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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 IMC pré-cirúrgico IMC pós-cirúrgico Obesidade III Obesidade II Obesidade I Sobrepeso Peso normal 7 obesidade ou é por ela agravada; persistência de vários anos de excesso de peso com IMC acima de 40 Kg/m 2 ; fracasso de métodos conservadores de emagrecimento bem conduzidos; ausências de causas endócrinas e avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o paciente suportar as transformações radicais de comportamento impostas pela cirurgia. No Gráfico 02, dentre as ocupações profissionais das mesmas, nota-se um número significativo de professoras (33,3%), seguido por administradora (23,3%) e empresária (6,7%). Observa-se a presença da obesidade independente da área de conhecimento e das atividades profissionais, além de que apesar dos prejuízos físicos e psicossociais que esta patologia pode ocasionar, as mulheres entrevistadas mostram-se ativas em termos de funcionamento ocupacional. Gráfico 02 – Ocupação profissional da amostra. Na Tabela 02, é possível observar que, 63,3% das mulheres submeteram-se a cirurgia há um período de 1 a 3 anos; 86,7% não se arrepende, em nenhum momento, da realização da cirurgia; 86,7% afirma não sofrer preconceito por ter feito o procedimento; 96,7% não sente vergonha e, 90% faria o procedimento novamente. 0 5 10 15 20 25 30 35 Ocupação profissional Professora Administradora Empresária Estudante Fisioterapeuta Enfermeira Publicitária Psicóloga Farmacêutica Advogada Do lar Esteticista Agente de polícia Nutricionista 8 Tabela 02 – Concepções acerca da cirurgia. Frequência Porcentagem Há quanto tempo fez a cirurgia Entre 1 e 3 anos 19 63,3 Entre 3 e 5 anos 5 16,7 Mais de 5 anos 4 13,3 Menos de 1 ano 2 6,7 Arrependeu-se da cirurgia em algum momento Não 26 86,7 Sim 4 13,3 Sofre preconceito por ter feito a cirurgia Não 26 86,7 Sim 4 13,3 Sente vergonha por ter feito a cirurgia Não 29 96,7 Sim 1 3,3 Faria a cirurgia novamente Sim 27 90,0 Não 3 10,0 Para Souza, Marinheiro e Fontoura (2013) o arrependimento quanto à decisão pelo procedimento cirúrgico pode ocorrer, principalmente, quando há falta de informação sobre as etapas do tratamento médico e as mudanças no corpo durante e após a perda de peso maciça, que impactam negativamente na autoestima dos pacientes. No entanto, esta perspectiva se opõe aos dados expressos neste estudo. Quanto ao acompanhamento psicológico, observa-se na Tabela 03 que, 73,3% sentia- se preparada para a cirurgia; 60% seguiu todas as etapas do acompanhamento com o especialista; apesar de 73,3% ter seguido todas as recomendações do psicólogo antes da cirurgia, 96,7% não segue atualmente tais orientações; e, a maioria (66,7%) está satisfeita com o peso alcançado. Tabela 03 – Acompanhamento psicológico no período pré e pós cirúrgico. Frequência Porcentagem Se estava preparado psicologicamente para a cirurgia Sim 22 73,3 Não 8 26,7 O acompanhamento psicológico Seguiu todas as etapas 18 60,0 Receber laudo 12 40,0 Seguiu recomendações do(a) psicólogo(a) antes da cirurgia Sim 22 73,3 Não 8 26,7 Segue atualmente recomendações do(a) psicólogo(a) Não 29 96,7 Sim 1 3,3 9 Satisfeito com o peso conquistado Sim 20 66,7 Não 10 33,3 Observa-se um número significativo (40%) de mulheres que buscaram o atendimento psicológico apenas para receber o laudo e, consequentemente, a liberação para o procedimento cirúrgico. Para Akamineae e Iliasb (2013) as intervenções psicológicas propõem estratégias assertivas de controle e mudança; favorecem informações sobre a doença e o tratamento cirúrgico; propiciam espaço para expressão de sentimentos, dúvidas e medos; oferecerem apoio psicoterapêutico e psicossocial; promovem adesão ao tratamento; estimulam a reflexão sobre como o paciente se adaptará ao novo estilo de vida; e, verificam o apoio familiar. De acordo com Pereira e Rangé (2011), o tratamento psicoterápico irá envolver basicamente a reestruturação cognitiva; a avaliação, identificação de problemas; delimitação de um foco; conceitualização cognitiva elaborada de forma colaborativa com o paciente; intervenções para diminuir a frequência e a intensidade de pensamentos automáticos negativos e ruminações; identificação e questionamento de regras e suposições, visando buscar e testar alternativas para reduzir a vulnerabilidade do indivíduo como forma de prevenir que o sujeito vivencie o problema novamente. Segundo Melo e seus colaboradores (2014), a modificação dos pensamentos acompanha a modificação corporal e, consequentemente, a construção de um sistema de crenças e comportamentos adequados para que o paciente tenha uma significativa melhora em sua qualidade de vida. Neste sentido, a TCC auxilia uma mudança comportamental pela modificação dos pensamentos ao impor mudanças significativas no seu estilo de vida. Esta é uma prática que demanda tempo, onde a avaliação e o acompanhamento do profissional não podem limitar-se a poucas consultas ou, até mesmo, a uma. Segundo Flores (2014), não há clareza quanto à duração da avaliação psicológica, o que gera incerteza em relação ao número de sessões destinado a tal finalidade. Muitas vezes, a avaliação psicológica vem sendo realizada em apenas uma sessão, ou conforme o “bom senso” de cada profissional. O procedimento cirúrgico é um tratamento eficiente, mas não deve ser visto pelos pacientes como a solução, tendo em vista que se as causas para a obesidade não forem tratadas corretamente, o problema pode migrar para outras escolhas. Neste sentido, Melca e Fortes (2014) ressaltam que a obesidade vem sendo associada a transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Logo, a necessidade de um acompanhamento minucioso. 10 Ao serem indagadas quanto às orientações dos profissionais serem atualmente seguidas pelas mesmas, nota-se que a mudança comportamental apresentada por quase todas as entrevistadas é no mínimo preocupante. De acordo com Oliveira e colaboradores (2012), 20% dos pacientes falham no tratamento e recuperam o peso, preferencialmente, nos primeiros dois anos de pós-operatórios em decorrência a pouca aderência às dietas pós- operatórias e/ou ás alterações psicológicas pré-operatórias. Para Motta e seus colaboradores (2011), a cirurgia bariátrica impõe mudanças significativas no estilo de vida do paciente, e é de suma importância que ele esteja comprometido com tais mudanças para que o tratamento seja eficiente. Através da TCC o paciente é auxiliado na construção de rotinas, pensamentos, crenças, bem como a reorganizá-las conforme sua nova perspectiva de vida. Este fato pode corroborar para que um número significativo de mulheres (10%) não esteja satisfeita com o peso conquistado. Almeida e seus colaboradores (2011) afirmam que, a insatisfação com o corpo é comum entre as pessoas, mas quando as pessoas têm personalidade mais estruturada e bons recursos de funcionamento mental, podem experimentar melhor compreensão sobre a sua atratividade física. A percepção da imagem corporal pode estar além das características físicas, mas também na organização interna do indivíduo. Logo, a forma como o indivíduo se compreende pode ser refletida e orientada durante as terapias com o profissional. As entrevistadas apontaram como sendo os principais prejuízos causados pela obesidade antes da cirurgia: a dificuldade em comprar roupas (40%); problemas de saúde (33,3%); preconceito (13,3%); dificuldade em estabelecer relações interpessoais (6,7%);