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FACULDADE DE DIREITO 8º/9o PERÍODOS – DIREITO PROCESSUAL CIVIL TUTELAS PROVISÓRIAS PROFESSOR: GEOVANE JOSÉ FERREIRA TUTELAS PROVISÓRIAS TUTELAS DE URGÊNCIA Estabilização da Tutela de Urgência Antecipada (Satisfativa) Quando o legislador trouxe para o Código de Processo Civil de 2015 a Antecipação dos Efeitos da Tutela já prevista no CPC/73 (art. 273, introduzido pela Lei nº 10.444/2002), o fez aplicando a mesma sistemática da legislação anterior, pois quando o juiz antecipa sua decisão, está de certo modo entregando à parte o que ela só teria se aguardasse todo o trâmite processual e o trânsito em julgado da ação. Neste sentido, o legislador resolveu inovar, incorporando na reforma do CPC o que a doutrina e jurisprudência já viam defendendo a certo tempo, a chamada ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA, ou seja, uma decisão de caráter provisório que mantêm seus efeitos, mesmo sem o julgamento de mérito da ação, aproximando-se do que se conhece juridicamente como coisa julgada material. Essa estabilização (manutenção, equilíbrio) significa que a parte que foi beneficiada não precisará ingressar com o pedido principal, eis que seu adversário processual não se insurgiu contra a medida de urgência satisfativa que o juiz já antecipou, ou seja, o adversário se conformou com a decisão, não tendo ingressado com o recurso adequado (Agravo de Instrumento). Assim, o processo se encerra, sem discussão meritória, mas deixando estático (estabilizado) o que já foi decidido antecipadamente em favor do autor. Dois Requisitos para Estabilização da Tutela de Urgência: ◦ Primeiro: O pedido deve ocorrer de forma antecedente: o processo tem que se iniciar de forma sumária, apenas com o pedido provisório da tutela de urgência (art. 303, caput, CPC/2015), sendo uma petição inicial incompleta. ▪ Observação 01: Caso a petição inicial já esteja completa, com toda exposição dos fatos, todos os fundamentos jurídicos, documentos e com todos os pedidos formulados, requerendo o Autor a concessão da tutela de urgência antecipada, caso o juiz a conceda, mesmo que o Réu não recorra da decisão de concessão, esta não se estabilizará, em vista da discussão meritória já estar inaugurada. Fato que também acontecerá se a tutela de urgência antecipada for requerida de modo incidental (pedido interlocutório) no curso do processo. ▪ Observação 02: A estabilização também não se aplica aos chamados direitos indisponíveis (vida, liberdade, saúde, dignidade, etc.) e para os processos em que a citação do Réu for realizada de modo fictício (hora certa ou edital). ▪ Observação 03: A maior parte da doutrina tradicional também está vendo com ressalvas a aplicação do efeito de estabilização da tutela de urgência antecedente às ações de natureza declaratória (validade, invalidade, existência ou inexistência de negócio ou situação jurídica) e constitutiva de direitos (filiação, união estável, divórcio, etc.). ▪ Observação 04: A Tutela Provisória de Natureza CAUTELAR NUNCA SE ESTABILIZA, não devendo ser confundida com esta de natureza antecipada, que é satisfativa, que por sua vez tem ligação com o mérito da ação, diferente da cautelar que serve apenas uma segurança jurídica à parte (resguardar bens, direitos, pessoas, provas, etc.) e ao próprio processo. ◦ Segundo: O autor do pedido tem de explicitar de forma clara que pretende que seu pedido se processe de forma sumária, ou seja, que pretende valer-se da estabilização da tutela independente da análise de mérito do processo , caso a outra parte não recorra por meio do Agravo de Instrumento: arts. 303, § 5º e 304, § 1º, CPC/2015. Conforme os dois requisitos básicos para concessão da tutela de urgência antecipada (satisfativa) que se ESTABILIZA, o Autor deve fazer o pedido em petição inicial provisória, incompleta, que, caso o Réu não se oponha à medida concedida por meio de Agravo de Instrumento (art. 1.015, I, CPC/2015), essa decisão passa a produzir efeitos estáveis, plenos, sem ter havido o chamado juízo de cognição exauriente (análise do processo para apurar o mérito) sobre o objeto da demanda. Importante lembrar que a doutrina não admite a ideia de que a estabilização da Tutela de Urgência Antecipada Antecedente possa produzir os mesmos efeitos que a coisa julgada material, pois não houve a instrução processual completa, mediante o contraditório e ampla defesa, conhecido como juízo de cognição exauriente. Neste sentido, essa estabilização entrega ao Autor sua pretensão material, mas não por sentença final transitada em julgado, mas porque simplesmente o Réu se conformou com a decisão judicial, o que acelera a prestação jurisdicional. Ressalta-se que o legislador observou que esse tipo de cognição sumária (simples e provisória) e não exauriente (completa e definitiva), não poderia de imediato se revestir de coisa julgada, prevendo a hipótese de ser revista a qualquer momento, mas num intervalo decadencial de 02 anos, mediante a propositura de ação adequada à discussão de mérito do que foi antecipado, a ser proposta por qualquer das partes: art. 304, §§ 2º a 6º, CPC/2015. ◦ Convêm lembrar que parte da doutrina (Vicente de Paula Maciel Junior, Humberto Theodoro Junior, Fredie Didier, outros) está defendendo que esse prazo de 02 anos previsto no § 5º do art. 304 do CPC/2015 NÃO É O MESMO PRAZO DA AÇÃO RESCISÓRIA (arts. 966 a 975, CPC/2015), onde se contará o prazo da rescisória apenas com o fim do prazo de 02 anos previsto para estabilização definitiva da decisão sumária, ou seja, o efeito de coisa julgada material só se daria com a soma dos dois prazos (02 anos para revisão, reforma ou invalidação da decisão e mais 02 anos para ação rescisória). ◦ Já outra parte da doutrina (Daniel Mitidiero, Eduardo Talamini, outros) ainda defende que não existe apenas o prazo da Ação Rescisória como último socorro para se reverter a decisão provisória que foi estabilizada por conta do fim do prazo decadencial previsto no § 5º do art. 304, CPC/2015, mas também se acrescentarão os prazos de prescrição e decadência previstos na Lei Material, como os descritos no Código Civil nos arts. 205 e 206. Caso o Réu RECORRA da decisão que conceder a antecipação da tutela de urgência satisfativa, por meio de Agravo de Instrumento (arts. 304, caput e 1.0915, I, CPC/2015), a estabilização não ocorrerá, devendo o Autor emendar a petição inicial em 15 dias ou em outro prazo que o Juiz fixar (art. 303, § 1º, I, CPC/2015), sob pena do processo ser extinto sem resolução de mérito e a decisão antecipatória (que não foi estabilizada) perder seus efeitos (art. 303, § 2º, CPC/2015). REFERÊNCIAS DE PESQUISA: BRASIL: Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Saraiva, 2015. NEVES, Daniel Amorim Assumpção, Novo CPC Comparado: Código de Processo Civil Lei 13.105/2015 - 2ª Edição: 2015. THEODORO, Humberto Júnior, Curso de Direito Processual Civil - Vol. I - 56ª Ed. Forense, 2015 – ISBN 9788530960568. BUENO, Cassio Scarpinella, Manual de Direito Processual Civil - Lei Nº 13.105, de 16.03.2015 - Vol. Único, Saraiva, 2015. ISBN 9788502635487. 8º/9o PERÍODOS – DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROFESSOR: GEOVANE JOSÉ FERREIRA
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