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Aula 1: A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt no Aprimoramento do Processo Perceptivo Desenvolvimento Humano e Social Psicologia Profª. Denise M. F. Romero Aula 2: Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� Introdução Aula 1: A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt no Aprimoramento do Processo Perceptivo Este texto dará parâmetros para compreender de que maneira se processa o fenômeno da percepção e destacar a importância deste aspecto no desenvolvimento de diversas aptidões mentais, tais como a memória e a atenção. Além disso, você poderá identificar quais são os aspectos que podem afetar nossa per- cepção individual, reconhecendo também os condicionantes da nossa percepção inter- pessoal. E por final, poderá descrever a importância da formação do auto conceito, observar sua integração com o processo perceptivo e sua influência no convívio social do indivíduo. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� A importãncia da percepção no desenvolvimento psicológico do indivíduo A percepção é um fenômeno complexo, interligando os estímulos ambientais e as pe- culiaridades psicológicas do indivíduo; é também um processo cognitivo e nos permite conhecer e identificar as especificidades do mundo. Para isso o ambiente nos oferecerá os estímulos permanentes e objetivos e esses dados serão avaliados pelo indivíduo, se- gundo critérios qualitativos e quantitativos. Graças à percepção levamos informações à nossa mente e, a partir desses dados, po- deremos decidir como deveremos agir diante das mais diversas situações; poderemos prever o que pode acontecer e nos prepararemos para enfrentar a situação da melhor maneira possível. Por outro lado, para que possamos compreender melhor a maneira como uma pessoa se comporta, é importante conhecer detalhadamente de que forma ela percebe a si mes- ma e o mundo que a rodeia. Por meio do estudo do processo perceptivo, seremos capa- zes de reconhecer como funcionam seus processos de aprendizagem e como ocorre sua adaptação ao meio em que vive. Além disso, poderemos identificar de que maneira esta pessoa apreende emocionalmente a realidade à sua volta e como reagirá em diferentes contextos de sua vida. Sendo assim, para que possamos compreender melhor a diversidade de aspectos envol- vidos com o processo perceptivo, apresentaremos uma breve descrição da importância da percepção em nosso desenvolvimento cognitivo, especialmente na estruturação de nossa memória e na capacidade de manter nossa atenção e concentração. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� A contribuição da percepção no desenvolvimento das aptidões cognitivas O processo perceptivo é muito importante para o aprimoramento de diversas capacida- des mentais. Uma vez que a percepção ocorre após a recepção sensorial, envolvendo o reconhecimento e a compreensão dos estímulos, estará intimamente relacionada com as funções intelectuais superiores, tais como a capacidade de memorização e o nível de atenção e concentração que o indivíduo será capaz de manter. Vejamos como cada uma dessas aptidões pode desenvolver-se a partir do processo perceptivo. Ao nos depararmos com um estímulo pela primeira vez, iremos explorá-lo ativamente, conhecê-lo, identificando todas as características que o compõem; poderemos definir seus atributos e o classificaremos de acordo com alguns critérios. Armazenaremos as experiências vividas e estas também nos auxiliarão a reconhecer situações similares no futuro, facilitando a resolução de alguns problemas e enriquecendo nosso repertório de atitudes e superação de dificuldades. Para que este processo ocorra a contento, a capacidade de memorização deverá estar preservada, pois será um aspecto muito importante para que a pessoa possa aprimorar seu raciocínio. Graças à nossa memória poderemos identificar e reconhecer aspectos já armazenados, utilizando esse conhecimento em novas situações. Em função de nossa memória seremos capazes também de processar certas informações e utilizá-las sempre que necessário, mesmo que demoremos um pouco ou que não consigamos reproduzir os fatos exatamente da maneira como ocorreram no passado. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� A memorização depende de três processos interdependentes: a codificação, o arquiva- mento e a recuperação. Existem também diferentes tipos de memória: a de longo prazo, a de curto prazo e a memória sensorial. Vejamos como se inicia o processo de memorização. A entrada da informação ocorre mediante a codificação; destaca-se nesse processo a apreensão dos estímulos pela percepção. A coleta de informações pode acontecer auto- maticamente ou pode necessitar de certo esforço, por meio da concentração intencional. A codificação pode ocorrer também devido ao significado da informação ou por meio de imagens e sons. Já na etapa de arquivamento, organizamos os dados codificados para uma utilização posterior; essa categorização poderá ocorrer pelo agrupamento por similaridade de imagens ou associações, ou por hierarquia, quando se definirem agrupamentos de in- formações, partindo-se das mais significativas para as de menor relevância. Na etapa de recuperação será possível resgatar a informação arquivada; este processo poderá ocorrer devido ao contexto em que a informação foi arquivada (como a memo- rização de uma seqüência de palavras em ordem alfabética ou a associação de uma melodia a uma seqüência de conceitos que deverão ser memorizados) ou o conteúdo armazenado poderá ser recuperado devido ao significado que estas informações pos- suirem. Por exemplo: podemos nos lembrar de uma experiência agradável após sentir o odor de um perfume que estava presente na ocasião. Finalmente, devemos salientar também que a capacidade de retomada das informações armazenadas na memória poderá ser prejudicada por diversas circunstâncias. O esque- cimento poderá ocorrer devido ao desuso ou poderá ser intencional, como acontece em situações traumáticas, nas quais a pessoa esquece o que aconteceu para não reviver o sofrimento. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� Além desses aspectos, é importante mencionar também que a possibilidade de recordar uma experiência ou informação intelectual será consideravelmente afetada pelas con- dições físicas da pessoa (tais como o cansaço, o estresse, o uso de drogas, dentre ou- tros) ou devido aos aspectos emocionais (como a depressão, a ansiedade e o medo). O esquecimento poderá ocorrer também devido a interferências de informações, quando os conceitos assimilados não estiverem suficientemente claros para a pessoa; este pro- cesso também poderá ocorrer se a codificação não tiver sido bem realizada. Os danos causados pelos traumatismos cerebrais poderão induzir também estados de amnésia; da mesma forma, o uso abusivo e constante de álcool e de outros tipos de drogas psicoati- vas poderão comprometer a capacidade de memorização do indivíduo. Já a atenção representa a direção da consciência; ela possibilita que se concentre a energia mental, orientando as ações concretas que o indivíduo deseja realizar. É im- portante destacar que a possibilidade de se manter um bom nível de atenção estará intimamente relacionada com nossa seletividadeperceptiva, com nossa capacidade de concentração nos estímulos relevantes. Devemos observar que a atenção estará vincula- da com a estrutura de nosso pensamento e dependerá também de nossa capacidade de memorização. É importante que se diga que a plena capacidade de manter nossa atenção requer a in- tegridade das funções corticais e das estruturas límbicas, que orientam o interesse afetivo que a situação observada irá despertar no indivíduo. Sendo assim, a motivação para manter a atenção num determinado estímulo dependerá de áreas cerebrais específicas e da possibilidade de hierarquização da consciência, resultando, portanto, numa atividade intencional do indivíduo. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� A partir desta caracterização da capacidade de concentração de uma pessoa, podemos identificar basicamente, dois tipos de atenção: a espontânea que se manifesta pelo in- teresse momentâneo, incidental e a concentração ativa, que se revela pelo esforço para focar as atividades mentais no objeto ou situação observada. Quanto à direção da aten- ção, podemos classificá-la como atenção externa (voltada para o mundo exterior, para o corpo e estímulos captados pelos órgãos sensoriais) e atenção interna (voltada para os processos mentais do próprio indivíduo). A atenção também pode ser classificada como focal ou dispersa; seletiva ou flutuante. Podemos concluir, portanto, a partir desta breve descrição das funções mnêmicas e da capacidade de manter a atenção, que o processo perceptivo constitui-se no primeiro passo para a apreensão do mundo real, para a estruturação do conhecimento acerca do ambiente e para a identificação das características pessoais do indivíduo, determi- nando um elo de ligação importante entre a realidade objetiva e a subjetividade. Contudo, como se pode conhecer cientificamente uma aptidão mental tão complexa como o processo perceptivo e de que maneira utilizar esse conhecimento para que se possa usufruir melhor das diversas competências mentais associadas à percepção? Veja- mos com a teoria da Gestalt poderá auxiliar-nos nesta trajetória. Alguns princípios da teoria da Gestalt e a sua importância para o autoconhecimento do indivíduo A Gestalt é um das abordagens teóricas da Psicologia que mais se detém na análise do fenômeno perceptivo e sobre a influência que este aspecto exerce na conduta social do indivíduo. Esta teoria surgiu na Alemanha, no final do século XIX, e buscava uma interli- gação plausível entre o excesso de objetividade das correntes behavioristas e as profun- dezas da subjetividade descritas pelas correntes psicanalíticas, pelo estudo de diferentes Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� manifestações do inconsciente. Esta corrente voltou-se para o estudo das leis que regem a percepção e para os padrões e estruturas perceptivas. Os principais representantes desta corrente foram: Köhler, Wertheimer e Koffka. A teoria da Gestalt fundamentou-se, inicialmente, nos estudos da psicofísica, que pro- curava desvendar os processos psicológicos envolvidos na ilusão de óptica. Atualmen- te, o principal enfoque desta abordagem é a análise do contexto em que determinado comportamento ocorre e a interferência que este produz na percepção das pessoas; ou seja, dizendo de outro modo, a maneira como percebemos um determinado estímulo irá condicionar nosso comportamento. De acordo com os teóricos gestaltistas, a percepção dá-se pela totalidade e não, pela soma das partes; o processo perceptivo é ativo e procura promover a compreensão ade- quada do estímulo, pela boa forma, estruturando-se padrões consistentes que permitam ao indivíduo identificar e reconhecer objetivamente os estímulos que o cercam. Algumas condições podem facilitar ou dificultar a percepção: quanto mais ambígua for uma situação, mais difícil será para a pessoa sentir-se segura em relação à atitude que deverá tomar. Diante de uma situação como esta é comum que destaquemos apenas alguns detalhes que nos chamam mais a atenção e ignoremos os demais, constituindo uma relação figura-fundo. Por exemplo: quando estamos muito envolvidos numa con- versa com os amigos, podemos não perceber a passagem do tempo. O interesse no assunto debatido poderá ter sido maior do que a percepção da passagem do tempo. Em outras ocasiões, o tempo pode constituir-se no aspecto que mais concentra nossa atenção. Por exemplo: quando olhamos insistemente no relógio e temos a sensação que o tempo não passa, especialmente quando estamos aguardando uma ligação ou uma notícia importante. Köhler Wertheimer Koffka Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt� Os gestaltistas distinguem também o meio geográfico (o ambiente físico em que nos encontramos) e o meio comportamental (as reações psicológicas decorrentes do fato de se estar num determinando contexto). Por exemplo: estar na Arquibancada do Estádio do Maracanã poderá ser terrivelmente angustiante para uma pessoa que sofra de agorafo- bia (sensação de pânico em espaços abertos); por outro lado, uma pessoa que sofra de claustrofia (medo intenso de permanecer em locais fechados) poderá sentir-se confortá- vel num ambiente tão espaçoso. Outra contribuição importante dos teóricos gestaltistas foi a descrição do fenômeno do insight; segundo esses pesquisadores, poderemos captar subitamente a relação que já existia entre dois estímulos e que não havíamos notado ainda. Por exemplo: algu- mas vezes, ao tentar resolver uma questão de uma prova, parece-nos que o assunto é totalmente desconhecido; até que, depois de um pouco mais de atenção, conseguimos subitamente compreender o que está sendo solicitado. A solução do problema já estava presente, porém não havíamos relacionado adequadamente os itens para que pudés- semos compreender a questão e fornecer a resposta adequada. O mesmo ocorre no nível de nosso comportamento: muitas vezes, nos surpreendemos com algumas reações emocionais, como a ansiedade, o medo, sem que saibamos a origem desse sentimento naquela ocasião. Porém, quando observamos com maior cuidado o que está ocorren- do à nossa volta, repentinamente, conseguimos estabelecer um elo de ligação entre o sentimento atual e alguma experiência anterior, na qual vivenciamos a mesma reação emocional. Por exemplo: sentir-se temeroso em pedir um aumento de salário, tendo sido ignorado quando se procurou conversar com o superior a respeito deste assunto. Podemos constatar, portanto, que o processo perceptivo representa um elo de ligação muito importante entre a objetividade do ambiente e a subjetividade do indivíduo; conhecer como este fenômeno acontece pode auxiliar-nos a tirar melhor proveito de nossos recursos adaptativos. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt10 Para que possamos expandir nossa reflexão a respeito deste tema, analisaremos agora alguns aspectos envolvidos na percepção que a pessoa constrói a respeito de si mesma. Trataremos da definição do autoconceito e procuraremos identificar de que maneira este aspecto também poderá influenciar na forma como a pessoa percebe a realidade em que vive. Percepção interpessoal: seus determinantes e a influência que exercem em nosso cotidiano A percepção que o indivíduo desenvolve a respeito de si mesmo e das pessoas com quem convive certamente irá influenciar na maneira como esta pessoa irá agir e solu- cionar suas dificuldades. Conforme exposto anteriormente, pudemos observar que o processo perceptivodepende da estimulação sensorial e obedece a alguns padrões que possibilitam à pessoa compreender objetivamente o que está acontecendo à sua vol- ta. Porém, quando se trata da percepção interpessoal, poderemos identificar algumas distorções que acontecem em relação à imagem que a pessoa constrói a respeito de si mesma; poderemos constatar também que pode ser difícil para o indivíduo avaliar de modo criterioso as intenções e as finalidades dos comportamentos emitidos pelas outras pessoas; tal condição poderá causar dificuldades para uma interação social mais grati- ficante. Para que conheçamos de modo mais abrangente esta condição, refletiremos um pouco a respeito da constituição de nosso autoconceito e relacionaremos este aspecto com as impressões que desenvolvemos a respeito das outras pessoas. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt11 A formação do autoconceito e sua interferência no processo perceptivo Um aspecto que pode nos auxiliar a compreender as razões que nos levam a adotar certas condutas, refere-se à formação e aos elementos que compõem nosso autoconceito. Para que possamos compreender melhor em que consiste este aspecto de nosso psiquismo, é importante identificar como se compõe o autoconceito e em que aspectos o indivíduo se baseia para se avaliar. Basicamente, o autoconceito refere-se ao que eu penso a meu respeito; ao que os outros pensam sobre mim e ao que eu acho que os outros pensam sobre meu comportamento. Há pessoas que conseguem avaliar o próprio comportamento de modo realista e ade- quado, identificando corretamente a impressão que causam nos demais. Outras pessoas apresentam distorções na maneira como analisam suas atitudes e mostram-se incapazes de identificar corretamente a imagem que as outras pessoas construíram a seu respeito. Em função deste problema, podem surgir dificuldades de convívio ou pode ocorrer uma avaliação depreciativa do indivíduo em relação às suas potencialidades e limitações. O autoconceito desenvolve-se ao longo da vida; geralmente, a pessoa toma como base para avaliar sua adequação os seguintes aspectos: • Sua aparência física: as proporções de seu corpo, a possibilidade de seguir os ditames da moda, enfim, a pessoa tende a julgar-se atraente a partir da aceitação social diante de sua imagem. • Sua capacidade de aprender: mostrar-se competente, capaz de atingir as metas que as outras pessoas lhe impõem; superar obstáculos e tomar iniciativas que comprovem seu potencial. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt1� • Sua capacidade de se relacionar afetivamente: ser valorizado pelos familiares, ter amigos, ser capaz de estabelecer um relacionamento amoroso, serão provas da aceitação e adequação social. Devemos destacar também que é considerável a diferença em relação ao comporta- mento social daqueles que possuem um autoconceito positivo (uma boa aceitação de si mesmos e um encorajamento para melhorarem diante das suas limitações) e as pessoas com um autoconceito reduzido (que podem se tornar esquivas ao convívio com os de- mais, ou verdadeiras tiranas, que impõem seus desejos para ocultar seu sentimento de inferioridade). Tal condição irá influenciar também na maneira como a pessoa percebe- rá o comportamento e as intenções dos demais. Por outro lado, observando-se com maior cuidado nosso relacionamento interpessoal, constatamos como é comum que acentuemos apenas algumas características (positivas ou negativas) das pessoas com as quais convivemos. Este fato ocorre devido à nossa seletividade perceptiva; este processo ocorre em nível orgânico e psicológico. Em nível físico, possuímos uma barreira fisiológica – o limiar perceptivo – que condicionará nossa identificação dos estímulos somente a partir do momento que atinjam uma determinan- da intensidade. No aspecto psicológico, ocorrem os processos de acentuação e defesa perceptiva. Por exemplo: quando admiramos muito uma pessoa, só visualizamos suas qualidades, ou seja, acentuamos os aspectos positivos do seu comportamento e nos defendemos para não reconhecer suas limitações. Por outro lado, quando antipatizamos com alguém, será difícil admitir que o indivíduo também possui qualidades; ou seja, acentuamos os seus defeitos e nos defendemos em reconhecer as suas potencialidades. Existem outras condições que também podem afetar nossa percepção. O estado físico em que se encontra a pessoa poderá facilitar o processo perceptivo (estar bem alimen- tado, descansado, saudável) ou prejudicar a acuidade perceptiva do indivíduo (estar Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt1� sonolento, sob efeito de drogas ou medicamentos que afetem o sistema sensorial; estar indisposto); as condições emocionais devem ser levadas em conta ao se identificar o processo perceptivo do indivíduo. São inúmeras as situações em que uma pessoa não obtém um bom resultado numa avaliação devido a seu nervosismo, insegurança. As experiências anteriores também podem auxiliar ou prejudicar a pessoa no enfrentamen- to de uma dificuldade. Pessoas que tenham sido capazes de encarar desafios e conse- guiram superar os obstáculos, revelarão maior predisposição para tentar transpor uma barreira no ambiente profissional; já aquelas que foram severamente criticadas por um erro, dificilmente terão coragem de se exporem, emitindo uma opinião durante uma reunião de trabalho. Finalmente, o convívio social, os valores e normas de conduta que nos foram transmiti- dos ao longo da vida, também irão condicionar a maneira como iremos compreender e reagir a uma dada situação. A aprendizagem social se refere aos padrões de com- portamento que são impostos para as pessoas e que nos induzem a esperar que ajam de uma maneira esteriotipada. Por exemplo: a maneira como cumprimentamos uma pessoa na nossa cultura poderá ser mal interpretada durante uma viagem para um país do Oriente Médio. Os costumes e tradições dos habitantes do local poderão induzir as pessoas a nos interpretarem de modo totalmente oposto à nossa intenção e tal aspecto poderá causar, inclusive, um incidente e um mal estar generalizado. Para concluir, devemos salientar que o processo perceptivo envolve aspectos complexos de nosso psiquismo; na medida em que possamos estar mais atentos à maneira como percebemos uma determinada situação, estaremos melhor capacitados para avaliar o que está ocorrendo à nossa volta e poderemos adotar comportamentos mais adequados para nosso bem estar e para um convívio social satisfatório. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� Introdução Aula 2: Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social A partir deste texto, você será capaz de identificar quais são os elementos que compõem as nossas atitudes e quais são os aspectos que condicionam nossa atração interpessoal. Descrever como se organizam os esquemas sociais e os esteriótipos, utilizando esses conceitos para identificar atitudes preconceituosas. Analisar quais são as principais características de comportamento que podemos identifi- car nas pessoas preconceituosas, buscando caracterizar de que maneira se pode reduzir o impacto deste problema em nosso convívio social. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� O convívio social e a formação de atitudes: algumas reflexões a respeito deste tema Viver em grupo não é uma tarefa fácil; por melhores que possam ser as relações afetivasque as pessoas estabelecem entre si, sempre ocorrerão divergências entre elas. Eventual- mente surgirão conflitos, de maior ou menor gravidade, e que, em alguns casos, che- garão até a comprometer definitivamente nosso relacionamento interpessoal. As razões dessas desavenças têm a ver, em grande parte, com o fato de que cada pessoa percebe a si mesma e ao mundo em que vive de modo peculiar e nem sempre há concordância entre o que a pessoa percebe e suas atitudes propriamente ditas. Portanto, ao conhecer com maior profundidade a maneira como nos percebemos a nós mesmos e ao mundo em que vivemos, estaremos contribuindo de modo decisivo para um convívio social mais gratificante. A Psicologia, em especial, estuda vários elementos que determinam nossa percepção, analisando desde a captação do estímulo sensorial pelos órgãos dos sentidos, até a ativação de estruturas cerebrais específicas, que contribuem para que possamos “enten- der” o que estamos apreendendo do nosso meio (interno ou externo). A análise do fenô- meno perceptivo é essencial para que possamos entender como desenvolvemos nossos processos cognitivos superiores, tais como a memória, a imaginação, o pensamento e a solução de problemas. Além disso, pelo estudo da percepção interpessoal, podemos identificar áreas de conflito entre as pessoas e trabalhar esses aspectos para conquistar formas de interação social mais satisfatórias. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� Visando a este objetivo, diversos aspectos da nossa vida comunitária podem ser pesqui- sados, para que possamos compreender melhor o que leva as pessoas a conceberem o mundo em que vivem de modo tão particular; a análise do fenômeno da percepção social é um desses elementos que poderão auxiliar-nos a entender melhor o comporta- mento dos outros (e o nosso também), propiciando relações humanas mais autênticas e produtivas. A percepção interpessoal difere da percepção dos objetos; ela envolve apreciações, julgamentos e tais condições influenciam e até determinam nosso comportamento diante dos demais. Ao avaliarmos as outras pessoas, poderemos basear-nos em informações do contexto externo (como a mídia, por exemplo), no próprio comportamento verbal e não-verbal da pessoa observada ou iremos pautar-nos em nossas próprias experiências anteriores, nos contatos que já mantivemos com outras pessoas ou como agimos em situações semelhantes. Sejam quais forem os critérios que utilizaremos, é certo que por este rápido intercâmbio, definiremos como a pessoa é e projetaremos como ela prova- velmente agirá no futuro. Essa primeira impressão que desenvolvemos sobre uma pessoa ou grupo revelará um juízo rápido, superficial e que poderá estar totalmente equivocado. Porém, apesar da precariedade de informações de que dispomos na ocasião do primeiro contato, pela primeira impressão procuraremos identificar características extensivas e muito importan- tes, estaremos predispostos a identificar os aspectos relacionados ao caráter, observar as peculiaridades da personalidade e até mesmo avaliar a capacidade intelectual do indivíduo. Para que possamos obter informações a respeito desses aspectos, julgamos a maneira como a pessoa se veste, como é sua aparência, sua faixa etária, como ela se comunica, se é simpática ou antipática e acreditaremos que desta rápida impressão, poderemos conhecer aspectos profundos e permanentes de sua personalidade. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� Assim deduziremos algumas características a partir desses poucos dados e esta primei- ra impressão dificilmente se modificará; quando isto ocorrer, surpreenderá a própria pessoa que havia julgado precipitadamente o indivíduo observado. É importante que se diga que esta primeira impressão tanto pode ser positiva quanto negativa e, de qualquer modo, irá basear-se em dados insuficientes para a magnitude de aspectos que serão avaliados. Por outro lado, caso se deseje realizar uma avaliação mais criteriosa, será necessário confrontar a avaliação do observador e a auto-avaliação do observado. Porém, o que se tem constatado é que, de modo geral, as pessoas são imprecisas para avaliar os outros e também são incapazes de se descreverem com objetividade. No que se refere à auto-avaliação, destaca-se nossa tendenciosidade egoísta, ou seja, geralmente estamos pré-dispostos para julgar que nosso sucesso é decorrente das nos- sas competências, de nossa capacidade; portanto, são fruto do nosso mérito pessoal. Contudo, nossos fracassos ou insucessos, tendem a ser atribuídos, inicialmente, apenas a fatores externos: julgamos que fomos injustiçados, que os outros não nos compreen- dem e, dessa maneira, preservamos nossa auto-imagem e nos isentamos das resposabi- lidades sobre alguns aspectos de nossa vida. Neste sentido, procurar manter uma imagem positiva a respeito de si mesmo, pode ser um processo natural e aceitável; porém, é necessário também que a pessoa encare objetivamente suas limitações e procure agir de modo adequado para superar essas di- ficuldades. Fugir das responsabilidades ou atribuir somente aos demais a “culpa” pelos nossos fracassos, impede-nos de superar nossos problemas e conquistar uma auto-con- fiança realista. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� Pudemos observar, portanto, que o processo perceptivo envolvido na auto-avaliação está sujeito a distorções que podem favorecer a construção de uma auto-imagem totalmente distinta da realidade. Contudo, quando voltamos esta análise para a percepção inter- pessoal, observamos que certas distorções também podem ocorrer. Apresentaremos agora algumas condições que podem contribuir para a rotulação do comportamento dos demais. A todo o momento, interagimos com diferentes pessoas, exercendo e sofrendo influências mediante este contato. Apesar da multiplicidade de contextos em que vivemos e da diversidade de pessoas com que lidamos, temos a necessidade de padronizar a maneira como compreendemos o comportamento dos demais e como iremos agir em algumas situações. Em razão desses aspectos, surgem os esquemas sociais; com este recurso, organizare- mos algumas idéias a respeito das pessoas ou situações e iremos sempre basear-nos nesses elementos para compreender e prever como as pessoas irão reagir nas mais va- riadas situações. Estes esquemas podem conter características verídicas ou podem con- tribuir para a formulação de uma visão esteriotipada a respeito da conduta das outras pessoas. Os esteriótipos são convicções amplamente mantidas pelo convívio social e que nos levam a destacar apenas algumas características de comportamento de algumas pesso- as, como se esses aspectos representassem a totalidade do modo de ser e agir desses indivíduos. Os esteriótipos tornam nossa percepção tendenciosa, pois observaremos apenas aquelas características que condizem com nossas expectativas prévias, deixando de reconhecer as peculiaridades de cada um. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� Os esteriótipos mais comuns referem-se às condições de gênero, à origem étnica e ao perfil ocupacional do indivíduo. Devemos salientar também que, quanto mais ambígua for a conduta do indivíduo observado, maior será nossa tendência de analisar seu com- portamento com base em esteriótipos. Outro aspecto importante refere-se à nossa necessidade de compreender as razões que levam as pessoas a agirem de um determinado modo. Classificamos este processocomo atribuição de causalidade, ou seja, buscamos identificar qual é a origem do com- portamento que determinada pessoa está emitindo; inferimos quais seriam as razões que levaram a pessoa a assumir aquela atitude. Pelas atribuições, levantamos hipóte- ses (nem sempre corretas) a respeito dos motivos implícitos na maneira de ser e pensar daqueles com quem convivemos. De modo geral, podemos basear nossa atribuição a fatores externos, situacionais ou a fatores internos (características de personalidade, es- tado de ânimo etc.). Dependendo da maneira como identificamos a origem do compor- tamento, a nossa atitude diante da pessoa poderá ser totalmente diferente. Por exemplo: se formos hostilizados por uma pessoa que está vivendo um momento difícil em sua vida pessoal (atribuição externa), talvez compreendamos melhor a situação do que se formos maltratados por uma pessoa que é rotineiramente agressiva (atribuição interna). A partir desta descrição, mostra-se necessário refletir um pouco melhor a respeito das condições que favorecem nossa aproximação ou nosso afastamento em relação a deter- minadas pessoas. Quando se pretende analisar os fatores que influenciarão na maneira como iremos interagir com os demais, é útil destacar o processo da atração interpessoal. Na medida em que convivemos com as pessoas, surgem afinidades que irão aproxi- mar-nos de nossos semelhantes; graças a esse sentimento positivo que direcionamos Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� a algumas pessoas, estaremos predispostos a manter um convívio constante e seremos influenciados por esses indivíduos. Diversas condições podem facilitar a ocorrência desta atração interpessoal, tais como: • A proximidade física: parece-nos mais fácil manter um relacionamento com pes- soas com as quais convivemos freqüentemente, com quem mantemos um contato assíduo, do que com aquelas com quem interagimos raramente. A proximidade física favorece um sentimento de intimidade maior e contribui para a troca cons- tante de idéias. • A similaridade de atitudes e valores: sentimo-nos estimulados a dialogar com pes- soas que pensam de modo semelhante ao nosso e que têm a tendência de agir de forma parecida com a nossa. • A reciprocidade: sentir-se aceito e valorizado pelos demais nos estimula a man- ter uma maior proximidade com as pessoas e nos incentiva e nos faz sentir uma maior necessidade de um convívio social constante. A partir desta descrição, podemos concluir que a maior afinidade com nossos pares também facilitará a expressão de nossa inclinação egocêntrica, ou seja, julgamos as atitudes das outras pessoas de acordo com nosso modo de agir, sentir e pensar. Em razão deste aspecto, em algumas ocasiões, poderemos recriminar a maneira como uma pessoa soluciona um problema, pelo simples fato da atitude que esta pessoa adotou não ser a “mais adequada” segundo nossos parâmetros. Quando este problema ocorre, podem surgir conflitos que nos distanciam dos demais. Caso essas dificuldades persistam e se agravem os desentendimentos, poderemos contri- buir para o surgimento de atitudes preconceituosas. Vejamos de que maneira se pode compreender melhor a ocorrência deste problema. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social� A Questão do Preconceito Social Sofrer as conseqüências de uma atitude preconceituosa ou ser identificado como uma pessoa preconceituosa são duas situações profundamente constrangedoras; discriminar ou ser discriminado por alguém contribui apenas para um acirramento dos conflitos entre as pessoas ou grupos, gerando reações de hostilidade e contra-hostilidade. Para minimizar esses efeitos desagradáveis, devemos refletir um pouco mais a respeito das razões que levam as pessoas a adotarem estas atitudes e sobre as conseqüências que o preconceito produz em nível individual e social. Quando nos detemos na análise do preconceito, observamos que as atitudes precon- ceituosas se manifestam por meio de um julgamento prévio, negativo e injustificado a respeito de uma pessoa ou grupo. Alguns fatores podem contribuir para o surgimento do preconceito, tais como: as desigualdades sociais; os costumes e tradições valorizadas por determinados grupos étnicos; a crença religiosa; a concepção ideológica e a filiação político-partidária; as preferências sexuais, enfim, há uma infinidade de condições que podem fazer com que um determinado grupo se acredite “superior” a outro, fazendo com que as pessoas discriminadas sirvam como bodes expiatórios dos indivíduos pre- conceituosos, pois sobre elas serão projetadas reações hostis e de menosprezo. Parece-nos, em alguns casos, que estas ações discriminatórias ocorrem de modo na- tural, esperado. Porém, é importante que reconheçamos que esta condição é fruto da ação humana e expõe todos a situações de risco e de confronto social. Porém, antes prosseguirmos na discussão dos determinantes do preconceito propriamen- te dito, é importante analisar de que maneira se compõe a atitude de uma pessoa. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social10 Em nosso dia a dia, usamos a expressão: “preciso tomar uma atitude”; “isso não é atitu- de para uma pessoa como você”; “porque você não pensou melhor antes de tomar essa atitude?”. Contudo, no que consistem de fato as nossas atitudes? Neste artigo, adotaremos a concepção da atitude como um elemento que nos auxilia a prever certos comportamentos do indivíduo. Ou seja, quando conheço as atitudes de uma pessoa a respeito de um determinado assunto, posso compreender melhor e até predizer como ela irá reagir em determinadas situações. É importante destacar também que as nossas atitudes mantêm uma estreita relação com o nosso pensamento e com a nossa percepção; em virtude deste aspecto, irão influenciar na escolha das nossas ami- zades; na nossa filiação político-partidária; na adesão a um determinado grupo religio- so, dentre outros. A possibilidade de prever como uma pessoa irá reagir em determinados contextos, tam- bém pode auxiliar-nos a decidir como deveremos nos comportar diante das pessoas. Por exemplo: se estou diante de uma pessoa com valores mais tradicionais e conservadores, devo esperar que reaja negativamente diante da discussão sobre determinados assun- tos, como a legalização do aborto; que não aceite a legitimação de um relacionamento homossexual. Em função destas características, poderemos escolher entre expor ou não estes assuntos para um debate com esta pessoa. No entanto, apenas a previsibilidade do comportamento de alguém não esclarece total- mente os elementos que compõem a atitude da pessoa em questão. Para que possamos compreender melhor as reações que esta pessoa poderá manifestar diante de diferentes contextos, devemos observar com profundidade, os três componentes de suas atitudes: o cognitivo, o afetivo e o comportamental propriamente dito. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social11 O componente cognitivo refere-se às justificativas, às razões que a pessoa utiliza para explicar seu comportamento. Quando a pessoa necessita refletir sobre seu comporta- mento e até modificar seu modo de agir, deverá recorrer aos aspectos mais racionais e científicos que possam fundamentar logicamente sua conduta. Já o componente afetivo refere-se ao tipo de sentimento que experimentamos, quando nos vemos diante de determinadas situações. Por exemplo: existem pessoas que repu- diam visceralmente cenas de violência, enquanto outras sentem prazer ao presenciar estetipo de situação. O componente comportamental, por sua vez, revela-se pela manifestação concreta e objetiva da atitude. O componente comportamental é aquele que os demais irão obser- var e em relação ao qual irão julgar nosso modo de agir. É importante salientar, porém, que às vezes a maneira objetiva como uma pessoa se comporta não retrata fielmente seu sentimento e o que ela pensa a respeito da situação. Retomando-se à análise do preconceito social, devemos destacar que as atitudes pre- conceituosas surgem em função de nossa tendência de atribuir a certas pessoas, grupos ou instituições, determinadas características e atributos que se tornam “típicos” desses indivíduos; manifestamos a ncessidade de categorizar certos comportamentos e no re- lacionamos com as pessoas, tomando como base apenas esses elementos previamente definidos. De acordo com Heller (1992), existem algumas características de personalidade que predispõem de modo mais incisivo para o surgimento do preconceito. São elas: • A rigidez do pensamento: esta condição faz com que a pessoa preconceituosa acredite que seu modo de pensar é o único correto, não aceitando opiniões ou que tentem convencê-la que a realidade pode ser compreendida de modo dife- Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social1� rente do seu. A rigidez de pensamento faz com que a pessoa se mostre radical, não aceitando qualquer tipo de argumento que se oponha à sua maneira de pensar. Quando o interlocutor insiste em mostrar que a situação pode ser entendi- da de um modo diferente, o indivíduo preconceituoso pode reagir de modo hostil, interrompendo o diálogo, enraivecido com o questionamento de suas idéias. • A ultrageneralização: esta característica revela-se após termos passado por uma experiência desagradrável e acreditarmos que sempre que a situação for ocorrer novamente, sofreremos o mesmo tipo de dificuldades que passamos na condição original. Além desses aspectos, a pessoa ao empregar a ultrageneralização tende a expressar sentimentos negativos em relação a pessoas que, na verdade, nada lhe fizeram de mal. Por exemplo: o fato de se ter dado uma oportunidade de trabalho para uma pessoa proveniente de uma certa região do país e esta pessoa ter causado inúmeros problemas e prejuízos a seu empregador, não assegura que qualquer pessoa proveniente da mesma região geográfica irá agir da mesma forma. Apesar da irracionalidade deste comportamento, devemos salientar que é necessário um esforço muito grande por parte da pessoa que sofreu um prejuízo como o relatado no exemplo acima, para analisar friamente as novas situações que possam ocorrer, procurando não cometer injustiças contra pessoas que não merecem essa discriminação. • O conformismo: esta condição manifesta-se através da crença do indivíduo pre- conceituoso de que a realidade é imutável, que os padrões de comportamento sempre existiram e continuarão existindo, exatamente da mesma maneira. O conformismo aliado à rigidez de pensamento torna muito limitadas as possibili- dades do indivíduo rever e reformular suas concepções. De certo modo, acredi- tar que nossa realidade é estável e permanecerá sendo sempre a mesma é, em determinado sentido, uma visão ingênua da vida. Como podemos assegurar que Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social1� pensaremos e agiremos exatamente da mesma forma, até o final de nossa vida? Caso recapitulemos como éramos há algum tempo, será que poderíamos afirmar categoriamente que nos mantivemos do mesmo jeito? Assim como já mencio- namos em relação à rigidez de pensamento, as idéias conformistas resistem ao questionamento e podem fazer com que a pessoa se sinta hostilizada por estar sendo colocada à prova, o que pode induzi-la a reagir de modo agressivo com seus interlocutores. • A fixação afetiva: esta peculiaridade manifesta-se pelo sentimento de fé que resis- te ao pensamento crítico e à experiência concreta; esse tipo de expressão afetiva pode ser observada pela intensa reação de amor, ódio e ressentimento que o indi- víduo preconceituoso demonstra quando se depara com uma pessoa ou situação que suscitam essa predisposição. Há ocasiões em que a fixação afetiva se dilui no comportamento da pessoa, não sendo possível idêntificá-la objetivamente. Porém, há momentos em que ela pode manifestar-se da forma mais irracional possível, pela prática de atos violentos e de perversidades contra pessoas ou grupos segre- gados. Concluímos, portanto, que os preconceitos estreitam nossa consciência e limitam nossa compreensão do mundo. Negar a existência das atitudes discriminatórias e preconcei- tuosas, não contribui efetivamente para a superação das sérias dificuldades de entendi- mento interpessoal que surgem, na medida em que adotamos (ou sofremos as conse- qüências) de atos discriminatórios. Devemos, sim, procurar rever nossas concepções a respeito de certos temas polêmicos, para que não estejamos agindo de modo incoerente e até injusto diante de algumas pessoas ou grupos. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social1� AGUIAR, M.A.F. de. Psicologia aplicada à administração: uma introdução à psicologia organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1988. BOCK, A.M.B.; FURTADO, O., TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias - uma introdução ao estudo de Psicologia. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1988. GOFFMAN, E. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradu- ção: Márcia Bandeira de M.L. Nunes. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988. HELLER, A. O cotidiano e a história. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992. RODRIGUES, A. Psicologia Social. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1977. WEITEN, W. Introdução à Psicologia. Temas e Variações. Tradução. Zaira G.Botelho, Maria Lúcia Brasil, Clara A. Colotto, José Carlos B. dos Santos. 4. ed. São Paulo: Thompson Pioneira, 2002. Bibliografia Leituras Sugeridas Para combater algumas atitudes preconceituosas, procure conhecer um pouco mais so- bre alguns temas polêmicos, lendo os seguintes textos: Da Coleção Primeiros Passos: Teles, M.A.A. O que é a violência contra a mulher. São Paulo: Brasiliense, 2003. Bianchetti, L.; Freire, I.M. Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. 6. ed. Campinas: Papirus, 2004. Néri, A.L. (org.) Cuidar de idosos no contexto da família: questões psicológicas e sociais. Campinas: Editora Alínea, 2002. Universidade Anhembi Morumbi Formação de Atitudes e Conflitos Sociais: a Questão do Preconceito Social1� Filmografia Corina, uma Babá Perfeita de Jessie Nelson, Estados Unidos: este filme aborda a questão do preconceito racial e ilustra de que modo as pessoas que sofrem discriminação racial podem agir para superar suas dificuldades quanto à aceitação social. O Sorriso de Monalisa de Mike Newell, Estados Unidos: este filme demonstra de que maneira uma pessoa pode rever suas atitudes e lutar pelo direito de conduzir a própria vida da maneira que achar melhor. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt1� Bibliografia AGUIAR, M.A.F. de. Psicologia aplicada à administração: uma introdução à psicologia organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1988. BOCK, A.M.B.; FURTADO, O., TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1988. BRAGHIROLLI, E.M. et all. Temas de Psicologia Social. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes MédicasSul, 2000. WEITEN, W. Introdução à Psicologia. Temas e Variações. 4. ed. Tradução: Zaira G.Botelho, Maria Lúcia Brasil, Clara A. Colotto, José Carlos B.dos Santos. São Paulo: Thompson Pioneira, 2002. Leituras Sugeridas STEVENS, J.O. Tornar-se presente: experimentos de crescimento em gestalt-terapia. Tra- dução: Maria Julia Kovacks e George Schlesinger. 2. ed. São Paulo: Summus, 1977. S. PERLS, F. Escarafunchando Fritz – Dentro e fora da lata do lixo. São Paulo: Summus, 1979. RHYNE, J. Arte e Gestalt. São Paulo: Summus, 2000. Universidade Anhembi Morumbi A Importância da Percepção Interpessoal e a Contribuição da Teoria da Gestalt1� Sites de Interesse Para conhecer mais a respeito dos distúrbios alimentares e seus reflexos na percepção do indivíduo, acesse: www.ambulim.org.br http://www.hcnet.usp.br/ipq/hc/sepia/gata.htm www.hcnet.usp.br/ipq/prato/index.htm Este documento é de uso exclusivo da Universidade Anhembi Morumbi, está protegido pelas leis de Direito Autoral e não deve ser copiado, divulgado ou utilizado para outros fins que não os pretendidos pelo autor ou por ele expressamente autorizados. 0003_(4_1) 0003_(4_2)
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