o id, o ego e o superego. O termo id foi utilizado pela primeira vez por Georg Groddeck que o descobriu na obra de Nietzsche, sendo utilizado por Freud, em 1923, em seu livro O ego e o id, ele é totalmente inconsciente e intimamente ligado aos impulsos instintivos do indivíduo e tendo uma origem marcadamente biológica. Sendo totalmente inconsciente o id está submetido ao processo primário e ao princípiodo prazer o que significa dizer que ele exige a satisfação imediata de seus instintos que seriam basicamente dois: os instintos de vida (denominado por Freud de Eros) e os instintos de morte (denominado por Freud de Tânatos). Os instintos apresentam características particulares: •  Fonte de origem – processo energético que origina o instinto; este processo seria eminentemente orgânico e o seu correlato psíquico seria o instinto; •  Impulso – quantidade de energia da qual o instinto está investido e que o faz superar limites a fim de alcançar sua satisfação; •  Objeto – pessoa, situação ou objeto para o qual o instinto se dirige na busca de satisfação; •  Fim – reestabelecimento do estado no qual deixa de existir a tensão instintiva. Dentre as pulsões de vida, Freud enfatiza bastante a pulsão sexual e a libido, que seria a intensidade da energia dinâmica do instinto sexual. A forma de expressão da libido depende intimamente de sua fase de evolução denominada por Freud de evolução psicossexual e dividida nas seguintes fases: 1. Fase oral – envolve o predomínio da obtenção de prazer através da região oral, sendo esta a primeira manifestação da sexualidade na criança; 2. Fase anal - o reto torna-se a sede das mais importantes sensações de prazer; 3. Fase fálica – por volta dos 3 anos de idade, a libido inicia nova organiza- ção. A erotização passa a ser dirigida para os genitais, desenvolve-se o interesse infantil por eles; sendo esta a fase de ocorrência do Complexo de Édipo; 4. Período de latência – fase de diminuição e aparente desaparecimento do instinto sexual; 5. Fase Genital – reaparecimento da excitação sexual semelhante à adulta. 92 • capítulo 4 Sendo uma parte biologicamente determinada da estrutura de personalidade ao nascer o indivíduo já apresentaria o id com todas as suas características peculiares de funcionamento que acabamos de apresentar. Entretanto, este mesmo funcionamento impossibilita que o id reine absoluto em nossa personalidade. Um argumento muito simples nos mostra isso: você pode tudo o que você quer na hora que você quer? Claro que não! Mesmo o mais abastado e afortunado dos homens tem limites impostos pelo mundo real; por isso uma parte do id progressivamente se diferencia para fazer a negociação entre as pulsões internas do id e os estímulos externos da realidade à qual o sujeito está submetido. Esta parte é o ego. O ego seria uma parte do próprio id que se diferencia pelo contato com o mundo exterior. Podemos afirmar que o ego está situado entre o mundo externo e o mundo interno e, por isso, apresenta partes conscientes, pré-conscientes e inconscientes. A principal função do ego, no início de sua existência, é funcionar como mediador entre as exigências do id e os limites impostos pela realidade, exercendo, nessa mediação, duas funções importantes: 1. O exame da realidade – envolve diferenciar o que é proveniente do mundo interno e o que é oriundo do mundo externo adequando o comportamento do sujeito; 2. O trabalho de síntese – como no id ideias antagônicas podem conviver em harmonia cabe ao ego unificar os impulsos em forma de sentimentos e ações, tendo em vista que aqui é impossível a coexistência de contradições. A fim de conseguir executar adequadamente suas funções, que por vezes evocam muita angústia devido ao fato dele estar situado entre o id e a realidade externa, o ego constrói meios de defesa que lhes permitem solucionar conflitos e se proteger, esses são os mecanismos de defesa do ego. Seguem alguns exemplos: •  Repressão – retirada da consciência de conteúdos perigosos e ameaçadores, mantendo-os no inconsciente. Essa manutenção, de um determinado conteúdo no inconsciente, requer um gasto permanente e contínuo de energia. Uma boa analogia para a repressão é tentar manter um balde emborcado no fundo de uma piscina. A manutenção dele, no fundo, exige da pessoa uma pressão constante, pois caso contrário ele voltaria imediatamente à superfície; •  Regressão – retorno ao modo de funcionamento psíquico de uma etapa já superada cronologicamente e evolutivamente mais primitiva que a atual. É capítulo 4 • 93 comum observarmos regressões em filhos mais velhos quando nasce um irmão mais novo ou então em pacientes adultos que descobrem alguma doença grave e passam a exigir uma série de cuidados que não necessitavam mais; •  Formação reativa – o ego executa o contrário exato das tendências do id. Um exemplo clássico de formação reativa é a ocultação de um intenso amor sob a forma de perseguição e implicância; •  Sublimação – desvio da força de uma pulsão socialmente condenável para atividades socialmente aceitas. Uma pulsão agressiva pode ser desviada para a pintura de guerras ou para a Literatura. As utilizações desses mecanismos de defesa buscam manter a harmonia da estrutura de personalidade do sujeito equilibrando as exigências de id, superego e realidade externa. No início de sua vida, o ego dedicava-se exclusivamente ao atendimento das necessidades do id. Porém, com a formação do superego ele passa a situar entre dois senhores igualmente exigente, aos quais precisa atender em igual medida, colocando-se ainda como mediador entre os dois e a realidade externa. O superego é a consciência moral do sujeito que se constrói a partir da internalização das regras sociais às quais estamos submetidos. Você deve se lembrar de que, durante a sua infância, seus pais ou adultos próximos, lhe diziam o que você deveria ou não fazer, o que era certo e errado. Hoje, você ainda precisa que alguém lhe diga o que é certo ou errado? Certamente não! Muitas vezes, até precisamos que alguém nos dê um apoio para fazermos algo que consideramos errado, mas nós já possuímos um código interno que nos permite a avaliação de nossos atos. Esta é a função do superego! Ele é formado por um conjunto de regras e valores morais guiando o comportamento do indivíduo. As funções do superego são a auto-observação, a consciência moral e a censura onírica. Mas agora, pense por um minuto: quais são as coisas, em geral, mais proibidas e controladas pela sociedade? Normalmente, agressão e sexo são dois desses elementos fortemente controlados, mas são esses exatamente alguns dos impulsos do id, que irão causar tensão na estrutura de personalidade do indivíduo. É como se o id dissesse: “Eu quero e quero agora!” O superego responde: “Não pode de jeito nenhum!” E o ego pondera: “Vamos ver o que dá para arrumar!” Assim, o ego se coloca como o mediador das exigências do id, do superego e da realidade externa. 94 • capítulo 4 Em cima desse sistema, mesmo a Psicanálise na época não sendo aceita como parte da Psicologia clássica, existem diversas contribuições dela para a Psicologia, assim como para a sociedade de um modo geral. Outro fator tem a ver com a quantidade de dados, que corroboram as suas teorias. Mesmo que seja através de um “pensamento lógico”, Freud reuniu diversos casos que foram trabalhados sob suas teorias com sucesso. Mesmo que essa forma de lapidação de dados não seja aceita na comunidade cientifica, a quantidade de dados faz com que essa teoria não passe despercebida. Por não ter tido origem nas universidades, aos poucos, quando começou a se tornar conhecida, a Psicanálise foi reconhecida por muitos estudiosos, chegando a publicação de mais de 200 livros apenas entre 1900 e 1920.

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