Buscar

AVALIAÇÃO CLINICA E EPIDEMIOLOGICA DE MOTOCICLISTAS ENVOLVIDOS EM ACIDENTE DE TRÂNSITO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AVALIAÇÃO CLINICA E EPIDEMIOLOGICA DE MOTOCICLISTAS ENVOLVIDOS EM ACIDENTE DE TRÂNSITO
Larissa Calô de Sousa¹
David
Diego
Grazy
Vasco Pinheiro Diógenes Bastos²
RESUMO
Os acidentes de trânsito são compreendidos como eventos não intencionais que envolvem veículos destinados ao transporte de pessoas e que, ocorrendo na via pública, podem causar lesões, sequelas e morte. O objetivo do estudo foi traçar o perfil clinico e sociodemográfico de motociclistas envolvidos em acidente de trânsito. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, descritivo, transversal e com abordagem quantitativa realizado com vítimas de acidentes por motocicletas internadas no Instituto Doutor José Frota, no período de março a maio de 2016. Amostra foi constituída por 141 indivíduos, com idade média de 31,39 ± 12,08 anos, havendo maior prevalência indivíduos do gênero masculino e de cor parda com nível de escolaridade ensino fundamental incompleto. Cerca de 81,56% (n=115) das vítimas eram condutores e apresentaram lesões de MMII e MMSS. Conclui-se que, as lesões apresentadas pela amostra estudada, originaram mudanças significativas em sua percepção de qualidade de vida. Fazem-se necessárias medidas de prevenção e promoção a saúde, tanto na mídia, como nas escolas, a fim de conscientizar e orientar a população sobre os perigos que esses eventos traumáticos acarretam as vítimas. 
Palavras-chave: acidentes de trânsito; motocicleta; epidemiologia.
ABSTRACT
Traffic accidents are understood as unintentional events involving vehicles used for the transport of persons and, going on the road, can cause injuries, sequelae and death. The aim of the study was to outline the clinical and socio-demographic profile of motorcyclists involved in traffic accidents. This is an exploratory, descriptive, transversal and quantitative approach carried out with victims of accidents caused by motorcycles admitted to the Institute Dr. José Frota, from March to May 2016. Sample consisted of 141 individuals with a mean age 31.39 ± 12.08 years, with a higher prevalence individuals males and brown color with level of primary school education incomplete. About 81.56% (n = 115) of the victims were drivers and had lower limb and upper limb injuries. It is concluded that the injuries to the sample studied, yielded significant changes in their perception of quality of life. Are necessary prevention and measures to promote health, both in the media and in schools in order to raise awareness and educating the public about the dangers that these traumatic events lead victims.
Keywords: accidents, traffic; motorcycles; epidemiology.
INTRODUÇÃO
Os acidentes de trânsito ganharam grande notoriedade nos últimos anos obtendo números próximos ao ocupados por doenças cardiovasculares, que lideram o principal grupo de causas de morbimortalidade no Brasil, em geral, são complicados não só por conta do grande número de pacientes acometidos, mas também devido os altos valores pagos para proporcionar o tratamento e reabilitação a essas pessoas1. 
No Brasil, foram investidos, em pacientes internados, mais de 1 bilhão de reais. Somente na região Nordeste, 22 milhões de reais foram destinados às causas de pacientes envolvidos em acidentes de trânsito, evidenciando, principalmente, acidentes que envolviam e abordavam motocicletas2.
Os acidentes de trânsito são compreendidos como eventos não intencionais que envolvem veículos destinados ao transporte de pessoas e que, ocorrendo na via pública, podem causar lesões, deixar sequelas e causar a morte3. Estão referidos entre os acidentes de transportes, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10, códigos V01 a V99) os que englobam não apenas os ocorridos nas vias terrestres, mas também na água e ar4.
A faixa etária mais acometida é a de adolescentes, que pode ser explicado por um suposto sentimento de onipotência, imaturidade, o sentimento de superestimar suas capacidades, pouco habilidade sob o volante e comportamento de risco. As vítimas que apresentam ensino fundamental é composta por 32,3% dos casos, as que apresentam Médio incompleto é de 32,2% e a outra porcentagem é composta por pessoas que evidenciam renda mensal de um a dois salários mínimos5.
O trânsito mata mais homens do que mulheres, este fenômeno ocorre no Brasil bem como em outros países. A taxa de mortalidade para homens no ano de 2007 no Brasil foi de 33 mortes/100 mil homens enquanto que para a mulher foi de 7 mortes/100 mulheres6. 
Diversos fatores de risco interagem para a ocorrência de lesões por acidentes de trânsito: os que influenciam a exposição ao risco, como econômicos e demográficos; os que influenciam diretamente no envolvimento em acidentes, como velocidade inapropriada ou excessiva, o uso de álcool ou outras drogas, ser jovem, ser usuário vulnerável (como idosos, crianças e pobres), dirigir na escuridão, fatores mecânicos, defeitos e outros problemas relativos à via de tráfego; os que influenciam na gravidade do acidente e na gravidade das lesões pós-acidente7.
O desenvolvimento da frota e do uso da motocicleta no Brasil eleva o grau de mobilidade e possibilita o acesso ao veículo individual motorizado para classes menos favorecidas, mas envolve também enormes consequências negativas. A desorganização do tráfego e, principalmente, a quantidade de acidentes envolvendo a motocicleta refletem isso8,9.
Perante o crescente índice de motorização de veículos de duas rodas, designadamente a motocicleta, observa-se que não só o Brasil, mas em outros países, a motocicleta vem bancando um modo de transporte mais econômico, tanto no momento da compra quanto no seu custeio diário, e atuando inclusive como um gerador de emprego10. Foco em vários estudos, os motociclistas estão mais expostos ao risco de morrer ou de sofrer lesão corporal que um ocupante de um automóvel6.
Pode-se dizer que o emprego da motocicleta como meio de locomoção e trabalho representa um fato ocasionado pela facilidade de aquisição e de manutenção, ligada à agilidade que ela permite, especialmente no cenário urbano. Desta forma, estas são as causas que melhor explicam o aumento do seu consumo10.
Várias pesquisas evidenciam uma forte relação entre a ingestão de álcool e acidentes de trânsito, e mesmo com todas as campanhas publicitárias que visam à proteção de todas as pessoas, a imprudência e o sentimento de alto confiança, muitas vezes, sobressaem os corpos e convertem-se em grandes fatalidades, onde elevam os índices de mortos e feridos envolvidos em acidentes de trânsito por todo o Brasil5.
Outro grave problema em acidentes com motocicleta é que os mesmos resultam em graves ferimentos aos condutores e passageiros e em alto índice de óbito, pois os motociclistas colocam em risco a integridade de outros usuários da via pública, especialmente pedestres11.
De acordo com o Departamento Nacional do Trânsito12, os acidentes de trânsito valem aos cofres públicos cerca de R$ 28 milhões por ano, sem contabilizar os custos indiretos. Por outro lado, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego afirma que os acidentes de trânsito no país deixam cem mil pessoas com sequelas permanentes e matam cerca de trinta e cinco mil pessoas por ano, sendo que cinco mil são motociclistas1. Na Cidade de São Paulo, morre um motociclista por dia em acidente de trânsito. No Estado do Rio de Janeiro, 42% das crianças em tratamento na AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa) com tetraplegia ou paraplegia foram vítimas de acidentes abrangendo motocicletas10.
Nesse sentido, os acidentes de trânsito se tornaram uma questão de saúde pública. No Brasil, são maiores os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com os traumas do que com os tratamentos de doenças, o que evidencia um prejuízo enorme para os cofres públicos13. Nesse sentido, os recursos destinados à recuperação das vítimas após o acidente poderiam ser investidos em serviços de qualidade para a sociedade, tais como: cultura, educação, lazer, saúde, segurança, entre outros.
Os recursos públicos destinadosaos atendimentos de indivíduos com lesões em decorrência de acidentes de transito atingem anualmente 1,2% do Produto Interno Bruto nacional, sendo mais de 22 bilhões de reais por ano2.
O trauma gerado por um acidente acarreta inúmeras modificações do conjunto de tecidos, podendo afetar pele, músculos, ossos, nervos, vasos sanguíneos, entre outros14.
Dentre os tipos de lesões que acometem essa população, pode-se citar fratura, ferimento, traumatismo cranioencefálico, luxação, hematoma, contusão, esmagamento de membro, amputação, lesão na medula, pneumotórax e Hemotórax, onde os membros inferiores/pelve são mais acometidos em acidentes de moto e atropelamento, cujo traumatismo cranioencefálico torna-se a principal causa de morte nas vítimas do determinado trauma5.
Além da área atingida e do tipo de lesão, o número de lesões pode apontar para a melhoria ou não da qualidade de vida da vítima após um acidente de trânsito. O indivíduo vítima de acidentes de trânsito, com lesões e seqüelas adquiridas após o acidente, pode ter comprometimentos na mobilidade, na vida ocupacional, nas relações sociais, na saúde física e mental, refletindo em sua qualidade de vida15-17.
No Brasil, existe escassez de informações em serviços de emergência sobre morbidade física, psicológica e sobre o impacto na qualidade de vida destas vítimas, dificultando a compreensão das repercussões na sociedade6.
Considerado um dos países com o trânsito mais violento do mundo, o Brasil vem tentando diminuir esse índice nos últimos anos através de leis e fiscalização eletrônica, porém não conseguiu até agora diminuir significativamente o número de mortes e incapacidades, sendo este o principal fator que motivou o estudo. 
Desta forma, tornar-se-ia possível a identificação de dados epidemiológicos de uma região crescente no número de motocicletas e vítimas que, quando não vão a óbito, sofrem sequelas que podem ser temporárias ou permanentes e que comprometem, sobretudo, a qualidade de vida. É de extrema importância à análise e a interpretação desses dados a fim de direcionar a tomada de decisão para o planejamento de políticas públicas voltadas para a prevenção, bem como para a elaboração de estratégias voltadas para o enfrentamento das sequelas.
O estudo tem como objetivo geral traçar o perfil sociodemográfico de motociclistas envolvidos em acidente de trânsito, caracterizando a amostra e verificando os fatores de risco para a ocorrência de acidentes por motocicleta e identificar as principais seqüelas apresentadas por essas vítimas.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caráter exploratório, descritivo, transversal, prospectivo e com abordagem quantitativa.
O estudo foi realizado no período de março a maio de 2016, de acordo com a amostra selecionada, no Hospital Instituto Doutor José Frota, situado na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, 
A amostra foi constituída de 141 sujeitos vítimas de acidentes por motocicletas independentemente da idade; de ambos os gêneros; que deram entrada no hospital no período da coleta. Foram excluídos os sujeitos que apresentaram seus dados incompletos no prontuário e os que não foram possíveis de serem adquiridos durante a sua internação no hospital em estudo.
Para efeito de análise, as variáveis estudadas foram agrupadas em blocos:
Variáveis Sócio-Demográficas
Neste bloco foram incluídas as seguintes variáveis: procedência; idade; gênero; cor da pele; escolaridade; ocupação; etilismo; uso de drogas ilícitas; situação no acidente (guiador, passageiro, transeunte).
Variáveis Relacionadas à Clínica
Neste bloco foi incluída a seguinte variável: área corporal lesionada.
As informações para preenchimento do formulário foram colhidas pelos pesquisadores a partir dos dados do prontuário e de contatos mantidos pelos pacientes/responsáveis.
O armazenamento e tratamento dos dados foram realizados no programa Microsoft Office Excel. A análise descritiva foi realizada por meio das frequências absolutas e relativas, além das medidas de tendência central (média e moda) e de dispersão (desvio padrão).
O projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IJF (Protocolo nº 1.467.775) em cumprimento à Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Foram respeitadas as questões éticas em relação ao paciente e resguardado seu anonimato. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo, além dos benefícios e riscos que podem advir da sua participação, sendo solicitado aos mesmos a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ou do Termo de Assentimento.
RESULTADOS
Foram avaliados 141 pacientes que deram entrada no Instituto Doutor José Frota em decorrência de acidente por motocicleta no período de estudo, com idade média de 31,39 ± 12,08 anos, sendo que 39,71% (n=56) dos pacientes concentraram-se na faixa etária de 20 a 29 anos. Em relação ao gênero, destacou-se o sexo masculino com 85,10% (n=120).
Predominaram indivíduos de cor parda 66,66% (n=94), com grau de instrução prevalente Ensino Fundamental Incompleto 32,62% (n=46). Referente à variável ocupação, os valores registrados para empregado foram 45,3% (n=64) e autônomo 21,98% (n=31).
Com relação à procedência cerca de 56,73% (n=80) dos pacientes eram oriundos da Região Metropolitana de Fortaleza. 
Tabela 1 – Distribuição dos dados de acordo com as características epidemiológicas. Fortaleza/CE, 2016
	Gênero
	n
	%
	 Masculino
	120
	85,10
	 Feminino
	21
	14,89
	TOTAL
	141
	100
	Cor da pele
	n
	%
	 Branco
	30
	21,27
	 Pardo
	94
	66,66
	 Negro
	17
	12,05
	 Sem Resposta
	0
	0
	TOTAL
	141
	100
	Escolaridade
	n
	%
	 Analfabeto 
	5
	3,54
	 Ensino Fundamental Incompleto
	46
	32,62
	 Ensino Fundamental Completo
	10
	7,09
	 Ensino Médio Incompleto
	26
	18,4
	 Ensino Médio Completo
	31
	21,98
	 Ensino Superior Incompleto
	5
	3,54
	 Ensino Superior Completo
	4
	2,83
	 Sem Resposta
	14
	9,92
	TOTAL
	141
	100
	Ocupação
	n
	%
	 Empregado
	64
	45,3
	 Autônomo
	31
	21,98
	 Empregado doméstico
	2
	1,41
	 Estudante
	16
	11,34
	 Sem ocupação
	21
	14,89
	 Aposentado
	4
	2,83
	 Sem Resposta
	4
	2,83
	TOTAL
	141
	100
	Procedência
	n
	%
	 Região Metropolitana de Fortaleza
	80
	56,73
	 Cidades do interior do Ceará
	60
	42,55
	 Outras cidades do Brasil
	1
	0,70
	TOTAL
	141
	100
No que se refere aos fatores de risco para acidente com motociclistas, detectou-se na entrevista que 48,94% (n=69) das vítimas consumiam bebidas alcoólicas, 5,67% (n=8) afirmaram usar drogas e 4,96% (n=7) usam algum tipo de medicação controlada, principalmente para controle da pressão arterial. Vale ressaltar que 15,6% (n=22) eram tabagistas.
Tabela 2 – Distribuição dos dados de acordo com aos fatores de risco. Fortaleza/CE, 2016
	Tabagismo
	n
	%
	 Sim
	22
	15,6
	 Não
	113
	80,14
	 Sem Resposta
	6
	4,25
	TOTAL
	141
	100
	Etilismo
	n
	%
	 Sim
	69
	48,94
	 Não
	66
	46,8
	 Sem Resposta
	6
	4,26
	TOTAL
	141
	100
	Medicação controlada
	n
	%
	 Sim
	7
	4,96
	 Não
	128
	90,7
	 Sem Resposta
	6
	4,25
	TOTAL
	141
	100
	Drogas
	n
	%
	 Sim
	8
	5,67
	 Não
	127
	90,07
	 Sem Resposta
	6
	4,25
	TOTAL
	141
	100
Referente à situação no acidente os condutores representaram 81,56% (n=115) do total das vítimas de acidentes por motocicleta que demandaram ao IJF, no período estudado. 
Tabela 3- Distribuição dos dados de acordo com a situação no acidente. Fortaleza/CE, 2016
	Situação no acidente
	n
	%
	 Condutor
	115
	81,56
	 Passageiro
	17
	12,05
	 Pedestre
	4
	2,84
	 Sem Resposta
	5
	3,55
	TOTAL
	141
	100
Foram evidenciadas180 lesões na amostra em decorrência de acidente por motociclistas, as mais prevalentes foram asde MMII (92%, n=65,24), MMSS (38%, n=26,95) e craniana (27%, n=19,14), sendo que a maioria dos indivíduos apresentou um único tipo de lesão.
	Tipo de Lesão
	n
	%
	 Craniana
	27
	19,14
	 Vertebral
	5
	3,54
	 Facial
	9
	6,38
	 Abdominal
	9
	6,38
	 MMSS
	38
	26,95
	 MMII
	92
	65,24
Quadro 1- Distribuição dos dados de acordo com a região corporal lesionada. Fortaleza/CE, 2016.
DISCUSSÃO
No estudo realizado, constatou-se predominância do sexo masculino em relação ao sexo feminino, indo ao encontro das pesquisas feitas por Sado, Morais e Viana18 e Rodrigues et al.19.
Filho et al.20 destacam que os homens constituem a maioria dos condutores brasileiros, sendo mais agressivos, imprudentes e competitivos no trânsito, o que justifica a incidência de acidentes envolvendo o sexo masculino, em comparação com o sexo feminino. Uma das prováveis explicações é o fato de, culturalmente, o homem expor-se mais a situações de perigo como consumo de álcool e direção. 
A faixa etária de adultos jovens, população economicamente ativa, predominou neste estudo, tinham idade média de 31,39 ± 12,08 anos corroborando com os resultados encontrados em outros estudos21-24. Acredita-se que a sensação de liberdade a que o jovem contemporâneo está exposto, pode gerar uma necessidade de experimentar/testar novos limites, que por vezes culminam na associação de álcool e direção, excesso de velocidade e manobras perigosas que resultam no expressivo número de jovens envolvidos em acidentes de trânsito25. 
Ressalta-se o impacto e prejuízos econômicos sobre o seguimento da população, influenciando nos indicadores: anos potenciais de vida perdidos, períodos de afastamento do trabalho, aposentadorias precoces, limitações físicas, emocionais e morais do acidentado e de toda a estrutura familiar e social na qual a vítima está inserida26,27.
Algumas razões para o elevado risco de ocorrências que envolvem motociclistas são: a falta de atenção ou negligência dos condutores de outros veículos; a complexidade de manejo das motocicletas, que requer excelente destreza motora e coordenação física; reflexos diminuídos dos motociclistas em conseqüência do uso de álcool, drogas e medicamentos28, nesse estudo verificou-se que 48,94% (n=69) consumiam bebidas alcoólicas, 5,67% (n=8) afirmaram usar drogas e 4,96% (n=7) usam algum tipo de medicação controlada. 
O baixo nível de escolaridade predominante neste estudo foi observado em outros estudos nacionais29,30. Pessoas com menor instrução estão mais expostas aos acidentes, já que podem apresentar dificuldade para entendimento de regras gerais de transito localizadas nas vias públicas31. 
A predominância de condutores (81,56%), neste estudo, é corroborada pelos resultados de uma pesquisa realizada em Maringá/PR por Oliveira e Sousa16, quando identificou os condutores do veículo, no momento do acidente, como as maiores vítimas; bem como encontrado por Queiroz e Oliveira30 que referiu uma média anual de 2,1 ferimentos para os condutores de motocicleta envolvidos em acidentes de trânsito.
A pouca proteção que a motocicleta confere ao condutor resulta em um risco maior quanto ao número de feridos e gravidade dos ferimentos nos acidentes com ela, em relação aos acidentes com os demais veículos a motor. Investigações comprovam essa afirmação, e consideram que a vulnerabilidade dos condutores desse veículo em relação aos demais chama atenção, por sua maior exposição corpórea, e que os motociclistas estão mais propensos a lesões de maior gravidade e, consequentemente, óbito, durante os acidentes32.
Estudos feitos por Oliveira e Sousa16, Mascarenhas, Azevedo e Novaes33 e Libertatti34, apontam os membros como às regiões mais frequentemente lesadas durante um acidente com motocicleta, corroborando com os dados encontrados nesta pesquisa, onde as lesões de membros inferiores representaram 65,24%, lesões de membros superiores 26,95% e as cranianas 27%.
Geralmente, as lesões cranianas estavam associadas ao Traumatismo Crânio Encefálico, alguns estudos35,36 encontraram o TCE em pacientes politraumatizados devido a acidentes rodoviários, como a lesão mais frequente e com maior causa de morte nestes indivíduos, principalmente em acidentes de motocicleta e atropelamentos. 
Sabe-se que a proporção de feridos e ferimentos em um acidente de moto é significativamente maior do que naqueles que envolvem automóveis30 acarretando seqüelas aos indivíduos, além de ser um dos problemas de saúde mais caro que se conhece, considerando ainda, o tratamento hospitalar e o período de reabilitação, que em alguns casos se estende por meses, ou ainda prolongam-se para a vida toda37.
	Desse modo, os condutores de motos, que sobrevivem aos acidentes e ficam com seqüelas físicas, tornam-se incapacitados temporariamente para o trabalho, sendo necessário um período que, geralmente, dura meses para a recuperação e o retorno à vida laboral38. 
Um dos poucos estudos realizados com vítimas de trauma seis meses após a alta hospitalar demonstrou que, embora em comparação com os padrões nacionais e internacionais, o aspecto físico tenha sido o mais atingido, há evidências de que os domínios psicológicos e de meio ambiente, após seis meses de lesão, permanecem distantes das condições ideais, pois as vítimas de acidente de moto permanecem com alterações psicológicas em virtude do acidente e do stress pós traumático, ficando assim aquém das condições esperadas para a população em geral39.
Conhecer as características desses eventos é indispensável para o planejamento de ações de promoção e prevenção primária e secundária nos acidentes envolvendo ciclomotores, abordando esse tema não somente por meio de campanhas na mídia, mas também por meio de palestras nas escolas, num processo de conscientização de futuros condutores, pois a educação em saúde pode se constituir em um elemento transformador do comportamento no trânsito e na prevenção de agravos.
CONCLUSÃO
Das vítimas de acidentes de trânsito que demandaram ao Instituto Doutor José Frota no período do estudo destacaram-se os do gênero masculino, oriundos da Região Metropolitana de Fortaleza, de cor parda, com nível de escolaridade até o ensino fundamental incompleto. Em relação à situação no acidente, os condutores foram os mais atingidos. As lesões com maior prevalência foram as de MMII, MMSS e craniana. 
No entanto, fazem-se necessários estudos mais profundos sobre a funcionalidade do indivíduo após o período hospitalar, momento em que as sequelas são instaladas nas vítimas. Dessa forma, o conhecimento acerca dos acidentes por motocicleta e as deficiências que esse evento provoca podem servir de subsídio para a realização de estratégias preventivas que visem reduzir o número de vítimas desses episódios e das morbidades de tais lesões.
REFERÊNCIAS
Abramet. Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, São Paulo. 2008; 26(1):52-58. 
Brasil. Ministério das Cidades. Departamento Nacional de Trânsito. Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras. [Internet]. Brasília; 2006. [Acesso em: 28/08/2015]. Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/publicacoes/download/custos_acidentes_transito.pdf>. 
Ministério da saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade por acidentes e violências: Portaria MS/GM n.º 737 de 16/5/01, publicada no DOU n.º 96 seção 1E de 18/5/01 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. 64 p. 
Organização Mundial da Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde: 10a revisão. São Paulo: Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português/Edusp; 1993. v. 1.
Santos, AMR. et al. Perfil das vítimas de trauma por acidente de moto atendidas em um serviço público de emergência.Cad. Saúde Pública [online]. 2008; 24(8):1927-1938.  
 Bacchieri G,  Barros AJ D. Acidentes de trânsito no Brasilde 1998 a 2010: muitas mudanças e poucos resultados. Rev. Saúde Pública [online]. 2011; 45(5):949-963.  
Araujo MM, Malloy-Diniz LF, Rocha, FL. Impulsividade e acidentes de trânsito.Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2009, vol.36, n.2, pp.60-68. 
Seraphim LA. A motocicleta. Revista dos Transportes Públicos. 2003; 100: 209-218. 
Martins HHM, Rocha EA. Projetos para circulação de motocicleta em São Paulo. Congresso brasileiro de transporte e trânsito, 16. Maceió: ANP, 2007.
Silva ER, Cardoso BC, Santos MPS. O aumento da taxa de motorização de motocicletas no Brasil. Revista Brasileira de Administração Científica, Aquidabã. 2011; 2(2):49‐63. 
Silva PNV et al. Estudo espacial da mortalidade por acidentes de motocicleta em Pernambuco. Rev. Saúde Pública [online]. 2011; 45(2):409-415.   
Departamento Nacional de Trânsito. Estatísticas da frota de veículos no Brasil. [Internet]. Brasília; 2010. [Acesso em:15/07/2015]. Disponível em: <www.denatran.gov.br>.
 Oncken L. Violência no trânsito precisa ter fim. Revista da Associação Paulista de Medicina, São Paulo, n. 545, p. 18-19, 2004. 
Macedo APFS, Oliveira LR, Buchalla CM, Scatena JHG. Características e deficiências físicas de vítimas de acidentes de trânsito atendidas no serviço de referência para reabilitação do estado de Mato Grosso, Brasil, 2010. Revista Espaço para a saúde. Londrina. 2014; 15(4):21-33. 
Dantas, RAS, Sawada NO, Malerbo MB. Pesquisas sobre qualidade de vida: revisão da produção científica das universidades públicas do Estado de São Paulo.Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2003; 11(4):532-538. 
Oliveira NLB de, Sousa RMC de. Diagnóstico de lesões e qualidade de vida de motociclistas, vítimas de acidentes de trânsito. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2003; 11(6):749-756.  
Vall J, Braga VAB, Almeida PC de. Estudo da qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 2006; 64(2b):451-455.
Sado MJ, Morais FD, Viana FP. Caracterização das vítimas por acidentes motociclísticos internadas no hospital de urgências de Goiânia. Revista Movimenta. 2009;2(2):49-53. 
Rodrigues NB, Gimenes CM, Lopes CM, Rodrigues JMS. Mortes, lesões e padrão das vítimas em acidentes de trânsito com ciclomotores no município de Sorocaba, São Paulo, Brasil. RevFacCiêncMéd 2010;12(3):21-5. 
Filho C ARS, Reis ES, Barros, IGP. Perfil dos pacientes vítimas de acidente de trânsito atendidos na clínica de fisioterapia a UNIC no ano de 2005 a 2008. UNI Ciências 2010;14(1):83-94. 
Mello JMHP, Koizumi MS. Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, São Paulo. 2008; 26(1):52-58. 
Galvão ND, Oliveira LR, Neves MAB, Scatena JHG. Atendimentos de emergência na rede de Vigilância de Violências e Acidentes em Mato Grosso, Brasil, 2008. RevEsp para a Saúde. 2011;12(2):45-55. 
Malvestio MAA, Sousa RMC de. Sobrevivência após acidentes de trânsito: impacto das variáveis clínicas e pré-hospitalares. Rev. Saúde Pública [online]. 2008; 42(4):639-647. 
Dall’aglio JS. Aspectos epidemiológicos dos acidentes de trânsito em Uberlândia, MG, 2000. BioscienceJournal. 2010; 26 (3): 484-490. 
Diniz EPH, Assuncao A Á, Lima FPA. Por que os motociclistas profissionais se acidentam?: riscos de acidentes e estratégias de prevenção.Rev. bras. saúde ocup. [online]. 2005; 30(111):41-50. 
Oliveira NLB, Sousa RMC de. Fatores associados ao óbito de motociclistas nas ocorrências de trânsito. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2012; 46(6):1379-1386. 
Abreu AMM et. al. Impacto da lei seca na mortalidade por acidentes de trânsito. Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro. 2012; 20(1):21-26.
Lin MR, Kraus JF. A review of risk factors and patterns of motorcycle injuries. Accid Anal Prev. 2009;41(4):710-22. 
Anjos KC et. al. dos. Pacientes vitima de violencia no transito: analise do perfil socioeconômico, características do acidente e intervenção do serviço social na emergência. Acta ortop. bras. [online]. 2007; 15(5):262-266.
Queiroz MS, Oliveira PCP. Acidentes de trânsito: uma análise a partir da perspectiva das vítimas em Campinas. Psicol. Soc. [online]. 2003; 15(2):101-123. 
Brasil, Código de Trânsito Brasileiro. Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 9.503, de 23-9-97 - 3ª edição - Brasília: DENATRAN, 2008. 
Silva DP, Barbosa MH, Chavaglia SRR. Utilização de equipamentos de segurança entre vítimas de acidentes no município de Uberaba-MG Rev. Eletr. Enf.[internet]. 2010; 12(1):83-8. 
 Mascarenhas CHM, Azevedo LM, Novaes VS. Lesões musculoesqueléticas em motociclistas vítimas de acidentes de trânsito. C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista. 2010; 3(1):78-94. 
Liberatti CLB, Andrade SM. de, Soares DA,  Matsuo T. Uso de capacete por vítimas de acidentes de motocicleta em Londrina, sul do Brasil. Rev Panam Salud Publica [online]. 2003; 13(1):33-38. 
Dantas Filho VP et al. Fatores que influenciaram a evolução de 206 pacientes com traumatismo craniencefálico grave. Arq. Arq Neuropsiquiatr. 2004;62(2-A):313-318 
Melo JRT, Silva RA, Moreira Jr, ED. Características dos pacientes com trauma cranioencefálico na cidade do Salvador, Bahia, Brasil. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 2004; 62(3a):711-715. 
Melo S, Faria RA, Strock JR, Pontes EGB. Incidência de acidentes de trânsito com motocicleta: complicações e dados estatísticos de segurados dpvat. XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica – CBEB 2014. 
Lemos CA. Lesões por causas externas e Fisioterapia: estudo em um Centro de Reabilitação Municipal de média complexidade [dissertação]. Uberlândia (MG): Universidade Federal de Uberlândia; 2010. 
Alves ALL, Salim FM, Martinez EZ, Passos ADC, Carlo MMRP, Scarpelini S. Qualidade de vida de vítimas de trauma seis meses após a alta hospitalar. Rev. Saúde Pública [online]. 2009;43(1):154-160. 
1. Graduanda no curso de Fisioterapia do Centro Universitário Estácio do Ceará
2.	 Doutor Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), professor do curso de graduação em Fisioterapia do Centro Universitário Estácio do Ceará

Outros materiais

Outros materiais